A Influência do Ambiente de Hotéis no Comportamento de Consumo: uma Visão Teórica Autoria: Juliana Pinheiro da Silva, Yákara Vasconcelos Pereira Leite O turismo e a hotelaria têm se destacado, nas últimas décadas, como uma das atividades que contribuem no crescimento econômico do Brasil. Devido à sua importância na geração de empregos e renda, demonstrou-se ser oportuno estudá-los para melhor compreender e colaborar no desenvolvimento de suas organizações. Diante disso, o objetivo geral deste trabalho é propor um modelo teórico sobre a influência do ambiente da hospitalidade na experiência de consumo. Para investigar a temática, tomou-se como base, o modelo de Knutson e Beck (2003) que apresenta como o serviço é realizado, considerando desde o momento do check-in no hotel, no qual a experiência de consumo é iniciada até a sua saída. O ensaio teórico aqui apresentado segue uma corrente do marketing que percebe o consumo como uma experiência hedônica por natureza. Identificou-se que os consumidores têm seus estados emocionais alterados, de maneira positiva ou negativa, vivenciando sensações físicas que os fazem se sentir bem ou mal com a hospedagem. Percebeu-se que para haver continuidade e aprofundamento, principalmente no que tange às pesquisas em empresas hoteleiras sobre o comportamento de consumo, é importante recomendar estudos que integrem e ampliem o foco de análise apresentado. Com isso, sugere-se examinar quais fatores ambientais estão diretamente ligados a determinado (s) comportamento(s) de consumo, quais fatores são mais importantes nas diversas áreas do hotel (restaurante, apartamentos, área de lazer) e quais respostas internas são mais importantes, a fim de se obter uma experiência de consumo positiva. 1 Introdução Nos últimos tempos, vem ocorrendo uma crescente tendência em proporcionar experiências para os consumidores, principalmente, no setor dos serviços (BERRY; CARBONE; HAECKEL, 2002; PULLMAN; GROSS, 2003). Atualmente, o conceito de experiência no marketing implica em algo mais atrativo para os consumidores (WIKSTRÖM, 2004). Por esse motivo, o foco nas características funcionais e nos benefícios que os produtos proporcionam e a visão dos clientes como tomadores de decisão racional são algumas das principais características do marketing tradicional, as quais estão dando lugar ao marketing experiencial, que enfoca as experiências do consumidor (SCHMITT, 2002). O resultado dessa transformação e da procura por experiências por parte dos clientes, tem feito com que muitas empresas enfatizem as experiências que seus produtos e serviços podem oferecer, ressaltando a estimulação e os eventos memoráveis que o produto é capaz de produzir no consumo (WIKSTRÖM, 2004). O estudo do marketing experiencial está evoluindo no campo acadêmico, apesar de ainda serem poucos os estudos nessa área do marketing. Wikström (2004, p.60), por exemplo, afirma que: [...] embora o conceito de experiência seja usado em muitas estratégias de marketing no contexto de negócios, pouco é realmente, o conhecimento sobre os pontos de vista dos consumidores em relação à ‘experiência consumo’ e sobre os processos que acionam a experiência ou a excitação. Mesmo se os consumidores e as empresas tivessem a mesma opinião geral da experiência como algo estimulante e memorável, que desvia da rotina diária, este ponto de vista poderia divergir quando se tratasse de determinar o que cria o estímulo e os eventos memoráveis. Percebe-se, desse modo, um interesse maior por parte dos estudiosos (BITNER, 1992; BAKER; PARASURAMAN; GREWAL, 1994; MOTTA; CARVALHO, 2002; SALAZAR, 2006) em pesquisar os efeitos emocionais que o ambiente das empresas de serviços podem causar na experiência de consumo dos clientes. Um estudo mais aprofundado sobre o fenômeno também poderia contribuir na realização das decisões gerenciais das empresas de serviços, pois o cenário físico do serviço pode ajudar ou obstruir o alcance dos objetivos organizacionais e as metas de marketing da empresa (BITNER, 1992). Devido à interação subjetiva que o ambiente de serviços proporciona (ADDIS; HOLBROOK, 2001), os ambientes espaciais receberam a função de provedores-chave de experiências por Schmitt (2002). Os provedores-chave de experiências são ferramentas táticas de implementação do marketing, utilizadas com o objetivo de criar sensações, sentimentos, pensamentos ou ações (SCHMITT, 2002) e podem ser