Referências Modulares para a Produção de Frutas de

Propaganda
Referências Modulares
para a Produção de Frutas
de Caroço na Região
Sudoeste do Paraná
Edevar Perin
José Antônio Nunes Vieira
Luis Francisco Lovato
Manoel Luiz da Silva Machado
Ornella Bertuol
REFERÊNCIA MODULAR Nº 04
FRUTAS DE CAROÇO
Pêssego/Nectarina/Ameixa
REFERÊNCIAS
MODULARES
Cruzeiro
Nova Prata
do Iguaçu
do Iguaçu
Boa Esperança S.Jorge
do
do Iguaçu
Sulina Saudade
Dois
do Iguaçu
Sta
Oeste
Salto
Planalto
Isabel do
Vizinhos
S.João
do
Chopinzinho
Pérola Bela Vista OesteLontra Enéas
Verê
do Oestedo Caroba
Nova Marques
Ampére
Esperança
Itapejara
Coronel Mangueirinha
Pranchita
Pinhal de do Sudoeste
do Oeste
Vivida
Francisco Bom Sucesso
S.Bento Manfrinópolis
Sto Antônio
Coronel
Beltrão
do Sul
do Sudoeste
Domingos Soares
Salgado
Pato
Bom Jesus Filho
Honório Serpa
Branco
do Sul
Marmeleiro
Barracão Flor da
Vitorino
Serra do Sul
Renascença
Mariópolis
Clevelândia
Capanema
Giovana/2001
Realeza
•
Região sudoeste do Paraná
•
Sistema de produção: PSM1
Leite/ Grãos/ Frutas de
Palmas
Caroço
•
Clima: Cfa e Cfb
•
Relevo: Ondulado a forte
ondulado
SOLOS TOPOSSEQUÊNCIA 2
Cr/Cpp + RL
Cr/Cpp
RL
Cr/Cpp
AAAPRESENTAÇÃ
Cpp/Cp
APRESENTAÇÃO
RF
Cp – Cambissolo háplico
eutroférrico típico
Cpp – Cambissolo háplico
eutroférrico típico
Cr – Cambissolo háplico eutroférrico
típico
RL – Neossolo litólico eutrófico
chernossólico
RF – Neossolo flúvico Tb distrófico
típico
A elaboração deste documento tem por objetivo levar aos profissionais da assistência
técnica regional aspectos relevantes no auxílio às orientações de condução dos pomares de
frutas de caroço. Os dados aqui publicados referem-se a resultados de pesquisas
bibliográficas, consultas a especialistas e levantamentos realizados ao longo dos anos de
1999 a 2002 em propriedades integrantes do Projeto Redes de Referência na região
sudoeste do Paraná. O conjunto de orientações apresentado não se constitui num roteiro a
ser adotado. Estas se prestam, muito mais, a aconselhamentos técnicos, já que haverão de
ser consideradas as particularidades sociais, econômicas e ecológicas do ambiente de cada
UEA. O intuito maior desta publicação é contribuir com o estabelecimento da viabilidade
técnica e econômica da fruticultura de caroço na região, a fim de que esta possa
proporcionar maior rentabilidade e conseqüente aprimoramento da qualidade de vida das
famílias no meio rural.
A FRUTICULTURA DE CAROÇO NO SUDOESTE DO PARANÁ
A fruticultura em geral, e também as
frutíferas de caroço – Pêssego (Prunus
persica), Ameixa (Prunus salicina) e
Nectarina (Prunus nucipersica) - não podem
ser consideradas atividades comerciais
tradicionais nos sistemas de produção da
região sudoeste do Paraná. Seu cultivo,
comum em pequenos pomares domésticos,
intensificou-se nos últimos anos com a
implantação de programas municipais de
incentivo à produção. Através destes
programas, muitos agricultores familiares
adotaram a fruticultura como forma de diversificação de suas atividades, com possibilidade
de proporcionar maior rentabilidade à UEA, usufruindo dos benefícios possíveis a partir dela.
