Anatomia - Curvaturas fisiológicas e seus eixos Quando nascemos, a coluna vertebral apresenta uma única curva, sendo convexa posteriormente. A partir do momento em que a criança eleva a cabeça a partir da posição prona e desenvolve a capacidade de sentar, a coluna cervical torna-se convexa anteriormente, formando uma lordose. Com a evolução, a criança consegue permanecer na postura ereta e caminhar, e as vértebras lombares desenvolvem uma convexidade anterior, também formando uma lordose. A partir dos 10 anos de idade, as curvas fisiológicas já estão iguais às encontradas no adulto, com três curvaturas principais: a lordose cervical (concavidade posterior), a cifose torácica (convexidade posterior) e a lordose lombar (concavidade posterior). O plano inclinado do sacro na posição ereta está a aproximadamente 30 graus na horizontal. A disposição particular dos ossos da região lombar é que determina a sua curvatura, fazendo com que a coluna seja côncava nesta região, sendo denominada de lordose lombar. É necessário distinguir entre a curvatura óssea que faz com que as vértebras estejam efetivamente em lordose e anteversão da pelve (aí o problema está na bacia e não na coluna), e a visão exterior desta região, que nem sempre está em correspondência com esta linha óssea. Isso mesmo! A curvatura pode se alterar em função da posição da pelve. Uma anteversão da bacia (báscula sobre os fêmures para frente) causa uma lordose lombar, ao passo que uma retroversão (báscula da bacia para trás) leva ao desaparecimento da lordose lombar. Outro fator que deve ser levado em conta é o volume das partes moles. Ou seja, uma pessoa com abdômen e glúteos avantajados pode transparecer um aumento da curvatura lombar acima do normal. Movimentos pélvicos, vista lateral. Fonte: Acervo Pessoal, 2009. Músculos da pelve que estão encurtados na anteversão e retroversão. Fonte: Na posição ereta, a anteversão é frequentemente causada por um encurtamento dos ligamentos ou músculos anteriores do quadril. Estes são flexores, que levam ao surgimento de uma lordose acima (ou uma flexão do joelho abaixo, ou dos dois juntos). Problemas como este devem ser corrigidos, pois não se trata de uma causa fisiológica. O problema não é lombar, e sim nos músculos do quadril. Na coluna torácica (ou dorsal), não há como dissociar as vértebras das costelas durante os movimentos. A mobilidade intervertebral é muito reduzida no alto desta região pelas sete primeiras costelas, ligadas anteriormente ao osso esterno. Esta limitação diminui em sequência, permitindo à região dorsal baixa permanecer bastante móvel, onde as últimas costelas são flutuantes. A região cervical também possui uma lordose, assim como na região lombar. Existe uma fisiologia entre as duas colunas; a superior e a inferior, que se completam com perfeição nos movimentos ativos. Anteflexão, que começa em cima, inicia-se por uma extensão occipital que faz o queixo entrar e depois enrolar a coluna inferior em extensão. A póstero-flexão, que começa embaixo, desenrola a coluna cervical inferior em flexão, depois termina por uma flexão occipital que báscula a cabeça para trás. Os movimentos das duas colunas cervicais podem sempre ser dissociados, ou seja, uma anteflexão ou uma póstero-flexão da coluna cervical inferior pode associar-se a uma flexão ou a uma extensão occipital para garantir a horizontalidade do olhar. Já na região sacra, os próprios ossos são construídos em forma de curva; no quadril verificamos que o sacro possui um posicionamento deslocado anteriormente. É como se uma pessoa se debruçasse sobre uma superfície. É o que chamamos de mutação sacra, onde a parte superior do sacro (platô do sacro), não é horizontal, mas oblíqua. Posteriormente posicionado sobre este platô do sacro, encontramos o primeiro disco intervertebral e a primeira vértebra (partindo-se de baixo para cima), ou seja, L.5. Essas duas peças são mais espessas anteriormente do que posteriormente. Então temos que o início da linha vertical da coluna é uma curvatura vertendo para trás. Para quem vai trabalhar tratando os desvios de coluna, é essencial os valores de referência dos ângulos normais da coluna, pois a partir destes é que podemos identificar o tamanho de um desvio postural e, posteriormente, traçar uma linha de tratamento adequado. - Cifose dorsal: 19 a 33 graus; - Lordose lombar: 25 até 42 graus; - Ferguson (curvatura lombossacra): 45 até 61 graus.