INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA PAULA MENDONÇA ARRUDA ESTRATÉGIAS DE MARKETING APLICADAS AO TRANSPORTE PÚBLICO POR ÔNIBUS – ESTUDO DE CASOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes. Orientador: Prof. Paulo Afonso Lopes da Silva Ph. D. Rio de Janeiro 2004 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. c2004 INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha Rio de Janeiro – RJ Este exemplar é CEP: 222290-270 de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer forma de arquivamento. É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são responsabilidade do(s) autor(es) e do(s) orientador(es). A779-e Arruda, Paula Mendonça Estratégias de Marketing Aplicadas ao Transporte Público por Ônibus – Estudo de Casos no Estado do Rio de Janeiro / Paula Mendonça Arruda – Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2004. 159 p.: il.,tab. Dissertação (mestrado) – Instituto Militar de Engenharia Rio de Janeiro, 2004. 1. Planejamento urbano. 2. Planejamento de transportes. 3. Marketing. 4. Sustentabilidade. I. Instituto Militar de Engenharia. II. Estratégias de marketing aplicadas ao transporte público por ônibus – Estudo de casos no estado do Rio de Janeiro. CDD711.4 2 de INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA PAULA MENDONÇA ARRUDA ESTRATÉGIAS DE MARKETING APLICADAS AO TRANSPORTE PÚBLICO POR ÔNIBUS – ESTUDO DE CASOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes. Orientador: Prof.Paulo Afonso Lopes da Silva – Ph. D. Aprovada em 22 de dezembro de 2004 pela seguinte Banca Examinadora: Prof. Paulo Afonso Lopes da Silva – Ph. D. do IME - Presidente Profª Letícia Moreira Casotti - D.Sc.da UFRJ Prof. Luiz Antônio Silveira Lopes – D.Sc.do IME Rio de Janeiro 2004 3 A minha mãe verdadeira ela nenhum por amizade dos todo que meus amor, carinho sempre tivemos. sonhos se e Sem tornaria realidade. Ao meu marido, que se torna a cada dia mais importante na minha vida pelo seu amor, compreensão e apoio integral. A minha avó, que de uma certa maneira esteve sempre ao meu lado e que faz muita falta. 4 AGRADECIMENTOS À minha mãe, que colaborou com a conclusão desta dissertação e que eu amo muito. Ao meu marido, presente nos principais momentos, entendendo todas as dificuldades que possam surgir, fazendo com que eu nunca desista dos meus objetivos. À minha irmã, que se tornou crucial no último momento, perdendo noites no intuito de me ajudar. Ao meu pai Marcus, que me criou, sendo meu verdadeiro pai. Às minhas afilhadas, Luana e Yasmin, que me dão muita alegria. A Deus que está sempre me levando ao caminho certo. Ao Instituto oportunidade Militar de cursar o de Engenharia Mestrado por em me dar esta Engenharia de Transportes. Ao CNPQ pelo apoio financeiro durante a duração do mestrado. Ao professor e orientador, Ph. D., Paulo Afonso Lopes da Silva, pelo apoio e dedicação em todos os momentos necessários. Aos membros da Banca Examinadora, profº. Letícia Moreira Casotti e aceitado prof. Luiz participar Antônio e Silveira dedicar tempo Lopes, por terem a esta precioso dissertação. Ao Joaquim Sr. Carlos Costa, por Toledo, à Sra. contribuírem Ellen com Cristina informações e ao para Sr. este trabalho. À Denise Navegantes e ao Dr. Lelis Teixeira, da Rio Ônibus, por colaborarem com meu crescimento profissional. Aos amigos da turma 2003, em especial, Aurélio Barahona Sandoval por toda amizade e ajuda ao longo do curso. 5 A todos os professores do IME que, de algum modo, se colocaram sempre a disposição. Ao Sgtº Eduardo Oazem, da secretaria da Pós-graduação em Engenharia de Transportes, pela amizade e ajuda. Em especial, a minha avó Stella, que onde quer que ela esteja, sempre estará presente na minha vida. 6 “O universo se parece mais com um grande pensamento do que com uma grande máquina” (Sir James Jeans) 7 SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................ 11 LISTA DE TABELAS ............................................ 12 1 INTRODUÇÃO ................................................ 15 1.1 Considerações Iniciais .................................. 15 1.2 Objetivo ................................................ 17 1.3 Justificativa ........................................... 18 1.4 Estrutura da Dissertação ................................ 19 2 EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTE POR ÔNIBUS NO BRASIL .... 21 2.1 Introdução .............................................. 21 2.2 Sistema de Transporte por Ônibus: Ascensão e Decadência . 23 2.3 Problemas Enfrentados pelo Transporte Público por Ônibus 28 2.3.1 Concorrência com os Transportes Alternativos E Clandestinos ................................................ 30 2.3.2 Concorrência com o Automóvel Particular ............... 34 2.3.3 Concorrência com Transportes não Motorizados .......... 37 2.3.4 Gratuidades sem Isenções Fiscais ...................... 39 2.3.5 Advento da Rede Mundial de Computadores ............... 41 2.4 Regulamentação do Setor ................................. 42 2.5 Importância do Transporte Público Regulamentado ......... 44 2.6 Conclusão Parcial ....................................... 49 3 CONCEITOS DE MARKETING .................................... 51 3.1 Evolução do Conceito de Marketing ....................... 51 3.2 Definição e Gestão de Marketing ......................... 53 3.3 Aplicações do Marketing ................................. 72 3.3.1 Marketing de Serviços ................................. 72 3.3.2 Marketing de Relacionamento ........................... 76 3.3.3 Marketing Interno ..................................... 78 8 3.4 Marketing e o Transporte Por Ônibus ..................... 79 3.5 Conclusão Parcial ....................................... 82 4 ESTRATÉGIAS DE MARKETING .................................. 83 4.1 Ações de Marketing ...................................... 85 4.2 Ações de Marketing no Sistema de Transporte Público Brasileiro .................................................. 90 4.3 Ações de Marketing no Sistema de Transporte Público Internacional .............................................. 107 4.4 Conclusão Parcial ...................................... 117 5 METODOLOGIA DOS ESTUDS DE CASO ........................... 118 5.1 Tipo de Pesquisa ....................................... 118 5.2 Perguntas da Pesquisa .................................. 121 5.3 Escolha das Empresas ................................... 121 5.4 Coleta dos Dados das Empresas .......................... 122 5.5 Tratamento dos Dados ................................... 123 5.6 Limitação da Pesquisa .................................. 123 6 ESTRATÉGIAS DE MARKETING APLICADAS EM EMPRESAS DE TRANSPORTE POR ÔNIBUS NO RIO DE JANEIRO – ESTUDOS DE CASO ............. 126 6.1 Empresa A .............................................. 126 6.1.1 Empresa A em Época de Crise .......................... 126 6.1.2 Ações da Estratégias de Marketing .................... 127 6.1.3 Resultado Dessas Estratégias de Marketing ............ 130 6.2 Empresa B .............................................. 130 6.2.1 Ações de Marketing Potenciais ........................ 131 6.2.2 Estratégias Adotadas na Empresa ...................... 133 6.3 Empresa C .............................................. 134 6.3.1 Diferencial da Empresa C em Época de Crise no Setor .. 134 6.3.2 Principais Problemas a Enfrentar ..................... 137 6.4 Empresa D .............................................. 138 6.4.1 Visão da Empresa em Época de Crise ................... 138 9 6.4.2 Estratégia de Marketing da Empresa D ................. 138 6.5 Conclusão Parcial ...................................... 141 7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................... 142 7.1 Conclusões ............................................. 142 7.2 Recomendações .......................................... 145 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................... 147 9 ANEXOS ................................................... 158 10 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIG. 2.1 – O Primeiro Ônibus Concebido no Mundo ............. 21 FIG. 2.2 – Ônibus Denominado Jardineira ..................... 22 FIG. 2.3 – Transporte Clandestino ........................... 31 FIG. 2.4 – Evolução do Consumo Interno de Veículos (1991/2001) ............................................................ 35 FIG. 2.5 – Comparação Entre Veículo Particular e Ônibus ..... 36 FIG. 2.6 – Transporte Urbano Metropolitano de Pessoas no Brasil ...................................................... 38 FIG. 2.7 – População Urbana, Frota e Nº De Mortos em Acidentes de Trânsito no Brasil - 1990/1998 ........................... 47 FIG. 2.8 – Venda de Ônibus Urbano Brasil de 1995 a 2002 ..... 49 FIG. 3.1 – Distribuição Sem Intermediário ................... 64 FIG. 3.2 – Distribuição Com Intermediário ................... 65 FIG. 3.3 – Deslocamento da Curva de Demanda Devido à Propaganda .................................................. 67 FIG. 3.4 – Processo: Manutenção da Satisfação dos Clientes .. 70 FIG. 3.5 – Panorama da Estratégia de Marketing .............. 71 FIG. 3.6 – Passageiros Transportados por Ônibus (Média Nacional) ................................................... 80 FIG. 3.7 – Modelo da População Entre 1993-2003 .............. 80 FIG. 4.1 – Principais Concorrentes dos Transportes Públicos Urbanos no Brasil. Uma Visão das Empresas ................... 84 FIG. 4.2 – Ônibus nas Favelas ............................... 95 FIG. 4.3 – Ônibus no Centro ................................. 95 FIG. 4.4 – Pontos de Ônibus ................................. 96 FIG. 4.5 – Revista de Bordo ................................. 97 FIG. 4.6 – Segurança nas Viagens ........................... 102 FIG. 4.7 – Vídeo a Bordo ................................... 106 FIG. 4.8 – Logomarca de Cape Cod ........................... 115 FIG. 6.1 – Tacógrafo ....................................... 129 FIG. 6.2 – Selo de Certificação da ISO 9001:2000 ........... 135 11 LISTA DE TABELAS TAB. 2.1 - As 20 Maiores Cidades do Mundo em 2002, Por Região ............................................................ 25 TAB. 2.2 – Pontos Negativos do Transporte por Ônibus ........ 30 TAB. 2.3 – Usuários do Transporte Público Coletivo Regulamentado, Segmentados por Classe Social ................ 39 TAB. 2.4 – Emissão de Gás Poluente em Dez Cidades Brasileiras Devido ao Congestionamento Severo (Vias Com Capacidade Esgotada), 1998 ............................................. 48 TAB. 3.1 – Tipos de Segmentação do Público .................. 58 TAB. 3.2 – Diferença entre Bens Físicos e Serviços .......... 75 TAB. 4.1 - Avaliação dos Modos de Transporte % de Excelente e Bom, Segundo Usuários ....................................... 93 TAB 4.2 – Evolução do Passageiro em Recife (1995 – 2002) .... 99 TAB. 4.3 – Entrevista com a Amostra da População da Suécia . 109 12 RESUMO Nesta dissertação são analisados casos do uso de estratégias de marketing como modo de captação de demanda para o transporte público por ônibus regulamentado, parte de um novo estilo de gestão nas empresas, colocando em foco as necessidades dos clientes e não apenas os serviços prestados pelas operadoras rodoviárias. Utiliza-se o marketing como um modo de gestão, fundamentado no conhecimento do mercado, por meio do qual as expectativas dos clientes são identificadas, antecipadas e satisfeitas. Desde, aproximadamente, 1990, a quantidade de usuários dos diversos sistemas de transportes públicos vem diminuindo em quase todas as cidades brasileiras. Assim, o momento atual é propício para que o uso de estratégias de marketing para captar demanda possa ser mais explorado pelas empresas brasileiras de transporte por ônibus, de modo a reverter as perdas de passageiros nos últimos anos. 13 ABSTRACT This dissertation intends to analyze marketing strategies as way of demand reception in the transport, as part of a new administration style in the companies, putting in focus the customers' needs and not just the services rendered by the operators. The marketing is used as an administration way, based in the knowledge of the market, and identifying, advancing and satisfying the customers' expectations. The amount of users of the systems of public transports is decreasing in almost all of the Brazilian cities. This way, the current moment is favorable so that the use of the marketing to capture demand can be more explored in the administration of the Brazilian companies of transport by bus, promoting them to the society and helping to revert the passengers' losses in the last years. 14 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Os principais problemas causados pela quantidade de veículos nas megacidades são o alto índice de emissão de poluentes, os congestionamentos e o aumento do número de acidentes. Porém, os países em desenvolvimento, como o Brasil, têm uma política voltada para a priorização de carros particulares em detrimento do transporte público (Leite, 2002). Conforme Rocha apud Leite (2002), o desenvolvimento do transporte público por ônibus no Brasil teve, no início, um lento processo até o começo da década de 80, no século XX. Copiando o modelo europeu, apenas em 1911, desenvolveu-se o primeiro ônibus motorizado no Brasil. Entretanto, a modernização começou somente em 1945 com chassis construídos para o transporte de passageiros e com carroceria metálica. Entretanto, foi no final do século XX que se construiu um parque industrial oferecendo uma de chassis variedade de e carrocerias modelos. A para partir de ônibus, então, a indústria passou a produzir veículos mais modernos, tanto na parte estética quanto na mecânica, obtendo velocidade maior, poltrona mais confortável e ar condicionado em alguns veículos (GONÇALVES, 1995). De acordo com Correia apud Leite (2002), a indústria brasileira exporta, nos dias de hoje, 2004, sua tecnologia de ônibus para vários países da América Latina, da América do Norte, da Europa e da África. Porém, as empresas brasileiras de transporte público por ônibus não utilizam a tecnologia exportada, contentando-se, normalmente, com o uso do ônibus convencional na sua frota. 15 Essa padronização dos veículos se justifica como garantia de condições mínimas de segurança e conforto para os usuários, além da redução preocupação dos com a custos industriais, qualidade de parece serviço e não haver produtividade, gerando a insatisfação dos passageiros. A utilização destes ônibus padronizados foi defendida pela EBTU, Empresa Brasileira de Planejamento dos Transportes, e GEIPOT, Empresa Brasileira de extintas, mas Planejamento as dos empresas Transportes, até hoje, entidades 2004, já mantêm a padronização. A insatisfação do passageiro é resultado do não atendimento de suas exigências pelo uso do veículo convencional, oferecido pelas empresas operadoras, em termos de níveis de serviço e tarifas, além de problema quanto à escassez da oferta de transportes em locais com dificuldades topográficas ou distantes do centro. Outros problemas do serviço de transporte por ônibus que estão dentre as queixas da sociedade usuária são: não cumprimento rigoroso de horários, não respeito às paradas e atendimento precário. Esses fatores permitiram, por volta da metade da década de 90, a entrada de concorrentes tentando cessar as ineficiências do setor. Um dos concorrentes mais prejudiciais é o transporte clandestino. Porém, os transportadores desse modal não pagam impostos, empregam menores de idade para trabalhar (<16 anos), não trafegam com segurança, não respeitam a gratuidade e apenas operam em linhas e horários de maior demanda. A fabricação de carros populares, com motor menos potente e preço mais acessível, fez com que esses automóveis particulares também passassem a ser concorrentes potenciais do ônibus (NTUa, 2002). Com isto, aumentaram os problemas causados pela grande quantidade de automóveis circulando; o 16 congestionamento, a grande emissão de poluentes e o alto número de acidentes. Outro problema do transporte regulamentado é a diminuição da quantidade de motorizadas, passageiros principalmente por a causa marcha a das pé, viagens não aumentadas nos últimos anos (LEITE, 2002). Essas viagens não motorizadas estão ocorrendo devido à perda do poder aquisitivo da população, principalmente das classes sociais D e E, que não têm como arcar com o valor cobrado para ingressar nos ônibus. O resultado dessa concorrência é a perda de, em média, 30% dos passageiros transportados no Rio de Janeiro, desde 1995 até hoje. Isso leva a uma reflexão do setor quanto à implementação de uma nova estratégia de gestão com o intuito de reverter esse quadro. 1.2 OBJETIVO A presente dissertação tem como objetivo analisar estratégias de marketing que, quando aplicadas, resultem em: a)Disponibilidade do serviço de transporte público para um maior número de usuários. É importante para o crescimento do setor que grande parte da sociedade queira e tenha condições de usá-lo. Sendo assim, as empresas têm que entender o que desejam os diferentes segmentos da população em termos de oferecendo os possíveis serviços para atendê-los. 17 transporte, b)Satisfação dos clientes Se os forem serviços feitos pesquisas clientes com (de se oferecidos a pelas participação mercado, tornarão empresas da transportes sociedade, origem-destino, mais de entre satisfeitos, utilizando outras), por terem os sido consultados sobre os serviços a serem prestados para eles. c)Captação de clientes Se as suas necessidades forem satisfeitas pelas empresas, os usuários tenderão a usar mais seus serviços. d)Fidelização dos usuários Quando os clientes usam um determinado serviço e se sentem satisfeitos, começam a associar boa qualidade à marca da empresa, querendo sempre que possível repetir a viagem pela mesma companhia. e)Lucratividade dos acionistas Com uma maior clientela, fiel a companhia, a rentabilidade de seus acionistas aumentará, mantendo todos os outros fatores referentes ao transporte constantes. 1.3 JUSTIFICATIVA A quantidade públicos de brasileiros passageiros nos regulamentados sistemas vem de transportes diminuindo em quase principal causa todas as cidades brasileiras (NTUa, 2001). Esta afirmação insatisfação dos parece passageiros ter com 18 como a qualidade dos a serviços oferecidos pela prestadora, gerando, na metade da década de 90, século XX, o surgimento de concorrentes diretos. Sendo assim, é importante divulgar a imagem do transporte público, objetivando atrair os clientes que abandonaram o sistema. Colocar o transporte por ônibus em evidência, fazendo com que a população utilize-o em maior quantidade, pode melhorar a qualidade de vida da população, na medida em que pode provocar menos acidentes, causar menos poluição e menos congestionamentos que outros modais, como carros e vans. Além disso, se comparados com os modos de transporte não motorizados, os ônibus têm vantagens, por transmitirem aos usuários uma sensação de satisfação, se comparados às viagens a pé ou de bicicleta, que muitas vezes não oferecem segurança, devido aos horários e locais onde trafegam. Sendo assim, transporte das utilizar um necessidades modo da de gestão sociedade, que aproxime satisfazendo-a o e, conseqüentemente, captando e fidelizando os passageiros com o intuito parece de ser reverter o as objetivo perdas de uma apuradas gestão nos últimos orientada anos, para os clientes. 1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO A presente dissertação está dividida em 7 capítulos. No capítulo 1, apresentam-se a introdução ao tema, o objetivo e a justificativa. No capítulo 2, mostra-se a evolução do transporte coletivo por ônibus no Brasil, desde seu surgimento, passando por sua ascensão em meados da década de 80 até uma crise provocada por perdas de passageiro, em média 30%, para seus concorrentes. No capítulo 3, introduz-se o marketing e sua gestão, baseada na satisfação dos clientes. Apresenta-se também uma proposta 19 de gestão do sistema de transporte por ônibus baseada em ações de marketing. No capítulo 4, apresentam-se as principais marketing, além de estratégias de marketing feitas em outros estados brasileiros e diferentes países. No capítulo 5, mostra-se a metodologia utilizada para o estudo de casos. No capítulo 6, são relatados casos de empresas de ônibus que obtiveram receita, menor perda utilizando de uma demanda, gestão de e conseqüentemente marketing, assim de como a grande perda de usuários que as empresas que ainda não têm um planejamento com foco no cliente estão tendo. No capítulo 7, são apresentadas as conclusões deste estudo e recomendações para futuros trabalhos. Este trabalho Planejamento Transportes de do se enquadra Transporte Instituto do na linha de Mestrado Militar de em pesquisa de Engenharia de Engenharia e nas diretrizes de pesquisa estabelecidas no III Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, elaborado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), que processos e coletivo de contemplam medidas para passageiros o desenvolvimento estimular o uso regulamentado, de pesquisas, do transporte objetivando a satisfação da sociedade em geral, com o modo de gestão do setor. 20 2 EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTE POR ÔNIBUS NO BRASIL 2.1 INTRODUÇÃO No ano de 1662, em Paris, França, foi lançado o primeiro modelo de matemático ônibus Blaise (FIG. Pascal. 