Sob o ponto de vista técnico, pode-se dizer que a fruticultura de caroço se apresenta
como uma boa alternativa às condições da agricultura familiar da região, adaptando-se aos
solos, relevo e características climáticas aqui existentes. O microclima de alguns municípios
possibilita o cultivo de variedades precoces de pessegueiros, nectarineiras e, em alguns
casos, ameixeiras, que oferecidas ao mercado com antecedência em relação às demais
regiões produtoras, alcançam preços mais compensadores. Socialmente, a atividade
apresenta-se como uma alternativa para a permanência dos jovens agricultores no campo,
possibilitando uma fonte de renda agregada em pequenas áreas das UEA’s. Além disso, o
rigor nas atividades de manejo dos pomares e a constante atualização técnica que a
atividade requer condiciona ao estudo e à profissionalização deste público. Os trabalhadores
volantes por sua vez, devidamente profissionalizados, teriam sua mão-de-obra
temporariamente ocupada com a atividade, principalmente pela contratação para os serviços
de poda, raleio e colheita.
CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE NO SISTEMA
•
•
•
•
•
•
•
1
2
ÁREA MÍNIMA CULTIVADA – 1 ha
ÁREA TOTAL NO SUDOESTE1 – 404 ha (pêssego); 36 ha (ameixa); 23 ha
(nectarina2)
POPULAÇÃO – 400 plantas/ha
CICLOS ANUAIS – 1
VIDA ÚTIL DO POMAR – 12 anos
PRODUTIVIDADE ESPERADA – 12 ton/ha (a partir do 5º ano de implantação)
PRODUTIVIDADE MÉDIA DA REGIÃO1 – 7,5 ton/ha (pêssego); 6 ton/ha (ameixa);
5 ton/ha (nectarina2).
Fonte: SEAB/DERAL Pato Branco e Francisco Beltrão. Safras 2001/2002 e 2002/2003.
Dados da microrregião de Pato Branco.
3
Cultivares
A escolha de cultivares de frutas de caroço vem ocorrendo, no sudoeste, principalmente
através de experiências de implantação de pomares nas próprias UEA’s. Por isso, a
realização de pesquisas de adaptação de cultivares torna-se uma medida urgente para
a viabilização da atividade na região. Atualmente, o clima é o principal fator limitante na
escolha das cultivares, sendo recomendado para a maior parte da região sudoeste aquelas
com menor exigência em horas de frio, segundo o Zoneamento Agroclimático realizado pelo
IAPAR.
Principais cultivares presentes na região
•
PÊSSEGO
São Pedro: de sabor levemente ácido, alcança preços satisfatórios em função da
precocidade e calibre.
Chimarrita: boa produção, apresentando frutos de bom calibre, polpa branca e excelente
teor de açúcar. Por ser de ciclo médio, alcança preços inferiores a cultivar São Pedro.
Eldorado: apresenta frutos de ótimo calibre, com maturação no mês de dezembro. Possui
polpa amarela (bom para conserva), mas alcança preços baixos devido a grande oferta de
frutos de polpa branca na época, preferidos para consumo in natura.
Aurora 2: apresenta florescimento antecipado, com maturação em final de novembro/início
de dezembro. A ocorrência de geadas na época de floração têm prejudicado os resultados
obtidos com a cultivar.
Na região cultiva-se também as variedades Premier, Ouro e Della Nona, todas com
resultados satisfatórios.
•
AMEIXA
Irati: produz frutos de bom calibre, fornecidos ao mercado no início do mês de novembro,
alcançando preços compensadores.
Reubennel: produz frutos de tamanho inferior a cultivar Irati. Em função da época de
produção mais tardia não alcança preços diferenciados no mercado. É sensível a
Xanthomonas arboricola, causadora da bacteriose.
Outras cultivares em exploração no sudoeste: Polli Rosa e Amarelinha. Na região é muito
comum a presença da escaldadura (Xylella fastidiosa) nos pomares de ameixas.