utilizados efetivamente nas empresas hoteleiras, pois seus consumidores geralmente procuram estímulos emocionais ou prazer nos serviços prestados (WALKFIELD; BLODGETT, 1999). A maioria dos estudos dessa área utiliza os ambientes de serviços como foco principal. A capacidade do ambiente de influenciar o comportamento do consumidor é mais visível em empresas prestadoras de serviços, pelo fato do serviço ser geralmente produzido e consumido simultaneamente, com a participação dos consumidores (BITNER, 1992). As empresas podem, assim, dispor de condições ambientais favoráveis, no momento da prestação de serviços, para estimular positivamente seus clientes, pois o cenário onde o serviço é prestado é “mais importante para o resultado da experiência” (WIKSTRÖM, 2004, p.71). Para explicar como os fatores do ambiente afetam a experiência de consumo dos indivíduos, os autores Mehrabian e Russell (1974), estudiosos do campo da psicologia ambiental, desenvolveram um modelo teórico que tem sido utilizado por muitos pesquisadores em ambiente de varejo (DONOVAN; RUSSITER, 1982; KENHOVE; DESRUMAUX, 1997; FOXALL; GREELEY, 1999). Segundo os autores, todas as respostas a um determinado ambiente podem ser consideradas como comportamentos de aproximação ou afastamento, sendo esses comportamentos mediados por reações emocionais: prazerdesprazer, ativação-desativação e dominância-submissão. Complementando esse pensamento, Bitner (1992, p. 62) afirma que as “percepções locais de serviços levam as determinadas emoções, crenças e sensações fisiológicas que influenciam os comportamentos”, elaborando, assim, novo modelo teórico. Desse modo, pode-se afirmar que o ambiente influencia positivamente quando o indivíduo apresenta respostas de aproximação (MEHRABIAN; RUSSELL, 1974; BITNER, 1992), ou seja, quando o indivíduo deseja permanecer no local, explorá-lo e se comunicar com os outros atores da prestação do serviço. Pois, quanto mais tempo o consumidor permanece no local, maior será a probabilidade de gastarem dinheiro e de desejarem retornar ao estabelecimento (WAKERFIELD; BLODGETT, 1996). Não sendo diferente no ambiente da hospitalidade. Entretanto, para estudar esse setor, faz-se necessário salientar que a quase ausência de estudos na área da hospitalidade já despertou a atenção de vários autores preocupados com a necessidade de maior aprofundamento acadêmico sobre o fenômeno. Conforme Lashley 2 (2004, p. 2), a hospitalidade merece estudos sérios, podendo, assim, “trazer melhor informação, não só para a prática da indústria como também para o esforço acadêmico”. Dado que poucas pesquisas teóricas e empíricas foram conduzidas de modo que investigassem o impacto da atmosfera na experiência de consumo nos serviços, torna-se adequado sugerir que se poderia ganhar muito ao analisar o papel da atmosfera no encontro do serviço (HOFFMAN; TURLEY, 2002, p. 33). Anos atrás, essa insuficiência de estudos, na área, também já tinha sido observada por Turley e Fugate (1992) quando afirmaram que a variável “lugar” não tinha recebido a devida importância que merecia no marketing de serviços. Assim, os empresários que tomarem conhecimento dos elementos do ambiente que afetam positivamente seus consumidores, poderão decidir com mais precisão as mudanças a serem realizadas, tais como a cor das paredes, as músicas escolhidas, a temperatura e a iluminação. Pois, para Baker e Cameron (1996), deveria ser prioridade dos administradores de serviços conhecer os níveis dos elementos do ambiente mais apropriados e confortáveis para seus consumidores. Wakerfield e Blodgett (1996) concordam com Baker e Cameron (1996, p.51) ao afirmarem que aqueles gerentes que focalizarem o ambiente de serviços, além da simples oferta de serviços primários, terão “maior chance de maximizar os lucros atuais e de longo-prazo”. Esse fenômeno se daria, segundo Wikström (2004), porque existem diferentes tipos de experiências de consumo, considerando um ramo em ascensão, ainda, pouco explorado pelas firmas. Por esse motivo, este trabalho tem como objetivo principal propor um modelo teórico sobre a influência do ambiente da hospitalidade na experiência de consumo. Para tanto, foi realizada uma revisão de literatura sobre a experiência de consumo e o ambiente de serviços na hospitalidade, para então, apresentar um modelo teórico voltado ao setor da hospitalidade, que serão apresentados a seguir. 