1 TRABALHO PRÁTICO Nº5 SÍNTESE DA ASPIRINA INTRODUÇÃO

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1º Ciclo Enologia
Química Orgânica I
TRABALHO PRÁTICO Nº5
SÍNTESE DA ASPIRINA
INTRODUÇÃO
O ácido acetilsalicílico é, desde há muito, utilizado como analgésico, anti-inflamatório
e antipirético. Comumente designado por aspirina, nome pelo qual foi patenteado pela
empresa alemã Bayer em 1893, e que, entretanto, caiu no domínio público, encontra-se entre
as mais fascinantes e versáteis drogas conhecidas da Medicina.
A aspirina é a principal droga usada actualmente para reduzir a febre, processo para o
que é particularmente adequada. Como anti-inflamatório tornou-se no tratamento mais
largamente eficiente para a artrite.
O método industrial de produção de aspirina é semelhante ao que iremos utilizar neste
trabalho prático e envolve a transferência, catalisada por ácido, de um grupo acetilo do
anidrido acético para um grupo hidroxilo fenólico do ácido salicílico (figura 1).
O
OH
O
OH
OH
O
CH
(C H 3 C O ) 2 O , H 3 P O 4
O
m icroondas, 5 m in.
Á cid o salicílico
3
Á cid o a cetilsa licílico
(A sp irin a )
Figura 1 – Síntese da aspirina.
A transferência do grupo acilo (R-CO+) efectua-se em Química Orgânica de diversos
modos, através de moléculas do tipo R-CO-X, em que X é um bom grupo de saída. Um
nucleófilo, ataca o carbono do grupo carbonilo, dá origem a um intermediário tetraédrico,
que expulsa em seguida o grupo de saída (figura 2). Os ésteres, anidridos e halogenetos de
acilo são compostos que podem sofrer reacções deste tipo.
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Química Orgânica I
R
X
C
X
R
R
C
O
Nu
Nu
C
O
+ X
O
Nu
interm ediário
tetraédrico
X = O R ´ (éster), O C O R (anidrido), H alogéneo; N u = nucleófilo
Figura 2 – Mecanismo da reacção de substituição nucleófila no carbono de um grupo acilo.
A síntese da aspirina pelo método que iremos utilizar neste trabalho prático, envolve
uma reacção de acetilação de um álcool catalisada por ácido, na qual o nucleófilo (grupo
OH) ataca o carbono de um grupo carbonilo do anidrido acético, dando origem a um
intermediário tetraédrico, que expulsa em seguida o grupo de saída (CH3COO-) (figura 3).
O
C
H 3C
+
C
O
O
O
O
CH
H O
P
3
OH
C
OH
C
H 3C
O
CH
H 2P O 4
+
3
-
OH
catalisador ácido
OH
OH
O
Á cid o salicílico
O H C
3
HO
O
O H C
3
HO
H
C
O
H 3P O 4 +
O
H
C
O
O
O
C
catalisador
ácido
O
O
H
CH
+
C
CH
3
H 2P O 4
-
3
interm ediários tetraédricos
O
OH
O
HO
O
O
H 3C
C
O
H
+
O
O
CH
C
CH
O
3
3
+
HO
C
CH
3
O
Á cid o a cetilsa licílico
(A sp irin a )
Figura 3 – Mecanismo da reacção de acetilação de um álcool com anidrido acético,
catalisada por ácido
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Nos sistemas biológicos, R-CO-X é normalmente um fostato de acilo ou um tioéster. O
coenzima-A (CoA) é um dos tióis mais importantes que a natureza utiliza para efectuar
acilações e que surge esterificado pelo ácido acético no acetil-SCoA (figura 4).
NH
O
N
Me
O
O
Me
S
OH
O
N
H
N
H
Me
P
O
N
OH
O
P
N
O
2
N
O
O
HO
H
H
O
H
OH
H
HO
P
O
OH
Figura 4 – Fórmula de estrutura do acetil coenzima-A
No presente trabalho a acetilação do ácido salicílico será realizada num forno de
microondas, procedimento que tem como principais vantagens proporcionar condições
experimentais suaves para a reacção (não se tornando necessária a utilização de banhos de
óleo quentes e placas de aquecimento) e reduzir drasticamente o tempo da mesma. A
evolução da reacção será controlada por cromatografia em camada fina (c.c.f.) e a pureza do
produto obtido avaliada através do respectivo intervalo de fusão.
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MATERIAL NECESSÁRIO
• 1 Copo de vidro de 50 mL
• Lâmpada de UV
• 2 Vidros de relógio
• Banho de gelo
• 1 Pipeta graduada de 5 mL
• 1 Vareta de vidro
• 1 Espátula
• Placa de aquecimento
• Pompete
• Funil de Büchner
• Pipeta de Pasteur
• Papel de filtro
• Forno de microondas
• Kitassato
• Placas de sílica gel para c.c.f.
• Estufa
• Capilares para aplicação de amostras em c.c.f. • Capilares de ponto de fusão
• 3 “politop´s”.
• Aparelho medidor de pontos de fusão
• Câmara de eluição
REAGENTES
• Ácido salicílico
• Solução etérea de ácido acetilsalicílico
• Anidrido acético
• Solução etérea de ácido salicílico
• Ácido fosfórico
• Água destilada
• n-Hexano
• Acetato de etilo
PROCEDIMENTO

Coloque, num copo de vidro de 50 mL, 1,40 g de ácido salicílico, 2,9 mL de anidrido
acético e uma gota de ácido fosfórico.

Cubra o copo com um vidro de relógio e coloque-o num forno de microondas, no modo
de potência média, durante 5 minutos.

Retire, com cuidado, o copo do forno de microondas e deixe arrefecer à temperatura
ambiente.
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
Química Orgânica I
Entretanto, numa placa de sílica para cromatografia em camada fina, previamente
preparada para a colocação de três amostras, coloque uma alíquota da mistura
reaccional, uma alíquota da solução etérea de ácido salicílico e uma da solução de ácido
acetilsalicílico. Após o desenvolvimento do cromatograma (n-hexano/acetato de etilo –
7/3) deverá observar, sob luz UV, uma única mancha que corresponde ao produto da
reacção. Se ainda observar a presença de material de partida coloque a mistura
reaccional no forno de microondas durante mais 5 minutos.

Se a reacção estiver completa, depois de arrefecido à temperatura ambiente, coloque o
copo contendo a mistura reaccional num banho de gelo para garantir a cristalização
completa do produto. Adicione água destilada gelada e recolha então os cristais
formados por filtração sob vácuo num funil de Büchner e proceda à sua recristalização
com água destilada.

Transfira o papel de filtro contendo os cristais para um vidro de relógio e coloque o
conjunto a secar na estufa.

Depois de secos, determine a massa dos cristais obtidos, o respectivo intervalo de fusão
e calcule o rendimento da aspirina obtida.
BIBLIOGRAFIA

Mirafzal, G. A.; Summer, J. M. J. Chem. Educ., 2000, 77, 356-357.

Williamson, K. L. Macroscale and Microscale Organic Experiments, 3ª Ed., Houghton
Mifflin Company, Boston, 1999.

Biossíntese de Produtos Naturais, 1ª Ed., Ana M. Lobo e Ana M. Lourenço, IST Press,
Lisboa, 2007.
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