• NECTARINA
Bruna: frutos apresentando ótimo calibre, alcançando boa produção e preços
compensadores.
Fla 9-15N: os frutos, além de apresentarem um bom calibre, possuem maturação precoce,
conseguindo bons preços na comercialização.
4
ASPECTOS TÉCNICOS IMPORTANTES
ATENÇÃO ESPECIAL A:
→ Plantio de cultivares adaptadas às condições edafo-climáticas da região;
→ Controle de formigas;
→ Adubação do pomar em épocas e quantidades indicadas pelas análises de solo
e foliar;
→ Monitoramento da incidência de pragas e doenças no pomar;
→ Manejo fitossanitário eficiente durante todo ciclo das frutíferas, com atenção
especial aos tratamentos preventivos de inverno e pós-colheita;
→ Adubação foliar com cálcio;
→ Podas e raleio adequados, com mão-de-obra profissionalizada;
→ Controle de geadas;
→ Fornecimento de frutos sadios e de qualidade ao mercado, em épocas
diferenciadas das demais regiões produtoras do país;
→ Incentivo à formação de associações de produtores para organização da
produção, classificação e embalagem do produto e comercialização eficientes;
→ Agregação de valor à produção através da diferenciação do produto
(processamento/ produção integrada ou orgânica, devidamente certificadas).
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PRÉ-PLANTIO
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evitar a instalação do pomar em áreas sujeitas a encharcamento;
providenciar instalação de quebra-ventos com antecedência ao plantio das mudas;
observar preparo adequado do solo evitando erosão, visto que os pomares
geralmente são instalados em áreas declivosas da UEA;
fazer controle de formigas com produtos adequados;
prevenir estrutura de irrigação com água de boa qualidade;
espaçamento de plantio: 5-6m x 3-4m (pêssego); 4x6m (ameixa e nectarina);
espaçamento adensado para nectarina e pêssego: 5-6m x 1,2 – 2m.
providenciar resultados da análise de solo com, no mínimo, 3 meses de antecedência
ao plantio das mudas;
proceder aplicação de calcário antes da lavração, com 3 meses de antecedência ao
plantio das mudas;
adubação de pré-plantio com P deve ser realizada 2 meses após a aplicação do
corretivo de acidez.
PLANTIO DAS MUDAS
-
preferencialmente nos meses de junho a agosto;
garantir aquisição de mudas saudáveis de boa procedência;
manter a umidade elevada na área das raízes das mudas, evitando a formação de
bolhas de ar junto às raízes;
5
-
realizar o tutoramento das mudas com varas de bambu até o início da condução da
copa, protegendo-as da ação de agentes externos como ventos, animais, etc.
evitar a competição das frutíferas por água e nutrientes, mantendo as entrelinhas do
pomar roçadas. A eliminação completa da vegetação restringe-se à área do sistema
radicular das plantas.
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ADUBAÇÃO
A recomendação de adubação de um pomar deve considerar a análise do solo e a
análise foliar, bem como o histórico e a observação do pomar. É muito importante o
entendimento de que cada UEA é única, da mesma forma que cada pomar possui
características particulares de manejo, o que influencia na condição nutricional das plantas.
Assim, o acompanhamento técnico do pomar, juntamente com a troca de informações com o
agricultor se constitui em um eficiente auxílio às interpretações das análises de solo e foliar.
As análises de solo devem ser feitas a partir da coleta de amostras homogêneas, 3 a
4 meses antes do plantio das mudas e repetidas, no mínimo, a cada 3 anos,
preferencialmente no período de dormência das plantas.
De maneira geral, devemos observar os seguintes índices no momento da formulação
de uma adubação em pomares de frutas de caroço:
V%= 75
M.O. ≥ 4,5%
P = 9 ppm
K = 5% CTC
A adubação orgânica deve ser prática constante no pomar, tanto via utilização de
dejetos animais quanto por meio do manejo das plantas de cobertura.
