Clima do Paraná e o El Niño Desde o mês de maio de 2014, as águas do oceano Pacífico Equatorial mostram um processo de aquecimento anômalo em todas as áreas de monitoramento do El Niño. A Figura 1 mostra a evolução das anomalias da temperatura da superfície do mar (ATSM) desde o mês de agosto de 2013 até a penúltima semana do mês de julho de 2014. Durante o fim de junho e julho, conforme ilustra a Figura 1, as anomalias da TSM tiveram um ligeiramente enfraquecimento nas regiões central e centro-leste do oceano Pacífico (áreas do Niño 3 , niño 3.4 e Niño 4), enquanto que a região do Niño 1+2 persiste o aquecimento, com valor próximo de 1,5 °C. Figura 1 – Evolução das anomalias da temperatura da superfície do mar na bacia do oceano Pacífico Equatorial (regiões de monitoramento do El Niño). Fonte: CPC/NOAA Mesmo com o enfraquecimento do aquecimento anormal das águas registrados nas últimas semanas nas regiões do Niño citadas acima, as previsões dos modelos climáticos indicam a configuração de um episódio até o fim da estação do inverno de 1 2014 e a atuação do fenômeno durante a estação da primavera de 2014. Contudo, as previsões mostram incertezas em relação à intensidade do evento, que deve variar entre fraco a moderado e também da evolução do fenômeno, o qual está intimamente associado à influência no clima do estado do Paraná. A literatura meteorológica mostra que o fenômeno pode apresentar mais de um tipo ou comportamento anômalo das águas do oceano Pacífico Equatorial: El Niño clássico ou tradicional: fenômeno atmosférico-oceânico, caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais do oceano Pacífico Equatorial, estendendo-se desde a costa oeste da América do Sul até a região central do Pacífico. Como o fenômeno é um resultado da interação entre processos físicos que ocorrem no oceano e na atmosfera, esses processos interagem de forma a causar impactos no clima global, alterando os padrões de vento a nível mundial, e, por conseguinte afetando os regimes de chuva e de temperatura em várias regiões. No Brasil, os impactos mais conhecidos estão relacionadas ao aumento da chuva e da temperatura média na região Sul e o déficit hídrico na região Norte do País. Para ser configurado um evento El Niño, as anomalias da TSM devem estar 0,5 °C acima da normal climatológica por três meses consecutivos, além de outros processos como o enfraquecimento ou até mesmo a inversão dos ventos alísios em superfície, que predominam de sudeste em condições normais e o acoplamento da circulação oceano-atmosfera A Figura 2 mostra um exemplo de um El Niño clássico. Figura 2 – Anomalia de Temperatura da Superfície do Mar – Dezembro de 1997. Fonte: http://enos.cptec.inpe.br/saiba/img/globo-colorido.gif 2 El Niño Modoki ou semelhante: diferentemente do El Niño tradicional, o fenômeno é caracterizado por intenso aquecimento anômalo no oceano Pacífico central e por um arrefecimento (águas mais frias) nos setores leste e oeste do oceano Pacífico Equatorial. Apesar do fenômeno depois de configurado alterar a circulação dos ventos em várias regiões do mundo, os impactos no regime de chuva não são iguais ao do evento clássico. Para a região Sul do Brasil, não são esperadas chuvas acima da média histórica e em muitos eventos já foram observados anomalias negativas de chuva, ou seja, secas ou chuvas irregulares na região do Paraná. A Figura 3 mostra o padrão da anomalia da TSM em um episódio de El Niño denominado Modoki. Figura 3 – Exemplo de El Niño Modoki. Anomalia positiva de TSM no oceano Pacífico central e anomalias negativas de TSM nos setores oeste e leste do Pacifico Equatorial. Fonte: http://www.jamstec.go.jp/frcgc/research/d1/iod/enmodoki_home_s.html.en As previsões dos modelos de longo prazo, que fazem as projeções das condições médias de chuva e de temperatura para os próximos meses não são enfáticas em indicar a formação de um evento El Niño tradicional, que favorece ao aumento de chuva no estado do Paraná. Algumas previsões climáticas mostram que as anomalias positivas de TSM podem ficar mais concentradas no oceano Pacífico central, ou seja, preveem a formação de um episódio similar ou Modoki. Diante de tudo isso, é necessário acompanhar as atualizações mensais das evoluções das ATSMs nas diversas áreas de monitoramento do Niño e também das previsões do aquecimento anômalo, além das mudanças no padrão dos ventos devido à interação entre o oceano e a atmosfera. Episódios de ondas de calor também podem ser mais frequentes nos próximos meses no Paraná. 3