2.1), O concebido serviço pelo oferecido filósofo consistia e de carruagens a tração animal, com capacidade para oito pessoas, perfazendo itinerários e horários pré-determinados. Este invento atraiu muitos turistas e povos locais, que costumavam lotar os veículos (MARA, 2004). FIG. 2.1 – O primeiro ônibus concebido no Mundo Fonte: Seu Transporte, 2004 No Brasil, o primeiro ônibus surgiu em 1837, no Rio de Janeiro, com veículos importados da Europa. A procura pelos ônibus foi tão grande que, no mesmo ano, em 14 de setembro, decretou-se a permissão para a companhia de ônibus explorar esse transporte por 10 anos (MIL ÔNIBUS, 2004). Com o surgimento dos bondes, em 1871, a procura por ônibus baixou sensivelmente, vendo-se a companhia obrigada a suprimir o tráfego em algumas linhas (STIEL, 2001). Quarenta anos depois, em 1911, foi fabricado o primeiro ônibus motorizado no Brasil, construído pelos irmãos Grassi, 21 em São Paulo, sobre um chassi de caminhão Dion Bouton (LEITE, 2002). As primeiras linhas regulares de ônibus surgiram na cidade do Rio de Janeiro, no início dos anos 20. Os veículos usados para operação dessas linhas eram chamados de "lotações", movidos a gasolina ou motor elétrico a bateria, e dividiam as vias com automóveis os bondes e elétricos, carruagens movidas bondes à de tração burros, animal alguns (SPTRANS, 2002). Por volta de 1924, por um período de um ano, uma seca atingiu o estado do Rio de Janeiro e de São Paulo, reduzindo a produção de energia elétrica, afetando assim, a operação do bonde. Esse fato marcou a expansão da frota de ônibus, com as jardineiras (FIG.2.2). Com a normalização da fornecedora de energia elétrica no Rio de Janeiro e o desenvolvimento de sistemas de energia elétrica em outras cidades levou a volta da operação dos bondes até a Segunda Guerra Mundial, em 1939. Por esta guerra ter afetado as importações de peças do bonde, subestações e trilhos, provocou o colapso do sistema e deu novo impulso ao transporte por ônibus nas cidades brasileiras. FIG. 2.2 – Ônibus denominado Jardineira Fonte: SPTRANS, 2004 O ônibus começou a ocupar gradualmente seu espaço. Em 1945, fabricou-se o primeiro ônibus 22 com carroceria metálica. Desenvolvendo-se industrial a pesado e indústria automotiva com eficiente, diferentemente um de parque quando os chassis que se construíam eram de caminhão, inapropriados para o transporte de passageiros. 2.2 SISTEMA DE TRANSPORTE POR ÔNIBUS: ASCENSÃO E DECADÊNCIA A partir da década de 50, começaram a surgir, no Brasil, metrópoles com elevado número de habitantes, ultrapassando os 10 milhões. O aparecimento destas metrópoles surgiu das crises econômicas nacionais e da mecanização das lavouras, levando a população rural a se deslocar para as cidades em busca de emprego. Devido à grande velocidade desse crescimento, a maioria dessas cidades não conseguiu acompanhar adequadamente esse aumento com a oferta e serviços de transporte eficientemente (LEITE, 2002). Esse crescimento populacional propiciou moradias cada vez mais distantes do centro e a um maior número de famílias morando em favelas, levando os habitantes das grandes cidades a dependerem cada vez mais do transporte por ônibus, porque os outros modais prioridade não do atendiam transporte a maior por parte ônibus dos deve-se bairros. A falta de a capacidade financeira dos governos para investir em sistemas sobre trilhos, dando prioridade ao transporte público por ônibus, pela sua possibilidade de deslocar grande número de usuários. As grandes metrópoles dos países em desenvolvimento atingiram enormes populações em períodos de tempos reduzidos, ao contrário desenvolvidos, acompanhar o da que formação das cresceram crescimento com a megacidades pausadamente evolução de em países conseguindo seus sistemas urbanos. Em 2001, 17 entre as 20 maiores cidades do mundo se 23 situavam em países em desenvolvimento, como mostrado na TAB. 2.1 (ONU apud LEITE, 2002). As cidades dos países em desenvolvimento, onde a população teve uma rápida expansão, não puderam acompanhar a construção dos equipamentos urbanos necessários no mesmo ritmo, causando uma distribuição desordenada do uso do solo, gerando problemas sociais, como áreas sem urbanização, miséria nas periferias, má distribuição e dimensionamento do sistema de transportes, grande concentração de renda e altas taxas de desemprego ou subemprego. 24 TAB. 2.1 - As 20 maiores cidades do mundo em 2002, por região Fonte: ONU apud Leite, 2002 Região Países Desenvolvidos Países em desenvolvimento da América Latina Países em desenvolvimento da África Países em desenvolvimento da Ásia Por volta industrial oferecer ao da de década chassis mercado População (milhões de hab.) 26,546 Cidade e de Tóquio Nova Iorque Los Angeles Cidade do México São Paulo Buenos Aires Rio de Janeiro 13,213 18,066 17,962 12,022 10,652 Cairo 9,462 Changai Calcutá Bombaim Beijing Jacarta Delhi Seul Tianjin Karachi Manila Bangkok Istambul . 12,887 16,086 16,086 10,839 11,018 12,441 9,888 9,156 10,032 9,950 7,372 8,953 80, estabeleceu-se carrocerias vários 26,444 de para modelos um ônibus, para se parque capaz adaptarem de a diversas situações (CORREIA apud LEITE, 2002). Porém, as empresas brasileiras de transportes públicos por ônibus, em geral, não aproveitaram 25 essa diversificação da indústria nacional, utilizando, na maioria dos casos, o ônibus convencional como frota. parece Isso o principal ter ou gerado exclusivo uma piora veículo na de sua qualidade dos serviços prestados, menor produtividade e, conseqüentemente, insatisfação dos usuários dessa megacidade. Mesmo assim, se comparado com outros modais, os ônibus se destacam por proporcionarem acessibilidade e cumprimento das viagens dos usuários. Infelizmente, o crescimento das cidades e a falta sociedade público de preocupação usuária por fizeram ônibus conseqüentemente, das com que perdesse receita. empresas o ônibus serviço cada Com de vez de mais menos com a transporte demanda e, investimentos em melhorias, o serviço piora em qualidade, fazendo com que os usuários cativos sejam prejudicados e os potenciais, desestimulados. Este setor passou por duas décadas de consolidação, baseado num grande esforço das empresas, dos seus sindicatos e do poder público que, muitas vezes, incentivou a configuração das empresas da maneira que se encontram hoje. Essa estrutura deveu-se à conjuntura econômica da época, tendo como marca principal a instabilidade causada pela inflação, não permitindo o controle sobre os investimentos nem a percepção das ineficiências desse setor. Dessa maneira, o foco principal das empresas de transporte foi sobre os custos e tarifas a serem cobrados, o que, muitas vezes, deixava os usuários insatisfeitos (NTUa, 1999). Nessa mesma insatisfação época, pelo os setor, passageiros, precisavam mesmo continuar com toda usando os ônibus, por falta de opções. Essa insatisfação justifica-se pela falta de comprometimento das empresas com os usuários. Com ou sem aprovação, estariam, no dia seguinte, todos os passageiros prontos para a sua rotina diária, ônibus-trabalho, ônibus-escola, ônibus-lazer (NTU, 2001). 26 Como as passageiros operadoras são (prefeituras privadas controladas municipais e do transporte diretamente governos pelo urbano poder estaduais) que de público fixam os itinerários das linhas, os pontos de parada, os horários e outros serviços, os empresários acreditavam que não eram responsáveis por qualquer imperfeição do sistema de transporte e, conseqüentemente, empresas, dessa pela maneira, insatisfação sentiam-se do consumidor. As incumbidas de apenas executar ordens (NTUa, 2002). A preocupação das empresas era apenas operacional, passando a exigir, cada vez mais, produtividade dos seus funcionários, apostando na queda do custo e no aumento de receita. Com o Plano Real, em 1994, houve a estabilização da moeda e abertura econômica, ocorrendo muitas mudanças na economia brasileira e, conseqüentemente, no setor de transporte. Dessa maneira, as empresas que antigamente contavam, graças ao modelo regulatório vigente, com uma reserva de mercado, viramse obrigadas a enfrentar a concorrência de outros modais que se instaurou também, além da insatisfação do usuário, pelas transformações ocorridas no país (NTUa, 2002). Com o aumento procurar caminhos da concorrência, de maior as empresas eficiência passaram nos a serviços, posicionamento no mercado e melhor imagem diante da população. Essa mudança não obteve ainda o êxito necessário, tendo em vista que os objetivos das empresas de ônibus são a permanência no mercado, captando mais clientes e aumentando seus lucros. Isso se deve à cultura tradicional das operadoras e às regras vigentes da regulamentação do setor, que engessam as empresas, deixando-as paralisadas frente às mudanças ocorridas nos mercados de transporte (NTU, 2002). Os sintomas da crise no transporte público por ônibus são constatados por alguns fatos: crescimento do transporte não motorizado, oferta de transporte 27 mal dimensionada e não diversificada, existência de demanda reprimida, surgimento de transporte informal, entre outros (NTU, 2002). Esta migração para outros meios de transporte, que começou a aparecer na década de 90, deve-se a melhores propostas de conforto, de tempo de viagem, de flexibilidade de itinerário e de tempo de espera, preenchendo as lacunas deixadas pelo sistema corrente. 2.3 PROBLEMAS ENFRENTADOS PELO TRANSPORTE PÚBLICO POR ÔNIBUS Mesmo que o transporte público urbano seja considerado a maneira mais clara e transparente de garantir um transporte eficiente, seguro, de qualidade e com modicidade tarifária que atenda às necessidades da sociedade (CIDADES DO BRASIL, 2004). Apesar disso, em uma pesquisa realizada pelo Datafolha em 2000, apresentada no portal Cidades do Brasil (2004), apenas 28% dos entrevistados consideraram o serviço de transporte público por ônibus ótimo ou bom. Essa insatisfação crescente dos usuários com os serviços de transporte público contribuiu para o surgimento de concorrentes, visando atrair os passageiros que antes usavam o transporte daquelas empresas. Em qualquer setor, a competitividade age de forma a reduzir a lucratividade dos empreendimentos (ORRICO apud LEITE, 2002). Quanto maior for o número de concorrentes, melhores condições devem ser oferecidas aos usuários para se manterem fiéis às empresas atuantes no mercado. Da mesma maneira, no serviço de transporte público, essas condições são válidas. Este setor de transporte no Brasil é regulamentado, fazendo com que a competitividade seja limitada pelos dispositivos legais, mas não nula. Os concorrentes potenciais e outros fatores que também oneram as empresas de transporte público por ônibus são: 28 - Os transportes clandestino e alternativo - O carro particular, - O transporte não motorizado, - As gratuidades e, - O advento da Rede mundial de computadores. Uma pesquisa feita pelo Ibope, em 2003, encomendada pela Fetranspor, no Estado do Rio de Janeiro, com uma amostra de 1500 pessoas, mostrou visão quais desse com idade são os público, entre pontos de 15 e 64 negativos acordo com a anos desse (inclusive), transporte TAB.2.2 na (FETRANSPOR, 2004). Devido a insatisfação essas da falhas no população transporte usuária concorrentes. 29 por cresceu, ônibus, a atraindo TAB. 2.2 – Pontos negativos do transporte por ônibus (respostas múltiplas %) Fonte – Fetranspor, 2004 PREÇO 34 SEGURANÇA (ASSALTOS) 32 QUANTIDADE DE VEÍCULOS 21 MOTORISTAS E TROCADORES 16 CONFORTO 12 LIMPEZA E CONSERVAÇÃO 12 DEGRAUS DOS VEÍCULOS 11 TRÂNSITO 10 RAPIDEZ DA VIAGEM 7 SEGURANÇA (ACIDENTES) 7 FACILIDADE DE ACESSO AO PONTO 3 NENHUM DESTES/NÃO SABE 2.3.1 CONCORRÊNCIA COM OS 10 TRANSPORTES ALTERNATIVOS E deslocamento de CLANDESTINOS O transporte pessoas alternativo veículos utiliza motorizados, para o regulamentados ou não, principalmente de baixa capacidade, como vans, peruas, kombis ou lotações (9 a 16 passageiros), microônibus (20 a 25 passageiros) e mototaxis ou veículos não motorizados.(CERVERO apud LEITE, 2002). Esse tipo de transporte mistura alguns aspectos do transporte coletivo, como a ocupação de vários passageiros, e do automóvel particular, como a flexibilidade. (FIG. 2.3) Depois das tentativas de conter esses transportes com repressão, cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, em que a 30 fiscalização do poder público é deficiente, tentaram regulamentá-las, visando a segurança dos usuários e garantia ao sistema de transporte público já regulamentado. De acordo clandestinas com Balassiano poderiam se apud integrar Leite no (2002), sistema de as vans transporte público urbano, para melhorar e aumentar a capacidade total, oferecendo uma nova alternativa. Mas, conforme Ferraz (1998), o transporte por ônibus, adequadamente planejado, gerenciado, regulamentado e com prioridade no trânsito, é superior a esse transporte em todos os aspectos. FIG. 2.3 – Tipo de veículo usado no transporte clandestino Fonte – NTUa, 1999 O diferencial do transporte clandestino é dar mobilidade a pessoas menos favorecidas. O transporte não regulamentado veio suprir as deficiências (clandestino), que topográficas distantes e não do transporte serviam do locais centro, como com regulamentado dificuldades morros e bairros afastados. A partir da segunda metade da década de 90, os transportes clandestinos cresceram e passaram a incomodar o setor regulamentado. (ANTPa, 2000) Este aumento do número de transportes irregulares trouxe graves país, reflexos aos ocasionando principais migração da 31 setores produtivos mão-de-obra do excluída nosso para o setor informal da economia na área de transporte, que não pagam impostos devidos e oneram, desta maneira, o setor e o país (CIDADES DO BRASIL, 2004). Os problemas causados pelos transportadores clandestinos são diversos(CIDADES DO BRASIL, 2004): 1. Não pagam impostos; 2. Não assinam carteira de seus trabalhadores; 3. Empregam menores de idade para trabalhar; 4. Operam apenas em linhas com grande demanda; 5. Não cumprem rigorosamente horários e itinerários; 6. Não têm segurança e qualidade para seus usuários; 7. Não há como o usuário reclamar em caso de acidente e; 8. Não respeitam as gratuidades de estudantes, idosos ou deficientes físicos. Os efeitos nefastos da proliferação dos clandestinos, aliados aos outros fatores, são sentidos pelos sistemas de transportes receita, públicos queda financeiros, segurança produtividade, além no predatória de regulamentados: de promovida de desequilíbrios problemas tráfego queda de demanda e econômico- congestionamentos e urbano, causados pela competição pelos transportadores informais (NTUa,1999). Mesmo com todos estes problemas do transporte irregular, uma pesquisa portal realizada Cidades pelo do Datafolha, Brasil em (2004), 2001, mostra publicada que 75% no dos entrevistados que utilizam o sistema de lotação acham esse modal ótimo ineficiência população, sociedade o ou bom. para a Isso economia transporte usuária, mostra ao e que, falta clandestino contrário do é mesmo de bem ônibus com qualidade visto que, pesquisa, teve um índice de aprovação de apenas 28%. 32 toda sua com a perante a na mesma Constata-se, dessa maneira, que a proliferação do transporte clandestino teve necessidade como dos principal usuários que o motivo satisfazer transporte à regulamentado desconhecia. Por outro lado, as maiores vantagens do transporte informal são: • Rapidez – passa com maior freqüência e não tem pontos de parada fixos, fazendo com que os usuários embarquem ou desembarquem mais perto de seus destinos. • Modicidade da tarifa – O preço da passagem é, em sua maioria, igual ou inferior ao do transporte regular. Para conter o transporte informal é necessária uma fiscalização mais ostensiva e efetiva. Esta é uma das três principais urbano causas para o apontadas aumento pelos do gestores transporte de transporte informal, além do desemprego e da oferta deficiente (NTUp, 2000). Na última pesquisa realizada pela NTUa, em 2001, observou-se que em 60% das cidades que apresentaram ocorrência do transporte informal, houve uma estabilização ou redução desse tipo de atividade ilegal, enquanto que, em 40% delas, essa atividade aumentou. Das cidades que apresentaram estagnação ou queda do transporte ilegal, o principal motivo indicado para esse fato foi o aumento da fiscalização (75% delas), seguido pela regulamentação e pela melhora dos serviços regulares. Os clandestinos têm um alto nível organizacional, dificultando a ação fiscalizadora. Em mais de 70% das cidades existem entidades representativas do transporte maioria das clandestino. vezes Elas violentas, organizam com intuito manifestações, de na pressionarem publicamente os órgãos fiscalizadores. Somente em São Paulo, 33 no início do ano 2000, foram incendiados mais de 15 ônibus e depredados vários outros (NTU, 2000). Além ônibus, dos transportes há também o clandestinos transporte como concorrentes alternativo. A dos principal diferença entre eles é não regulamentação. Os alternativos, em sua maioria kombis, vans, peruas ou lotações, são concorrentes legais, regulamentados. Muitas vans clandestinas se regulamentaram, devido à dificuldade do poder público em detêlas (LEITE, 2002). No Rio de Janeiro, a secretaria Municipal de Transportes, em 1996, criou uma regulamentação para o serviço de vans e kombis, mas não foi suficiente para conter o crescimento do transporte informal. Iniciou-se, então, o cadastro de outras vans irregulares com o intuito de que fossem regulamentadas pela SMTU, Secretaria Municipal de Transportes Urbanos, em 2001 (LEITE, 2002). 2.3.2 CONCORRÊNCIA COM O AUTOMÓVEL PARTICULAR A produção nacional de carros populares cresceu aproximadamente 69% entre 1992 e 1996 e depois registrou uma queda em 1998, voltando a crescer por volta de 2000. A FIG. 2.4 representa a evolução do consumo de veículos circulantes no Brasil nos últimos anos. 34 1570 1600 1406 1407 1295 Frota de automóveis (milhares) 1400 1128 1177 1112 1200 1012 904 1000 800 597 598 600 400 200 0 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 ano FIG. 2.4 – Evolução do consumo interno de veículos (1991/2001) Fonte: Automotivebusiness apud Leite (2002) Segundo Nogueira apud Leite (2002), no ano de 2000 a frota atingia aproximadamente 20 milhões de veículos, com uma população de cerca de 80 milhões de pessoas que utilizavam o transporte público urbano por ônibus, chegando-se ao número de 1 carro para cada 9 brasileiros, incluindo crianças A partir do surgimento desses carros populares, com motor menos potente automotivas e preço passaram a mais ser acessível, concorrentes as diretas indústrias dos ônibus urbanos, principalmente a partir de 1992, quando a produção da indústria automobilística nacional ganhou um novo impulso. Com baixa qualidade velocidade e na classificação itinerários deficientes, dos o usuários, transporte baixa público regulamentado proporcionou um espaço para a entrada dos carros populares no gosto da classe média, acostumada a andar de ônibus urbano (NTUa, 2002). Entretanto, o aumento excessivo de carros nas ruas acarreta vários problemas, como o congestionamento. Para transportar 70 pessoas, apenas um seriam necessários, ônibus, como em mostra 35 a média, FIG. 50 2.5. automóveis, Outros ou impactos negativos do aumento do número de automóveis particulares nas ruas são: o aumento da poluição e da quantidade de acidentes. 1 ônibus 50 carros FIG. 2.5 – Comparação entre veículo particular e ônibus Fonte – NTU, 1998 Porém, essa teoria sobre a superioridade do transporte público parece não adiantar na visão da sociedade. As pessoas preferem transitar em seus automóveis, com privacidade, a se deslocarem em um coletivo (NTU, 1998). As vantagens do automóvel em relação ao transporte público são quatro (NTU, 1998): • Tempo de acesso: o tempo para chegar ao transporte público, com a ida até o ponto de ônibus e o tempo de espera do veículo é superior ao tempo que se leva para entrar no carro; • Velocidade: o carro pode atingir velocidade 200% superior ao ônibus em vias não engarrafadas, e entre 20 e 100% em vias congestionadas; 36 • Conforto: os carros particulares são, quase sempre, mais confortáveis que os ônibus. Nos horários de pico, a ocupação nos ônibus pode chegar a taxas maiores que 10 passageiros por metro quadrado, quando o ideal seria 6; • Confiabilidade: o atendimento do transporte público nem sempre é confiável. Os motoristas podem não parar em pontos de ônibus e freiar bruscamente, não respeitando o passageiro e; • Status: Ter um automóvel é sinônimo de status para a sociedade, induzindo seu uso. 2.3.3 CONCORRÊNCIA COM TRANSPORTES NÃO MOTORIZADOS Outro modal que vem crescendo nos últimos anos é o número de viagens não motorizadas. Este modal é, em sua maioria, feito por pessoas que não se enquadram na parte da população com acesso ao vale-transporte, gratuidade e desconto, tendo dificuldades em arcar com as despesas do transporte coletivo, dando prioridade apenas a viagens essenciais. (NTU, 1998). Atualmente, há 200 milhões de deslocamentos por dia nas cidades brasileiras. A metade é feita por viagens não motorizadas, como a marcha a pé ou bicicleta. A outra metade é realizada por modais motorizados, (ANTP, 2000). 37 como mostra a FIG. 2.6 A PÉ 44% TRANSPORTE PÚBLICO 29% AUTOMÓVEL 19% BICICLETA 7% MOTOS 1% FIG. 2.6 – Transporte Urbano Metropolitano de Pessoas no Brasil Fonte – ANTP, 2000 O problema está no preço das tarifas do transporte coletivo, altas em relação ao que essa camada da população, classes D e E, recebe. Outro fator é o tempo gasto em viagens, devido ao congestionamento, acarretando a substituição do transporte coletivo motorizado por este modal. Uma Pesquisa realizada, em 2002, pelo Governo Federal em 10 metrópoles brasileiras, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, João Pessoa, Juiz de Fora, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, sobre o perfil e a percepção do usuário do transporte público urbano, mostrou que as classes D e E, 45% da população brasileira, representam apenas 27% dos usuários dos ônibus urbanos (NTUa, 2003). O ônibus está virando artigo de luxo para os pobres, e só haverá uma solução se todos os agentes setoriais e a própria sociedade se mobilizarem para o barateamento das tarifas. A TAB. 2.3 mostra como está dividido o uso de diversos modos de transporte entre as classes sociais brasileiras (NTUa, 2003). 