cajueiro – vivendo e aprendendo

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EMPARN
SEBRAE
CARTILHA DO CAJU
- CAJUEIRO –
VIVENDO E APRENDENDO
NATAL RN
AGOSTO DE 2013
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
1 – Plantio do Cajueiro
1.1 – Condições adequadas de clima e terra
1.2 – Uso de calcário
1.3 – Escolha do cajueiro tipo anão
1.3.1 – Cajueiro irrigado
1.3.2 – Cajueiro em cultivo de sequeiro
1.4 – Espaçamento
1.5 – Coveamento e adubação orgânica
2
– Manejo do cajueiro
2.1 – Controle do mato
2.2 – Coroamento
2.3 - Integração lavoura-cajueiro
2.3.1 – Integração cajueiro-ovino
2.4 – Poda
2.4.1 – Poda de formação em cajueiro novo
2.4.2 – Poda de limpeza
3
– Pragas e doenças
3.1 – Pragas
3.1.1 – Mosca branca
3.1.2 – Broca das pontas
3.1.3 – Traça da castanha
3.2 – Doenças
3.2.1 – Oídio
3.2.2 – Antracnose
3.2.3 – Resinose
4
– Colheita
5
– Pós-colheita
6
– Aproveitamento do pedúnculo do caju
6.1 – Fruto de mesa
6.2 – Polpa e suco integral
6.3 – Cajuínas e doces
6.4 - Ração para ruminantes
7
- Comercialização
7.1 – Mercado de caju de mesa e caju para suco
7.2 – Mercado de castanha de caju
8 – Referências.
APRESENTAÇÃO.
Na análise de problemas e definição de prioridades para a cultura do
cajueiro, a EMPARN juntamente com o SEBRAE, Fundação do Banco do Brasil
e agricultores familiares estabelecidos no “guarda chuva” das associações,
trabalharam em uma parceria efetiva na geração, estabilização e difusão das
tecnologias preconizadas (produção de mudas enxertadas de cajueiro,
substituição de copas de cajueiros improdutivos e o uso de resíduos de
pedúnculo de caju na suplementação alimentar e engorda de ovinos e caprinos
na estação seca do ano).
Esta proposta se constituiu em uma ação de capacitação do agricultor
familiar visando à articulação dos diversos elos da cadeia produtiva do cajueiro,
agregando valores e assim, minimizando sua independência financeira dos
intermediários na comercialização dos produtos, se inserindo no agronegócio
da cultura do cajueiro.
Esta cartilha contém orientações básicas, partindo da escolha da terra,
aplicação de calcário, necessidade de chuvas, manejo do cajueiro anão
precoce, pragas e doenças de maior relevância, procedimentos na colheita e
pós-colheita, aproveitamento do caju como um todo, formulação de ração,
qualidade da castanha, opções de mercado e comercialização.
Finalmente, acredita-se que a apropriação dessas tecnologias pelo
produtor se constitua num real instrumento de alavancagem da sua condição
socioeconômica influenciando positivamente a economia do Estado e
favorecendo a dinamização do segmento agroindustrial do Rio Grande do
Norte.
José Geraldo Medeiros da Silva
Presidente
1 - PLANTIO DO CAJUEIRO
1.1-
CONDIÇÃO ADEQUADA DE CLIMA E TERRA.
A condição ideal de chuvas para o cajueiro é que ocorra mais de 800 mm
por ano, sendo a produção afetada mais fortemente quando chove menos de
500 mm no ano. Quanto à temperatura do ar, até 40 ºC é considerada regular
para o cajueiro que não suporta frio abaixo de 15 ºC. Com relação à umidade
do ar, a ideal situa-se entre 65% e 85%, não sendo adequada condição muito
seca, menor que 40% ou umidade do ar muito elevada, acima de 90% (Quadro
1).
As terras consideradas ideais para cultivo do cajueiro são profundas, sem
pedras e sem camadas endurecidas, até dois metros de profundidade, que
apresentem composição arenosa, sejam bem drenadas e não apresentem
risco de encharcamento (Figura 1)
Quadro 1. Características do clima e da terra favoráveis ao cultivo do cajueiro.
Condição1
Excelente
Regular
Inadequada
800 - 1500
600 - 800
< 500
Profundidade da terra (m)
> 2,0
1,5 – 2,0
< 1,0
Textura da terra (% barro)
15 - 30
– 15
 40
Altitude – nível do mar (m)
0 - 300
300– 600
 900
Temperatura média do ar (ºC)
19 - 34
34 - 40
< 15
Umidade Relativa do ar (%)
65 - 85
40 - 65
< 40 ou > 90
Chuvas (mm/ano)
1
Adaptado de Aguiar et al., 2000.
8
Figura 1. Terra apropriada para cajueiro.
1.2-
USO DE CALCÁRIO.
As terras arenosas em geral, e as situadas em áreas de serras apresentam
problemas de acidez e deficiências de nutrientes essenciais para o
crescimento, desenvolvimento e produção das plantas. A maioria das áreas
exploradas com cajueiro é pobre em matéria orgânica e são deficientes em
cálcio, magnésio, fósforo, potássio e micronutrientes.
Por meio da análise da terra se tem conhecimento do grau de acidez e da
deficiência de nutrientes antes de implantar o cajueiro. A amostra de terra pode
ser coletada com enxadeco, chibanca ou trado (Figuras 2 e 3). De posse dos
resultados da análise, se calcula a dose de calcário para corrigir a acidez da
terra e se faz a recomendação de adubos para suprir nutrientes assegurando
uma boa produção do cajueiro.