Nos três primeiros anos posteriores à implantação do pomar adubar somente com
nitrogênio. Do quarto ano em diante, dividir a recomendação anual de N em 3 épocas de
aplicação:
1. 50% do total no início do ciclo vegetativo (brotação)
2. 30% do total após o raleio
3. 20% do total após a colheita
P e K – aplicar juntamente com a primeira dose de N, segundo necessidade verificada pela
análise de solo e/ou foliar.
Ca – a adubação foliar com cálcio quelatizado e cloreto de cálcio (CaCl2) é de extrema
importância para a conservação dos frutos na pós-colheita. Além disso, aumenta a
resistência dos frutos ao ataque de pragas e doenças durante a fase de maturação. A
adubação com Ca deve ter início após o raleio dos frutos e repetida, quinzenalmente, até a
colheita, totalizando um número mínimo de 4 aplicações. Na primeira aplicação deve ser
utilizado, preferencialmente, cálcio quelatizado visando evitar possíveis injúrias aos pequenos
frutos. A concentração usual de 0,5% de nitrato de cálcio fica sujeita à comprovação pelas
análises foliares.
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A presença de matéria orgânica é importante na
manutenção da umidade e infiltração de água no solo, na
disponibilidade de nutrientes (fertilidade) e na manutenção
da estrutura física do solo. Além disso, a cobertura do
pomar com plantas de espécies diversas atuam no
equilíbrio populacional de insetos, favorecendo a
sobrevivência de inimigos naturais das pragas.
O solo de um pomar de frutíferas de caroço deve
permanecer coberto durante o ano todo. Na área de
projeção da copa das frutíferas deve-se manter as plantas
de cobertura roçadas, a fim de se diminuir a competição
por água e nutrientes principalmente no período vegetativo
do pomar. O cultivo de leguminosas em associação às
gramíneas, além de atuar como proteção física ao solo,
promove o aporte de nitrogênio ao pomar e o
desenvolvimento de microorganismos favoráveis ao
equilíbrio físico e biológico do solo. Espécies leguminosas
como trevo branco e vermelho (Trifolium spp.), cornichão (Lotus corniculatus) e amendoim
forrageiro (Arachis pintoi) tem se mostrado eficaz tanto na cobertura de solo quanto no
fornecimento de nutrientes aos pomares. O cultivo de gramíneas, como aveia (Avena spp.) e
azevém (Lolium multiflorum L.), é especialmente indicado para a manutenção da cobertura
do solo após o término do ciclo das espécies espontâneas, sendo que a partir do início da
floração até a maturação dos frutos estas espécies não devem oferecer competição à
frutífera.
Dados de pesquisa (Marangoni,2000) mostram que após 4 ou 5 roçadas, as plantas
de cobertura de um pomar chegam a acumular em torno de 100 kg de N/ha e 14 kg de
P2O5/ha, além de Ca, Mg e outros micronutrientes, contribuindo portanto com o aporte de
nutrientes para os frutos.
P
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A realização da poda nas frutíferas de caroço torna-se imprescindível para o
crescimento uniforme e vigoroso da planta e para a produção de frutos de qualidade em
número desejável.
A ppooddaa ddee ffoorrm
maaççããoo é realizada nos dois primeiros anos de vida da planta e tem
por objetivo dar formato à copa, conduzindo-a em forma de taça ou Y. É também através
desta poda, realizada no verão do primeiro ano e no inverno do primeiro e segundo, que se
definirão os ramos principais da frutífera.
A ppooddaa vveerrddee é realizada no período vegetativo da planta e visa eliminar ramos mal
posicionados ou ladrões, que impedem a entrada de luz e ar no interior da planta, ou que
desviem nutrientes para ramos não produtivos. É especialmente interessante realizá-la após
a colheita, preparando a planta para o próximo período vegetativo.