2 Experiência de consumo De acordo com Schmitt (2002, p.77), que é um dos maiores estudiosos da área, “marketing experiencial baseia-se na teoria e prática psicológica do cliente em si e no seu comportamento”. Por esse motivo, o esqueleto do marketing experiencial é constituído por duas características: os modelos experienciais estratégicos (MEEs), que são o sentido, o sentimento, pensamento, ação e identificação, e os provedores de experiências, os ProExs, que são o espaço ambiental, as pessoas, a presença do produto, as comarcas, as comunicações, a mídia eletrônica e a identidade visual e verbal (SCHMITT, 2002). Segundo o mesmo autor, os apelos experienciais raramente têm como fruto um único tipo de experiência. Muitos empreendimentos bem-sucedidos usam híbridos experienciais, ou seja, a combinação de dois ou mais modelos experienciais estratégicos, com a finalidade de aumentar o apelo experiencial e aconselha: “o ideal é que os profissionais de marketing se empenhem de modo estratégico para criar experiências holisticamente integradas que possuam, ao mesmo tempo, qualidade de sensação, sentimento, pensamento, ação e relacionamento” (SCHMITT, 2002, p.83). As experiências foram definidas por Schmitt (2002, p. 71) como “acontecimentos individuais que ocorrem como resposta a algum estímulo”. Segundo Schmitt e Siminson (2002), as experiências sensoriais da empresa contribuem para a identidade organizacional, 3 uma vez que, as experiências não são na sua maioria espontânea, e sim induzida, os estímulos gerados pelas empresas podem fazer com que os consumidores as vejam como simpáticas, admiradas, interessantes etc. As experiências, com isso, podem ser classificadas em duas dimensões de acordo com Pine e Gilmore (1998). A primeira dimensão corresponde à participação do consumidor, que em uma escala vai da participação mais ativa em que os consumidores assumem papéis na experiência à participação passiva, na qual os consumidores não interferem no desempenho da experiência, são como simples observadores (PINE; GILMORE, 1998). As experiências são, portanto, “pessoais, envolvendo reações subjetivas, emoções privadas e imagens mentais” (DUBE; LE BEL; SEARS, 2003, p. 126), podem, assim, serem definidas como algo estimulador e inesquecível (WIKSTRÖM, 2004). Existem, no entanto, algumas diferenças entre as experiências de consumo. Addis e Holbrook (2001, p.57) sugerem que as diferenças entre as experiências de consumo possam ser explicadas pela ênfase de subjetividade e objetividade que o produto apresenta como característica principal. Os produtos possuem certas características objetivas, tais como a cor, formato, peso etc., enquanto que os consumidores incorporam uma “personalidade equipada por vários tipos de respostas subjetivas”, como sentimentos, emoções e crenças, a diferença entre as experiências de consumo é, então, determinada pela relevância ou características objetivas ou respostas subjetivas. O produto é considerado utilitário por natureza quando o indivíduo o utiliza devido às suas características funcionais, como, por exemplo, o uso de uma impressora. O consumo utilitário, ou seja, o uso de produtos utilitários está intimamente ligado à funcionalidade do produto e os sentimentos pessoais não interferem no funcionamento do produto. Por outro lado, caso a experiência de consumo apresente ênfase maior na resposta subjetiva do consumidor (emoções, prazer, sentimentos etc.) o produto é, assim, considerado hedônico por natureza. O consumo hedônico difere consideravelmente do consumo utilitário, por reconhecer os papéis das emoções no comportamento de consumo, por acreditar que o consumidor é dotado de sensibilidade com necessidade de diversão e prazer e pela significância dos simbolismos no consumo (ADDIS; HOLBROOK, 2001; WIKSTRÖM, 2004). Hirschman e Holbrook (1982) concordam com Addis e Holbrook (2001) ao explicarem que os produtos, na perspectiva hedônica de consumo, são vistos como símbolos subjetivos, e não como entidades objetivas, ou seja, concebe-se o produto em sua representatividade e não o que ele realmente é. Os autores definem o consumo hedônico como as “facetas do comportamento do consumidor que relaciona os multi-sentidos, fantasias e aspectos emotivos com o produto” (ADDIS; HOLBROOK, 2001, p. 92). No que se refere aos sentidos múltiplos, são incluídos os aromas, sons, o paladar, as imagens visuais e as impressões táteis. Existem, de