Figura 2. Amostragem de terra com o uso de
uma chibanca.
Figura 3. Amostragem de terra com o uso de
um trado.
Em geral as recomendações de calcário para as terras da região se
situam de duas a três toneladas por hectare e o corretivo deve ser distribuído
uniformemente a lanço, manualmente em áreas pequenas, ou em máquina de
distribuição a trator, em toda a área de terra (Figura 4).
Figura 4. Distribuição de calcário em máquina tratorizada.
1.3-
ESCOLHA DO CAJUEIRO TIPO ANÃO
Existem vários tipos de clones de cajueiro recomendados para cultivo no
Rio Grande do Norte. No entanto, é importante antes de tudo observar as
condições sanitárias da muda.
Na formação da muda, a castanha do cajueiro comum pode ser usada como
porta-enxerto. Quanto ao enxerto, normalmente só se distingue de que clone a
muda foi propagada por ocasião da frutificação ou quando é previamente
identificada pelo viveirista (Figuras 5a e 5b).
A escolha do clone depende do cultivo, se sequeiro ou irrigado, uma vez
que existem clones específicos. Para cultivo de sequeiro são recomendados os
clones: FAGA 11, BRS 253, BRS 265, Embrapa 51(Figura 6) e CCP 76 sendo
os quatro primeiros mais indicados para o mercado de amêndoas. Desses, o
único com pedúnculo de cor amarela é o FAGA 11 (Figura 7).
Figura 5. Mudas de cajueiro identificadas pelo viveirista: clone Faga 11 (a) e clone CCP
76 (b).
Figura 6. Clone Embrapa 51 frutificando.
Figura 7. Clone FAGA 11 com destaque para o pedúnculo amarelo.
Para cultivo irrigado são recomendados os clones: CCP 76 (Figuras 8 e 9) e
BRS 189, com pedúnculos de coloração laranja a vermelho claro, mais
indicados para o mercado de mesa, polpa e suco.
Figura 8. Planta jovem do clone 76.
Figura 9. Caju do clone 76 realça a cor laranja
do pedúnculo.
Uma muda de qualidade apresenta o caule com no mínimo 15 cm de
altura e contém pelo menos seis folhas definitivas bem formadas; o portaenxerto deve apresentar uma boa cicatrização entre as partes enxertadas,
deve estar decepado e livre de brotações, sem plantas invasoras, pragas e
doenças (Figura 10).
Figura 10. Muda de cajueiro expressando todo seu vigor.
1.3.1- CAJUEIRO IRRIGADO.
A irrigação tem sido uma prática utilizada com a finalidade de se
conseguir aumento de produtividade, melhoria da qualidade dos produtos,
produção fora da época de maior oferta e ampliação do período de colheita.
Com a descoberta do cajueiro anão precoce possibilitando um sistema
de produção em cultivo adensado com uso de fertilizantes e controle de pragas
e doenças, tornou-se viável a irrigação do cajueiro.
O alto custo de materiais, equipamentos e de operação requer
conhecimentos técnicos na elaboração do projeto para que o mesmo tenha
retorno econômico. Informações como qualidade e disponibilidade de água,
quantidade a ser aplicado, sistema de irrigação, tipos e quantidades de
inseticidas e fertilizantes a serem aplicados e destino da produção são
fundamentais para a tomada de decisão.
Após o segundo ano de idade, a dotação de água para o cajueiro
irrigado, nos meses mais secos do ano é de 85 litros/planta/dia. O cajueiro
irrigado expressa seu potencial de produção a partir do quarto ano (Figura 11)
Produtividades do CCP 76 - ambiente
irrigado e sequeiro (Santos et al, 2001)
3000
sstanha kg/ha
2500
2000
1500
1000
500
0
Sequeiro
2º ano
163
3º ano
306
4º ano
307
Irrigado
385
1497
2849
Figura 11. Produção de castanha em sequeiro e irrigado
1.3.2- CAJUEIRO EM CULTIVO DE SEQUEIRO.
O plantio das mudas deve ser feito no início das chuvas, quando a
umidade do solo for favorável ao pegamento e desenvolvimento das plantas,
haja vista o risco de inverno de chuvas curtas e mal distribuídas. Recomendase colocar a muda no centro da cova, ter cuidado na retirada do saco plástico
para não desmanchar o torrão nem danificar as raízes e acomodar a terra ao
seu redor (Figuras 12 e 13).
Após o plantio da muda, fazer a cobertura morta colocando ao redor do
tronco da planta o mato proveniente de capinas ou roços, e outros restos
vegetais. Essa prática é importante principalmente em plantio de sequeiro para
manter por mais tempo a umidade e temperatura do solo mais favoráveis ao
crescimento e desenvolvimento da planta (Figura 14).
Figura 12. Muda de cajueiro na cova.
Figura 13. Plantio de cajueiro
Figura 14. Plantio de cajueiro com cobertura morta e tutor.
1.4-
ESPAÇAMENTO
De uma maneira geral, recomenda-se que no plantio da muda de cajueiro
anão precoce seja usado o espaçamento de 8m x 8m na forma quadrada,
totalizando uma população de 156 plantas por hectare (Figuras 15, 16 e 17).
Figura15. Marcação das covas em sistema quadrado.
Figuras 16 e 17. Cajueiros no espaçamento 8 m x 8 m
1.5-
COVEAMENTO E ADUBAÇÃO ORGÂNICA.
O preparo da cova para receber a muda de cajueiro tanto pode ser feito
antes do período chuvoso como por ocasião do mesmo, contudo, suas
dimensões deverão ter 0,40 cm tanto de largura como de profundidade.