A ppooddaa ddee ffrruuttiiffiiccaaççããoo é realizada no período do inverno. Através dela elimina-se
os ramos quebrados, secos e doentes. A fim de evitar a formação de frutos pequenos e em
número excessivo, e para manter o crescimento vegetativo da planta, realiza-se o desponte
de cerca de um terço no ramo do ano, além do desponte dos ramos de frutificação.
A eficiência da poda está diretamente relacionada ao domínio da técnica pelo
podador. A profissionalização de trabalhadores volantes, capacitando-os a esta tarefa,
promoveria melhorias: a) na produção do pomar, pela condução da poda em época e
períodos adequados; b) na condição socioeconômica destes trabalhadores, cuja mão-de-obra
7
encontra-se subaproveitada; c) no desempenho total da propriedade rural. Além destes
aspectos a condução das demais atividades da UEA estaria beneficiada, pela liberação da
mão-de-obra familiar para outros serviços.
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Embora de extrema importância, a prática de raleio dos frutos não é devidamente
adotada pelos fruticultores da região. Atribui-se ao raleio a tarefa de uniformizar o tamanho
dos frutos, assim como de garantir frutos com diâmetros adequados à padronização de
mercado. De acordo com Medeiros e Raseira (1998), um número excessivo de frutos por
planta resulta em redução de seu tamanho e alterações indesejáveis em suas características
organolépticas.
Além de benefícios nos frutos, um raleio adequado garante à planta um ótimo
desenvolvimento vegetativo pelo aporte eficiente de nutrientes e maior resistência ao ataque
de insetos e doenças.
O momento ideal de se proceder ao raleio dos frutos é quando estes apresentarem
1,5 a 2,0 cm de diâmetro, permitindo que a distância média entre os frutos no ramo seja,
em média, de 1100 ccm
m.
Uma das justificativas apresentadas pelos fruticultores para a não realização do raleio
é a penosidade do trabalho e a demanda de mão-de-obra, conflitante com outras atividades
da UEA. A aquisição de ferramentas adequadas assim como a disponibilização de mão-deobra profissionalizada são fatores que favoreceriam a adoção desta prática nas UEA’s.
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O mercado de alimentos tem se colocado a procura de frutos que ofereçam elevada
qualidade nutricional e sanitária. O atendimento destas exigências por parte do produtor
rural requer um rigoroso planejamento das intervenções fitossanitárias no pomar, visando
diminuir tanto quanto possível a utilização de agrotóxicos. Por outro lado, a plena sanidade
de uma planta só é alcançada mediante aporte nutricional adequado, capaz de lhe conferir
vigor e vitalidade para a resistência ao ataque de pragas e doenças. Sendo assim, é de suma
importância que cada pomar receba o acompanhamento de um profissional habilitado, capaz
de definir um programa ideal de manejo fitossanitário para suas condições.
A instalação de iscas para o controle do nível de infestação dos insetos é um
importante auxiliar na determinação do momento ideal de controle, racionalizando a
aplicação de inseticidas e adequando o pomar ao manejo preconizado pelo método de
Produção Integrada de Frutas.
A utilização racional de inseticidas para o controle das principais pragas dos pomares,
como a mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus) e a grafolita (Grapholita molesta) é
possível através do monitoramento do pomar com frascos caça-moscas contendo atrativo
alimentar a base de 5% de proteína hidrolisada ou suco de uva a 25%, tendo como atrativo
o ferormônio sexual.
Quadro 1 – Monitoramento de insetos em pomares de frutas de caroço: indicadores de
freqüência de presença e substituição de armadilhas e nível e época de controle dos insetos.
Início
Início controle
Freqüência
INSETO
No frascos/ha
monitoramento
químico
troca frascos
Mosca-dasInchamento
2 fr/ha em
0,5 mosca/frasco/dia
frutas
frutos
pomares <2ha
7 dias
1 fr/ha em
1,5
grafolita
pomares > 2ha Início primavera
mariposa/frasco/dia
8
O uso de iscas tóxicas também é uma garantia de utilização menos dispendiosa de
inseticidas. Na preparação das iscas utiliza-se melaço ou suco de frutas diluído e adicionado
a um inseticida. A aplicação da isca deve ser feita sempre durante as primeiras horas da
manhã, em cerca de 25% das plantas do pomar, principalmente nas fileiras da borda em
baixa vazão (cerca de 20 a 40 litros de calda/ha).
Os principais insetos e doenças presentes em pomares de frutíferas de caroço são
listados no Quadro 2, juntamente com alguns produtos comerciais e respectivas épocas de
aplicação recomendados por especialistas para seu controle. Entretanto é importante
esclarecer que não se trata de um “calendário de manejo fitossanitário” do pomar, visto que
a decisão da realização de intervenções desta natureza cabe ao agricultor, profundo
conhecedor das condições do seu pomar, orientado por um profissional habilitado. Mais uma
vez ressalta-se a pretensão desta publicação: alertar para aspectos importantes do manejo
dos pomares, e não determinar intervenções.
Quadro 2 - Principais pragas e doenças em pomares de frutas de caroço na região sudoeste
do Paraná, produtos recomendados e épocas de aplicação.
INSETO OU DOENÇA
ÉPOCAS DE CONTROLE
PRODUTOS COMERCIAIS3
Floração, pré e pós-colheita
Orthocide 500; Rovral SC; Folicur
Podridão parda
CE
Pós-colheita
Manzate 8004; Folicur CE;
Ferrugem
Amistar
Instalação de quebra-ventos;
Sulfato de zinco e sulfato de
Bacteriose
controle preventivo no inverno;
cobre
Controle populacional com isca
Início inchamento frutos
tóxica com Sumithion 500 CE ou
Mosca das frutas
(quando se verificar 0,5
Imidam 500 PM; cobertura total
mosca/armadilha/dia)
quando a população for superior
ao limite indicado
Após floração
Sumithion 500 CE; Lebaycid 500;
Grafolita
1,5 mariposa/frasco/dia
Hokko Cyhexatin 500
Ácaros
3
observar com o máximo rigor o período de carência dos produtos a utilizar.
4
Restrição de uso para ameixa e nectarina.
Como alternativa à utilização de elevadas dosagens de agrotóxicos é importante a
prevenção ao ataque de pragas e doenças nas frutíferas de caroço. A aplicação das caldas
bordalesa e sulfocálcica no período de dormência das plantas atua principalmente na
diminuição do potencial de inóculo das doenças, auxiliando na manutenção da sanidade do
pomar.
Além dos tratamentos químicos, a prática diária de eliminação de frutos doentes e
danificados evita a proliferação das moléstias no pomar.
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Na região sudoeste um dos fatores que têm impedido uma maior rentabilidade da
atividade é a ocorrência de geadas no início da floração do pomar, ocasionando a queda das
flores e frutos jovens.
No entanto, através de um método simples e barato o agricultor pode evitar que a
geada cause danos ao seu pomar e prejuízos no seu bolso. A estratégia consiste na
formação de calor seco sobre o pomar, impedindo o congelamento das plantas. Os
9
queimadores - tambores com óleo queimado, serragem e uréia - deverão ser acionados à
noite, antes que a temperatura atinja 0ºC.
Preços e Rentabilidade
Pêssego*
•
Custo variável total/kg = R$ 0,20
•
Receita bruta/kg= R$ 0,46
•
Margem bruta/kg = R$ 0,26
*Valores para pêssego/safra 2001.
Fonte: Projeto Redes de Referência.
Quadro 3 - Preço médio de venda recebido pelos produtores (R$/kg)
PRODUTO
PÊSSEGO
AMEIXA
SEAB/DERAL ATACADISTA
1,032
0,60 a 1,201
1,241
-
0,60 a 1,701
NECTARINA
0,80 a 1,001
Fonte: Redes de Referência, 2003.
1
Safra 2002
2
Safra 2001.
PRODUTORES
0,462
0,911
0,782
1,001
-
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PPRREEÇÇO
OSS PPAARRAA SSEEU
USS PPRRO
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OSS??
... Só se paga bem por produto de qualidade!!! E o mercado de frutas é muito exigente
neste aspecto. Por isso, a região sudoeste precisa investir na atividade, aproveitando os
benefícios climáticos que favorecem a colocação antecipada do seu produto no mercado. A
PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS permite a obtenção de frutas de qualidade com
certificação reconhecida, garantia de bons preços de venda. Basta informar e incentivar o
produtor, capacitando-o à produção e à organização, pois o mercado já está aí!
10
1
Diissttrriibbuuiiççããoo ddoo Cuussttoo Vaarriiáávveell ppoorr Coom
mppoonneenntteess1
A. MÁQUINAS (aluguel e manutenção):
⇒ Representa cerca de 20% do custo variável total da atividade
⇒ Custo médio de mecanização: 1,2 ton/ha
OBSERVAÇÕES:
-
-
adotar a produção integrada de frutas, com monitoramento do pomar visando diminuir o
número de entradas com o conjunto trator-pulverizador
adquirir máquinas através de associações de produtores. É importante que haja, por
parte das instituições de financiamento, incentivo para esta aquisição, haja visto a baixa
capacidade de investimento dos agricultores deste sistema. Por outro lado, o incentivo e
as orientações para a união dos agricultores em associações é um importante papel a ser
desenvolvido pela assistência técnica.
como sugestão coloca-se a opção da aquisição de um modelo de pulverizador de tração
animal, com capacidade para 200 l de calda e acionamento através de bateria
recarregável, que facilita a aplicação dos tratamentos e diminui custos com aluguel de
máquinas e combustível. Existem na região outros modelos eficazes de equipamentos,
adaptados pelos produtores sob a orientação de técnicos da extensão rural, em pleno
funcionamento.
B. CONTRATAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA
⇒ representa 8% do custo variável total da atividade
⇒ necessidade de mão-de-obra adicional nas UEA’s acompanhadas: 48 dH/ciclo
⇒ custo médio de contratação de mão-de-obra necessária: 1,2 ton/ha
OBSERVAÇÕES:
-
-
1
a mão-de-obra temporária é geralmente contratada para os serviços de poda, raleio e
colheita dos frutos;
nas UEA’s acompanhadas estes serviços não são efetuados de maneira adequada, razão
pela qual o total de mão-de-obra contratada encontra-se abaixo dos índices necessários;
o alto custo que representa a mão-de-obra contratada justifica-se não só pela baixa
disponibilidade da UEA em recursos para este fim, mas também pela baixa qualidade do
serviço realizado, o que não compensa sua contratação. Por isso, a profissionalização
constante, não só da família responsável pelo pomar, visando a otimização de sua mãode-obra na fruticultura, mas também de trabalhadores volantes, torna-os aptos à
contratação pelas UEA’s do sistema.
a melhoria no desempenho dos serviços de poda, tratos fitossanitários e raleio pode ser
conseguida pela aquisição de ferramentas adequadas, facilitadoras na execução destas
tarefas em tempo, operacionalidade e qualidade do trabalho.
Dados médios de três propriedades acompanhadas pelo Projeto Redes de Referência.
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C. ADUBOS
⇒ representam cerca de 30 % do custo variável total da atividade
⇒ custo médio da adubação de manutenção do pomar = 1,6 ton/ha
OBSERVAÇÕES:
-
-
realizar análises periódicas de solo (na implantação, em profundidade de 0-20 cm e 2040 cm e a cada 4 anos, em 0-20 cm) e análise foliar (amostra homogênea coletada entre
a 13a e 15a semana após a plena floração) e prescrever adubação com base nestes
resultados.
planejar formas de adubação levando em conta o sistema de produção da UEA.
Aproveitar adubos orgânicos provenientes de estercos animais e de plantas de cobertura
do pomar (adubação verde), considerando a participação destes materiais no momento
da recomendação da adubação do pomar.
D. FUNGICIDAS/INSETICIDAS/ACARICIDAS
⇒ representam cerca de 40% do custo variável total
⇒ custo médio dos tratamentos fitossanitários: 2 ton/ha
OBSERVAÇÕES:
-
-
-
adotar a produção integrada de frutas que prevê o monitoramento de insetos no pomar
e o emprego de métodos naturais e biológicos de controle de doenças, insetos e ervas
daninhas;
realizar o tratamento preventivo de inverno a fim de reduzir os prejuízos com o ataque
de doenças;
dar preferência ao cultivo de variedades precoces de pêssego, que além de apresentar
vantagens comerciais são menos danificadas por insetos e doenças, devido ao ciclo mais
curto de produção;
manter vegetação nas entrelinhas e arredores do pomar para sobrevivência dos inimigos
naturais de insetos;
remover constantemente frutos doentes e danificados, a fim de se evitar a propagação
de patógenos (podridão parda, bacteriose) no pomar;
efetuar regulagem dos equipamentos de pulverização e aplicar os tratamentos nas horas
mais frescas do dia, preferencialmente no final da tarde, aproveitando a abertura dos
estômatos das folhas da planta durante a noite.
12
O Futuro da Atividade
Ao contrário de outras atividades mais consolidadas, como grãos e
bovinocultura leiteira, a fruticultura apresenta algumas particularidades - inclusive de
ordem sócio-cultural - que tornam sua permanência dentre as atividades do sistema
de produção extremamente vulnerável. Apesar de representar, em média, apenas
18% da renda bruta nas UEA’s acompanhadas, a fruticultura apresenta um enorme
potencial de desenvolvimento na região, tanto pelas condições edafo-climáticas
favoráveis, quanto pelas vantagens mercadológicas, demanda de consumo regional e
rentabilidade que oferece.
A melhoria constante da qualidade dos frutos – uma exigência cada vez maior
do mercado consumidor – é hoje o maior desafio da atividade na região, sendo a
baixa qualidade dos frutos a causa principal dos valores de venda conseguidos pelos
produtores. A profissionalização da mão-de-obra familiar e de trabalhadores
temporários, a assistência técnica especializada e ações de apoio ao associativismo
visando principalmente uma comercialização eficiente são demandas que necessitam
de atendimento urgente, sob risco de inviabilização da atividade. O cultivo de
variedades destinadas à preparação de conservas (geléias, doces, compotas)
viabilizaria a instalação de agroindústrias familiares ou até mesmo a comercialização
para este fim.
Para tanto, a união de esforços entre poder público (leia-se instituições de
ensino, pesquisa, extensão e fomento agrícola) e iniciativa privada (mercado de
insumos e de comercialização da produção) poderá otimizar aspectos positivos da
fruticultura de caroço na região, ao mesmo tempo em que colabora para a superação
de carências da agricultura familiar em qualidade de vida e bem-estar social.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
MARANGONI, B. Fertilidade do solo e a nutrição de plantas no sistema de Produção
Integrada de Frutas (PIF). In: Embrapa Uva e Vinho. Documentos,27. Seminário sobre
Produção Integrada de Frutas de Clima Temperado do Brasil. Anais. Bento Gonçalves – RS,
1999.
MEDEIROS, C.A.; RASEIRAS, M. A Cultura do Pessegueiro. Brasília: EMBRAPA-SPI; Pelotas:
EMBRAPA – CPACT, 1998.
ELABORAÇÃO
Equipe Mesorregional Oeste/Sudoeste – Projeto Redes de Referência para a Agricultura
Familiar – Programa Paraná 12 Meses
AGRADECIMENTOS
Prof. Dr. Idemir Citadin – Curso de Agronomia / CEFET-PR
Eng. Agr. Sandro Tioqueta – Prefeitura Municipal de Pato Branco
Eng. Agr. Odilson Peliser – Emater – Gerência Regional de Cascavel
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