38 TAB. 2.3 – Usuários do transporte público coletivo regulamentado segmentado por classe social (%) Fonte – SEDU – (pesquisa de imagem e opinião), 2002 CLASSE ÔNIBUS ÔNIBUS SOCIAL MUNICIPAL METROPOLITANO A 6.5 4.4 9.6 B 27.5 24.5 C 38.5 D/E 27.5 METRÔ LOTAÇÃO TREM BARCA 6.3 2.0 0.0 28.1 30.3 4.0 66.6 52.2 43.7 35.7 24.4 33.3 18.8 18.5 27.6 69.4 0.0 Esse modal não motorizado engloba dois tipos de viagem, a marcha a pé e o transporte por bicicleta. Os deslocamentos a pé vêm sendo feitos em distâncias que variam de 1 a 5 km, em várias cidades, superiores aos 800 metros convencionalmente aceitos para deslocamentos terminais (da moradia até o ponto de ônibus, por exemplo) (LEITE, 2002). Por sua cidades vez, o européias transporte é por considerado bicicleta, um dos que em principais várias meio de locomoção urbano, porque relacionam esse transporte à saúde, no Brasil sua expansão é, na maioria das vezes, conseqüência da falta de recursos para arcar com o preço das tarifas cobradas pelo transporte público no Brasil (RIO ÔNIBUS, 2004). 2.3.4 GRATUIDADES SEM ISENÇÕES FISCAIS O transporte de passageiros é atividade pública, prevista na Constituição Federal, no artigo 175, de 1988, que confere ao poder público a incumbência da prestação desse serviço diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre por meio de licitação. Mesmo sendo uma atividade pública, a empresa lucrativos, paga impostos e contrata funcionários. 39 tem fins No Brasil, a imposição do governo federal pela gratuidade de idosos e deficientes físicos e no Rio de Janeiro, as imposições do governo do Estado pela gratuidade das viagens dos estudantes oneram, de forma catastrófica, as empresas de ônibus. A gratuidade é uma assistência social e, sendo assim, as empresas não deveriam ficar com todo o ônus. O governo isenção poderia tributária, subsidiar para o as empresas setor caminhar de ônibus, mais via aliviado (Urquiza, 2004). De acordo com uma pesquisa recente do Instituto de Pesquisa Gerp, encomendada pela Fetranspor, publicada por Urquiza, 37% dos passageiros transportados, em média, têm gratuidade, fazendo com que as empresas percam, mensalmente, por volta de R$ 200 milhões (Urquiza, 2004). Entre as capitais brasileiras, o Rio de Janeiro é a cidade com maior número de gratuidade: mais de 40% da população da cidade gozam deste benefício. Somente entre estudantes, idosos e deficientes físicos são 3.825.148 pessoas, 24% do total, além disso, ainda se junta a esses casos: policiais, pessoas com outras doenças crônicas, entre outros (FETRANSPOR, 2004). A gratuidade, no município do Rio de Janeiro, teve inicio com a acesso Lei aos Orgânica ônibus de a 1990, art.403, maiores de 65 assegurando anos, o livre portadores de deficiência física e estudantes do município. Em âmbito federal, a gratuidade, em ônibus urbanos e semiurbanos, do idoso data de 5 de Abril de 1988 (artigo 230) e dos deficientes físicos considerando os termos da Lei nº 1.162, de 30 de novembro de 1993, regulamentada pelo Decreto nº 3.097, de 20 de julho de 1998. 40 2.3.5 ADVENTO DA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES Na atualidade, observa-se uma proliferação das compras virtuais. O uso desta nova tecnologia da informação faz com que a população faça diversas atividades sem necessitar de locomoção por qualquer modal. Estas atividades são, em sua maioria, pagamentos bancários, compras de supermercados, aquisição de ingressos para cinemas, teatros ou shows e etc. Desse modo, o número de viagens foi reduzido, incluindo o transporte por ônibus, fazendo com que a sociedade adquira produtos e serviços sem necessidade de deslocamento. Suas principais vantagens são (Cristobal, 2001): I. Economia de Tempo – O uso da rede mundial de computadores para realizar atividades , como as referidas anteriormente, economiza tempo para transmissão de exemplo, muito é dados. mais a população Enviar uma rápido do por sua mensagem que rapidez na eletrônica, por escrever uma carta e depois postá-la em um correio. II. Nova Cultura – Os usuários estão envolvidos em um processo de mudança informação de como mentalidade, meio de utilizando comunicação e as tecnologias comércio. Essa da nova visão faz parte da modernização que a sociedade passa. Estar aquém das novas tecnologias significa não estar evoluindo no mesmo ritmo da população. III. Facilidade de Acesso – Com apenas um computador, que tenha cable modem, e uma linha telefônica qualquer pessoa pode se conectar a rede mundial de computadores. 41 O mundo virtual faz com que muitas das necessidades pessoais sejam sanadas por meio do computador, proporcionando agilidade e rapidez as pessoas em exercerem suas atividades, que antes, para serem feitas, necessitavam de algum tipo de locomoção. 2.4 REGULAMENTAÇÃO DO SETOR A regulamentação do transporte público no Brasil estabelece a base legal obrigações para e a prestação deveres das do serviço, entidades e determina públicas e as privadas envolvidas. A União, conforme a Constituição Federal de 1988, é responsável transporte Federação definição coletivo no responsáveis planejamento municípios, pela o âmbito pela política da a política nacional, definição nível planejamento da do sistema de Estados da coordenação do os e estadual, prestação cabendo do serviço aos de transporte na política local (FETRANSPOR, 2004). As Constituições Estaduais e Leis Orgânicas Municipais detalham a responsabilidade do Poder Público em relação ao transporte tarifa, coletivo, a regulamentação respeito e do seu fiscalização. planejamento, Estas atividades sua são executadas por órgãos das prefeituras, como superintendências, autarquias, secretarias ou departamentos, e sancionadas pelo Poder Executivo que também tem competência para definir, criar, modificar e extinguir linhas, itinerários, freqüências e pontos de parada, além de apresentar diretrizes ao setor privado sobre deslocamentos urbanos e quantidade de veículos e horários, de acordo com a demanda (Cardoso, 1998). Segundo Cardoso (1998), a prestação do serviço público realizada por empresas privadas é feita mediante a delegação pelo Poder Público, por licitações (Lei Federal 8666/93), editais e contratos contendo regras, procedimentos e etapas. 42 Existem três alternativas de delegação de serviço público, como (CARDOSO, 1998): 1. Por concessão (Lei Federal 8.987/95), onde a delegação é feita pelo poder concedente concorrência, consegue a consórcio empresas que de mediante concessão licitação. à demonstre pessoa Quando há jurídica ou capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; 2. A permissão (Lei Federal 8.987/95) é a delegação, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feitos pelo poder demonstre concedente capacidade à para pessoa seu física ou desempenho, jurídica por sua que conta e risco; 3. A autorização é serviço de utilidade pública, cuja execução o Poder Público atribui a particular. Sua utilização visa atender a situações de emergência, e deve caducar ou ser revogada quando situação se normalizar, não requerendo licitação. O uso público de prescrições e controles regulatórios em um mercado específico é justificado para ajustar potenciais falhas de mercado. No transporte público por ônibus, se houver desregulamentação, essas falhas podem trazer como conseqüências (ORRICO apud LEITE, 2002): - Itinerários desnecessários, - Muito poder concentrado nas indústrias automotivas, que podem decidir sobre o veículo a ser empregado, - Envelhecimento da frota (aumento de custos de manutenção), 43 - Motoristas submetidos a extensas jornadas de trabalhos (comprometendo a segurança do transporte), - Tarifas crescentes sem controle, - Concorrência predatória causada pelo excesso de oferta de transporte em linhas de maior demanda e, - Atendimento precário aos usuários em horários fora do pico. 2.5 IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE PÚBLICO POR ÔNIBUS O propósito das empresas de transporte coletivo urbano por ônibus é gerar uma situação que leve ao aumento do número de usuários, fornecendo acionistas. Essa uma gestão maior lucratividade beneficia diferentes para os grupos da sociedade, como acionistas, trabalhadores, sociedade em geral, fabricantes e fornecedores. 1.Acionistas Os proprietários das empresas de transportes urbanos coletivos têm um lucro maior quanto melhor estiver operando sua empresa no mercado. Porém, desde 1995, o setor tem seus principais patamar, indicadores de aproximadamente, desempenho 30% abaixo estacionados da situação em dos um anos anteriores, causando perda de demanda e de produtividade no transporte coletivo urbano (Cunha Filho, 2003). Na medida em que o tempo passa, tornam-se mais claras as causas da crise desse transporte, que atinge as principais cidades brasileiras, permitindo avaliar com precisão esse processo contínuo de degradação que já dura dez anos (NTUa, 2003). 44 Essa redução da demanda tem como principal causa a insatisfação do usuário quanto ao serviço oferecido e à falta de poder aquisitivo das classes sociais mais baixas para pagar a passagem do transporte. 2. Trabalhadores O transporte público urbano tem 570 mil funcionários diretos. Caso os empresários ampliem seu setor, aumentará o número de empregos (ANTP, 2002). 3.Sociedade em geral O transporte coletivo é um serviço essencial nas cidades e tem papel importante tanto para a sociedade como para a facilita a economia de um país, porque: • Democratiza a mobilidade, na medida em que locomoção das pessoas que não têm automóvel ou não podem dirigir; • Constitui um modo de transporte imprescindível para reduzir congestionamentos, os níveis de poluição e o uso indiscriminado de energia automotiva e; • Minimiza a necessidade de construção de vias e estacionamentos. Um sistema otimiza o investimentos de transporte uso dos em setores coletivo, recursos de maior quando públicos, relevância ocupação mais racional e humana do solo urbano. 45 é planejado, possibilitando social e uma Todos os existência segmentos do da transporte sociedade público: são os beneficiados trabalhadores, pela porque podem atingir o local de trabalho; os empresários, por obterem lucros e o conjunto da sociedade, porque, por meio do transporte coletivo, pode usufruir todos os bens e serviços que a vida urbana oferece (SANTOS, 2004). O congestionamento, poluentes podem ser número de reduzidos acidentes com o e aumento emissão de do do uso transporte coletivo em detrimento de automóveis particulares, clandestinos e alternativos, e serão detalhados a seguir: a)Diminuição do congestionamento O maior número de carros e motos nas ruas traz, entre outras, as seguintes conseqüências: há mais congestionamento, acidentes e poluição. O uso dos congestionada, automóveis, faz com em que uma os cidade cada proprietários vez dos mais veículos individuais pressionem o poder público para investir na infraestrutura viária, em obras de alargamento de ruas e construção de viadutos em áreas ocupadas por edifícios. Caso o governo acate, incentivará mais ainda a circulação de transportes individuais em detrimento do coletivo. Assim, em alguns anos, os congestionamentos voltariam a crescer gerando um círculo vicioso. Em um estudo de Silva e Ferraz (1991), foi feita uma comparação entre o espaço viário consumido pelo automóvel e pelo ônibus. Considerando que um automóvel transporta em média 1,5 passageiro e ocupa aproximadamente 7 m2 de espaço viário, tem-se que cada passageiro ocupa cerca de 5 m2 de via. Um ônibus ocupa cerca de 30 m2 de via e transporta, em média, 60 passageiros, resultando em uma área de 0,5 m2 por pessoa. Estes dados comprovam que o automóvel utiliza aproximadamente dez vezes mais espaço viário do que o ônibus. 46 b)Diminuição dos acidentes O Brasil é um dos países com maior índice de acidentes no trânsito. Por ano, cerca de 30 mil pessoas morrem e 120 mil adquirem deficiências irreversíveis. Os automóveis e as motos estão relacionados à maioria dos acidentes nas cidades (Cartilha da ANTP, 2002). É, portanto, razoável concluir que quanto maior for o uso dos transportes coletivos em detrimento dos individuais, menor será o número de acidentes. A FIG.2.7 informa o número de mortos em acidentes de trânsito. FIG. 2.7 – População Urbana, Frota e N. º de Mortos em Acidentes de Trânsito no Brasil - 1990/1998 Fonte – IBGE, 2004 C)Redução da poluição Outra desvantagem do número excessivo de carros e motos é a poluição, responsáveis por até 70% das emissões de poluentes (Cartilha da ANTP 2002). A TAB. 2.4 mostra a emissão automóveis e ônibus. 47 de gases poluentes por TAB. 2.4 – Emissão de gás poluente em dez cidades brasileiras1 devido ao congestionamento severo (vias com capacidade esgotada), 1998 Fonte – Adaptado de IPEA, 2004 4.Fabricantes Os fabricantes de ônibus vendem quando o mercado está em expansão, surgindo a necessidade de novas frotas. De acordo com Otavio Filho (2003), as vendas de ônibus urbanos no país aumentaram 28% no período 2001 a 2002. Essa melhora nacional deveu-se que, nos à diversificação anos anteriores, da frota havia da indústria registrado uma retração de quase 50% nas vendas. A situação dos fabricantes de ônibus pode ser analisada na FIG.2.8 mostrando a venda de ônibus urbanos no Brasil desde 1995, quando se iniciou a crise no setor, até o ano de 2002. 1 Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, João Pessoa, Juiz de Fora, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo 48 FIG. 2.8 – Venda de ônibus urbano Brasil de 1995 a 2002 Fonte – NTU, 2003 5.Fornecedores Os fornecedores de equipamento e outros materiais (ex: máquinas, material de limpeza, uniformes, entre outros) lucram quando o setor de transportes está aquecido e sofrem perdas quando está em baixa. 2.6 CONCLUSÃO PARCIAL O transporte público por ônibus, até metade da década de 90, tinha usuários cativos que, independentemente da situação macroeconômica do país, eram clientes freqüentes desse modal. Com o surgimento do transporte clandestino, aparecimento dos automóveis para classe média e empobrecimento das classes sociais D e E, que começaram a se deslocar por modais não motorizados, houve a concorrência com o transporte público por ônibus, que vem perdendo passageiros. Outra dificuldade que o 49 setor enfrenta subsídios do é o ônus governo, da além gratuidade, do advento sem da recebimento rede mundial de de computadores resultando em menores deslocamentos da população. Entretanto, o setor, mesmo com seus problemas, pertence a uma das principais atividades econômicas do Brasil, pagando imposto, empregando milhares de pessoas e transportando com segurança. Um novo modelo de gestão é necessário para que o transporte público coletivo recupere os passageiros perdidos nos últimos anos, sendo essa a proposta de próximo capítulo. 50 gestão que será vista no 3 CONCEITOS DE MARKETING 3.1 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MARKETING O surgimento do conceito de marketing se iniciou juntamente com a Revolução Industrial Inglesa, em meados do século XVIII, caracterizando-se mecânica, pela levando passagem à da manufatura introdução de à indústria máquinas fabris a multiplicarem o rendimento do trabalho e aumentarem a produção global, iniciando-se a produção em larga escala, reduzindo os custos, fazendo com que os preços diminuíssem e o consumo aumentasse. Segundo Oliveira & Pereira (2003), o conceito de marketing teve a seguinte evolução: • De 1760 (início da Revolução Industrial) até 1960 – o conceito de marketing era o de possuir o produto demandado a custos baixos. Segundo Oliveira & Pereira (2003), os mercados e a mídia eram de massa. Isso é identificado pela filosofia de Henry Ford: "Qualquer um pode ter um carro, contanto que seja um Ford preto". Porém, já nos anos 50, o mercado começou a exigir variedade, quando a General Motors entendeu e se adaptou às exigências do mercado; • Durante os anos 60 e 70 - O marketing ainda era um mecanismo de causa e efeito, que Porém seu consumidores. evolução, passando a apenas reagia conceito aceitar que já aos estímulos dos sofrido uma havia consumidores possuíam desejos e necessidades, e estes desejos não eram os mesmos, se diferenciavam pensar levou ao em grupos específicos. entendimento 51 de que Esta as maneira pessoas de se enquadravam em determinados padrões típicos de comportamento; • Nos anos 80 - O fundamento do marketing era se aproximar do cliente, considerando consistindo assim de que o vários mercado grupos era de segmentado, consumidores com necessidades específicas; • Nos anos 90 – Na visão da gestão do marketing, passou a ter importância fundamental o bom relacionamento com o cliente. Entender os consumidores e se esforçar para satisfazê-los passou a ser a filosofia das empresas que aplicam estratégias de marketing. Sendo assim, o cliente passa a ser integrado pela empresa por meio da construção e manutenção de um relacionamento entre eles. O marketing evoluiu bastante e diversificou-se muito, estando relacionado a um processo de troca que proporciona satisfação para diferentes grupos da sociedade. Desse modo, quando as necessidades dos consumidores são satisfeitas, a economia consegue funcionar de forma mais eficiente, comparada a quando as empresas apenas pensam em seus próprios interesses, como a obtenção de lucro. A satisfação (que a economia chama de utilidade) como conseqüência de uma troca pode se apresentar de diferentes maneiras (MONTI, 2001): • Utilidade de forma – Satisfação simplesmente pela forma física de um bem. Ex: Comprar um telefone celular pelo seu tamanho ou design; • Utilidade do tempo – Possibilidade de aquisição de algum produto apenas em determinada época do ano. Ex: Roupas de 52 frio são mais fáceis de serem encontradas durante o outono e o inverno; • Utilidade do lugar – Satisfação de comprar um produto em um local acessível para o consumidor. Ex: Comprar algo próximo à sua casa ou ao trabalho e; • Utilidade de posse – Ter a oportunidade de poder comprar o que anseia transmite satisfação. Ex: Uma pessoa só comprará um ingresso para assistir a uma peça, se tiver acesso ao local. O marketing procura reconhecer quais atividades provêm satisfações para os consumidores, reconhecendo e compreendendo suas necessidades e desejos, determinando a melhor maneira de atendê-los. 3.2 DEFINIÇÃO E GESTÃO DE MARKETING Definições Kotler (1998) define marketing como um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros. Para Kotler, o marketing se inicia identificando as necessidades e os desejos humanos, onde estes desejos são vistos como carências por satisfações específicas para atender às necessidades. Segundo UK’s Chantered Institute of Marketing, CIM, Reino Unido (2000), identifica, “Marketing antecipa e é atende o processo de às necessidades gestão dos que clientes eficiente e lucrativamente”. A atividade do marketing é fazer com que os produtos e serviços cheguem ao consumidor final de 53 maneira a satisfazê-los, tendo a intenção de manter o vínculo com a empresa e fornecendo um retorno financeiro para as companhias. Por sua vez, a American Marketing Association (2000), AMA, embora com a mesma visão de marketing que o CIM, define-o enfatizando o uso das decisões de marketing para cativar clientes. Assim, marketing é o processo que planeja e executa a concepção, atribuição de preço, promoção e distribuição das idéias de bens e serviços para criar a troca e satisfazer objetivos individuais e organizacionais. Adicionalmente, para a Comissão de Marketing da Associação Nacional de Transportes Públicos, ANTP, (2001) “Marketing deve ser visto como uma disciplina pragmática que persegue o objetivo de aumentar a eficácia das empresas e organizações, adaptando-as melhor ao mercado”. Em síntese, Marketing é a intenção de entender e atender o mercado, com duas finalidades: identificar oportunidades de demanda que sejam inadequadas ou insuficientemente atendidas e conquistar essa demanda com o mínimo de recursos e custos operacionais. O marketing enfatiza a importância de desenvolver e comercializar produtos e serviços com base no que os clientes precisam e chamada de desejam. conceito Uma de formulação marketing, concisa que dessa afirma visão que é as organizações devem satisfazer às necessidades e desejos dos clientes como meio de alcançar seus próprios objetivos, como, por exemplo, lucros (PEREIRA, 2001). Gestão Originalmente, o marketing foi concebido como um ramo de aplicações econômicas para estudar os canais de distribuição 54 dos produtos. Posteriormente, tornou-se uma disciplina de gestão dedicada a incrementar as vendas (KOTLER, 1972). O processo de gerenciamento do marketing tem seu próprio conjunto de funções gerenciais, com cinco fases: análise das oportunidades de mercado, seleção do público-alvo, desenvolvimento do marketing mix, integração do marketing mix e gerenciamento do esforço de marketing (NTU, 2001). Para analisar essa gestão é importante entender as quatro premissas básicas (OLIVEIRA & PEREIRA, 2003). a)Ênfase no Mercado Alvo – Nenhuma empresa pode operar em todos os mercados e satisfazer a todas as necessidades dos clientes. As empresas cuidadosamente seu(s) trabalham mercado(s) melhor e quando preparam um definem programa de marketing. b) Necessidades dos Consumidores - Uma empresa pode definir seu mercado alvo, mas falhar em conhecer as necessidades dos consumidores. entender Embora essas atender necessidades às necessidades nem sempre é seja tarefa rentável, simples. Alguns consumidores têm necessidades que nem mesmo eles estão plenamente conscientes de sua existência ou podem expressálas. c)Marketing Integrado – Quando todos os departamentos da empresa trabalham em conjunto para atender aos interesses dos consumidores, o resultado é um marketing integrado. O marketing integrado ocorre em dois níveis. Primeiro, as várias funções de marketing – força de vendas, propaganda, administração de produto, pesquisa de marketing e assim por diante – devem operar juntas. Para fomentar equipes interdepartamentais de trabalho, a empresa adota tanto o marketing interno quanto o marketing externo. Marketing interno é a tarefa de contratar, treinar e motivar funcionários hábeis que 55 desejam atender bem aos consumidores. Marketing externo é marketing dirigido às pessoas externas à organização. De fato, o marketing interno deve vir antes do marketing externo. d)Rentabilidade - onde o objetivo do conceito de Marketing é ajudar a empresa a atingir suas metas; qualquer tipo de organização necessita sobreviver: a empresa privada por meio do lucro e a pública pela obtenção de fundos suficientes, isto é, gerar excedentes para o empresário e/ou para manter o sistema empresarial. As funções gerenciais do marketing: 1 Análise de oportunidades de mercado O primeiro passo para a aplicação de uma estratégia eficiente de marketing é definir os mercados em potencial. Paralelamente, conhecer os clientes, tentando compreender suas expectativas, é uma maneira de descobrir quem pode comprar o que a empresa vende, onde os potenciais compradores estão, quando compram, o quanto compram e com que freqüência. 