Recomenda-se, por ocasião do plantio, colocar 500 gramas de farinha de osso
adubo no fundo da cova (Figuras 18 e 19).
Figuras 18 e 19. Abertura da cova, adubação orgânica e ajuste da planta.
Recomenda-se ainda, que por ocasião do plantio seja colocado um tutor
de madeira com altura de 1m (Figura 19), de forma a prevenir a inclinação da
planta provocada pelo vento.
2- MANEJO DO CAJUEIRO.
2.1- CONTROLE DO MATO.
Embora sendo de grande porte e rusticidade, o cajueiro sofre
forte competição por água e nutrientes com o mato ao redor que causa
redução na sua produção. Os efeitos tornam-se ainda mais graves quando
ocorrem anos seguidos de poucas chuvas, mal distribuídas, que deixam o
cajueiro debilitado e com pouca condição para produzir.
O mato precisa ser controlado logo na fase inicial de crescimento
(Figura 20) para assegurar melhor desenvolvimento e produção do cajueiro. O
controle do mato fora de época não beneficia o cajueiro, contribuindo apenas
para aumentar o prejuízo decorrente da redução na produção e as despesas
de capinas realizadas.
A passagem da grade (Figura 21) não deve ser muito próxima do
cajueiro para não quebrar seus galhos, nem muito profunda para evitar corte
das raízes finas que são responsáveis pela absorção de água e nutrientes que
alimentam as plantas. Os ferimentos provocados nas raízes se constituem em
portas abertas para entrada de pragas e doenças. Além de eliminar o mato, a
gradagem favorece a infiltração da água de chuva e incorpora as folhas caídas,
contribuindo para o enriquecimento da terra com matéria orgânica.
Figura 20. Controle manual do mato no cajueiro
Figura 21. Controle mecanizado do mato
2.2- COROAMENTO.
É uma pratica usual utilizada pelos produtores, que consiste em manter
limpa uma área circular sob a copa do cajueiro, que varia de acordo com o
porte da planta. O coroamento é conhecido por muitos como “fazer o bozó”,
muito útil por ocasião da colheita, como forma de facilitar essa prática e assim,
minimizar os custos de produção. Nas entrelinhas recomenda-se passar a
grade ou roçadeira.
Figura 22. Coroamento ou “bozó” do cajueiro.
2.3 - INTEGRAÇÃO LAVOURA-CAJUEIRO
A utilização de consórcios ou associações de culturas é uma
prática bastante utilizada e com vantagens na ocupação de espaços livres nas
entrelinhas do cajueiro. Além de aumentar a receita, diversificar a produção,
melhorar a eficiência do uso da terra e reduzir custos, favorece o
desenvolvimento do cajueiro e consequentemente contribui para aumentar a
renda do produtor (Figura 23).
Figura 23. Integração lavoura caju (mista)
Nas integrações exploradas no Rio Grande do Norte normalmente se
utilizam as culturas do feijão macassar, milho e mandioca. Contudo, a cultura
do feijão é a mais empregada pelos produtores familiares, especialmente pelo
fato de o feijão ser o alimento básico da população e o seu curto ciclo de cultivo
apropriado para o tipo de terra onde o cajueiro se encontra estabelecido.
Figura 24. Integração cajueiro com feijão macassar..
2.3.1- INTEGRAÇÃO ENTRE CAJUEIRO E OVINOS.
O emprego de ovinos como meio de controlar as ervas daninhas é
frequente, mas deve ser evitado durante o período de florescimento e
frutificação. Os animais ao se alimentarem de pedúnculos ingerem ou
danificam as castanhas com a pressão dos dentes, causando deformações e
perfurações que comprometem a qualidade das amêndoas. Os ovinos são
mais eficientes por serem menos seletivos e apresentarem grande capacidade
para consumir forragens (Figura 25)
Figura 25. Integração cajueiro e ovino.
2.4 - PODA
A poda é importante para a produção da planta porque influencia
diretamente no formato da copa e na disposição das plantas no pomar, não
permitindo o entrelaçamento dos ramos que é prejudicial ao florescimento e
frutificação. É importante ainda, porque induz a formação de ramos novos o
que significa maior potencial de produção.
A poda deve ser realizada após a colheita e antes do início da
brotação e florescimento, quando as plantas encontram-se aparentemente em
repouso vegetativo. Além da poda de limpeza que consiste na eliminação de
ramos secos e praguejados, recomenda-se também a poda de formação para
manter a copa livre do contato com as plantas vizinhas. Nesta, são eliminados
as pontas dos ramos e aqueles que encostam na terra ou crescem para fora da
copa.
Recomenda-se evitar podas drásticas, como as que frequentemente são
feitas no cajueiro comum, reduzindo bastante sua copa e elevando-a para a
parte superior da planta (Figura 26). Essas podas são bastante prejudiciais,
pois o cajueiro tem produção periférica, ou seja, na parte externa e
concentrada nos dois terços inferiores da copa. Além da perda de ramos, o
cajueiro ainda é muito prejudicado pela queima dos galhos cortados, próximos
da planta, matando parte da folhagem e ramos.
.
Figura 26. Tipo de poda indesejável.
A poda é uma prática cultural importante para a produção da planta
porque influencia diretamente no formato da copa e na disposição das plantas
no pomar evitando o entrelaçamento dos ramos que é prejudicial ao
florescimento e frutificação. Além disso, o “levante da saia do cajueiro” facilita a
realização de capinas mecanizadas e induz a formação de ramos novos o que
significa maior potencial de produção (Figura 27).
Figura 27. Poda geral
2.4.1- PODA DE FORMAÇÃO EM CAJUEIRO NOVO.
