UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO OCEANOGRÁFICO FUNDAMENTOS DE OCEANOGRAFIA FÍSICA PROFa. SUELI SUZANA DE GODOI ALUNOS: Evandro Ribeiro Magalhães 6452990 Leandro do Nascimento Rocha 7236660 Maria Clara de Oliveira Carneiro Sassaki 6341572 Rafael Maia Frenhe 5838320 Introdução A riqueza dos fenômenos ar-mar ocorridos no oceano pacífico tem sido reconhecida mais do que em qualquer outro lugar. Muitos estudos recentes têm apontado que existe mais de um tipo de El Niño. Descobriu-se uma forte evidência de que existe um tipo de El Niño que tem suas ações localizadas principalmente sobre o oceano Pacífico central, que se distingue do El Niño tradicional. Também evidencia-se que este evento tem sido cada vez mais frequente durante as últimas décadas. Até agora este fenômeno tem sido referido com nomenclaturas diferentes, tais como “El Niño da Linha Internacional da Data” (por ocorrer bem nessa linha imaginária que separa um dia do outro no meio do Pacífico), “El Niño Modoki”, “El Niño do Pacífico central”, etc. Embora não haja consenso na terminologia, neste trabalho usaremos o termo “El Niño Modoki”. Cada um dos estudos realizados sobre este fenômeno enfatizaram pontos de vista ligeiramente diferentes. Destes estudos foram extraídas as seguintes características principais: Há uma variação interanual distinta da TSM sobre o Pacífico central, que difere sobre a do El Niño convencional; A variação da TSM tem apresentado fortes variações nas últimas décadas sobre o Pacífico central; O impacto global deste novo tipo de El Niño é significativo e bastante diferente do impacto do El Niño convencional. Embora as análises in situ tenham demonstrado que os fenômenos são bem diferentes, essas mesmas análises são limitadas devido ao pequeno número de observações. Para superar essa limitação, os modelos numéricos podem ser uma ferramenta útil para a compensação de fenômenos naturais e para testar hipóteses. O modelo CGCM GFDL é capaz de simular os dois tipos de fenómenos de El Niño, cujas características são semelhantes às observadas. Evolução dos dois tipos de eventos de El Niño No caso do El Niño, a anomalia de TSM começa a desenvolver no início da primavera, e há duas épocas de pico: Verão e de Inverno sobre o Pacífico oriental. É concebível que os picos duplos do Pacífico leste estão relacionados com um ciclo semestral demasiadamente forte. A anomalia de TSM se desenvolve rapidamente entre abril e junho. Nota-se que o padrão de TSM dos eventos de El Niño é bastante estacionário. No entanto, o El Niño Modoki mostra uma evolução um pouco diferente. O aquecimento da superfície começa relativamente tarde e um rápido desenvolvimento acontece ao longo do Pacífico central durante o período julho-setembro. Curiosamente, há um pico de curto prazo ao longo do Pacífico leste durante o verão. Para examinar as trocas de calor entre o equador e regiões fora do equador, a anomalia positiva de calor no equador leva a uma anomalia positiva de TSM sobre o Pacífico oriental. No El Niño, parece que a anomalia de calor leva a uma anomalia de TSM por vários meses. Durante a fase de desenvolvimento, a anomalia positiva prevalece na região equatorial, e a negativa prevalece ao norte do equador. Durante a fase de desenvolvimento do El Niño, a anomalia de TSM é positiva a e velocidade do vento é reduzida por causa da corrente oeste na região Niño-3. A anomalia positiva de TSM intensifica o efeito de arrefecimento do fluxo de calor latente por evaporação, enquanto que a velocidade do vento reduzida, reduz o efeito de arrefecimento do fluxo de calor latente, diminuindo a evaporação. Isso acontece porque a TSM climatológica é relativamente fria e a velocidade do vento climatológica é relativamente forte na região Niño-3, então a intensificação do fluxo de calor latente ocorre devido à mudança na anomalia de TSM que supera a redução do fluxo de calor latente devido à mudança na velocidade do vento, e, portanto, arrefecimento anômalo é induzida pelo fluxo de calor latente. Na fase de decomposição, no entanto, a anomalia positiva da TSM está para mudar para a anomalia negativa devido à transição rápida, e o tempo médio de fluxo de calor latente de fevereiro a outubro é quase zero. Por outro lado, na região Niño-4, a TSM climatológica é maior e a velocidade do vento é fraca de modo que o efeito devido à mudança de velocidade do vento é relativamente grande. A este respeito, fluxo de calor latente é quase zero em fase de desenvolvimento do El Niño Modoki e pode ser atribuído a um cancelamento entre o incremento do fluxo de calor latente associado com a TSM maior e o decremento de fluxo de calor latente associado com a diminuição da velocidade do vento. No entanto, a anomalia de velocidade do vento é significativamente reduzida durante a fase de decomposição do El Niño Modiki, e assim o cancelamento não ocorre, por causa de uma forte tendência negativa no fluxo de calor latente. No El Niño normal, a inversão de sinal dos termos de feedback entre os períodos dedesenvolvimento e de decomposição resultou do processo de descarga e na reversão do sinal associado no conteúdo de calor zonal. Um e Jin (2001) apontou que o conteúdo de calor equatorial negativo gera corrente geostrófica equatorial de oeste e um empolamento da termoclina, o que leva a uma tendência negativa na TSM. No entanto, o El Niño Modoki exibe uma descarga muito fraca e é ainda fracamente positivo durante o período de decomposição. Como a tendência de empolamento da termoclina é muito lenta, como um resultado da fraca descarga