2 Seleção do público–alvo O acompanhamento permanente da demanda, com a utilização da pesquisa de mercado, é importante para se conhecer o públicoalvo, propondo expectativas mudanças dos nos usuários serviços atuais e de acordo com as potenciais em um determinado mercado. Saber em qual mercado a empresa está agindo para aplicar decisões de marketing é útil para o bom resultado de seu planejamento. É importante destacar que diferentes grupos da sociedade necessitam de atendimentos próprios. O mesmo produto não é 56 aceito da mesma maneira pelos diversos tipos de pessoas (TAGLIACARNE, 1989). A segmentação do público pode ser conduzida de vários modos: pelo lugar em que a população vive, idade, sexo, religião, entre outros. Há também a divisão por fator sócio-econômico, como a renda ou o grau de escolaridade, assim como pelo tipo de personalidade do público ou pelo tipo do produto. A TAB. 3.1 mostra os tipos de segmentação do público para, a partir de então, analisar quais são as decisões de marketing apropriadas para cada um. 57 TAB. 3.1 – Tipos de segmentação do público Fonte – Adaptado de Cobra (1993) entre outros) entre outros) entre outros) 58 Para a segmentação ser eficiente, pesquisas de mercado visando percepção do que consumidores os é minimizar comum o alvos erro existirem quanto realmente à desejam (COBRA, 1993). Segundo Cobra (1993), para se realizar uma pesquisa de mercado é preciso seguir os seguintes passos: a)Definir qual o problema será pesquisado; b)Determinar o custo máximo que a pesquisa terá; c)Selecionar como os dados serão coletados (pessoalmente, por telefone, etc.); d)Selecionar como será a medição da pesquisa (se questionário, observação ou outras formas); e)Determinar o tamanho da amostra; f)Selecionar a abordagem analítica (saber entender o que os dados representam para a análise); g)Especificar o tempo e; h)Preparar um sumário do propósito da pesquisa. 3 Desenvolvimento do Marketing Mix O Marketing mix trata das decisões que uma empresa usa para influenciar o mercado em que atua. Segundo Kotler (1997), essas decisões são conhecidas como os 4 P’s (produto, preço, ponto ou distribuição e promoção)quando se trata de mercadoria e os 6 P’s (produto, preço, ponto ou distribuição, promoção, pessoal e processo) quando o marketing é aplicado para serviço. O mix de marketing é um dos conceitos básicos da teoria do marketing, apesar de não existir um consenso sobre sua natureza, ou seja, se são atividades (procedimentos, políticas ou processos) ou objetos (parâmetros, ferramentas ou instrumentos) para orientar a demanda. Os componentes do mix de marketing fazem, entre outras 59 coisas, o uso efetivo da capacidade da empresa, para alcançar os objetivos e segmentos definidos, protegendo a empresa das ameaças competitivas (HEIMBECHER & GABRIEL, 2002). Os componentes tradicionais do mix de marketing foram propostos por McCarthy descrito por Oliveira & Pereira (2003) para facilitar a aplicação do conceito de marketing a problemas concretos. Produto A primeira decisão a ser vista é o produto. Seu principal objetivo é fornecer produtos podem ser satisfação para seus consumidores.Os entendidos como mercadorias e como serviços. Há várias maneiras de classificar os produtos: duráveis e não duráveis, perecíveis e não perecíveis, necessários e supérfluos. Os produtos de consumo podem ser subdivididos em quatro categorias: produtos de conveniência, produtos de escolha, produtos de especialidade e produtos não procurados (ALENCAR, 2003). 1)Produtos de conveniência - São produtos adquiridos sem esforço, sem necessidade de informação, comprados de maneira rotineira. 2)Produtos de escolha - São produtos que os consumidores realmente procuram, fazem pesquisas de preço, examinam a qualidade e, muitas vezes, já sabem o que necessitam mesmo antes de comprar. 60 3)Produtos de especialidade - São produtos que o consumidor não se importa em pagar mais ou se locomover longas distâncias para adquiri-lo. Para os clientes, estes são insubstituíveis. 4)Produtos não procurados - São produtos que não são procurados devido ao desconhecimento do consumidor quanto ao que desejam e necessitam. Estes produtos mudam para a categoria procurados, quando passam a serem conhecidos pelo público. Esta decisão consumidor, produto porque as tem empresas o poder orientadas de influenciar para o o marketing procuram produzir o que os clientes querem. O produto não é o único a influenciar a demanda, conjugado a outras decisões de marketing traz resultados mais satisfatórios à empresa, tendo em vista que um dos seus principais objetivos é a obtenção de lucro via captação de clientes. Preço O preço significa o valor monetário que os compradores pagam por seus produtos e serviços. Como para comprar um produto o uso do dinheiro é quase sempre inevitável, a sociedade costuma trocá-lo por satisfação. A determinação de qual será o preço é crucial para uma estratégia empresarial que visa criar uma interface com os clientes, no intuito de fidelizá-los e/ou conquistá-los. O fator preço, muitas vezes, pode ser essencial para uma troca. Quando há disponível um ou mais produtos substitutos perfeitos, na visão de algum consumidor, ele é o diferencial que o levará a uma satisfação maior (OLIVEIRA, 2004). Conhecer os consumidores é uma tarefa muito complicada, porque seus gostos e hábitos estão em constante mudança. Fazer 61 uma pesquisa mercadológica ainda é a grande opção para poder determinar quanto os usuários estão dispostos a pagar por suas necessidades. É necessário entender como a demanda é influenciada pelo preço, caso haja alguma mudança no valor monetário do produto ou serviço. Há três tipos de demanda (KOTLER & ARMSTRONG, 1997): a)Demanda elástica Quando a quantidade vendida é sensível ao preço. Seu aumento percentual gera uma queda, proporcionalmente maior, na quantidade vendida. Estes produtos seriam descritos como bens de luxo e indispensáveis. Ex: Caso um produto fique mais caro, por exemplo, 10%, o número de vendas desse produto cairá acima de 10%. b) Demanda inelástica Quando a quantidade vendida não é sensível ao preço, são os chamados produtos indispensáveis, que independentemente do preço, terão que ser adquiridos. Ex: Caso esse produto fique mais caro, por exemplo, 10%, o número de vendas desse produto cairá menos que 10%. c)Demanda unitária Quando uma mudança percentual no preço gera uma mudança igual ao percentual na quantidade vendida. Ex: Caso um produto fique mais caro, por exemplo, 10%, o número de vendas cairá exatamente em 10%. Conhecer a elasticidade da demanda em relação ao preço auxilia a planejar um marketing baseado em sua diferenciação. 62 Essa decisão terá o poder de influenciar a população caso o objetivo de um determinado segmento da sociedade seja o de comprar algo a um preço abaixo do esperado. Neste caso, a aplicação dessa decisão trará um resultado positivo para a empresa que utilizar essa estratégia. Ponto, Praça ou Canal de Distribuição O canal de distribuição é o caminho seguido por um produto à medida que ele se movimenta do produtor para os consumidores finais (SCHEWE & SMITH, 1992). O canal de distribuição é um elemento provedor de satisfação. Mesmo o mercado oferecendo o melhor produto e o melhor preço, torna-se difícil adquiri-lo caso ele não esteja ao alcance geográfico dos consumidores. O componente distribuição engloba as atividades da empresa que fazem com que o produto esteja disponível para os consumidores. Estas atividades podem ser os canais de distribuição, cobertura, sortimentos, localização, estoque e transporte. Referem-se as atividades relacionadas com a entrega do produto, tais como: lugar e tempo de entrega, cancelamento do pedido, condições de ajuste do pedido, e a disponibilidade dos produtos, quer sejam novos ou não. Uma das principais atividades desenvolvidas em canais de distribuição é o movimento físico dos bens para os usuários finais. Esse inclui transporte, processo, chamado distribuição armazenamento, administração de física, estoques e processamento de pedidos. Essas funções ocorrem num processo, conforme mostra a figura 3, que para serem levados adiante, produtores e intermediários podem usar outras organizações, como companhias de transporte, depósitos públicos, companhias de seguros e empresas de serviços gerais (CHURCHILL & PETER, 2000). O ponto caracteriza-se por ser uma decisão importante do marketing. Para a empresa focar 63 seus negócios no cliente, precisa saber onde eles estão localizados para lhes proporcionar um serviço acessível. Muitas vezes, com o intuito de aproximar mercadorias e serviços dos consumidores, a ação dos intermediários torna-se necessária (SCHEWE & SMITH, 1982). Caso os intermediários não existam, a questão geográfica pode tornar a troca inacessível. Como mostram nas FIGs. 3.1 e 3.2, os intermediários simplificam as transações, porque adquirem mercadorias de diferentes produções e os repassa para diferentes usuários. FIG. 3.1 – Distribuição sem intermediários Fonte – Schewe & Smith (1982). 64 FIG. 3.2 – Distribuição com intermediários Fonte – Schewe & Smith (1982). Sem a distribuição, a mercadoria poderia não estar acessível ao consumidor. O canal de distribuição, com ou sem intermediários, leva os produtos ao alcance dos clientes. Promoção Quando uma mercadoria está disponível para o público, é necessário haver uma comunicação entre fornecedores e consumidores, denominada promoção, porque se precisa saber da existência do produto para este ser demandado. A decisão de promoção envolve a propaganda, palestras, premiações por uso, entre outros meios usados para fazer com que o consumidor conheça o produto oferecido pela empresa. A propaganda é a maneira mais usada para divulgação. Ela pode ser feita por meio de 65 panfletos, mapas, catálogos, páginas na Rede mundial de computadores, comerciais na TV, comerciais no rádio, entre outros. A propaganda, visando público de massa, não foca exclusivamente a satisfação das necessidades de um grupo em particular. Conseqüentemente, muitas vezes, são feitas propagandas apelativas (como: sexo, fome e fama), a fim de conseguir atenção de vários indivíduos, sem focar um único segmento de público selecionado (TEIXEIRA, 2002). A promoção, como decisão do marketing, significa esforços de venda não decorrentes de rotinas comuns, ou seja, tipos de comunicação com o público que não utiliza mídia em massa, visando apenas atender a um determinado segmento de pessoas (COBRA, 1993). O objetivo da promoção é aumentar a demanda dos consumidores pelos bens e serviços dos produtores (ZEMKE, 1991). Como mostra a FIG.3.3, a curva de demanda se desloca pra direita e para cima, aumentando a quantidade vendida do ponto A para o ponto B, mantido o preço constante, com a utilização da promoção na estratégia de marketing. Se a curva de demanda não for deslocada, pode ser que essa estratégia não tenha sido desenvolvida corretamente. No estágio do Esforço de Marketing, este problema será identificado. Caso algum ocorrido, todo processo terá que ser reiniciado. 66 erro tenha FIG. 3.3 – Deslocamento da curva de demanda devido à propaganda Fonte – Zemke (1991) Como mostrado na FIG.3.3, a aplicação da decisão promoção é útil para vende. haver Analisar uma as comunicação oportunidades entre do quem mercado compra e quem eficientemente fará com que a promoção seja uma decisão útil para divulgação do produto desejado. Pessoal A decisão pessoal visa valorizar os funcionários da empresa, porque quando os empregados estão satisfeitos onde trabalham são mais produtivos (ZEMKE, 1991). Assim, uma boa estratégia de marketing, visando a fidelidade dos clientes, é ter funcionários bem treinados, capacitados e satisfeitos na empresa para atender bem o usuário. 67 Por volta dos anos 90, muitas empresas ainda não entendiam a importância identificado de um pela bom atendimento, Cambridge esse Reports, de argumento Cambridge, foi Reino Unido, que realizou uma pesquisa onde questionou aos clientes: “até que ponto as empresas de prestação de serviços atendem às necessidades e preocupações dos consumidores?”. 8% dos entrevistados classificaram como excelente, 50% bom e 42% como razoável, fraco ou depende do serviço (ZEMKE & SCHAAF, 1991). Hoje em dia, os consumidores estão se importando cada vez mais com o atendimento que recebem para se tornarem cativos, o que faz com que as empresas também tenham esta preocupação. O Technical Assistance Research Programs Institute, TARP, de Washington, se adiantou em relação às empresas, e nos anos de 1979 e 1986, reclamações de conduziu estudos consumidores nos sobre o Estados tratamento Unidos. O das TARP constatou que, em qualquer momento, um em cada quatro clientes de empresas americanas interromper qualquer alternativa razoável. médias vínculo Porém, está com aborrecido elas, desses caso clientes a ponto encontre de uma contrariados, apenas 5% registram uma reclamação; os outros 95% preferem mudar de fornecedor evitando desentendimentos (ZEMKE, 1991). Caso os clientes se sintam insatisfeitos com os serviços prestados ou produtos, cinco medidas são indicadas como forma de impedir que os consumidores fiquem aborrecidos, quebrando o vínculo com a empresa (ZEMKE& SCHAAF, 1991): 1. Pedido de desculpas – Mostrar para o consumidor que a empresa reconhece seu erro, demonstrando seu arrependimento, tentando manter o cliente fiel; 2. Compensação – Recompensar o cliente, caso fique aborrecido com algum produto ou serviço, com algum produto sem custo, devolvendo o dinheiro ou com descontos; 68 3. Empatia – Demonstrar para seus clientes que eles são compreendidos, mesmo que não sejam; 4. Restabelecimento – Tentar fazer algo na hora da insatisfação do consumidor, sem demora, mostrando-se capaz de reverter o quadro imediatamente e; 5. Acompanhamento – Acompanhar reclamação, para que a empresa o cliente após alguma continue mantendo vínculo para saber se o problema foi solucionado. De acordo com Zemke & Schaaf (1991), há cinco táticas que impedem a insatisfação do consumidor, garantindo um ótimo conhecendo suas nível de satisfação e preservação dos clientes: • Saber ouvir e entender o cliente, necessidades e expectativas; • Assegurar que a qualidade do atendimento seja boa em todos os níveis hierárquicos; • Estabelecer padrões de qualidade e observar se estão sendo cumpridos; • Treinar e capacitar seus funcionários e; • Reconhecer o bom atendimento, recompensando os funcionários que preservam os clientes. A decisão pessoal só passou a ser valorizada na década de 90, quando se identificou que o consumidor estava cobrando mais do que um bom produto a preços baixos. Os clientes querem ser bem tratados e, mais que isso, exigem atenção especial. A 69 partir desse ponto, o treinamento de funcionários tornou-se essencial, quando a companhia aplica estratégias de marketing. Processo O processo tem a função de fornecer satisfação contínua para os clientes, acompanhando as mutações no gosto dos usuários. As empresas estratégias devem de atualizar-se marketing, sempre agradando para os formular consumidores continuamente (NTU, 2001). Manter sempre uma mesma estratégia pode não adiantar. É importante demonstrar o entendimento sobre a possibilidade de mudanças nos gostos e comportamento de grupos de consumidores. Considerar que mudanças ocorridas na economia causam alterações nas decisões dos consumidores, deixará que fiquem satisfeitos o maior tempo possível, como mostra a FIG. 3.4. Estratégias de marketing Processo 1 = Mantendo qualidade 1 Mudanças ocorridas nas preferências dos consumidores Processo Processo22= = Mantendo qualidade 1 ou qualidade maior 1 Renovação das estratégias de marketing FIG. 3.4 – Processo, manutenção da satisfação dos clientes. A FIG. 3.4 mostra que as empresas fazem estratégias de marketing com o objetivo de obter qualidade continua para os consumidores. Após mudanças ocorridas 70 na preferência deles, essas estratégias mudam, mantendo a mesma ou maior qualidade de seus produtos e serviços anteriores à mutação. 4 Integração do composto de marketing As decisões não podem ser tomadas isoladamente, devem estar sincronizadas, para que, ao assumir uma estratégia de marketing, suas decisões estejam organizadas (NTU, 2001). 5 Gestão do esforço de Marketing É importante fazer uma análise constante dos resultados obtidos com a introdução das decisões de marketing. Como todo projeto, este tem um custo, e usar estratégias erradas resulta em não incremento da demanda (KOTLER, 1992). A FIG. 3.5 mostra a gestão de marketing simplificado. FIG. 3.5 – Panorama da estratégia de marketing Fonte – Adaptado de Schewe & Smith (1982) 71 de um modo 3.3 APLICAÇÕES DO MARKETING A aplicação diversos do conceito modos. A para o marketing partir de da marketing próxima transporte, pode sessão ser será relacionando feita de focado o marketing de serviços, marketing de relacionamento e marketing interno. É importante, possam ser porém, entendidos conhecer e suas definições identificados no para capítulo que que se segue. 3.3.1 MARKETING DE SERVIÇOS Para que se entenda o marketing de serviços é necessário que se conheça, primeiramente, a definição de serviços, para, posteriormente, uni-lo ao marketing. Serviços De acordo Lovelock (2001), serviço é um ato ou desempenho oferecido por uma parte à outra. Embora o processo possa estar ligado a um produto físico, o desempenho é essencialmente intangível e normalmente não resulta em propriedade de nenhum dos fatores de produção. Serviços são atividades econômicas, criadoras de valor que fornecem benefícios para clientes em tempos e lugares específicos. Segundo Horovitz (1993), pelo conceito marketing, “Serviço é o conjunto das prestações que o cliente espera além do produto ou do serviço de base, em função do preço, da imagem, e da reputação presente, que pode ou não estar vinculada a um conjunto de produto físico". Quando se compra um serviço, compra-se um benefícios psicológicos que não podem ser claramente definidos 72 por um dos nossos sentidos, como: status, conforto, bem estar, etc. Com isto, conseguimos captar dois tipos de serviços diferentes (FACULDADE DE ECONOMIA, 2004): 1 – Benefícios sensoriais ou serviços explícitos: Ex. O serviço dos motoristas e cobradores, a decoração do ônibus, etc. 2 – Benefícios psicológicos ou serviços implícitos: Ex. Conforto, o bem estar, etc. Os serviços têm características próprias, como: A intangibilidade, onde os serviços não podem ser vistos, provados ou sentidos antes de serem comprados, diferentemente dos produtos que são concretos (M.M. ASADELTA, 2004). Outra característica é a inseparabilidade trazendo conseqüências para o prestador e para o cliente. Do lado do produtor, a simultâneos produção faz com e que o consumo controlar dos a sua serviços serem qualidade seja difícil. Para o cliente, essa simultaneidade entre produção e consumo prejudica-os na avaliação do serviço anterior ao consumo (PORCARO, 2002). Na visão de Viante (2004), a inseparabilidade traz como uma de suas conseqüências, a preocupação com a satisfação imediata do cliente, precisando a empresa ter uma visão de qualidade continua. A terceira característica é a variabilidade, devido aos serviços serem heterogêneos, ou seja, não padronizáveis. A qualidade quando, onde dos e serviços como são depende de quem proporcionados. os No oferta, de transporte coletivo, mesmo que se busque padronizar os veículos, fixar os trajetos, cumprir intervalos regulares de viagens, preparar as 73 equipes operacionais a partir de princípios e procedimentos pré-estabelecidos, outros fatores inesperados, como acidentes, irão intervir, fazendo variar a qualidade dos serviços prestados. Não existe um padrão, cada viagem no transporte coletivo é diferente, principalmente porque envolve pessoas com níveis diferentes de desempenho (NTU, 2001). A quarta propriedade dos serviços é a perecibilidade, ou seja, os serviços não podem ser estocados porque acabam ao serem consumidos (ANTP, 2002). A tabela 3.2 sintetiza as principais características dos serviços e dos produtos. 