A poda de formação é uma prática que deve ser exercitada desde o
plantio até a planta completar dois anos, desta forma, a planta poderá ter uma
copa ideal em formato tipo guarda-chuva. É importante que se conduza a
planta com uma haste até uma altura média de um metro (Figuras 28; 29 e 30).
Figuras 28; 29 e 30. Poda de formação e desenvolvimento das plantas jovens.
2.4.2- PODA DE LIMPEZA.
Esta deve ser providenciada logo após a colheita, de forma que os
restos culturais (galhos secos e os que estejam encostando-se a terra) sejam
cortados e os mais finos enterrados ou enfileirados entre as linhas das plantas
de cajueiro (Figuras 31; 32 e 33).
Figuras 31; 32 e 33. Realização da poda de limpeza e amontoa ramos.
3- PRAGAS E DOENÇAS.
3.1- PRAGAS.
A expansão de áreas de cajueiro tem contribuído para surgimento
de diversas pragas capazes de causar grandes prejuízos aos produtores.
Embora se tenha constatado um grande número de pragas, maior atenção
deve ser dada àquelas que ameaçam a sobrevivência das mudas durante o
seu desenvolvimento no campo e as que ocorrem no período de floração e
frutificação afetando diretamente a produção. Durante a fase de crescimento
das plantas é comum a ocorrência da mosca branca e lagartas que desfolham
as plantas, retardando o seu desenvolvimento e em alguns casos de
ocorrências com maior intensidade causando-lhes a morte.
3.1.1- MOSCA BRANCA
É uma praga de grande importância na cultura do cajueiro. Normalmente
ataca a folha alojando-se na sua parte inferior em forma de colônia de insetos
envolvidos por secreção pulverulenta branca (Figuras 34 e 35). Na face
superior das folhas ocorre o aparecimento de uma massa escura chamada de
fumagina que dificulta a respiração e consequentemente a fotossíntese. O
inseto adulto é completamente branco e se assemelha á uma minúscula
"borboleta". Sob condição normal de chuvas há um controle natural da praga.
Figuras 34 e 35. Mosca branca atacando o cajueiro
3.1.2- BROCA DAS PONTAS.
A broca-das-pontas é a praga de maior importância para o
cajueiro sendo responsável por grandes perdas na produção. O adulto é uma
pequena mariposa de quinze a dezesseis milímetros de envergadura com
coloração cinza e asas esbranquiçadas salpicadas de preto. A fêmea faz
postura nas brotações novas e ráquis das inflorescências. Quando a larva
eclode, penetra no tecido tenro em direção à medula do ponteiro ou da
inflorescência, abrindo galerias de 10 centímetros a 15 centímetros de
comprimento, provocando murcha e secamento das partes atacadas (Figuras
36 e 37).
Figuras 36 e 37. Broca-das-pontas em duas fases de ataque ao cajueiro.
3.1.3- TRAÇA DA CASTANHA
O ataque da praga ocorre nos primeiros estádios de
desenvolvimento do fruto (Figura 38). A mariposa faz a postura no caju ainda
novo. Após a eclosão a larva, de coloração avermelhada, penetra pelo ponto
de inserção da castanha com o pedúnculo destruindo toda a amêndoa,
tornando-a imprestável para comercialização. Próximo a atingir a fase pupal, a
larva faz um orifício na extremidade mais estreita da castanha por onde deverá
sair o adulto (Figura 39).
O controle dessa praga é feito com inseticidas que são
substâncias químicas tóxicas ao homem e aos animais, o que requer cuidados
no seu manuseio e aplicação para se alcançar os resultados esperados sem
causar prejuízos à saúde e danos ao meio ambiente. A utilização do inseticida
correto, na dose certa e no tempo certo tem grande importância, pois, é o único
meio para se conseguir sucesso.
Figura 38. Traça da castanha atacando o maturi.
Figura 39. Traça nas castanhas na fase final de maturação.
3.2- DOENÇAS.
As principais doenças que ocorrem na cultura do cajueiro no Estado do
Rio Grande do Norte são as seguintes:
3.2.1- OÍDIO.
O oídio (Oidium anacardii) é uma doença que, até pouco tempo, era
considerada secundária pelos produtores de caju. No entanto, nos últimos
anos, ela vem provocando graves perdas para a cultura do cajueiro, afetando a
produção da amêndoa e do pseudofruto (pedúnculo), atingindo todas as
regiões produtoras.
O oídio é um fungo que ataca folhas e ramos novos, inflorescências,
pedúnculo e castanhas jovens (Figuras 40 a 43). Em geral, todo o tecido novo
pode ser infectado pelo oídio. Na superfície atacada forma-se uma cobertura
branca constituída pelo micélio e conídios do fungo. Os órgãos atacados
podem apresentar-se mal formados com desenvolvimento reduzido ou caírem
prematuramente: caju reticulado e rachado e castanha reticulada ou suja.
Para
controle
do
oídio
recomenda-se
pulverizar
as
plantas
preventivamente no início do ataque, empregando enxofre e água (calda).
Sugere-se repetir as aplicações com intervalos de sete dias até a completa
formação dos frutos. Com relação à dose, esta deve ser de 500-600g de
enxofre por 100 litros de água e o volume da calda de 800 a 1000 litros por
hectare. Não associe óleos minerais ao produto ou à calda. Mexa a calda
constantemente e utilize-a no mesmo dia da preparação.
Figuras 40 e 41. Oídio na folha e na inflorescência respectivamente.
Figuras 42 e 43. Oídio no fruto e no pseudofruto respectivamente.