fato, “muitos produtos que provocam insinuações que devem ser vistas, ouvidas, provadas, sentidas ou cheiradas” (HIRSCHMAN; HOLBROOK, 1982, p.100) em diversas situações de consumo, tais como comer em um restaurante, assim, esses canais sensoriais podem operar ao mesmo tempo. O encontro de serviços, ou seja, “a integração diádica que ocorre com os prestadores de serviços e os clientes”, é considerada como o ponto de partida nas avaliações do serviço pelos clientes (SAURA et al., 2005, p.50). As experiências de consumo nos serviços são, portanto, o resultado dessas interações entre “as organizações, os sistemas/processos relacionados, os funcionários e os consumidores” (BITNER et al., 1997, p.193). As experiências de consumo são criadas, moderadas e mediadas pelas emoções que são um estado mental que surge a partir de avaliações de um acontecimento ou pensamento e podem 4 gerar ações específicas, dependendo da natureza e dos pensamentos do indivíduo (GUTIÉRREZ, 2004). Assim sendo, observa-se que os esforços a fim de criar conexões emocionais com os consumidores por meio do planejamento eficaz dos elementos tangíveis e intangíveis dos serviços têm alcançado maior relevância por parte das empresas da hospitalidade (PULLMAN; GROSS, 2003). Dube, Le Bel e Sears (2003) acreditam que é possível administrar diferentes elementos objetivos, tais como o ambiente físico, recursos humanos e comunicação, com a finalidade de “moldar as percepções dos hóspedes de modo que criem experiências prazerosas” (DUBE, LE BEL E SEARS, 2003, p.125), pois de acordo com os autores, os aspectos específicos dos hotéis e restaurantes funcionam como provedores de benefícios particulares que ficam guardados nas mentes dos hóspedes. Já, a importância do lado social na troca mútua do serviço foi considerada relevante por Butcher (2005), principalmente nos serviços da hospitalidade em que existe grande contato entre os consumidores e os empregados. O autor definiu duas variáveis sociais (o conforto social e o valor social) capazes de influenciar o comportamento do consumidor e, consequentemente, os resultados do serviço, como as intenções de recompra. O conforto social foi definido como o “sentimento do consumidor de ansiedade ou relaxamento surgido da interação social com o empregado do serviço” (BUTCHER, 2005, p. 126). Os sentimentos de conforto surgem a partir dos comportamentos dos outros no local, portanto, dentro das interações do serviço, são muitas vezes dependentes das ações dos funcionários da hospitalidade. A segunda variável, o valor social, diz respeito ao sentimento de valoração e importância demonstrado pelos prestadores de serviços aos seus clientes na realização do serviço (BUTCHER, 2005). Por esse motivo, Castelli (2001) considera o elemento humano como sendo um fator fundamental na indústria da hospitalidade. Para Berry, Carbone e Haeckel (2002, p. 86), a experiência de consumo é considerada completa ou “total” quando existe uma composição de todas as evidências de experiências. Os produtos e serviços oferecem uma gama de evidências de experiências que vão desde elementos físicos do ambiente até os funcionários por meio de seus gestos, comentários, vestimentas e tons de voz. As evidências da experiência levam mensagens sugestivas para os consumidores e são dispostas em duas categorias. A primeira categoria se trata do funcionamento do produto ou serviço, no qual pode ser aplicado aos hotéis quando todos os aparelhos eletrônicos dentro do apartamento funcionam normalmente. A segunda categoria é constituída pelas emoções, incluindo os “cheiros, sons, paladares e texturas dos produtos e serviços, bem como o ambiente no qual são oferecidos” (BERRY; CARBONE; HAECKEL, 2002, p. 86). Os autores subdividiram a segunda categoria em dois tipos classificatórios de evidências, o tipo “mecânico” que diz respeito às evidências transmitidas por objetos materiais e o tipo “humano”, que são as evidências emitidas pelas pessoas envolvidas no processo do serviço. É o conjunto das evidências funcionais e emocionais da experiência que fará com que o consumidor decida se irá ou não comprar o produto ou serviço. A fim de explicar como o processo da experiência na hospitalidade se realiza e é construído, Knutson e Beck (2003) elaboraram um modelo teórico dividido em três partes específicas. A primeira parte do modelo é formada pelo estágio da “pré-experiência” do consumo, no