74 TAB. 3.2 – Diferença entre bens físicos (mercadorias) e serviços Fonte – Porcaro, 2002. Bens Físicos Serviços Tangível Intangível Homogêneo Heterogêneo Produção e distribuição Produção, separadas do consumo distribuição e consumo simultâneos Um material Uma atividade ou processo Valor principal produzido em fábricas Valor principal produzido entre comprador e vendedor Clientes normalmente Clientes participam da não participam do processo produção de produção Pode ser mantido em estoque Permite Não pode ser mantido em estoque transferência de propriedade Não permite transferência de propriedade Marketing de serviços A essência do marketing de serviços, de acordo com Berry e Parasuraman (1995), é o próprio serviço. Porque, segundo eles, “Quanto mais difícil para o cliente a avaliação dos aspectos mais evidentes de um produto antes da compra, mais forte será o potencial de influência das comunicações “boca-a-boca” e mais um produto precisará receber marketing como serviço”. 75 3.3.2 MARKETING DE RELACIONAMENTO Marketing de Relacionamento responsabilidade indiretamente agregando dos os valor um profissionais clientes, aos é de clientes conjunto que forma externos de atendem criativa e e ações de direta ou rentável, resultados para a organização (GUIA RH, 2004). De acordo com Barry e Parasuraman (1995), marketing de relacionamento diz respeito à atração, ao desenvolvimento e à retenção dos relacionamentos com clientes, tendo como seu princípio básico a criação do verdadeiro cliente. As empresas manufatureiras, em sua maioria, tendem a adotar marketing em suas transações. Por sua vez, as empresas de serviços aplicam um marketing de relacionamento. Isso se deve à importância que o cliente tem em todo o processo da empresa, desde a produção do serviço até o consumo deste. A importância da aplicação do marketing de relacionamento na empresa de serviços é o custo da captação de novos clientes. Segundo Barry e Parasuraman (1995), o custo de se atrair um novo cliente transações disso, é com recuperar seis vezes clientes um maior antigos ex-cliente do para que realizar satisfazê-los. insatisfeito chega a novas Além custar vinte e cinco vezes mais. O marketing de serviço trabalha com as variáveis conhecidas como os 6 P’s (produto, preço, praça ou distribuição, promoção, pessoal e processo). Por sua vez, o marketing de relacionamento adiciona outras variáveis, conhecidas como os 11 C’s (cliente, categorias, capacidades, controle do contato com os processos monetários, colaboração e integração, customização, cálculos com o cliente, cuidados com o cliente, cadeia de relacionamentos, custo, lucratividade e valor, e comunicação, interação e posicionamento) (GORDON apud OLIVEIRA & PEREIRA, 2003): 76 1)Cliente - Definir quais clientes serão atendidos; quais estratégias serão seguidas junto aos consumidores selecionados para conseguir mútuos benefícios; 2)Categorias – Definir o alcance da ofertas de produtos e serviços a serem fornecidas ao cliente; 3)Capacidades – Estabelecer as capacidades exigidas pela empresa e que podem ser adaptadas à expectativa do cliente e posteriormente, trabalhar com as pessoas dentro das empresas para que essas capacidades estejam disponíveis em escala, enfoque e qualidade suficiente; 4)Custo - lucratividade e valor – Construir a lucratividade do cliente, por meio da criação de novos valores para eles e depois a partilha dos mesmos; 5)Controle do contato com os processos monetários – Administrar e controlar os processos associados aos contatos da conta por meio da garantia do recolhimento do dinheiro, assegurando que os processos sejam desempenhados tanto no interesse mútuo do cliente como da empresa; 6)Colaboração e integração – Garantir que o profissional de marketing tenha acesso aos principais tomadores de decisão, apoiando o aprendizado contínuo e outros modos de colaboração; 7)Customização – Customizar aspectos do desenvolvimento do produto e serviço, da produção e/ou distribuição, assumindo um papel mais abrangente na administração do produto ou serviço durante todo o tempo de vida desses; 77 8)Comunicação, interação e posicionamento – Manter uma comunicação interativa e em tempo real com o cliente e não apenas o envio de promoções que são enviados aleatoriamente. Além disso, realizar a administração do posicionamento da empresa em relação ao cliente; 9)Cálculos com o cliente – Rastrear o desempenho da empresa na mente do cliente, acompanhando tanto as avaliações do cliente como o progresso feito no vínculo com o mesmo; 10)Cuidados com o cliente – Desenvolver e administrar o fornecimento de informação em tempo real, como também outros serviços exigidos para aumentar o valor do produto ou serviço em vigor; 11)Cadeia de relacionamentos – Compreender as ligações formais dentro da empresa e com os participantes externos, ou seja, aquelas pessoas que permitirão à empresa criar o valor que os clientes desejam. Vergueiro apud Oliveira & Pereira (2003) afirma que o termo usuário no lugar de cliente representa “uma filosofia de serviço que reconhece o prestador e apenas ele, como o árbitro de sua qualidade”. Porém, o termo cliente tem uma conotação pró-ativa, de alguém que escolhe um serviço ou produto específico ao invés de outro. 3.3.3 MARKETING INTERNO O marketing interno é aplicado para satisfazer o funcionário dentro da empresa que trabalha. De acordo com Berry e Parasuraman (1995), um empregado informado e satisfeito é o 78 melhor agente de marketing da empresa, tratando o cliente tão bem quanto ele é tratado. Segundo Grönroos (1995), o marketing interno deve ser entendido como uma estratégia de gerenciamento com o objetivo de assegurar a compreensão e vivência de todos os funcionários no negócio, conscientizando-os da importância central dos clientes. Assim, o marketing interno trata do desenvolvimento de uma cultura espalhando a organizacional filosofia do orientada marketing por para toda o a cliente empresa de forma a motivar os funcionários. Para Porcaro estratégia da (2002), empresa, o marketing começando interno pela deve alta estar na administração, inspirando todos os níveis subseqüentes neste processo. 3.4 MARKETING E O TRANSPORTE POR ÔNIBUS O transporte brasileiros, público vem urbano, perdendo em demanda. quase Mesmo todos no os estados transporte por ônibus em Curitiba conhecido por sua qualidade e alto nível de aceitação pela opinião pública, a quantidade de pagantes está diminuindo (NTUa, 2002). Pela FIG.3.6 pode-se perceber a real dimensão 2004.A dessa FIG. perda, 3.7 na apresenta projeção uma do período projeção do de 1990 crescimento até da população. Comparando a FIG. 3.6 com a FIG. 3.7, percebe-se que apesar do crescimento demográfico, há uma forte queda da demanda por transportes públicos por ônibus, que provavelmente mudando suas viagens para outros modais (LEITE, 2002). 79 estão Passageiros Transportados 120 110 100 Milhôes ) Passageiros ( Em ( Média Mensal ) 90 80 70 60 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 50 Anos FIG. 3.6 – Passageiros transportados por ônibus (média nacional) Fonte – NTUa, 2001. Crescimento Populacional Brasileiro População Brasileira 180.000.000 175.000.000 170.000.000 165.000.000 160.000.000 155.000.000 150.000.000 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Anos FIG. 3.7 – Modelo da população entre 1993-2003 Fonte – IBGE/DPE/Departamento de População e Indicadores Sociais, 2003. Esse problema de queda da demanda está ocorrendo devido às transformações no acontecimentos, o mercado nos marketing anos passou 90. a ser A partir uma desses estratégia utilizada para reverter este quadro. Segundo Sá (2004), na década de 80, havia poucos automóveis, ausência de inflação alta congestionamentos, e reposição poucos tarifária, 80 centros ocorrendo comerciais, o oposto a partir de 1990. A única maneira de enfrentar aquela mudança seria organizando articulando-se o com setor, órgãos diferenciando de gerência, os serviços, reconhecendo as tendências do mercado e se preparando para acompanhá-las. Desse modo, Sá (2004) propõe uma nova estratégia de gestão da empresa baseada no conceito e nas ferramentas do marketing. Segundo Cutolo (2001), o marketing no setor de transporte se propõe também entanto, a como atender as às necessidades operadoras privadas dos são clientes. controladas No pelo poder público, as empresas apenas se preocupavam em executar suas determinações, produtividade centrando operacional em seus esforços detrimento da no aumento de satisfação da sociedade. O fato do foco das empresas não ter sido nos clientes,parece ter afastado-os propõe-se uma das empresas. gestão baseada Para em reverter marketing este que processo, atenda às expectativas dos passageiros, fundamentada no conhecimento do mercado, identificando, antecipando e satisfazendo essas expectativas (Cutolo, 2001). Uma organização moderna só consegue conquistar a liderança do seu mercado quando compreende as necessidades dos usuários, solucionando-as qualidade dos freqüentemente, por seus em meio de produtos segmentar inovação, e diferenciação serviços. mercados, Isso e implica, desenvolver novas soluções, definir preços, promover e comunicar (NTUa 2002). A empresa que compreende o conceito de marketing passa a orientar todo o seu serviço para o passageiro, ao invés de apenas submetê-lo a seus serviços tradicionais. 81 3.5 CONCLUSÃO PARCIAL A importância desse capítulo é conhecer o conceito de marketing e entender sua forma de gestão. O marketing do transporte público urbano é uma particularidade do marketing geral. Ele une o marketing de serviço, de relacionamento e interno, mostrando que as empresas de transporte, assim como todas as outras, necessitam de clientes para continuarem atuando no mercado. A perda de passageiros no transporte público urbano tem explicação na insatisfação do usuário com o setor. A aplicação da gestão de marketing nessas empresas pretende reverter este quadro. A intenção dessas empresas é captar um maior número de clientes e fidelizá-los, trazendo uma maior rentabilidade para a companhia, logo, é fundamental saber o que estes clientes querem e desejam. Essas informações facilitam o fornecimento de um serviço que conquiste o usuário, o que pode resultar no melhor funcionamento do setor. 82 4 ESTRATÉGIAS DE MARKETING Neste capítulo serão analisadas as ações que, juntas, formam uma estratégia de marketing, que as empresas de transportes por ônibus podem utilizar visando satisfação e maior captação de seus passageiros. É importante destacar que todas as estratégias das empresas usadas, com adquirirem o intuito seus de produtos, influenciar requerem seus análises clientes prévias a da demanda, identificando suas necessidades e expectativas quanto ao serviço oferecido. A maneira mais tradicional de conhecer os clientes é por meio de pesquisa de mercado. Desse modo, a Associação Nacional das empresas de transportes, NTU (2001), realizou uma pesquisa nacional nas empresas de ônibus das capitais do Brasil para saber como elas maneiras mais conhecem citadas o perfil foram: de seus clientes, pesquisas de as opinião, conhecimento dos usuários por meio dos dados operacionais ou pelos dados dos concorrentes, relacionamento com clientes via campanhas publicitárias reclamações feitas pelo e até mesmo telefone, dados mostradas obtidos pelas seguir (NTU, a 2001). 1)Pesquisas Realizadas pela NTU (2001) As pesquisas de opinião têm sido feitas, nas empresas de ônibus das capitais brasileiras, em 54,9% das empresas, sendo, normalmente realizadas nos pontos de ônibus. Por sua vez, as pesquisas de origem-destino foram feitas por 46,9% das empresas neste mesmo período, abordando, normalmente, os passageiros nos ônibus. Os sindicatos e órgãos gestores também utilizaram a pesquisa de opinião para conhecer como está esse mercado. 83 2)Dados operacionais Algumas empresas, 67,4%, preferem conhecer os hábitos dos usuários dos transportes públicos a partir dos dados operacionais. Entretanto, 14,9% não analisam estes dados de entrada de passageiros (contagem do número de passageiros que passam pela roleta) por não os acharem relevantes para analisar o perfil dos clientes. 3)Dados dos concorrentes Das empresas pesquisadas, nas capitais brasileiras, 57,7% analisam as empresas concorrentes por meio de ferramentas estatísticas, dados oficiais, observações, conversas informais e informações obtidas pelos motoristas e cobradores. Na opinião das empresas, seus principais concorrentes estão descritos na FIG.4.1. 0,3% 2,3% 7,5% 11,1% 11,6% 15,9% 17,0% 34,3% FIG. 4.1 – Principais concorrentes dos transportes públicos urbanos no Brasil. Uma visão das empresas Fonte – Adaptado da NTU, 2001 84 4)Relacionamento com cliente via campanha publicitária Com o objetivo de melhorar sua imagem perante a sociedade ou mesmo para informar sobre algum serviço ou melhoria, 75,4% das empresas declararam que já fizeram campanhas publicitárias. 5)Obtenção de reclamação por telefone A maioria, 96,6%, das empresas entrevistadas disse ter algum número de telefone para registrar reclamações e/ou sugestões. Apenas a partir do conhecimento das necessidades dos consumidores poderão ser conduzidas ações que os satisfaça. 4.1 AÇÕES DE MARKETING As ações de marketing podem ser conduzidas separadamente por suas decisões, marketing: vistas preço, no praça, capítulo 6 como os produto, processo, cada dos 6 P’s de pessoal e promoção. As ações a seguir consideradas como pesquisas observações e um para apoio com à um tomada os de 6 P’s podem decisão, consumidores caso determinem ser as que suas necessidades sejam sanadas com a aplicação de algum dos seus tópicos. Preço I. Tarifas diferenciadas pela distância percorrida – Tarifas mais acessíveis para a população usuária do ônibus em viagens curtas. II. Tarifas Diferenciação diferenciadas tarifária pelo quanto 85 ao horário horário da da viagem – viagem. No período de pico o valor da passagem deveria ser mais alto do que fora do horário de pico. III. Tarifas reduzidas diferenciadas para as classes pela classe sociais social inferiores, – por Tarifas meio de descontos, devido a dificuldade dessas pessoas em arcar com o valor cobrado para ingressar nos ônibus. IV. Tarifa diferenciada pela fidelização – Para os usuários que comprarem um grande número de passagens de ônibus, no mesmo dia, incentivá-los com descontos no preço. Praça I. Itinerários eficientes – Fazer pesquisas com a população para identificar onde estão localizadas demandas reprimidas, objetivando percursos mais eficientes para os ônibus. II. Horários e trajetos impressos – Distribuição gratuita para os usuários dos horários e dos trajetos dos ônibus, por bairros, levando a um planejamento melhor da sociedade quanto ao uso do transporte público. III. Cumprimento de Horários – Treinamento para os motoristas para que eles se comprometam a respeitar os horários distribuídos gratuitamente para os usuários. IV. Respeitar as paradas – Os motoristas precisam respeitar as paradas de ônibus, caso contrário sofrerão alguma punição da empresa. V. ônibus noturno – Pesquisas precisam ser feitas, para identificar onde estão os passageiros que necessitam viajar à 86 noite, resultando na formulação de itinerários para este grupo. VI. Freqüência – Para não haver tempo de espera muito longo, reduzir o headway2 entre os veículos. VII. Facilidade necessitam das estar conexões limpos, – Os terminais iluminados, seguros rodoviários e que façam eficientemente a conexão com outros modais. Produto I. Carros novos – Carros com até cinco anos facilitam uma melhor imagem da empresa com a sociedade. II. Ar condicionado – Ar condicionado nos ônibus leva a um maior conforto dos passageiros, fazendo com que se sintam respeitados e confortáveis. III. Poltronas mais confortáveis – Poltronas que façam com que a viagem seja percebida pelo usuário como um momento de imperfeições do descanso. IV. Carros com pouca vibração devido às asfalto – Carros que minimizem as imperfeições do asfalto, diminuindo a sensação de desconforto durante as viagens. V. Responsabilidade social – A responsabilidade social deve ser feita para recuperar a imagem do setor. As caridades podem ser feitas por meio de empréstimo de carros para excursões de pessoas carentes e/ou ajudas financeiras. 2 Espaço de tempo entre a saída de um veículo e a chegada de outro. 87 VI. Organização e limpeza nas garagens – O local de trabalho deve ser mantido funcionários se limpo e sintam organizado, orgulhosos fazendo por com que trabalharem os nesta empresa. VII. Banco de dados dos clientes – Banco de dados dos clientes integrando as informações da central telefônica de atendimento ao cliente e da rede mundial de computadores, permitindo maior conhecimento do cliente. VIII. Microônibus – Microônibus com o objetivo de aumentar a freqüência dos ônibus deve ser introduzido, sem reduzir o espaço ocupado pela empresa no mercado. IX. Portal da empresa na rede mundial de computadores – Portal da empresa que contenha informações, pesquisa com o usuário, além de um espaço onde o cliente possa registrar sua reclamação ou fazer elogios. X. Central telefônica de atendimento ao cliente – Um telefone, preferencialmente comunicar 0800, diretamente para com que a a sociedade empresa, pedindo possa se informação, prestando reclamações e elogios. XI. Pontos de ônibus iluminados, seguros e com assento – Pontos de ônibus que sejam iluminados, seguros e com assentos, para que a sociedade usuária se sinta mais confortável e segura ao esperar o ônibus. XII. Número de pontos de ônibus – Pesquisas de mercado deverão ser feitas para identificar quais ruas, ônibus, têm carência de pontos de ônibus. 88 do itinerário dos XIII. Segurança nos ônibus – Os ônibus precisam ser mais seguros, para que os passageiros se sintam protegidos durante suas viagens. XIV. Pesquisa de satisfação – Após realizar determinadas ações de marketing, são necessárias pesquisas de satisfação com os clientes para analisar se estão satisfeitos com as ações feitas. Pessoal I. Relacionamento com funcionários – A satisfação dos funcionários com o ambiente de trabalho é fundamental para aplicar o funcionários marketing interno insatisfeitos rotatividade, em geram impossibilitando o uma empresa, altos porque índices de desenvolvimento de relacionamento com os clientes e representam altos custos de recrutamento, contratação e treinamento dos substitutos. II. Treinamento dos funcionários – É necessário um treinamento adequado com os funcionários que realmente capacita-o para exercer sua função como fonte de motivação e de auto-estima. Processo I. Estabelecimento de metas – Metas precisam ser estabelecidas e os funcionários precisam ser recompensados por alcançá-las, para que as ações de marketing, que dependem dos funcionários da empresa, sejam sempre satisfatórias na visão do cliente. 89 Promoção I. Logomarca reconhecida – A marca da empresa precisa ser criada, de maneira que a sociedade identifique-a com o serviço prestado. II. Divulgação de suas ações – As ações de marketing precisam ser identificadas pelo público, por meio de distribuição de panfletos, adesivos, entre outros. III. Informações para os clientes – Quiosques de informação sobre os serviços prestados pela empresa precisam ser criados, fazendo deste local um ponto de venda de passagem de ônibus. 