no período de deterioração, o decaimento da TSM é devido ao fluxo de calor atmosférico e pode ser mais rápido do que o arrefecimento da camada subsuperficial devido ao empolamento da termoclina, resultando em uma tendência positiva de realimentação da termoclina durante o período de decaimento. Além disso, o conteúdo de calor fracamente positivo (ou quase zero) não pode gerar a anomalia oeste de corrente, de modo que o termo de advecção zonal não tem uma tendência negativa durante o período de decomposição. A partir da análise dos processos, verifica-se que os termos de feedback dinâmicos desempenham um papel ativo no desenvolvimento e na decadência do El Niño porque a recarga e descarga de processos são dominantes. Portanto, o feedback dinâmico pode levar a uma transição de fase clara a partir da fase de aquecimento para a fase fria, possivelmente indicando um modo oscilatório auto-sustentável. Para o El Niño Modoki, o feedback zonal advectivo desempenha um papel-chave no aquecimento da superfície durante o período de desenvolvimento, mas os termos dinâmicos de realimentação não desempenham um papel importante na transição de fase devido ao processo fraco de descarga. Em vez disso, o aquecimento da superfície tende a ser termicamente mais brando comparado ao valor climatológico. A diferença entre o El Niño tradicional e o El niño Modoki já começa pelo nome, o termo Modoki na língua japonesa significa “similar, mas diferente”. Para se medir as anomalias de temperaturas no oceano pacífico central são instaladas várias bóias e este é dividido em 4 partes, os Niños 1, 2, 3 e 4. As regiões 1 e 2 são bem próximas a costa da América do Sul, a região 3 é o centro-leste da região do pacífico equatorial e a 4 a região centro-oeste. Em anos de El Niños tradicionais observa-se um aquecimento, ou seja, uma anomalia positiva nas regiões 1, 2 e 3, sendo que na região 4 continua uma anomalia neutra ou fria, por isso esse tipo de El Niño também é chamado de El Nino de língua fria. Já o El Nino modoki tem seu aquecimento no pacifico equatorial central, em uma região que denominamos 3.4, pois abrange parte da região 3 e da região 4 do Nino, sendo seu entorno de anomalia neutra ou fria, formando o que se chama de piscina quente, e por isso também é chamado de El Niño da Linha Internacional da Data. Essa mudança na região de anomalia de temperatura muda também a circulação atmosférica zonal, criando uma zona de convergência de ventos na região central e não mais perto da costa da América do Sul como era no El Niño tradicional. Essa mudança cria uma área sobre o pacífico equatorial central de muita precipitação, alterando o fluxo de umidade, além de mudar as características climáticas em diversas outras regiões do mundo. As alterações climáticas mais marcantes no território brasileiro são: no El Niño tradicional, a região Nordeste brasileira tem um déficit de precipitação causando secas mais intensas e nas regiões Sul e Sudeste apresentam chuvas excessivas devido a maior entrada de umidade vinda da região amazônica. Já no El Niño Modoki as características se modificam e o Nordeste é que terá chuvas excessivas, e por isso temperaturas abaixo da média, e o Sul e Sudeste apresentarão secas, invertendo-se o padrão. Vale ressaltar também que desde 1850 até hoje foram verificadas 33 ocorrências do El Niño tradicional e apenas 7 ocorrências do El Niño Modoki , mas desde 1980 tem se observado um aumento na ocorrência de El Niño Modoki, o que fez alguns cientistas levantarem a hipótese que esse tipo de fenômeno pode estar ligado ao aquecimento global. Conclusão O artigo analisado estudou dois tipos de El Niño, El Niño Modoki e El Niño comum com dados de cerca de 500 anos. O modelo usado para estudo simula bem as principais características obsevadas dos dois tipos de El Niño. A escala zonal para o El Niño Modoki é relativamente pequena quando comparado com a escala do El Niño. No estudo de KUG et al. (2009b), ele notou que em eventos frios não é possível separar tão fácil em dois tipos de El Niño devido a eventos de La Niña deslocada para o oeste em comparação com os eventos de El Niño. No modelo usado para o estudo também se verificou que é difícil separar o evento frio em dois tipos, o que quer dizer que o El Niño Modoki é mais um evento estocástico do que um fenômeno oscilatório, pois os El Niño Modoki têm tendência de não serem acompanhados por eventos frios após seu término. Em dados observacionais, a ocorrência do El Niño Modoki está bem adaptado com o período de aquecimento da TSM em longo prazo (mais de cinco anos) sobre o Pacífico central. Figura1: Ocorrencia de El Niño Modoki por Temperatura da superfície do Mar. Segundo a figura, é possível notar que as variáves El Niño Modoki e Temperatura da Superfície do Mar estão muito bem correlacionadas, 0,70. O que representa que a frequencia de ocorrência do evento El Niño Modoki está relacionado com o aquecimento da TSM. Para explicar essa relação o artigo apresentou duas possíveis explicações. Primeiro, ocorrendo El Niño Modoki poderia se induzir a variabilidade decadal tropical por meio de um efeito de retificação não-linear (Timmermann 2003; Rodgers et al 2004;. Uma et al 2005;. Uma 2009). Segundo, o estado básico poderia ser, oferecer condições propícias para a ocorrência de freqüência do El Niño Modoki. Se a TSM média aumenta sobre Pacífico Ocidental pode fornecer condições favoráveis para El Niño Modoki. Assim, os casos de maior temperatura da TSM média podem fornecer condições favoráveis para a ocorrência de El Niño Modoki.