3.2.2- ANTRACNOSE.
A antracnose é uma das doenças que causa mais prejuízos aos
produtores. Constitui-se na principal doença do cajueiro anão-precoce em
razão de ser a mais disseminada e por ocorrer durante todo ano e em todas as
fases da planta. É mais prejudicial às plantas mais susceptíveis nas fases de
florescimento e frutificação.
É causada por um fungo e ocorre nas folhas, frutos e pedúnculos
(Figuras 44 a 46). Nas folhas, os sintomas caracterizam-se por manchas
necróticas pardo-avermelhadas que se tornam escuras com o envelhecimento,
depois secam e rasgam. A lesão em plantas novas pode levar à morte, mas é
na produção que causa maior prejuízo. Além das deformações nos frutos,
provoca graves quedas de frutos novos e inflorescências. Estimam-se perdas
de até 40% em anos favoráveis ao desenvolvimento do fungo e nos pomares
onde predominas plantas mais susceptíveis à doença.
Figuras 44 e 45. Antracnose no caju e nas folhas
Figura 46 – Antracnose na castanha e no maturi.
3.2.3- RESINOSE.
A resinose é uma doença que causa grande preocupação, pois
sua incidência vem aumentando consideravelmente. Não existe controle para a
mesma. Seu ataque leva a planta à morte e a sua transmissão pode ser feita
facilmente por meio de insetos ou qualquer ferramenta como machado, foice,
facão e canivetes utilizados em plantas doentes e posteriormente em plantas
sadias.
A doença é identificada pelo excesso de resina na planta,
escurecimento da casca dos caules e ramos atacados (Figura 47).
Progressivamente a doença vai se alastrando na planta em todas as direções,
e a casca do caule vai secando, se desprendendo e dessecando até a planta
morrer. Para evitar maior disseminação da doença, recomenda-se eliminar
todas as plantas que estejam contaminadas sem usar durante esse trabalho as
ferramentas em plantas sadias.
Figura 47. Resinose no tronco e galho do cajueiro.
4. COLHEITA
Quando se pretende aproveitar o pedúnculo, é interessante que o caju
seja colhido direto da planta, mantendo assim o fruto sempre limpo. Nesta
condição o cajueiro anão por ser de porte baixo favorece a colheita, que deve
ser feita diariamente nas horas mais frias do dia.
O ponto de maturação do caju se distingue pela manifestação da cor e
aroma característicos e pela firmeza ao ser pressionado entre os dedos,
indicadores de que estão prontos para colheita se desprendendo facilmente da
planta com uma leve torção. Os cajus maduros devem ser colocados
diretamente em caixas plásticas, de isopor ou de papelão revestidas com
espuma de nylon, em uma única camada quando para consumo de mesa ou
em caixas plásticas de 20 kg, a granel quando para a indústria de sucos.
Figura 48. Caixas plásticas de 20 kg de caju no pátio da indústria de suco.
Mesmo que o pedúnculo não se destine ao consumo humano, ele deve
se colhido juntamente com a castanha, quer do cajueiro ou do chão e levado
para se descastanhar, para que dessa forma se possa aproveitá-lo para ração
animal. Na sombra, o cajueiro o caju leva 21 dias para secar e quando exposto
ao sol, em 10 dias está seco.
Alguns produtores, pensando na vantagem, procuram vender a castanha
assim que colhem, visando um ganho de peso pela umidade. Essa manobra
não surte efeito, pois as indústrias estabelecem o preço com base na qualidade
e tipo da castanha.
Deve-se evitar a colheita de castanhas podres, furadas, chochas, mal
formadas e tipo cajuí, que contribuem para o aumento de avarias e redução de
preço do produto. Da mesma forma deve-se evitar colher cajus imaturos,
rachados ou em processo de fermentação, pois se constituem num trabalho a
mais para exclusão nas esteiras de seleção das unidades de processamento
de suco.
As castanhas do cajueiro comum devem ser colhidas separadas das do
cajueiro anão, pois, pela uniformidade apresentada por este último, o produto
pode ter um preço diferenciado. Por outro lado, é aconselhável providenciar o
descastanhamento logo após a colheita objetivando evitar o apodrecimento ou
a fermentação da castanha ou do pedúnculo.
5. PÓS-COLHEITA
Antes de serem armazenadas as castanhas não devem ficar
amontoadas sobre o chão, necessitam ficar de três a quatro dias ao sol em
chão batido ou com piso de cimento de forma que completem todo o processo
de secagem até atingir umidade de 8 a 10%. Se a área não tiver cobertura, as
castanhas devem ser cobertas com lona plástica durante a noite ou por ocasião
de chuvas.
Ao espalhar as castanhas, retirar as impurezas (restos de folhas,
gravetos, cajus) e materiais estranhos como areia, pedra e sujeiras em geral.
O ensacamento das castanhas deve ser feito com teor de água
(umidade) de no máximo 10%, em sacos limpos, de pano ou juta com
capacidade de 50 ou 60 kg. Os sacos devem ser armazenados sobre estrados
de madeira em local seco e ventilados.
6. APROVEITAMENTO DO PEDÚNCULO DO CAJU
Nos últimos anos, o pedúnculo do caju vem sendo cada vez mais
aproveitado no Rio Grande do Norte, especialmente para o mercado de frutos
de mesa cujo preço varia entre R$ 1,00 e1,50/kg. O pedúnculo destinado à
ração animal normalmente é vendido por um preço equivalente a 25% do
primeiro; é o que menos agrega valor, contudo, não requer tanta qualidade na
aparência.