qual engloba as expectativas criadas pela marca, atividades promocionais, campanhas publicitárias e pelas memórias pessoais armazenadas em uma experiência anterior. As expectativas de um produto ou serviço são muito importantes no momento do consumo, pois elas podem afetar “o valor, o nível de engajamento, ligação emocional, grau de participação e a quantidade de estímulos de uma experiência”. A segunda parte foi 5 considerada o “coração” (KNUTSON; BECK, 2003, p.30) do modelo e representa todas as experiências realizadas em tempo real nos encontros de serviços. Na hotelaria, essa parte do modelo está relacionada a todos os estágios que os hóspedes passam, incluindo o momento da realização da reserva do hotel, os procedimentos do check-in, estada e o check-out. Enfatizase que o grau de acessibilidade do serviço pode afetar o valor da experiência percebido pelos clientes. A acessibilidade dentro das experiências de consumo se refere ao custo, à entrega e à disponibilidade do serviço no momento em que o consumidor desejar adquiri-lo. A terceira parte do modelo é composta pela “pós-experiência” que se trata das percepções pessoais dos hóspedes em relação à experiência, o valor e a satisfação que eles atribuem a ela. É também na terceira parte do modelo que os atores incluem as reclamações dos clientes e suas resoluções por meio de um feedback após o consumo, para, então, concluir todo o processo da experiência de consumo (KNUTSON; BECK, 2003). 2.1 Ambiente de serviços Dentre os provedores-chave de experiência, como as comunicações, pessoas, identidade visual/ verbal, encontram-se os ambientes físicos, que são utilizados como instrumentos estratégicos no marketing com a finalidade de produzir experiências sensoriais, afetivas, cognitivas e físicas (SCHMITT, 2002). O ambiente de serviços demonstrou-se relevante devido a sua inclusão como “um dos poucos componentes-chave nos extensamente reconhecidos conceitos do encontro do serviço” (BAKER; CAMERON, 1996, p. 338). Devido à característica intangível que o serviço possui, o consumidor está sempre presente no local onde o serviço é produzido e interage com os funcionários da empresa, seria oportuno, desse modo, incluir mais dois “P’s” nos elementos compostos do mix de marketing: physical evidence (evidências físicas) e os participantes, que são todos os atores do encontro do serviço (BITNER, 1990). Para Kotler (1973, p.48), o lugar onde o servido é consumido, ou melhor, a atmosfera do local “é mais influente que o próprio produto na decisão de compra”, devido à natureza intangível dos serviços (TURLEY; FUGATE, 1992). A atmosfera pode ser considerada como um “componente ou fator da imagem de varejo” (TURLEY; FUGATE, 1992, p. 40) e, ao mesmo tempo, um espaço projetado previamente analisado a fim de criar certos resultados nos consumidores (KOTLER, 1973, p. 50). Mais do que simplesmente um lugar projetado, Kotler (1973, p.50) especifica a atmosfera como um “esforço de projetar ambientes de consumo para produzir efeitos emocionais específicos no consumidor que enfatiza a probabilidade de compra”. No campo da psicologia ambiental, o paradigma S-O-R (estímulo, organismo e resposta) de Mehrabian e Russell (1974) foi utilizado por Donovan e Rossiter (1982) para definir a atmosfera como um estímulo que causa uma avaliação do consumidor e, conseguinte, causa algumas respostas no comportamento de consumo. Segundo Hoffman e Turley (2002, p.35), o ambiente de serviços ou a atmosfera seria uma “evidência” na qual o consumidor utilizaria no momento em que fizesse uma análise subjetiva dos produtos do serviço. De um lado mais cognitivista, Bitner (1992, p. 58) determina que o ambiente de serviços é um “ambiente construído” composto por uma mistura de elementos. A autora, além disso, indica que a atmosfera de serviços pode tanto influenciar comportamentos e respostas internas quanto ser controlada pela empresa para realçar as ações dos consumidores. 6 O ambiente de serviços é, portanto, uma ferramenta de marketing (KOTLER, 1973; BITNER, 1990), um elemento da imagem da loja (TURLEY; FUGATE, 1992), uma “evidência” (HOFFMAN; TURLEY, 2002, p.35) e um estímulo capaz de provocar reações nos consumidores (DONOVAN; ROSSITER, 1982; MEHRABIAN; RUSSELL, 1974). 