4.2 AÇÕES DE MARKETING NO SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO BRASILEIRO Empresas de transporte por ônibus em cidades brasileiras aplicaram ações promocionais de relacionamento, sendo importante relatá-las nesse capítulo. A escolha dessas cidades deveu-se à queda acentuada nos seus volumes de passageiros, tendo, em 1995, 449 milhões/dia e, chegando em 2001, com 324 milhões/dia, nas cidades (somadas) de São Paulo, Rio de Janeiro (onde as ações de marketing serão vistas nos estudos de caso), Belo Horizonte, (Recife e Porto Alegre). Devido a este fato, essas cidades foram as escolhidas para demonstrar suas ações de marketing que buscam reverter a crise do transporte urbano coletivo. O exemplo de São Paulo A primeira ação de marketing feita em São Paulo, pela EMTU/SP, foi o Programa Arte nos Terminais da EMTU/SP, lançado 90 em agosto de 1997, com uma proposta inovadora em termos de transporte público por ônibus. A finalidade do projeto foi levar manifestações artísticas de impacto junto aos usuários do Corredor Metropolitano São Mateus/Jabaquara, atinge que municípios Campo, de transporta São Paulo, Santo 240 mil passageiros/dia Diadema, São André Bernardo e e do Mauá. O objetivo era apresentar ações capazes de quebrar a rotina dos usuários do Corredor, agregando valor ao transporte público e rompendo a barreira palco/platéia. Este trabalho foi desenvolvido com a EMTU/SP aproveitando o próprio Corredor como um elemento integrador, tentando valorizar as manifestações culturais da região. Este programa ocorre até hoje (2004) e sua periodicidade é mensal, no horário do almoço nos Terminais de Integração e nos próprios ônibus. Além de apresentações artísticas, faz parte do Programa Arte nos Terminais o Projeto Escritor no Ônibus. A finalidade do projeto, realizado dentro dos ônibus, é dar oportunidade ao usuário de entrar em contato com a literatura (EMTU/SP, 2004). Outra ação de marketing, em São Paulo, foi realizada pela prefeitura em março de 2003, com um teste nos ônibus para facilitar a vida do usuário de ônibus na cidade. O projeto, chamado de Programa de Apoio aos Usuários e Operadores do Sistema de Transportes Regular, foi feito para orientar quem precisa usar transporte coletivo. O trabalho é viajar pela cidade, conversar com os usuários e andar nos próprios ônibus, verificando a veículos até e sua dar lotação, a qualidade informações para os do serviço usuários e dos sobre o caminho que seguem as linhas. Em outubro, do mesmo ano, o sistema foi aprovado pela Câmara Municipal (NTUa, 2004). Ações como estas fazem com que os usuários se sintam bem tratados e valorizem o meio de transporte utilizado. Ambas as 91 ações trouxeram resultados em termo de captação de demanda e conseqüentemente aumento de receita. Outra prova de que as ações foram eficazes foi o resultado da pesquisa feita para entender como é a sua imagem (EMTU/SP) para a população metropolitana paulista. A pesquisa, ainda realizada, é feita anualmente, contratada pelas empresas responsáveis pelo transporte coletivo na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) desde 1985, com o objetivo de conhecer a imagem de seus serviços junto à população e aos usuários. Na pesquisa, a avaliação dos serviços de transporte é obtida por meio da escala: excelente, bom, ruim e péssimo, aceitandose “regular” quando resposta espontânea do entrevistado. Aceitando certo tipo de resposta apenas quando é instantânea resulta em um questionário mal formulado. Em 2002 e 2003 as avaliações referiram-se aos passageiros entrevistados que declararam uso de determinado transporte pelo menos uma vez nos últimos três meses. Comparando pesquisa de significativa os resultados 2003, nos da pesquisa observa-se percentuais que de de não 2002 houve avaliações com os da alteração “excelente” e “bom” que os serviços de transporte receberam dos usuários (TAB. 4.1). A exceção ocorreu na lotação aprovação caiu de 48% para 35%. 92 não regulamentada onde a TAB. 4.1 - Avaliação dos modos de transporte % de excelente e bom, segundo usuários. Fonte – EMTU/SP, 2004 % de excelente e MODO bom 2002 2003 Carro particular 96 97 Metrô 90 93 90 82 Ônibus Metropolitanos 64 69 Lotação Regulamentada 67 69 CPTM 56 57 Ônibus Municipal da Capital 51 55 Lotação não Regulamentada 48 35 Corredor EMTU São Mateus / Jabaquara Os resultados da pesquisa de 2003 confirmaram que (EMTU/SP, 2004): I.Os ônibus do Corredor continuam sendo muito bem avaliados por seus usuários. II. A maioria dos entrevistados, 89%, concorda que os ônibus deveriam ter pista exclusiva para trafegar. Essa é também a opinião da maioria, 87%, dos que usam habitualmente o automóvel em seus deslocamentos. Outro item da pesquisa foi a análise da sociedade usuária quanto as características dos serviços prestados. 93 Os que foram características avaliados consideradas como piores “extremamente serviços, graves” e com “muito graves” pela população, foram: 1. Mau Tratamento com idosos, deficientes, gestantes; 2. Assaltos; 3. Falta de responsabilidade da empresa com acidentes; 4. Condução ruim da direção pelos motoristas; 5. Poluição do ar. O exemplo de Belo Horizonte Em Belo Horizonte, são utilizados princípios e técnicas de marketing voltados ao aumento da aceitação de idéias, atitudes, conceitos, práticas e comportamentos sociais. Para a cidade as bases para a implementação do marketing são: 1. Imagem como reflexo de uma boa atuação: coerência entre discurso e a prática; 2. Prestação de contas e visibilidade; 3. Comunicação de mão dupla: ouvir para ajustar a competência técnica às reais necessidades do cidadão e; 4. Comunicação voltada ao entendimento: negociação. 94 exercício da Marketing e responsabilidade social na Bhtrans3 As ações de marketing na Bhtrans foram (BHTRANS, 2004): 1) Ônibus para vilas e favelas: Novos itinerários visando atender a pessoas menos favorecidas, moradoras dos chamados “locais de risco” (como favelas e outros lugares tidos como perigosos). FIG. 4.2 – Ônibus nas favelas Fonte – Bhtrans, 2004 2)Rotas: Prioridade ao ônibus na Área Central, incentivando a população a usar este modal. FIG. 4.3 – Ônibus no centro Fonte - Bhtrans, 2004 3 Empresas de transporte de Belo Horizonte, Minas Gerais. 95 3)Abrigos de Ônibus: assento, fazendo com Pontos de parada mais que os usuários se modernos, com sintam mais protegidos. FIG. 4.4 – Pontos de ônibus Fonte - Bhtrans, 2004 4)Projetos distribuída informações Especiais: Criação gratuitamente dos serviços a e de bordo uma dos informações realizados. 96 revista ônibus, sobre os para ser contendo projetos FIG. 4.5 – Revista de Bordo Fonte - Bhtrans, 2004 5) Comunicação de “massa” com a sociedade: Com uma linguagem moderna, que facilite o entendimento de todas os passageiros. 6) Rotina: campanhas de comunicação/publicitária, assessoria de imprensa, cerimonial e eventos, identidade visual da empresa, faixas, relatório, folhetos, anúncios. 7) Outras ações: Arte no Ônibus; Estação com música; Exposição 100 anos de transportes. 8) Projeto BHtrans: Responsabilidade comunitária, com os objetivos de: · Reconstruir a convivência social por meio do trabalho. · Investir na construção da pessoa por ações formativas, para que cada um seja agente de seu próprio destino. Para a Bhtrans, o trabalho de uma organização, pública ou privada, deve começar e terminar num mesmo ponto focal: os usuários. 97 O exemplo de Recife Assim como outras cidades brasileiras, Recife também tem sofrido uma redução crescente de passageiros transportados no sistema urbano (TAB 4.2). Uma saída encontrada pelas Empresas Metropolitanas de Transporte Urbano, EMTU, em Recife, foi a aplicação maior de número algumas de ações usuários, de marketing tentando visando cessar receita decorrente do decréscimo de clientes. 98 esta atrair um perda de TAB 4.2 – Evolução do Passageiro em Recife (1995 – 2002) Fonte – EMTU/RECIFE, 2004 MÊS PASSAGEIROS EQUIVALENTES 1995 1996 34.418.248 31.847.299 31.327.659 29.780.909 35.794.726 33.112.981 31.852.645 31.907.038 36.236.665 36.571.499 33.948.577 34.293.867 32.258.836 32.606.682 34.657.695 37.790.541 32.022.311 32.335.086 33.268.975 33.585.866 32.560.567 32.814.826 368.346.904 366.646.594 -0,50% -16,20% PASSAGEIROS EQUIVALENTES 1999 2000 25.889.644 24.865.910 24.132.266 26.218.059 29.135.820 26.791.016 26.023.165 26.678.458 27.821.814 29.261.680 26.363.645 27.185.888 26.169.366 26.822.349 27.840.412 29.433.480 27.063.139 27.289.822 26.910.515 27.951.387 26.790.460 27.769.187 294.140.246 300.267.236 -4,70% 2,10% -5,40% JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL * MAIO JUNHO ** JULHO *** AGOSTO**** SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO TOTAL % ANO ANTERIOR MÊS JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL * MAIO JUNHO ** JULHO *** AGOSTO**** SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO TOTAL % ANO ANTERIOR 1997 31.764.090 28.444.632 32.481.299 32.922.437 32.987.778 31.133.991 29.266.267 32.489.203 32.578.726 33.158.381 31.201.966 348.428.770 -5,00% 1998 27.338.145 25.908.412 30.480.065 27.047.633 27.772.363 27.140.022 25.985.151 29.478.509 29.376.405 29.544.998 28.703.569 308.775.272 -11,40% 2001 25.363.453 23.163.235 27.627.777 24.925.909 27.856.721 25.980.366 25.428.052 27.645.586 24.860.576 25.883.637 24.766.673 283.501.985 -5,60% 2002 24.121.387 21.611.900 24.761.388 26.416.362 26.591.530 23.910.087 23.926.900 27.899.143 26.597.755 25.850.769 26.475.667 278.162.888 -1,90% Atendimento aos Usuários Uma das ações feitas pelas Empresas Metropolitanas de ônibus de recife foi a melhora do atendimento prestado aos seus usuários. Sendo assim, para manter a qualidade e eficiência dos seus serviços, a EMTU, por meio da Divisão de Atendimento ao Usuário (DIAU) procura ouvir os passageiros em busca do aperfeiçoamento das atividades. Desse modo, a empresa busca a articulação popular com as organizado entidades e outras representativas instituições do movimento comunitárias (EMTU/RECIFE, 2004). Entre as atribuições do DIAU estão(EMTU/RECIFE, 2004): 99 • Atendimento aos usuários; • Identificação localidades, e cadastro de recursos institucionais das objetivando realização de ações que promovam melhorias no serviço de transporte coletivo; • Promoção, organização e coordenação de reuniões na EMTU/Recife ou nas comunidades, com os usuários e as equipes da área técnica da EMTU/Recife ou empresas operadoras; • Promoção discutir com de visitas técnicas os usuários assuntos nas do comunidades, transporte para urbano, buscando soluções para os problemas identificados; • Elaboração de relatório contendo o resumo das reuniões, atendimentos e visitas técnicas; • Desenvolvimento de ações sistemáticas de caráter educativo e/ou informativo para o tratamento das questões do transporte público urbano, por meio de reuniões, palestras, seminários, fóruns, campanhas ou outros recursos de comunicação; • Participação, em conjunto com as comunidades, de reuniões com órgãos que promovam esclarecimentos ao público sobre questões relacionadas ao transporte urbano; • Mobilização das comunidades e/ou entidades populares e institucionais para participarem de eventos especiais e; • Encaminhamento para o Departamento de Planejamento do Sistema os registros das reclamações dos usuários ou entidades feitos por meio da Divisão, 100 objetivando a avaliação de desempenho das empresas operadoras do transporte coletivo urbano. Satisfação do Usuário Outra ação de marketing visando oferecer um bom serviço para os passageiros é a pesquisa feita para identificar o nível de satisfação dos usuários com o setor de transporte(EMTU/RECIFE, 2004). Essa pesquisa resultou na descoberta de erros cometidos no sistema de transporte de Recife para serem corrigidos e elevar, conseqüentemente, a satisfação do consumidor. Opinião do Consumidor Visando oferecer um serviço que vá ao encontro às expectativas dos clientes, a EMTU de Recife aceita sugestões e críticas referentes ao serviço de ônibus prestado à população. Essas ações, opiniões visando dos a usuários adequação são de utilizadas serviços e para orientar superação dos problemas no sistema. Segurança durante a viagem Por meio de um convênio firmado com a Polícia Militar de Pernambuco, a EMTU vem promovendo o programa Viagem Segura, que consiste na realização de fiscalização específica nos ônibus, pontos de parada e terminais integrados. Diariamente, 63 policiais do Batalhão de Rádio Patrulha se dividem em equipes, garantindo mais segurança aos passageiros de ônibus do Grande Recife. Nos Terminais Integrados, os policiais também ajudam a organizar filas e evitar tumultos(EMTU/RECIFE, 2004). 101 FIG. 4.6 – Segurança nas viagens Fonte - EMTU/RECIFE, 2004 Melhoria do transporte Entre os anos de 2000/2001 houve a substituição da frota por veículos vidro equipados fumê, com ar-condicionado, possibilitando fazendo-os se sentirem um maior melhor banco acolchoado conforto aos durante as e usuários, viagens. Incentivo à cultura A EMTU apóia uma série de espetáculos teatrais, musicais e produção de CDs, todos os anos. Além de valorizar a cultura do Recife, esse tipo de ação leva a empresa a se aproximar ainda mais do seu público, mantendo um canal de comunicação externo. O exemplo de Porto Alegre Em Porto Alegre a empresa que apresentou diversas ações de marketing, no ano 2000, tanto para conquistar os passageiros atuais e fidelizá-los, como para atrair os potenciais, foi a empresa Carris, tratada nesta seção. Algumas destas destacaram-se por ações, sua que eficácia satisfeitos com a companhia. 102 serão ao descritas deixarem a seus seguir, clientes Sistema de atendimento ao cliente Foi um serviço de ligações gratuitas, onde os passageiros podem informar suas reclamações, sugestões ou pedir empresa pode informações. Com uma coleta eficiente destes dados, a verificar o que mais desagrada o cliente, a fim de reverter insatisfações em satisfações. Pesquisas com a população Os tipos de pesquisas realizados pela empresa de ônibus da cidade de Porto Alegre são (CARRIS PORTO ALEGRENSE, 2004): - Pesquisas de preferências modais - realizadas para a empresa de ônibus identificar o porque da preferência de alguns usuários pelos outros modos de transporte. - Pesquisas de atributos de conforto - Conduzidas para a população informar o que é precisa melhorar, resultando em uma viagem mais confortável, e o que já melhorou. - Pesquisas de origem-destino - Feitas para a empresa saber: principais motivos da viagem da população (a trabalho, lazer, estudo, etc), horários em que são realizadas (de pico e fora de pico) e principais origens e destinos. Com estas pesquisas em mãos, a empresas identifica a demanda reprimida e pode impor para o transporte público: • • Novas linhas Maior conforto 103 • Maior oferta • Maior rapidez Veículos de alta qualidade Visando atender à necessidade dos clientes em usufruir um transporte mais moderno, transformando a viagem em um momento de descanso, foram introduzidos veículos com alta qualidade no seu interior e exterior na frota da empresa, com os seguintes atributos(CARRIS PORTO ALEGRENSE, 2004): • • • • • • • • • • • Ar condicionado, Bancos altos e estofados, Acessibilidade universal, Suspensão dinâmica, Freios ABS, Janelas panorâmicas, Sistema de áudio e vídeo, Câmbio automático, Motor traseiro, Vidros colados e fumê, Portas amplas. 104 Tripulação qualificada O marketing interno também passou a ser aplicado nas empresas de ônibus Carris, em Porto Alegre, pelo entendimento de que funcionários bem treinados e satisfeitos produzem mais e atendem melhor os clientes da companhia, fazendo com que estes, por sua vez, se sintam bem vindos aos ônibus. Sendo assim, a empresa treina seus funcionários para que o atendimento. Ter o atendimento seja (CARRIS PORTO ALEGRENSE, 2004): - Padrão de postura apresentação e funcionário com excelência no atendimento. - Padronizado e diferenciado. Sabendo, o funcionário, a hora em que o serviço precisa ser padrão e quando é preciso oferecer serviços diferenciados para os clientes, fazendo com que se sintam únicos. Comunicação no veículo Os vídeos a bordo (FIG. 4.7) são uma forma de comunicação entre a empresa oferecidos, o e que os clientes. tem Eles melhorado, passageiros durante a viagem. 105 informam além de os serviços entreter os FIG. 4.7 – Vídeo a bordo Fonte - Carris Porto Alegrense, 2004 A relação com a comunidade Para que a relação da empresa com a comunidade fique mais intensa, são realizados: - Eventos no Centro da capital com a presença de autoridades e representantes da sociedade. - Trabalhos de divulgação nos linhas. 106 locais atendidos por novas Resultados obtidos com as ações de marketingI. Conquista de novos clientes – De 17 de outubro de 2000 a 24 de novembro de 2000, com as estratégias de marketing mostradas anteriormente, no ano 2000, a empresa conquistou cinco mil passageiros que faziam parte de outros modais. II. O reconhecimento - O maior número de elogios da história do SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) da empresa. Conclusão do sistema de ônibus nas cidades brasileiras que aplicaram estratégias de marketing As cidades que aplicaram uma gestão focada na satisfação dos clientes, procurando identificar suas necessidades e se esforçando par atendê-las, tiveram resultados positivos quanto à captação de clientes. Esses resultados foram os esperados pelas empresas das cidades e resultaram em uma boa imagem do setor diante da população. Nem todas as empresas, nas capitais, aplicaram as mesmas ações de marketing, cada uma identificou características e expectativas diferentes de seus usuários, além de cada uma ter se empenhado de maneira própria para satisfazer os consumidores de seus serviços. 4.3 AÇÕES DE MARKETING NO SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO INTERNACIONAL A aplicação de estratégias de marketing em empresas de transporte público, em várias partes do mundo, vem se tornando bastante comum nos anos 90, séc fidelizar clientes. 107 XX, objetivando atrair e Os países relacionados a seguir mostram que estas estratégias podem ser feitas de diferentes maneiras, levando em conta a situação dos países em termos de desenvolvimento. A escolha das cidades selecionadas foi aleatória. A. O exemplo de Estocolmo – Suécia A satisfação do consumidor quanto ao transporte público sueco tem sido medida desde 1996. Neste ano, foi realizada a primeira pesquisa com a população feita logo após a viagem ou por telefone (HAGLUND, 2004). Para entender o motivo da preocupação em satisfazer os clientes é preciso conhecer a mudança ocorrida no setor de transporte público, na década de 90, no país. Naquela década, 75% das empresas de transporte público passaram a ser negociadas como capital aberto. O resultado foi o aumento da competição entre as empresas juntamente com o aumento em suas produtividades. As autoridades de transportes realizam pesquisas anualmente com a população passageiros com para as saber empresas o de nível de transportes. satisfação Em 1998, dos foi realizado um estudo com 25.000 entrevistados por telefone, com idade entre 15 e 75 anos. Os tópicos da entrevista estão relacionado na TAB. 4.3 108 TAB. 4.3 – Entrevista com a amostra da população da Suécia Fonte – Haglund, 2004 PERCEPÇÃO DOS CLIENTES QUANTO AOS TÓPICOS SERVIÇOS PRESTADOS Tráfego Planejamento de horários e itinerários Como a companhia é avaliada em geral e Imagem a presteza dos seus serviços para a sociedade Entender às A eficiência da empresa para responder necessidades dos as reivindicações de seus clientes clientes Se as informações sobre os serviços são Informação de fácil entendimento e completas Preço Custo do transporte público Paradas de ônibus Conforto Os locais e serviços das paradas Segurança e conforto da viagem Se o consumidor estava disponível e Pessoal ápito para responder as questões Dados sobre a viagem e a demografia também estão incluídos na pesquisa. O resultado dessa pesquisa é que determina o valor das ações das empresas de transporte. Se o índice de satisfação dos consumidores com o serviço prestado for alto a empresa terá o valor de suas ações mais alto do que a que tem um índice de satisfação dos consumidores baixo (HAGLUND, 2004). Além disso, as companhias são comparadas e a que obtém o melhor resultado é premiada pelas autoridades responsáveis. 109 B. O EXEMPLO DE MANCHESTER – REINO UNIDO Em Manchester, o transporte público é responsabilidade de várias autoridades ao mesmo tempo. As viagens por ônibus nesta cidade representam 90% das viagens totais do sistema público de transporte (TYSON, 2004). Apesar do sistema por ônibus ser muito importante para os residentes de Manchester, tem perdido passageiros devido à má qualidade da prestação dos serviços para a população. Devido a este problema, passou-se a investir em estratégias de marketing, como (TYSON, 2004): I. Maior presteza nas informações sobre os serviços de transporte. II. Aumento da freqüência dos ônibus. III. Ônibus mais confortáveis. IV. Preços de passagem apropriados para o nível de renda da população usuária. V. Facilidade nas conexões entre os diferentes modais. Outros problemas que foram identificados no transporte, causando insatisfação da população, mas que já estão sendo cessados, são: I. Pontos de parada pouco iluminados. II. Ônibus com alto nível de emissão de poluentes. III. Necessidade de mapas da cidade com as rotas de ônibus. 