6.1- FRUTO DE MESA
O consumo de caju como fruta de mesa no Brasil representa mais de 2%
da produção anual, estimada entre dois milhões e dois milhões e quinhentas
mil toneladas.
Em levantamento feito nas Centrais de Abastecimento – CEASAS - de capitais
brasileiras, na região Sul foi encontrado caju até em Florianópolis
O caju, por ser muito perecível quando mantido à temperatura ambiente
se conserva por no máximo dois dias.
Já quando embalado em bandejas de
isopor, recoberto por filme plástico e sob refrigeração a 5 ºC e umidade relativa
do ar de 90%, demora de 10 a 15 dias par se estragar. Entre os clones
cultivados destaca-se com melhor qualidade em termos de aparência e sabor
para consumo direto, o CCP 76 (Figura 49).
Figura 49. Caju do Clone CCP76 pronto para consumo.
6.2 – POLPA E SUCO INTEGRAL
Estima-se que mais de 6% da produção de caju do Nordeste são
destinadas às agroindústrias de suco de caju integral o que representa algo em
torno de 120 mil a 150 mil toneladas por ano. A safra começa no Estado do
Piauí de junho a julho e termina no Agreste e Litoral do Rio Grande do Norte de
janeiro a fevereiro do ano seguinte.
No Rio Grande do Norte, no período da safra do caju, as agroindústrias
de extração de suco de caju integral funcionam normalmente por um período
de três meses no ano. Algumas são itinerantes e podem operar por até nove
meses se transferindo sequencialmente do Piauí para o Ceará e deste para o
Rio Grande do Norte. O Estado conta com unidades de suco de caju nos
municípios de Portalegre (1), Itaú (1 a 2), Apodi (1), Mossoró (1), Lagoa Nova
(1), Tenente Laurentino (1), Currais Novos (1), Jaçanã (1), Lagoa Danta (1) e
Boa Saúde (1) (Figura 50).
Figura 50. Mapa do RN com localização de agroindústria de suco.
No processo de extração do suco, os cajus passam numa esteira de
seleção para retirada de maturis e dos apodrecidos, em seguida são lavados e
direcionados para prensagem e envase (Figuras 51 e 52).
Figura 51. Lavagem e elevação dos cajus
para prensagem
Figura 52. Transporte do suco integral para as
Indústrias concentradoras..
As unidades mais modernas de extração de suco de caju integral têm
uma capacidade de prensagem de 10 a 15 toneladas de caju por hora com
uma eficiência de extração de 90 a 95% ou seja, de cada 1.000 kg de caju se
obtêm até 950 kg de suco integral com um teor de polpa desejável de, no
máximo, 35%.
Os cajus destinados para a fabricação de polpa passam pela mesma
seleção do caju para mesa, sendo em seguida lavados e moídos em triturador
com lâminas em aço inoxidável. Passa-se o caju desintegrado num cilindro
rotativo provido de peneira para obtenção de uma polpa refinada e de
consistência mais homogênea. O processo termina com a embalagem,
congelamento e armazenamento da polpa em temperatura entre -18ºC e -20
ºC.
6.3 – CAJUÍNA E DOCES
A cajuína é uma bebida preparada a partir do suco de caju sem polpa,
clarificado com gelatina, envasado e aquecido nas próprias garrafas, em
banho-maria a 100 ºC durante 45 minutos até a caramelização dos açúcares e
obtenção de uma coloração amarelo-âmbar (Figura 53). É uma bebida muito
comum no Ceará e Piauí cuja qualidade melhora com a clarificação.
No Rio Grande do Norte a cajuína é pouco apreciada e praticamente
ninguém produz. Na realidade é um produto de fabricação caseira com uma
grande variação de sabor, popularmente chamada de “gororoba”, ficando em
segundo plano pelos potiguares em relação ao suco de caju.
Figura 53. Cajuína de fabricação semi-industrial.
O doce de caju em calda é o mais apreciado. Pode ser obtido
artesanalmente pelo cozimento em xarope de açúcar de cajus inteiros ou em
pedaços, sem película. Nas indústrias de fabricação de doce, o mais comum é
o doce de caju em massa feito em tachos e contendo na formulação a polpa de
caju, açúcar, ácido cítrico e pectina.
6.4 – RAÇÃO PARA RUMINANTES
No Rio Grande do Norte a produção de caju (pedúnculo) situa-se em
torno de 320.000 t/ano de matéria fresca, resultando em cerca de 10.000 t de
matéria seca/ano. O mais importante é que esta produção ocorre na estação
seca do ano, período que é caracterizado pela menor disponibilidade de
alimento na região e o mesmo pode ser utilizado na alimentação animal assim
como a farinha da castanha de caju.
Em diversas situações, ao se analisar os resíduos, bagaços ou
pedúnculos secos de caju tem se observado concentrações de proteína bruta
variando de 6,5% a 17%.
O resíduo da indústria de suco de caju (Figura 54) apresenta a seguinte
composição: 91,6% de matéria orgânica, 13,3% a 14,2% de proteína bruta,
4,1% a 5,4% de gordura, 12,2% de fibra bruta, 65,5% de fibra em detergente
neutro (FDN), 47,0% de fibra em detergente ácido (FDA), 11,9% de
carboidratos fibrosos, 67,4% de nutrientes digestíveis totais (NDT) e 2.964
kcal/kg de energia digestiva. É muito pobre em cálcio, fósforo, cobre e cobalto
e a proteína apresenta deficiência acentuada em aminoácidos essenciais como
metionina, isoleucina e fenilalanina, razão pela qual não é recomendável para
alimentação de aves.