2.1.1 Variáveis do Ambiente De acordo com Hoffman e Turley (2002), a atmosfera é composta tanto por elementos tangíveis, tais como a construção física do edifício, os dispositivos elétricos, decoração etc. como pelos elementos intangíveis que são as cores, a música, a temperatura etc. Para Turley e Milliman (2000) são esses os elementos capazes de levar o consumidor a um estado emocional cognitivo, provocando, assim, alguns comportamentos ou respostas. Devido à lista interminável de fatores que compõem a atmosfera, Bitner (1992) subdividiu o ambiente de serviços em três dimensões. A primeira dimensão é comporta pelas condições ambientais, que se trata das características do background: a música, a temperatura, a iluminação, o barulho e o aroma. A segunda dimensão é denominada layout e funcionalidade do ambiente, o layout se refere a como as máquinas, equipamentos e móveis são dispostos no ambiente e a funcionalidade é a capacidade que os itens citados possuem em alcançar os objetivos e facilitar o desempenho do serviço. A terceira dimensão apresentada por Bitner (1992) considera os sinais, símbolos e artefatos que compõem o interior e o exterior da empresa e possuem função de comunicadores explícitos da estrutura. Tal dimensão abrange a qualidade dos materiais utilizados na construção, artesanatos, objetos nas paredes, como fotografias, certificados etc., ou seja, todos os elementos decorativos que se encontram no local. Bagozzi, Gopinath e Nyer (1999) compartilham desse pensamento ao afirmarem que o ambiente de loja, composto por música de fundo, marcas e iluminação deve ser administrado para produzir reações emocionais nos consumidores. Salazar (2006, p. 25) destaca que, além dos fatores já apresentados, há uma relevância maior do ambiente social, que “compreende as relações entre os clientes e entre estes e os funcionários”, principalmente nas empresas de serviço. Apesar de Bitner (1990) incluir os participantes na produção do serviço no mix de marketing, em seu estudo posterior (BITNER, 1992) não foram mencionadas as variáveis humanas. A participação dos seres humanos no conjunto de elementos que compõem o ambiente de serviços não pode ser negligenciada, pois a atmosfera da loja “influencia os consumidores e os empregados, que, por sua vez, pelas suas interações, influencia uns aos outros” (TURLEY; MILLIMAN, 2000, p. 194). Uma tipologia desenvolvida por Baker (1986, apud BAKER; PARASURAMAN; GREWAL, 1994), no entanto, abarca os fatores sociais juntamente com os fatores ambientais e de projeto. Os fatores ambientais e de projeto correspondem, respectivamente, às dimensões de condições ambientais e de layout/ funcionalidade/ decoração de Bitner (1992). Os fatores sociais são, portanto, os atores que participam da produção do serviço, que são os consumidores e funcionários (BAKER, 1986 apud BAKER; PARASURAMAN; GREWAL, 1994). Compõem o fator social o tipo, o número e o comportamento dos outros clientes no estabelecimento e a atuação dos empregados (BAKER; PARASURAMAN; GREWAL, 1994). As variáveis humanas também foram discutidas no estudo de Turley e Milliman (2000), nessa categoria os autores incluíram as características do consumidor e dos funcionários, a aglomeração de consumidores no local, privacidade e os uniformes vestidos pelos empregados. 7 A fim de classificar as várias empresas prestadoras de serviços de acordo com o seu ambiente, Bitner (1992) desenvolveu um modelo que coloca em categorias específicas os ambientes de serviços dentro de uma escala de duas dimensões extremas, a partir da natureza de sua administração. Num extremo estão as empresas self-service, nelas a atividade dos consumidores é alta no momento da realização do serviço e no outro extremo estão as empresas caracterizadas pelos serviços remotos em que há um baixo ou nenhum envolvimento do consumidor no ambiente de serviços. O ambiente dos hotéis está posicionado entre os dois extremos, no qual “os consumidores e empregados estão presentes e executam ações no ambiente de serviços” (BITNER, 1992, p. 58), sendo denominado o ambiente de serviços interpessoal. Os empreendimentos hoteleiros também foram descritos por Turley e Fugate (1992) como serviços de facilidades dirigidas. Segundo os autores, os hotéis dependem da habilidade dos consumidores de interagirem com o ambiente para produzirem uma experiência de consumo satisfatória. A atmosfera dos hotéis foi, também, considerada por esses estudiosos como o único meio tangível que os consumidores possuem no momento da prestação do serviço. Por isso que os serviços relacionados ao lazer, tais como os hotéis, requerem geralmente que os consumidores passem períodos extensos nas dependências físicas do ambiente de serviços (WAKERFIELD; BLODGETT, 1996). 