110 C. O EXEMPLO DE OSLO – NORUEGA Em 1991, foi implementado em Oslo um projeto para orientar os funcionários do transporte público a tratarem bem os estratégias de clientes (TYSON, 2004). O objetivo marketing que desse projeto satisfizessem foi os implementar usuários, fazendo com que utilizassem mais o transporte público por ônibus. A meta era aumentar o tráfego em 25% até o ano de 2001 por uma política de satisfação do cliente, que consistia em: I. Cobrar uma tarifa mais acessível para os moradores e que fossem bastante estáveis, ou seja, não tivesse muita alteração no seu valor em um período curto de tempo. II. Maior freqüência dos ônibus no horário de pico. O resultado foi um aumento no número de passageiros maior que os 25% estipulados para o ano de 2001. D. O EXEMPLO DE SAN JOSE, CALIFÓRNIA – ESTADOS UNIDOS Em San Jose, a cada 2 anos, é feita uma entrevista com os residentes para entender como eles vêem o serviço de transporte da cidade. A partir disto é feito um planejamento para proporcionar melhores serviços de transporte para a comunidade (HELMER, 2003). Devido a esta preocupação constante em satisfazer os moradores, em setembro de 2001, foi realizada uma pesquisa para saber como os serviços de eles. O resultado foi o seguinte: 111 transportes são vistos por - 80% dos residentes acharam o transporte público acessível ou muito acessível. - 75% acreditaram que as condições do tráfego são completamente toleráveis em seus bairros. - 82% sentiam-se seguros nos transportes públicos de San Jose. Esta credibilidade do departamento de transporte com os residentes de San Jose devem-se a quatro perspectivas (HELMER, 2003): I. Visão – Exceder as expectativas dos consumidores da maneira mais produtiva. II. Missão transporte – de Planejar, operar forma contribuir a e manter com os o serviços de crescimento e eficiência da cidade. III. Finalidade superando as – Prover expectativas serviços dos eficientes consumidores e e eficazes, melhorando a habilidade de seus funcionários. IV. Valor – Respeitar os indivíduos, ter excelência no serviço e orgulho da organização. Estabelecidos estes quatro parâmetros, foram feitas pesquisas e reuniões com o público para determinar um serviço de transporte satisfatório para toda a comunidade. Para aplicação das estratégias de marketing, as autoridades do transporte público de San Jose ferramentas importantes: 112 sempre destacam duas I. Comunicação dentro da empresa – Resultando no constante entendimento entre os diversos departamentos, todos com a mesma visão de entender e satisfazer o cliente. II. Comunicação externa – Para que a sociedade possa expressar suas insatisfações e idéias, estando a empresa pronta para resolver os problemas. E. O EXEMPLO DE CAPE COD, MASSACHUSETTS – ESTADOS UNIDOS O uso das estratégias de marketing na cidade de Cape Cod serve para melhorar o sistema de transporte desta cidade, que tem atraído muitos turistas e migração de moradores de outras cidades, causando um crescente congestionamento, necessitando de um sistema de transporte que comporte este aumento da demográfico ao população local e de turistas (CAPE COD, 2004). O desafio é adequar esse crescimento transporte público, de maneira a preservar a característica histórica e natural da região. Desse modo, foi feita uma conferência no verão americano de 2001 para determinar as mudanças que o transporte público de Cape Cod teria que passar, ressaltando os objetivos e as finalidades do serviço, como: I. Determinar as necessidades de transporte público por ônibus para os residentes durante todo o ano e para os turistas durante o verão. II. Recomendar novos serviços necessários para o transporte público. III. Formular estratégias para restringir veículos com apenas um passageiro em determinadas áreas de Cape Cod. 113 IV. Atenuar os congestionamentos sazonais V. Entender e satisfazer a necessidade da população durante o ano inteiro VI. Determinar as necessidades da população quanto ao transporte público. VII. Integrar os diferentes modos de transporte. VIII. Desenvolver uma comunicação entre as autoridades e a comunidade, criando um Fórum para identificar os problemas e as soluções do transporte. Com os objetivos estabelecidos, foram feitas pesquisas com os residentes e não residentes para entender as principais necessidades do transporte e, deste modo, começar as mudanças necessárias. Entendido os questionamentos da comunidade, a autoridade local estabeleceu as seguintes ações de marketing: I. Aumentar a freqüência dos ônibus. II. Fornecer serviços de ônibus durante a noite. III. Adicionar itinerários. IV. Cumprir horários. V. Reduzir o valor das tarifas. VI. Aumentar a quantidade de pontos de parada. VII. Distribuir 68.000 mapas da cidade com as rotas de ônibus para os destinos mais demandados. VIII. Criar um comercial de 30 segundos para que a população conheça melhor o sistema de transporte por ônibus da cidade. 114 IX. Formular uma logomarca que seja reconhecida pela população (FIG 4.8) - “DO THE WAVE TO TAKE THE BUS” (Acene para o ônibus). FIG. 4.8 – Logomarca de Cape Cód. Fonte – Cape Cod, 2004 As estratégias formuladas e realizadas foram avaliadas de duas maneiras: I. Quantitativamente – Expressa em termos monetários, ou seja, receita recebida por meio da introdução de estratégias de marketing. II. Qualitativamente – Expressa em termos das atitudes das pessoas, percepções ou observações. 115 F. O EXEMPLO DE BERLIM – ALEMANHA Desde 1992, há pesquisas com os passageiros para medir sua satisfação quanto aos serviços de transporte público oferecidos pelas 42 empresas privadas (HAGLUND, 2004). As entrevistas questionários são realizadas padronizados sobre o por nível telefone, de com satisfação ou insatisfação com o serviço de transporte. Questões sobre pontualidade, credibilidade, tempo de viagem, horários, limpeza nos ônibus, segurança e preço da tarifa são perguntadas. Com a pesquisa pronta, as autoridades responsáveis pela qualidade do transporte analisam as deficiências do setor e as corrige, com o objetivo de manter a população usuária satisfeita. G. O EXEMPLO DE COPENHAGUE – DINAMARCA Em Copenhague, pesquisas relação para aos assim como identificar serviços de a em Berlin, necessidade transporte por são dos realizadas usuários ônibus. Porém em as entrevistas são feitas dentro dos ônibus, visando somente o interesse dos clientes e não da população como um todo (HAGLUND, 2004). Dados sobre funcionamento informações a qualidade do sistema dadas aos dos de ônibus, pagamento passageiros são limpeza, e horário, presteza captados nas pelas autoridades do transporte. Estes dados são transformados em pontuação para as empresas do transporte por ônibus. O ponto de vista do cliente quanto ao serviço oferecido pela prestadora equivale a 80% da nota final. Os outros 20% referem-se 116 ao cumprimento das metas estabelecidas para as empresas, com a finalidade de fornecerem um melhor serviço para os passageiros. As companhias que obtêm pontuações muito baixas precisam pagar multa e as que têm notas altas são premiadas financeiramente. 4.4 CONCLUSÃO PARCIAL Utilizar ações de marketing tem se tornado cada vez mais usual para contentar os usuários de empresas de ônibus em relação ao serviço prestado por elas. Em vários países, estas ações refletem a mesma expectativa, de cativar os clientes para que não se escoam para outros sistemas de transporte ou para empresas concorrentes. Assim, conclui-se que não apenas nas cidades brasileiras, como também em países europeus e cidades americanas, paises economicamente desenvolvidos, o mercado deste setor está com mais concorrentes, tendo as companhias a necessidade de conseguir fidelizar seus passageiros e garantir que não haja queda da receita. 117 5 METODOLOGIA DOS ESTUDOS DE CASO 5.1 TIPO DE PESQUISA Este estudo pode ser classificado como pesquisa exploratória, devido a pouca referência sobre o seu tema. De acordo com Révillion pesquisa são problema em (2001), familiarizar perspectiva e e os objetivos elevar gerar a desse tipo de de um compreensão hipóteses explicativas e variáveis a serem verificadas. Para Vergara (2000), a pesquisa exploratória é realizada em áreas que há pouco conhecimento acumulado e sistematizado, sendo assim, adequada para expandir o conhecimento no assunto. Por sua vez, Marconi e Lakatos (2001) consideram que essa pesquisa deve estar voltada para a formulação de questões ou de problemas de investigação, que aumentem a familiaridade do pesquisador com o assunto, desenvolvendo hipóteses sobre o tema e modificando ou esclarecendo conceitos. Este tipo de pesquisa utiliza grande quantidade de dados extraídos de fontes secundárias, estudos de casos selecionados e de observações informais, sendo a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso os meios mais comuns (ZAPELINI & ZAPELINI, 2004). Pesquisas exploratórias proporcionam uma visão geral acerca de determinado fato, sendo realizado especialmente quando se torna difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis (SILVA & SILVA). De acordo com Vergara (2000), para se fazer uma pesquisa exploratória, é preciso que inicialmente se faça: I. Levantamento bibliográfico, onde nos livros são encontrados, praticamente, todo o conhecimento humano ou em 118 outros impressos que se encontram nas bibliotecas. A pesquisa bibliográfica tem como objetivo encontrar respostas aos problemas formulados e o recurso é a consulta dos documentos bibliográficos. II. Contatos pessoais com pessoas dos locais de pesquisa e outros profissionais, bem como usuários ou clientes. III. Levantamento de problemas sob forma de perguntas. Segundo Gil (1996), entre todos os tipos de pesquisa, esta é a que apresenta desenvolvidas com menor rigidez objetivo de no planejamento, proporcionar visão sendo geral, de permitem ao tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Na visão de Triviños (1987) esses estudos pesquisador aumentar sua experiência em torno de determinado problema. O pesquisador parte de uma hipótese e aprofunda nos estudos de caso, buscando maior conhecimento e obtenção dos resultados desejados. Esta dissertação se caracteriza, quanto aos fins, como uma pesquisa de caráter exploratório, porque existe uma grande carência de trabalhos a respeito da gestão de marketing nas empresas de ônibus brasileiras. Com base neste fato, escolheuse como meio de investigação o método de estudo de casos (Yin, 1993). Os quatro estudos de caso, feitos em campo, são recomendados pela sua flexibilidade, podendo o pesquisador estar aberto a novas hipóteses e variáveis que surjam no decorrer da pesquisa. Bruyne (1991) afirma que o estudo de caso reúne informações numerosas e detalhadas, recorrendo a técnicas de coleta das informações estudos têm (observações, um intento entrevistas, de exploração 119 documentos). e tentam Alguns descobrir problemáticas novas, renovar perspectivas existentes ou sugerir hipóteses fecundas, preparando assim o caminho para pesquisas ulteriores. Outros são essencialmente descritivos e tomam a forma de monografia, empenhando-se em descrever toda a complexidade de um caso concreto. Outros ainda perseguem um objetivo prático e freqüentemente utilitário, seja porque visam estabelecer o diagnóstico de uma organização ou fazer sua avaliação porque procuram mudar uma organização. De acordo com Yin (1993), o estudo de caso é um estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre fenômeno e o contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência. Os estudos de caso trazem as pesquisas diferentes propósitos, como: I. Explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; II. Descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação e; III. Explicar as variáveis que causam determinados fenômenos em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos. Ainda conforme Yin (1993), há preconceitos em relação ao estudo de caso, como: I. Falta de rigor metodológico – Para se realizar estudos de caso não são comprometendo definidos a procedimentos qualidade dos seus metodológicos resultados. É rígidos, proposto, porém que o pesquisador que desenvolva estudos de caso redobre 120 seus cuidados tanto no planejamento quanto na coleta e análise dos dados. II. Dificuldade de generalização – A análise de casos fornece uma base muito frágil para generalização. No entanto, seus propósitos não são os de características proporcionar de uma o população conhecimento a partir preciso de das procedimentos estatísticos, mas sim o de expandir ou generalizar proposições teóricas. III. Tempo destinado a pesquisa – Alega-se que os estudos de caso precisam de bastante tempo para serem realizados e que freqüentemente seus resultados tornam-se pouco consistentes. Todavia, as experiências acumuladas nas últimas décadas mostram que é possível a realização de estudos de caso em períodos mais curtos e com resultados passíveis de confirmação por outros estudos. 5.2 PERGUNTA DA PESQUISA Este estudo de casos se propõe a responder à seguinte pergunta: * Quais são as estratégias de marketing aplicadas nas empresas de ônibus entrevistadas? 5.3 ESCOLHA DAS EMPRESAS Os estudos de caso constam da análise de quatro empresas, duas que importância aplicam das estratégias necessidades de dos marketing, passageiros entendendo e dos a seus funcionários com o intuito de se firmarem no mercado no qual atuam, em um momento de crie do setor. As outras duas ainda 121 não baseiam sua gestão com foco no cliente, acarretando numa perda crescente destes usuários. A seleção das empresas que não aplicam estratégias de marketing (empresas A e B), diferentemente da escolha das que aplicam, não teve um critério definido. Sendo assim, foram analisadas duas empresas escolhidas aleatoriamente. Entretanto, as empresas com prática em realizar ações de marketing foram escolhidas por terem ganhado o Prêmio ANTP de Qualidade. A Empresa C, no ano de 2003, obteve a segunda colocação, por sua vez, a Empresa D ficou com o primeiro lugar nos anos de 2002 e 2003, sendo vetada de participar da premiação em 2004 devido às normas da ANTP, que não permitem o primeiro lugar a uma mesma empresa por três anos consecutivos. 5.4 COLETA DOS DADOS DAS EMPRESAS Os dados primários foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas (anexo 9.1). Cabe ressaltar que as perguntas, previamente formuladas, serviram como um roteiro de auxílio ao pesquisador, porém, as entrevistas realizadas foram desenvolvidas por questionamentos formulados no momento exato da entrevista, ou seja, que não estavam previstas no roteiro. Os dados das empresas nas pesquisas de campo foram obtidos nas entrevistas feitas com os responsáveis pela área de comunicação e qualidade de cada empresa. Roesch (1999) argumenta que o questionário não é apenas um formulário, ou um conjunto de questões listadas sem muita reflexão, mas sim um instrumento de coleta de dados que busca mensurar algo. Para tanto requer esforço intelectual anterior de planejamento, pesquisa e do com base plano da na conceituação pesquisa, e do algumas problema de entrevistas exploratórias preliminares. Com base nestes termos, elabora- 122 se, a seguir, uma lista de itens sobre cada variável a ser medida. Na Empresa A o responsável pelas informações foi o relações públicas da empresa. Por sua vez, na Empresa B os dados foram fornecidos pelo diretor operacional da empresa pela gerente de RH. A gerente de qualidade da Empresa C foi quem participou da entrevista. Por último, na Empresa D, o gerente corporativo passou todas as informações necessárias para o desenvolvimento deste trabalho. 5.5 TRATAMENTO DOS DADOS Como afirma Yin (1993), a análise dos dados em estudo de caso consiste na compreensão dos dados no sentido de validar ou refutar os objetivos iniciais do estudo. Deste modo, baseou-se a análise dos dados qualitativos do presente estudo de caso, como relata Selltiz (1974), sobre o objetivo da análise dos dados, que é sintetizar as informações completadas, de forma que estas viabilizem respostas às perguntas da pesquisa em foco. 5.6 LIMITAÇÃO DA PESQUISA Por ser uma pesquisa exploratória que se utilizou metodologia qualitativa, a percepção do pesquisador influi no resultado da pesquisa. De acordo com Malhotra (2001), a pesquisa qualitativa é uma metodologia permitindo não a estruturada, melhor baseada compreensão (Roesch, 1999). 123 do em pequenas contexto do amostras, problema. Malhotra (2001) considera que a pesquisa qualitativa pode ser usada como uma fase de preparação para a quantitativa, por sua característica de contextualização do problema. Por sua vez, Bryman (1988) afirma que os aspectos quantitativo e qualitativo de uma pesquisa devem ser encarados como formas diferentes de responder a um problema de pesquisa, mas não como oposição. Algumas características definem melhor a pesquisa qualitativa, como (Bryman, 1988): a) Compromisso com a perspectiva das pessoas estudadas – onde os fenômenos são sempre estudados a partir das perspectivas e pontos de vista dos pesquisados; b) Descrição – a pesquisa qualitativa normalmente envolve uma descrição acurada do fenômeno e do cenário social pesquisado, não somente a partir do ponto de vista das pessoas envolvidas, mas também dos pesquisadores; c) Contextualismo – há um compromisso com o contexto geral aonde o fenômeno ocorre, ou seja, é preciso situar os eventos e fenômenos no espaço social mais amplo em que acontecem; d) Visão longitudinal – o corte longitudinal refere-se a uma visão processual do fenômeno, como sendo parte de uma evolução temporal; e) Flexibilidade – a pesquisa qualitativa é, normalmente, menos estruturada que a quantitativa, permitindo modificações no problema de pesquisa ou nos métodos, se for o caso, para atingir melhores resultados e; 124 f) Papel da teoria e dos conceitos – ao contrário da pesquisa quantitativa, que exige um forte aparato teórico para funcionar a contento, a abordagem qualitativa não depende de formulação teórica prévia, favorecendo uma estratégia de teorização a partir das informações e dados coletados. Além disso, este estudo não permite generalizações e não é esse o objetivo de uma pesquisa exploratória. Paralelamente, as entrevistas, por terem sido feitas apenas com os executivos, não mensuram a percepção dos clientes e nem dos funcionários quanto às estratégias de marketing conduzidas dentro da empresa, dificultando assim o julgamento de cada empresa, o que poderá ser explorado em pesquisas futuras. 125 6 ESTRATÉGIAS DE MARKETING APLICADAS EM EMPRESAS DE TRANSPORTE POR ÔNIBUS NO RIO DE JANEIRO – ESTUDOS DE CASO Este capítulo analisa ações de marketing de quatro empresas de transporte público, no estado do Rio de Janeiro. Constará de 2 partes, com 2 entrevistas em cada. A primeira relata a atitude de empresas que não utilizam ações de marketing. A seguinte trata de empresas que se destacam na área de qualidade, usando gestão de marketing visando satisfação e captação de passageiros. PARTE 1 6.1 EMPRESA A A empresa A faz parte de um grupo formado por outras 4 empresas na região metropolitana do Rio de Janeiro, sendo a primeira do grupo a ser constituída, fundada por um grupo de imigrantes portugueses, que resolveram investir no transporte no bairro de Jacarepaguá, zona oeste. Naquela época, 1950, a região era praticamente isolada do restante da cidade. 6.1.1 EMPRESA A EM ÉPOCA DE CRISE A empresa concorrência está com tendo perda veículos de passageiros particulares, devido à transportes alternativos, clandestinos e viagens não motorizadas. Até 1995 transportava em média 74.100 passageiros por dia, hoje, não transporta mais que 57.000 redução de 30% de usuários em 9 anos. 126 passageiros/dia, uma 6.1.2 AÇÕES DA ESTRATÉGIA DE MARKETING As informações contidas nesta seção foram fornecidas pelo relações públicas (RP) da empresa, responsável pelas ações de marketing. É importante frisar que estas ações não são planejadas antes de executadas, não resultando, muitas vezes na conquista e fidelidade dos passageiros. 1)Uso de Microônibus O uso do microônibus na empresa foi uma estratégia usada para cortar despesas, no momento em que o número de usuários reduziu. Para os horários e itinerários que sofreram uma forte redução de passageiros, elaborou-se uma estratégia de corte de custos. Segundo o RP, “ao invés de andarmos com os ônibus vazios a custos elevados, colocamos microônibus como uma solução”. OPINIÃO DO AUTOR: O problema da aplicação dessa estratégia é a empresa aceitar essa perda de mercado. Se um número cada vez menor de clientes levar a um tamanho cada vez menor no veículo, essa empresa pode ter cada vez um menor número de passageiros. marketing que O importante façam com a que fazer os é criar usuários estratégias usem novamente de o ônibus, sem aceitar a queda do número de passageiros. 2)Desconto em farmácias Um dos planejamentos futuros da empresa para captar clientes das classes D e E é propiciar que a cada viagem realizada o usuário ganhe um tíquete. Com uma certa quantidade desses tíquetes, número ainda não definido pela empresa, os clientes obteriam descontos em farmácias. 127 OPINIÃO DO AUTOR: A dificuldade está na maneira que será dado este desconto, se a cada viagem ou em um conjunto delas. Além disto, essa idéia ainda não saiu do papel, sem fornecer informação suficiente sobre a eficiência da medida. 3)Sorteios Um pensamento nada convencional é a hipótese de fazer sorteios com os usuários do “frescão”4. A idéia da companhia é que a cada viagem feita pelo “frescão”, os clientes concorram a um carro. OPINIÃO DO AUTOR: O problema dessa ação é o prêmio, um dos concorrentes do ônibus. Esse ato prevê um aumento imediato do uso dos frescões, mas não tem um planejamento de longo prazo, onde os premiados poderão não ser mais clientes. Desse modo, essa idéia não incrementará a demanda do setor de forma eficiente e contínua. 4)Relacionamento com Funcionários Os funcionários são valorizados e premiados, mas apenas pelo lado operacional e não pelo atendimento ao cliente, que é o propósito do marketing. Qualquer erro na condução do veículo é registrado por um tacógrafo (FIG. 6.1) localizado no interior do ônibus, registrando todas as alterações na velocidade ou má condução do veículo. 4 Ônibus luxuoso com poltronas reclináveis e acolchoadas e ar condicionado, com tarifas especiais superiores as cobradas pelos ônibus convencionais. 128 FIG. 6.1 – Tacógrafo Fonte – Minas Tacógrafos, 2004 Desse modo, excluem-se da premiação e valorização os trocadores, importantes dentro do ônibus. OPINIÃO DO AUTOR: Os funcionários que trabalham nos ônibus, motoristas e cobradores, são os responsáveis pela imagem da empresa com os clientes, porque são os empregados acessíveis ao público. 5)Central telefônica de atendimento ao cliente e Rede mundial de computadores Uma maneira de ouvir o que o cliente tem a dizer, entendendo o que os agrada e desagrada, é a chamada central telefônica de atendimento usuários ao podem cliente, um ligar qualquer de centro de ponto ligações, da onde cidade os para a empresa gratuitamente, por meio de um número 0800, e falar com os operadores. As reclamações, sugestões e elogios são passados para área de marketing solucioná-los, e estes tentarão, entrando em caso contato haja com o algum problema, cliente quando necessário. Outra maneira de aproximar alguns clientes da empresa é a Rede mundial de computadores. A empresa tem um portal que não funciona perfeitamente, sendo impossível abrir a maioria das suas ligações por se encontrarem sem continuidade. Este problema faz com que os passageiros, ao acessarem o portal da empresa sintam-se insatisfeitos. OPINIÃO DO AUTOR: Uma importante maneira de ouvir os clientes, além do 0800 e do portal da empresa, é por meio de 129 pesquisa de mercado feita nos próprios ônibus, nos pontos de ônibus e por telefone, procurando-se entender a real necessidade dos passageiros atuais e potenciais. Entretanto, por enquanto, a transportadora ainda não realizou pesquisas. 