Figura 54. Farelo do bagaço de caju de cor marrom indicadora de boa qualidade.
.
De uma maneira geral, os animais podem consumir o pedúnculo
de caju in natura, desidratado ou como resíduo da extração do suco. No
entanto, é imprescindível a correção das deficiências minerais para maximizar
o potencial alimentar do pedúnculo de caju que deve ser consumido em
misturas balanceadas. O uso contínuo e exclusivo de pedúnculos de caju por
ruminantes pode ocasionar o abortamento de crias, o nascimento de filhotes
atrofiados (Figura 55) e até morte de animais.
Figura 55. Bezerro nanico, aos 25 dias de idade. Últimos três meses da gestação foi em pomar
de cajueiro em plena safra.
Em pesquisas conduzidas no Rio Grande do Norte com até 75% de
resíduo de caju na formulação de rações para caprinos, os animais
apresentaram um ganho médio de peso vivo no intervalo de 116g a 152g/dia se
sobressaindo, em termos financeiros, as rações com maiores proporções do
caju (50% de resíduo). O maior ganho de peso vivo em caprinos e ovinos
correspondeu respectivamente a 14 kg em 90 dias (Figura 56) e 18 kg em 105
dias (Figura 57).
Figuras 56 e 57. Caprino e ovino alimentados com ração de caju.
O uso dos resíduos de caju beneficia os produtores diminuindo os custos
da ração e oportunizando a engorda e venda de animais no fim da estação
seca; traz vantagem para a agroindústria dando uma destinação aos resíduos e
proporcionando alguma renda, satisfaz ao consumidor pela aquisição de carne
de qualidade em festejos de final e início de ano e protege o ambiente
preservando-o de poluentes.
.
Na composição e balanceamento da ração, os ingredientes podem variar
em função do custo de aquisição. Geralmente a formulação exclusiva para
ruminantes, contém: resíduo de caju (50%), torta de algodão (0 a 20%), farelo
de soja (0 a 15%), torta de coco (0 a 20%), milho/sorgo (15 a 30%) película de
castanha de caju (0 a 10%), farinha de osso calcinada (3%), ureia pecuária
(2%) e sal de cozinha (1%). Essas formulações apresentam em torno de 22%
de proteína bruta, 3.000 kcal/kg de energia bruta, 1,0% de cálcio e 0,7% de
fósforo.
7. COMERCIALIZAÇÃO
Independente de ser castanha ou caju, a venda de produtos ou
coprodutos do cajueiro sempre conta com a participação de intermediários ou
atravessadores. A atuação desses comerciantes é criticada pelo fato dessas
pessoas ficarem com uma grande margem de lucro no agronegócio do caju.
Por outro lado, esses intermediários atuam facilitando a comercialização de
produtos que muitos produtores têm dificuldade de vender; assim sendo, ruim
com eles, pior sem eles.
À medida que os produtores aumentam o volume de sua produção, eles
passam a consultar um maior número de compradores antes de decidirem a
quem vender, reduzindo dessa forma a dependência da intermediação.
7.1 – MERCADO DE CAJU DE MESA E CAJU PARA SUCO
Na década de 1990 a estimativa do não aproveitamento de cajus com
consequente perda de pedúnculos era da ordem de 94%. Nos últimos vinte
anos o aproveitamento do caju vem crescendo a uma taxa próxima de 1% ao
ano de modo que em 2012 ainda se perde cerca de 75% do caju produzido.
O mercado do caju de mesa é essencialmente doméstico nas cidades de
maior porte do Estado. Sendo um produto muito perecível, é preciso acelerar o
transporte entre o local da colheita e o da venda. O caju de mesa é vendido
com a castanha e decorridas 48 horas da colheita, à temperatura ambiente, o
risco de perda por apodrecimento é muito alto.
O caju de mesa é comercializado a granel, nas feiras semanais (Figura
58) por unidade, ou em supermercados, sob refrigeração, em bandejas de
isopor com quatro a oito cajus, recobertos por película de plástico.
Figura 58. Caju a granel posto a venda na feira do carrasco. Natal RN, 2012.
O preço varia muito em função da disponibilidade e da qualidade do
caju; em um ano seco como 2012, o preço se eleva porque a oferta do produto
é muito limitada. Normalmente cajus de boa aparência são vendidos pelos
produtores a preços que variam de R$ 1,00 a R$ 1,50 por quilograma.
Estima-se que cerca de 50 mil toneladas de cajus são comercializadas
para consumo de mesa no Nordeste do Brasil por ano.
O aproveitamento de caju para a agroindústria de suco representa, no
nordeste, algo no intervalo de 120 mil a 150 mil toneladas por ano. No Rio
Grande do Norte existem cerca de 11 unidades de extração de suco de caju
distribuídas em 10 municípios localizados nos territórios da região Oeste,
Seridó, Trairi e Agreste do Estado.
A capacidade de beneficiamento de caju de cada unidade extratora
estabelecida no Rio Grande do Norte situa-se acima de 100 toneladas por dia.
O caju destinado às agroindústrias de suco são comercializados sem a
castanha em caixas plásticas de 20 kg chegando à fábrica em diversos meios
de transporte (Figura 59). O preço por caixa de 20 kg varia muito em função da
safra. Na seca de 2012 ficou acima de R$ 24,00 com margem de ganho dos
corretores de 10 a 15% do valor.
Figura 59. Transporte de caixas de caju para a fábrica de suco.
7.2 – Mercado de Castanha de Caju
No Rio Grande do Norte o mercado comprador de castanha de caju é
representado por três grandes empresas, sendo duas sediadas em Mossoró:
Usibrás e Aficel e uma em São Paulo do Potengi: Iracema.