2.2 Modelos teóricos O ambiente é capaz de influenciar uma gama de comportamentos no consumidor (HOFFMAN; TURLEY, 2002; WIKSTRÖM, 2004) e, por isso, desempenham um papel crítico nesse processo (WAKERFIELD; BLODGETT, 1999). Apesar de não terem especificado o ambiente em que o modelo desenvolvido pudesse ser utilizado, Mehrabian e Russell (1974) se destacaram ao criarem um modelo teórico utilizado em diversas pesquisas que abrangiam o impacto do ambiente no comportamento de consumo. Donovan e Rossiter (1982), por exemplo, comprovaram a eficácia do modelo ao estudar lojas de varejo. O modelo de Mehrabian e Russell (1974) determina que as respostas a um determinado ambiente podem ser consideradas como comportamentos de aproximação ou afastamento baseado no paradigma S-O-R (estímulo organismo e resposta). As características do ambiente (S) resultam em comportamentos de aproximação ou afastamento mediados pelos estados emocionais (O) ativados pelo ambiente (KENHOVE; DESRUMAUX, 1997; MOTTA; CARVALHO, 2002). Os comportamentos de aproximação estão relacionados ao desejo de permanecer no local, de explorar o ambiente e de se comunicar com os outros. Os comportamentos de afastamentos são, por outro lado, a vontade de sair do lugar, de evitar a permanência no ambiente e ignorar a interação e comunicação com os outros indivíduos no recinto. Tais comportamentos são, de acordo com os autores, mediados por estados emocionais de prazerdesprazer, ativação-desativação e dominância-submissão, o que resultou no modelo denominado PAD (pleasure/arrousal/dominance que significa prazer, ativação e dominância). Apesar da conveniência do uso das dimensões de prazer/desprazer e ativação/desativação no estudo sobre a influência do ambiente no comportamento humano, 8 para Donovan e Rossiter (1982), a dimensão “dominância” foi considerada pouco relevante, no momento em que as dimensões prazer e ativação podem representar as respostas afetivas e emocionais dos indivíduos dentro dos ambientes (RUSSEL; PRATT, 1980 apud DONOVAN; ROSSITER, 1982). Por esse motivo, Donovan e Rossiter (1982) consideram os principais estados emocionais mediadores dos comportamentos o prazer e a ativação. Não se pode esquecer que uma das primeiras contribuições nessa área de interesse, enfatizando especialmente o marketing, foi apresentada no modelo projetado por Kotler (1973). Segundo o autor, o processo no qual a atmosfera influencia o consumidor consiste na: inserção do produto dentro de um lugar “caracterizado por certas qualidades sensoriais”; percepção do consumidor em somente algumas qualidades do ambiente; efeito das qualidades percebidas na mudança das informações do consumidor sobre o produto e seu estado afetivo; e, aumento da probabilidade de compra a partir das informações e estados emocionais modificados. Com isso, observou-se que os vários elementos da atmosfera podem “disparar sensações no comprador que criam ou elevam um desejo por certos produtos, serviços ou experiências” (KOTLER, 1973, p. 53-54). Outro modelo foi o de Bitner (1992, p.61). Nele se explora, mais completamente, o processo da influência do ambiente de serviços no comportamento de consumo. O modelo propõe a divisão das respostas internas do consumidor em cognitivas, emocionais e fisiológicas e admite que o “ambiente de serviços influencia a natureza e a qualidade das interações entre consumidores e empregados”, principalmente nas empresas de serviços interpessoais, ou seja, nos hotéis. De acordo com esse modelo de Bitner (1992), os consumidores dentro de uma firma de serviços respondem cognitivamente, emocionalmente e fisiologicamente às dimensões físicas do ambiente de serviços. Assim sendo, o ambiente de serviços pode provocar: a) respostas cognitivas - “influenciando as crenças sobre o ambiente e sobre as pessoas e os produtos encontrados no local” (BITNER, 1992, p. 62). As percepções cognitivas do cliente podem, simplesmente, ajudá-lo a distinguir uma empresa das outras, por meio da categorização do ambiente. Um hotel que, por exemplo, possui uma decoração rústica pode fazer com que o hóspede acredite que o hotel seja aconchegante ou não, fazendo com que o hóspede o coloque em alguma categoria, ou de hotéis acolhedores ou