6.1.3 RESULTADO DESSAS ESTRATÉGIAS DE MARKETING As estratégias de marketing adotadas pela empresa até o momento não resultaram em captação de demanda, com o agravante de continuar perdendo passageiros em todas as linhas. A adoção de microônibus, para substituir o ônibus convencional, fez com que as perdas não fossem maiores, porque o custo do microônibus é inferior ao do ônibus convencional. Ao mesmo usuários, quadro tempo, fez aceitando atual é a a empresa era fundamental da não se adequar recessão. para o à Tentar bom perda reverter posicionamento de o da companhia no mercado fluminense. 6.2 EMPRESA B A Empresa B principalmente, foi na fundada área do em na Centro década e Zona de 50, Sul do atuando, Rio de Janeiro. Naquela época, os atuais sócios já eram proprietários de outra transportadora de passageiros, incorporada à Empresa B, atendendo a um decreto do Prefeito Negrão de Lima, ficando a empresa com uma frota de 60 veículos. A empresa B, assim como a empresa A, não tem uma gestão baseada em marketing. Suas iniciativas ainda estão em fase de planejamento, porém já entenderam a necessidade de se adaptar a novas mudanças, visando a conquista dos clientes. 130 A entrevista foi realizada com o diretor operacional da empresa e com a gerente de RH, que forneceram todas as informações. Devido à tardia preocupação com a satisfação dos clientes na companhia, a perda de passageiros chegou a mais de 30% em menos de 10 anos. 100.000 passageiros por dia estão deixando de viajar. OPINIÃO DO AUTOR: Este número ainda pode aumentar, caso a empresa não tome decisões rápidas a respeito de uma nova gestão, onde coloque os clientes como foco principal de suas atividade. As propostas de marketing, ainda em fase de desenvolvimento, são: 1. Treinamento dos motoristas 2. Construir indicadores para traçar metas 3. Formular pesquisas internas com os funcionários 4. Realizar pesquisas externas, e 5. Criar uma revista interna. 6.2.1 AÇÕES DE MARKETING POTENCIAIS A maioria das estratégias de marketing, visando fidelização dos usuários com a empresa, estão em fase de planejamento. As idéias da Empresa B que ainda não foram executadas estão relacionadas a seguir. 1)Recuperação dos motoristas Diante das constantes reclamações dos passageiros em relação aos motoristas, conduzindo de modo insatisfatório os veículos (brusca frenagem, aceleração outros), do a atendimento não automóvel companhia ao respeito ao entrar deseja cliente, em às paradas um ensiná-los salas de passageiro, boas aula, veículos, nos itinerários usuais dos motoristas. 131 de e ônibus, dentre maneiras de condução de O problema, de acordo com o diretor operacional, é que os motoristas aprendem coisas na garagem e fazem o contrário nas ruas. OPINIÃO DO AUTOR: Fazer com que os motoristas sejam mais responsáveis sem difícil. mais O funcionários, serem recompensados coerente fazendo com seria que por sua eficiência recompensar todos na os empresa é melhores se sintam motivados com essa oportunidade. 2)Pesquisa interna Outra idéia é fazer uma pesquisa com os próprios funcionários para saber a satisfação deles em trabalhar na empresa. Além disso, saber suas opiniões é fundamental para a melhoria dos serviços. OPINIÃO DO AUTOR: Ainda não se sabe quando a pesquisa interna será iniciada, mas é um começo a idéia de questionar os funcionários sobre a empresa. 3)Pesquisa externa A pesquisa externa seria uma forma de conhecer os clientes da empresa e saber de que necessitam, entendendo o que lhes agrada e o que deveria melhorar. O grande problema é que ainda não definiu quem serão os entrevistadores e como será a pesquisa. OPINIÃO DO AUTOR: Porém, devido ao atual momento de crise, conhecer a necessidade de seus passageiros deveria ser algo já conhecido, para depois entrar marketing, não o contrário. 132 com alguma estratégia de 4)ISO 9001:2000 A empresa está buscando a certificação da ISO 9001:2000. Após conseguirem funcionários, essa explicando conquista a será importância divulgada para da qualidade uma revista seus para a empresa. Essa divulgação será publicada em interna, distribuída gratuitamente para todos os funcionários. 6.2.2 ESTRATÉGIAS ADOTADAS NA EMPRESA Mesmo sem conhecer seus clientes, foram aplicadas algumas estratégias para conquistá-los de acordo com as atitudes dos seus concorrentes, especificadas a seguir. 1)Central telefônica de atendimento ao cliente e portal na rede mundial de computadores A empresa já tem uma central telefônica de atendimento ao cliente para receber opiniões, reclamações e tirar dúvidas dos usuários. OPINIÃO DO AUTOR: O problema é que a empresa ainda não sabe o que fazer com os dados obtidos. Paralelo a isso, a empresa deveria elaborar um banco de dados com a característica dos clientes e o motivo de suas ligações, fazendo um cruzamento com as informações obtidas via Rede mundial de computadores. Desse modo, ficaria mais fácil e ágil conhecer seus clientes e o que reivindicam. 2)Veículos com ar condicionado Uma atitude condicionado. da O empresa principal foi a motivo de colocar desse ônibus ato não com ar foi a necessidade dos seus passageiros, mas a concorrência, fazendo 133 a empresa melhorar para não perder passageiros para outras companhias. A concorrência, de uma certa maneira, tem sido boa para os usuários de transporte público, pelo incremento nos serviços. OPINIÃO DO AUTOR: A proposta de uma gestão baseada em marketing é exatamente essa. Porém a empresa, por não conhecer seus passageiros, outras que empresas, tem pode necessidades não estar diferentes aplicando dos das estratégias eficazes. PARTE 2 6.3 EMPRESA C A Empresa C foi fundada em 1996, com origem em outra empresa de ônibus, atuante nesse mercado de transporte de passageiro há mais de 40 anos. Essa empresa opera com linhas que circulam pela Zona Norte, Centro e Zona Sul da Cidade, no Rio de Janeiro. 6.3.1 DIFERENCIAL DA EMPRESA C EM ÉPOCA DE CRISE NO SETOR A empresa está centrando todos os seus esforços na fidelização dos clientes, peças fundamentais para um eficiente processo de crescimento do grupo. Todas as atitudes da empresa são bem organizadas e planejadas, além do próprio ambiente de trabalho, totalmente informatizado, mostrando preocupação com a qualidade total. A entrevista sobre as técnicas de marketing foi realizada com a gerente, responsável pelas informações. Segundo dados da própria Empresa C, a crise que vem atingindo o setor causou uma redução de 15% dos passageiros. O número de clientes viajando por dia era de, aproximadamente, 134 147 mil, na metade da década de 90, reduziu para cerca de 125 mil. Essa redução, se comparada com as outras, foi muito pequena. A explicação para esse destaque, em uma fase de crise, é a de ter todos os setores da empresa voltados para satisfação não apenas dos usuários, como também dos funcionários. A Empresa C tem um departamento exclusivo para tratar da qualidade dos seus serviços, estabelecendo metas de produtividade para seus funcionários. 1)Certificação ISO 9001:2000 A empresa é uma das pioneiras no setor de transporte por ônibus a ter a certificação da ISO 9001:2000 (FIG. 6.2). OPINIÃO DO determinados AUTOR: pela ISO Ter os padrões 9001:2000, de qualidade International pré- Organization for Standardization, significa que a empresa tem um sistema de gestão de qualidade. FIG. 6.2 – Selo de certificação da ISO 9001:2000 Fonte – ISO, 2004 2)Projetos Sociais A empresa determinados desenvolve Institutos vários e projetos grupos sociais, menos ajudando favorecidos, objetivando uma boa imagem para a sociedade. Com o INCA, Instituto Nacional do Câncer, a empresa não ajuda financeiramente, mas empresta seus ônibus. 135 A Empresa C ajuda financeiramente a fundação Abrinq, uma organização “amiga da criança”, sem fins lucrativos, a qual usa os recursos arrecadados da sociedade na divulgação dos direitos das crianças, chamando a atenção da população para as questões mais urgentes (Fundação Abrinq, 2004). Além disso, os moradores de uma favela são beneficiados pela empresa com apoio financeiro, tendo também, os ônibus da companhia à disposição deles para fazer excursões, assim como, brinquedos distribuídos para as crianças. 3)Registro de Clientes Especiais Todos os clientes que acessam o portal ou ligam para a central telefônica de atendimento ao cliente são registrados, tornando-se usuários especiais. O objetivo desse cadastramento é conhecer seus passageiros, sorteando atrair brindes clientes. (passagens, Esta ação revistas, possibilita dentre um outros) maior para número de clientes cadastrados, descobrindo suas necessidades. 4)Bilhetagem Promocional Para as classes D e E, com dificuldade em arcar com as tarifas cobradas, solução a imediata. passagens das Empresa Porém, classes C ainda planeja menos não encontrou fornecer favorecidas, nenhuma descontos assim como nas do passageiro que comprar mais de um bilhete por vez. OPINIÃO DO AUTOR: Essa idéia ajudaria não só as classes mais baixas de renda como também todos os usuários que freqüentemente usam o ônibus. 5)Idéias Valorizadas Os motoristas, cobradores e fiscais são ouvidos na Empresa C, tendo suas idéias valorizadas e premiadas. 136 Quando um funcionário percebe a necessidade de alterar algum itinerário, horário ou até mesmo a logomarca da empresa, e sendo esta idéia aprovada pela área de qualidade ou a operacional, o empregado é premiado em dinheiro, promoção ou mercadoria. 6)Pesquisa de Satisfação As pesquisas com os usuários são conduzidas dentro dos ônibus, nos pontos de ônibus, por telefone ou no portal da empresa. Conforme a gerente entrevistada, essa é uma decisão muito útil para entender quais os serviços que não estão satisfazendo os usuários. Desse modo, consegue-se saber qual o caminho a seguir e se as estratégias estão trazendo o retorno esperado, diz a gerente. 7)Tabela de Horário Com o objetivo de reduzir a concorrência com as vans, que por saberem os horários de saída dos ônibus, acabam atraindo os passageiros do transporte regulamentado, a Empresa C pretende fornecer gratuitamente para seus usuários os horários e itinerários das suas linhas. OPINIÃO DO AUTOR: De posse dessa informação, os passageiros podem planejar sua chegada no ponto de ônibus. 6.3.2 PRINCIPAIS PROBLEMAS A ENFRENTAR A empresa está tentando obter a satisfação da maioria dos usuários. Uma das linhas alcançou o objetivo da empresa, aumentar o número de passageiros. Essa satisfação 137 foi obtida, entre outros, pelo aumento da freqüência, substituindo seus poucos ônibus por vários microônibus. O principal problema a enfrentar é conseguir diagnosticar a necessidade dos passageiros que utilizam as demais linhas da empresa, conseguindo satisfação plena dos usuários. 6.4 EMPRESA D A Empresa D foi fundada em 1957, em um município do estado do Rio de Janeiro. Atualmente, em 2004, a Empresa D opera em vários municípios do estado. As estratégias de marketing usadas pela empresa foram relatadas pelo gerente corporativo. 6.4.1 VISÃO DA EMPRESA EM ÉPOCA DE CRISE A Empresa D considera-se uma empresa de visão, entendendo que, para continuar no mercado, precisa buscar uma constante satisfação dos funcionários e clientes. Por isso, esta empresa tem uma preocupação constante com a qualidade, com uma gestão de marketing eficiente e funcionários bem treinados. Prova disso é a situação da empresa em época de crise, que perdeu 66% a menos de passageiros do que a média do setor. 6.4.2 ESTRATÉGIA DE MARKETING DA EMPRESA D Conforme o gerente corporativo, a situação da empresa, em comparação com as outras do mesmo ramo de atividade, tem sido destaque, devido ao amplo entendimento do que é o marketing. Além disso, ele percebe que o sucesso da empresa não é total 138 quando somente os usuários estão satisfeitos, é preciso que os acionistas também estejam. Devido a esta visão, as estratégias da empresa têm um enfoque em lucratividade por meio da satisfação de todos. As estratégias usadas nesta empresa serão relatadas a seguir. 1) Balanced Scorecard (BSC)5 A empresa utiliza o Balance Scorecard como modo de gestão da empresa, onde os funcionários têm metas a alcançar, possuindo um desempenho diferente a cada mês, que influi na sua participação dos lucros. Esta estratégia resulta na motivação do funcionário por melhor eficiência no serviço, proporcionando uma melhor qualidade para os clientes e maior rentabilidade para os acionistas. As metas dos funcionários são analisadas, entre outros, de acordo com o atendimento ao cliente. 2)Treinamento de funcionários Os funcionários da empresa têm treinamento regularmente, além de cursos de especialização para realizarem seus serviços com presteza e eficiência. Como a empresa trabalha com metas, seus empregados tentam cumpri-las eficientemente, porque quando são alcançadas, maiores serão as fatias nos lucros destes funcionários. Para eles estarem sempre sendo incentivados, a Empresa D não trabalha com metas individuais, mas em grupo, onde os participantes lutam por um objetivo em comum: ganhar uma maior participação nos lucros. 5 O Balanced Scorecard é uma filosofia prática e inovadora de gestão de desempenho das empresas e organizações. O objetivo da sua implementação é permitir uma gestão eficaz da performance organizacional 139 3)Organização e limpeza A empresa trabalha com o princípio de que tudo necessita ficar organizado, etiquetado e o que for supérfluo, descartado. Com esta filosofia, consegue-se a organização de todos os funcionários, propiciando um ambiente de trabalho limpo e agradável. 4)Responsabilidade Social A Empresa D investe intensamente em projetos de educação, cultura e saúde, mostrando o novo papel do setor na sociedade. São desenvolvidas diversas ações que beneficiam desde entidades filantrópicas, como asilo, creches e estudantes da rede pública de ensino (O Dia, 2004). Outro gratuito, projeto social ajudando na é visitar formação museus acadêmica com transporte de crianças, adolescentes e professores. No Natal de 2002, a empresa teve como proposta arrecadar donativos para distribuí-los em entidades carentes. Em 2004, esse projeto funcionários vai da para empresa, a terceira como edição, trocadores, envolvendo motoristas e despachantes, e também os passageiros. Com esta iniciativa, a Empresa D consegue ajudar a 40 instituições por Natal. OPINIÃO DO AUTOR: Estes projetos fazem com que a empresa seja uma empresa de transporte bem vista por toda a sociedade. 140 6.5 CONCLUSÃO PARCIAL Todas as empresas de ônibus vêm passando por dificuldades desde o inicio da concorrência no setor, no início da década de 90. Porém, algumas delas tem tido uma menor perda de passageiros e, conseqüentemente, de receita, por usarem estratégias de gestão que vão de encontro à satisfação das necessidades e expectativas dos usuários. Essas ações de marketing, quando aplicadas, parecem resultar em maior captação e fidelização dos passageiros, construindo uma imagem de empresa preocupada com o bem estar social, melhorando a qualidade de vida da população. As empresas que ainda não formularam suas estratégias para atrair e manter os usuários estão perdendo espaço em um setor cada vez mais competitivo. 141 7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 7.1 CONCLUSÕES O ônibus é o meio de transporte público mais utilizado para a maioria da população dos países em desenvolvimento, devido a sua flexibilidade e capacidade de transportar grandes demandas com custos de implantação baixos. Entretanto, até meados da década de 90, século XX, com a população dependente desse modal, as empresas de ônibus se preocupavam apenas com a arrecadação de lucro, sem levar em conta a satisfação do usuário como atributo importante para a sobrevivência das empresas do setor no longo prazo. Porém, a partir desse momento, o setor parou de prosperar com a entrada de concorrentes do ônibus, como transportes clandestinos, automóveis para classe média, com motor menos potente, começaram e empobrecimento a se deslocar das por classes modais sociais não D e E, motorizados, que como viagens a pé ou por bicicleta. Somando-se a este problema, outra dificuldade gratuidade, enfrentada principalmente de pelo setor idosos, é o deficientes ônus físicos da e estudantes, sem recebimento de subsídios do governo quanto a tarifa não auferida, além do advento da rede mundial de computadores resultando em menores deslocamentos da população para realizar atividades rotineiras. Entretanto, o setor, mesmo com seus problemas, pertence a uma das principais atividades econômicas do Brasil, pagando imposto, empregando e transportando milhares de pessoas; por isso, a preocupação dessa dissertação em encontrar outro modo de gestão para que o setor volte a crescer, porém de maneira que respeite seus usuários. 142 Sendo assim, um novo modelo de gerenciamento é necessário para que o transporte público coletivo recupere os passageiros perdidos nos últimos anos. Esta gestão se baseia em focar os negócios da empresa na satisfação das necessidades do cliente. Esta atenção ao cliente, a preocupação em atendê-los bem e saciar suas marketing, reivindicações onde as é parte necessidades de uma dos estratégia passageiros de são identificadas e atendidas. O marketing particularidade serviço, de do do transporte marketing público geral, relacionamento e urbano unindo interno, o é uma marketing mostrando que de as empresas de transporte, assim como todas as outras necessitam de clientes para continuarem atuando no mercado. A intenção das empresas em aplicarem ações de marketing é captar um maior número de clientes e fidelizá-los, trazendo uma maior rentabilidade para a companhia, logo, é fundamental saber o que estes clientes querem e desejam. Com essa informação facilita o fornecimento de um serviço que conquiste o usuário, resultando no bom funcionamento do setor. No Rio de Janeiro, cidade onde foram realizados os estudos de caso da realizaram dissertação, ações de poucas marketing com empresas o se intuito adiantaram de formar e uma estratégia que capte clientes e receita para a instituição. Porém, as empresas que descontinuaram a manutenção de uma estrutura tradicional (onde a manutenção de custos baixos é vista como o principal requisito para atingir lucros extraordinários) e passaram a se preocupar mais em atender as necessidades dos usuários, tiveram uma perda de passageiro (do ano de 1995 a 2004), em média 30% inferior ao das empresas que continuaram com a forma de gestão tradicional. Sendo assim, conclui-se que o modelo proposto nesse trabalho é uma alternativa bastante viável e eficaz para assegurar a 143 retomada das empresas de ônibus no mercado, fidelizando os clientes atuais e captando os potenciais. Em vários países pesquisados nessa dissertação, estas ações refletem a mesma expectativa, de cativar os clientes para que não se escoam empresas está mas em economicamente com outros concorrentes, brasileiras, paises para mais sistemas mostrando países que europeus desenvolvidos, concorrentes, sendo de transporte não e o apenas cidades mercado utilizada em ou cidades americanas, deste a para setor gestão de marketing para o transporte por ônibus para atrair passageiros e garantir que não haja queda da receita. 144 7.2 RECOMENDAÇÕES Como as empresas de ônibus que realizaram ações de marketing formularam suas estratégias recentemente, é viável que em um futuro próximo se analise a eficácia destas ações, para entender se são válidas tanto no longo como no curto prazo. Além disso, como a necessidade dos consumidores encontra-se em constante mudança, a pesquisa de opinião para entender o que os usuários esperam do serviço de transporte, para que a empresa formule sua estratégia de marketing, tem que ser feita anualmente. Outro item importante é a realização de estudos de caso em outras cidades brasileiras, assim como cidades internacionais, devido ao mercado de cada região ter suas particularidades, portanto as ações de marketing têm que ser diferenciadas e direcionadas para o público alvo. Estudos referentes a fatores sócio-econômicos da população, como: renda, viagens, faixa entre etária, outros, sexo, são escolaridade, importantes para motivo a de possível implantação de serviços segmentados para os usuários. Aplicar a proposta dessa dissertação em outro modal do transporte público pode resultar na descoberta de novas ações de marketing, além de um público usuário com características e expectativas não semelhantes as dos clientes de ônibus urbano. O metrô poderia ser o modal usado. Outro fator conhecimento clandestino. que real do Formular poderia ser público estudos mais que de aprofundado utiliza caso com o esta é o transporte camada da população pode acarretar em um entendimento mais intenso do uso deste modo de transporte por essas pessoas, propondo assim novas ações para o transporte público por ônibus. Conclui-se que muitos estudos e análises ainda podem ser realizados para chegar a conclusões mais completas e eficazes. 145 Todas essas recomendações levam tempo, mas cada uma seria importante para um estudo de marketing para o transporte, um setor ainda carente na aplicação estratégias. 146 e entendimento dessas 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALENCAR, R. Marketing Empresarial. Disponível em http://www.ceut.com.br/ArquivosProf (capturado em 09/2003). AMERICAN MARKETING ASSOCIATION – AMA, 2000. Disponível http://www.marketingpower.com/ (capturado em 09/2003). em ANTP (Comissão de Marketing). 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Caso não tenha gestão baseada resultado. 159 em marketing, qual o Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo