Capítulo 21

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Unidade 3 - Ginecologia
Prescrição Pós-Operatória
CAPÍTULO 21
PRESCRIÇÃO PÓS-OPERATÓRIA
1. HIDRATAçãO
A necessidade de manutenção hídrica diária do adulto médio é de
aproximadamente 30 ml/kg/dia. Isso é parcialmente compensado pelas perdas
insensíveis de 1200 ml/dia, que incluem perdas pulmonares (600 ml), cutâneas
(400 ml ) e do trato gastrintestinal (200 ml ).
Embora haja variações para cada paciente e tipo de cirurgia, uma paciente
jovem, sem co-morbidades, mediana, que tenha recebido reposição intraoperatória adequada, responderá bem a 2400-3000 ml de uma solução de glicose
e cristalóide balanceada, nas primeiras 24hs de pós-operatório.
Uma proposta adequada seria: solução isiológica 0,9% 1500 ml + solução
glicosada 5% 1000 ml EV
35gts/min.
A velocidade de hidratação intravenosa deve ser individualizada,
pois algumas pacientes necessitam de menos volume e podem desenvolver
sobrecarga líquida num intervalo mais curto (p. ex. pctes com insuficiência
renal ou cardíaca). Para as pacientes com função renal normal, a reposição
adequada de líquidos deve resultar em débito urinário de pelo menos 30
ml/h.
2. ANALGESIA
Princípios Gerais:
» A dor após intervenção cirúrgica é mais severa imediatamente após o
procedimento, sendo agravada pelo movimento, tosse, etc., tornandose menos intensa a partir do terceiro dia pós-operatório;
» Pode ser exacerbada pela ansiedade da paciente, pela extensão da incisão
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cirúrgica, por complicações como hematomas de ferida operatória, pela
presença de drenos e tubos;
» Os benefícios da analgesia incluem: o conforto da paciente, o
decréscimo dos riscos de trombose venosa profunda por possibilitar
a mobilização precoce, diminuição da incidência de atelectasia e
pneumonia por promover a toilete pulmonar através da tosse e da
respiração profunda, além de melhorar e qualidade do sono e diminuir a
resposta metabólica à dor- incluindo hiperglicemia, hipercatecolamia
e hipercortisolemia.
Embora a analgesia satisfatória seja facilmente atingida com métodos
disponíveis atualmente, as pacientes continuam a sofrer desnecessariamente
com dor no pós -operatório. Estudos mostram consistentemente que 30 a 40%
das pacientes apresentam dor moderada a intensa no período pós – operatório.
SãO RAzÕES pARA AS INADEQUAçÕES ExISTENTES NO
CONTROLE DA DOR:
» As expectativas da paciente em relação ao alívio da dor são
pequenas e estas não estão cientes do grau de analgesia que devem
esperar;
» A falta de um treinamento médico formal em controle da dor,
que pode ser observada na usual prescrição de analgesia “se
necessário”, deixando as decisões sobre controle da dor p/ equipe
de enfermagem, sem tentativa de graduar a dose do analgésico
prescrito proporcionalmente às necessidades individuais da
paciente;
» As atitudes continuam a ser inluenciadas pela concepção errada e
comum de que o uso de analgésicos opióides no período pós-operatório
poderia causar dependência.
Desta forma, como proposta adequada para o tratamento eicaz da dor no
pós- operatório, temos:
Intervenções Cirúrgicas de Pequeno Porte:
Dipirona (2:18 )ml AD EV 6/6h e/ou
Cetoprofeno 100mg + 100 ml solução isiológica 0,9% EV 12/12h
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Intervenções Cirúrgicas de Médio Porte –
Dipirona (2:18 )ml AD EV 6/6h e
Cetoprofeno 100mg + 100 ml SF0,9% e
Petidina (2:8)ml AD. Fazer 3 ml da solução EV até 4/4h se dor não ceder
Intervenções Cirúrgicas de Grande Porte
Cetoprofeno 100mg + 100 ml solução isiológica 0,9% EV 12/12h e
Petidina (2:8)ml AD.Fazer 3 ml da solução EV 4/4h
Observações
» A dose de Petidina pode ser ajustada, conforme as necessidades da
paciente, até o máximo de 1mg/kg/dose;
» Pode-se optar pelo Cloridrato de Tramadol (2:8)ml AD fazer 3 ml da
solução
» EV até 6/6h em substituição à Petidina.
» É importante salientar os efeitos adversos dos fármacos utilizados na
analgesia pós-operatória:
• Opióides- depressão respiratória ( revertida com Naloxone 0,1 a
0,4mg EV), prurido, náuseas e vômitos, íleo paralítico.
• AINEs- sangramento do trato gastrintestinal, insuiciência renal
aguda, e sangramento cirúrgico quando a função hemostática não
é adequada.
3. OUTROS CUIDADOS
A dieta deve ser reintroduzida preferencialmente de 06 a 12 horas
dependendo do porte da intervenção cirúrgica. Devem ser observados apetite,
eliminação de latos e presença de ruídos hidroaéreos. A evolução da dieta pode
obedecer à seguinte seqüência: líquida restrita, líquida completa, branda e geral.
Estudos randomizados conirmam a eicácia e segurança da reintrodução precoce
da alimentação oral livre no 1º dia depois de cirurgias ginecológicas intraabdominais em pacientes selecionadas.
A deambulação precoce deve ser estimulada com a inalidade de prevenir
o surgimento de trombose venosa profunda.
A pressão arterial, o pulso e a frequência respiratória devem ser
determinados a cada 30 minutos até que a paciente esteja estabilizada; a partir daí,
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a frequência da monitoração passa a ser horária a cada 4-6h.
Em resumo, como modelo de prescrição de pós-operatório imediato, após
intervenção cirúrgica de médio porte sem intercorrências em pacientes sem comorbidades, temos:
1. Dieta zero, e líquida completa após 6 horas.
2. Solução isiológica 0,9% 1.500 ml + solução glicosada 5% 1000 ml EV
35gts/min.
3. Dipirona ( 2:18)ml AD EV 6/6h.
4. Cetoprofeno 100mg + 100 ml solução isiológica 0,9% EV 12/12h.
5. Petidina (2:8) ml AD. Fazer 3 ml da solução EV até 4/4h se dor não
ceder aos itens 3 e 4.
6. Curva pressórica, térmica e de pulso.
7. Cuidados gerais.
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