Mais de 90% da castanha de caju produzida no Estado é adquirida por
essas fábricas, que beneficiam e vendem em torno de 20% das amêndoas no
mercado brasileiro e o restante, exportam, tendo como principais compradores
os Estados Unidos da América, o Canadá e o Reino Unido. Em 2010 o Rio
Grande do Norte exportou quase oito mil e quinhentas toneladas de amêndoas
de castanhas de caju, o que correspondeu a um valor aproximadamente de 46
milhões de dólares. Informações colhidas revelam que as exportações de
castanhas de caju em anos normais se assemelham em valor às registradas
com melão.
Existe certa sazonalidade no preço da castanha durante a safra.
Geralmente no início é mais elevado, cai no pico da safra e volta a subir no
final. Geralmente as grandes agroindústrias dispõem de corretores ou
intermediários que visitam os produtores ou compram castanhas por ocasião
das feiras semanais. No território do Oeste, as cidades de Rodolfo Fernandes e
Apodi servem de referência para o agronegócio da castanha, levando assim, os
produtores a comercializarem a castanha via intermediários por confiança e
comodidade.
Poucos produtores tomam conhecimento, mas, anualmente o Ministério
da Agricultura estabelece um preço mínimo, válido para a castanha de caju tipo
1. Em 2011 o preço mínimo foi de R$ 1,35/kg e o anunciado para vigorar a
partir de julho/2013 é de R$1,56/kg. Se a castanha é do tipo 2 (Quadros 2 e 3)
há uma queda de 20% na valor do preço mínimo.
Além das grandes fábricas existe uma série de beneficiadores artesanais
ou minifábricas que juntas processam entre 5% e 10% do que é produzido no
Estado e estes, normalmente oferecem um maior preço na castanha.
Informações da Serra do Mel mencionam que 55% da castanha ali produzida é
beneficiada pelos próprios produtores o que representa algo próximo de seis
mil toneladas num ano bom de chuvas.
Quadro 2. Tipos de castanhas de caju na classificação do Ministério da
Agricultura – MAPA.
Tipo de
Tolerância de Defeitos (%)
Castanha
Umidade
Avariadas
Impurezas
Cajuí
1
10
2
1
0
2
10
5
2
3
3
10
8
3
6
4
10
10
4
8
Abaixo do
Padrão
>10
25
6
Inclui no total
avariado
Quadro 3. Valorização da Qualidade da Castanha de caju no preço do produto
praticado por uma das indústrias de beneficiamento de castanha.
Soma
Aumenta
Soma
Diminui
Avariada +
Preço da
Avariada +
Preço da
Impureza+
Castanha
Impureza+
Castanha
Umidade (%)
(R$/kg)
Umidade (%)
(R$/kg)
18
Preço Mercado
18
Preço Mercado
17
+0,02
19
-0,01
16
+0,03
20
-0,02
15
+0,04
21
-0,03
14
+0,05
22
-0,04
13
+0,06
23
-0,05
12
+0,07
24
-0,06
11
+0,08
25
-0,07
10
+0,09
26
NÃO COMPRA
Juntando toda a capacidade instalada de processamento de castanhas
de caju no Rio Grande do Norte, a quantidade anual fica acima de 70 mil
toneladas. Ao se considerar que em um ano bom o estado produz no máximo
50 mil toneladas observa-se, um déficit de 20 mil toneladas/ano que os grandes
beneficiadores procuram comprar nos estados da Bahia, Maranhão, Pará,
Paraíba e Pernambuco ou mesmo por meio de importação da África.
Com relação ao preço da castanha de caju, este varia de acordo com a
irregularidade das chuvas. Em 2010, por falta de chuvas houve uma quebra de
safra de 50% em consequência desse efeito. Em meados de 2011, pela
segunda vez num período de 25 anos, a castanha de caju chegou a ser
vendida no mercado regional a dois dólares o quilo. Por outro lado, na seca de
2012 cuja quebra de safra foi acima de 70%, o preço da castanha manteve-se
abaixo de R$ 2,00/kg devido às importações de castanhas de caju produzidas
no continente africano, com autorização do Ministério da Agricultura.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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EMBRAPA/CNPAT, 1997. 65p (EMBRAPA/CNPAT. Circular Técnica 1).
Caju. O produtor pergunta, a Embrapa responde/organizado por Valderir Vieira
da Silva. - Brasília: Embrapa – SPI. Fortaleza: Embrapa – CNPAT. 1998.
220p.;il. (Coleção 500 perguntas 500 respostas).
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Agroindústria Tropical (Fortaleza CE). Brasília. Embrapa Informação
Tecnológica, 2002. 148p.; (Frutas do Brasil; 30).
COSTA, L. G. A. Cadeia Produtiva da Cajucultura do Rio Grande do Norte:
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Curso de Especialização em Agronegócio – Pós Graduação. Curitiba. 2011.
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EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – Centro Nacional
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Fortaleza: EMBRAPA-CNPAT/SEBRAE/CE, 1996b. 17p. (EMBRAPA-CNPAT,
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SAUNDERS, L.C.U.; OLIVEIRA, V.H.; PARENTE, J.I.G. Irrigação em cajueiro
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SILVA, V.V. Caju. O produtor pergunta, a Embrapa responde. Brasilia-SPI;
Fortaleza: Embrapa – CNPAT, 1998. 220p.
Pendências:
1. Colocar a foto acima sobre os cajueiros da capa.
2. No mapa dos territórios (Figura 50) colocar um asterisco sobre cada
município com agroindústria de suco de caju.
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