de hotéis pouco acolhedores; b) respostas emocionais - qualificadas em duas dimensões: prazer/desprazer e ativação/desativação, de acordo com o modelo proposto por Mehrabian e Russell (1974), adaptado posteriormente por Russell e Pratt (1980). A dimensão “prazer” aumenta a probabilidade de comportamentos de aproximação e a dimensão “ativação”, quando não inserida em um ambiente nada prazeroso, também pode aumentar a possibilidade desse tipo de comportamento. Nas empresas hoteleiras, o fenômeno acontece quando os hóspedes se sentem bem dentro das facilidades do hotel e, assim, retornam ao hotel outras vezes,tornandose fiéis ou desejando estender o período de permanência no local; c) reações fisiológicas - que estão relacionadas ao conforto ou ao desconforto provocados pelo ambiente. Na hotelaria, o fenômeno pode ser identificado em diferentes ocasiões, tais como: a música com o volume muito alto pode causar dor de cabeça, a temperatura do 9 apartamento pode fazer com que o hóspede transpire ou não consiga dormir por causa do frio ou, até mesmo, a intensidade da luz pode fazer com que o cliente não consiga ver ou lhe cause dor. As respostas fisiológicas a um ambiente de serviços podem, portanto, implicar em crenças ou sentimentos positivos ou negativos sobre a empresa, seus empregados e produtos. As respostas internas do consumidor produzem, assim, um comportamento de aproximação ou afastamento (BITNER, 1992; MEHRABIAN; RUSSELL, 1974). Pode-se considerar que o ambiente influencia positivamente no momento em que o consumidor tem comportamento de aproximação (MEHRABIAN; RUSSELL, 1974), ou seja, quando ele deseja se afiliar ao local, explorá-lo, ficar mais tempo, manter um compromisso com o estabelecimento e faz planos de retornar ao local (BITNER, 1992). Segundo Kotler (1973), a influência positiva que o ambiente pode provocar se trata de um aumento da probabilidade do consumo dos produtos e serviços oferecidos pela empresa. Já que “as características do ambiente de uma loja influenciam as inferências que os clientes fazem sobre a qualidade das mercadorias e do serviço” (BAKER; GREWALL; PARASURAMAN, 1994, p. 223), quando os clientes perceberem que o ambiente de serviços é de alta qualidade, eles estarão mais satisfeitos com a atmosfera de serviços e, consequentemente, poderão ficar mais inclinados a retornar ao lugar (WAKERFIELD; BLODGETT, 1994). Por esse motivo, a qualidade inferida aos serviços prestados também pode ser considerada uma influência positiva. Muitas empresas, desse modo, estão enfatizando mais os efeitos dos vários estímulos provocados pelo ambiente durante a experiência de consumo do cliente, por acreditarem na premissa de que as emoções geradas impulsionam as respostas de compra dos clientes (BAGOZZI; GOPINATH; NYER, 1999). Essa opinião também é compartilhada por Walkfield e Blodgett (1994), pois, no ponto de vista desses autores, as empresas de serviços relacionadas ao lazer, dentre elas os hotéis, têm o consumo induzido pelos motivos emocionais. 3 Experiência de consumo na hospitalidade Para compreender melhor o segmento da hotelaria, é importante esclarecer o conceito de hospitalidade. Botherton e Wood (2004, p.205) afirmam que o setor hoteleiro e de restaurantes são produtos e/ou serviços oferecidos pela indústria da hospitalidade. O conceito “hospitalidade” pode, dentre as várias definições encontradas na literatura, ser entendido como o “conjunto de atividades do setor de serviços associados à oferta de alimentos, bebidas e/ou acomodação” (LASHLEY, 2004, p. 2). Os empreendimentos hoteleiros englobam, desse modo, as três características da hospitalidade, que são o oferecimento de alimentos e bebidas pelos bares e restaurantes dentro do hotel como também, o seu produto principal que é o apartamento. Após a revisão bibliográfica, chega-se ao modelo teórico que visa facilitar o entendimento de como o ambiente de serviços, neste caso, as facilidades de um hotel, influenciam o comportamento do consumidor. Tomou-se como base o modelo de Knutson e Beck (2003), que apresenta exatamente, como o serviço é realizado, considerando até mesmo, o momento do check-in no hotel no qual a experiência de consumo é iniciada. A partir desse primeiro contato até o momento do check-out, os hóspedes têm a percepção das variáveis 10 ambientais, que estão compreendidas entre os fatores ambientais (BITNER, 1992; HOFFMAN; TURLEY, 2002; KOTLER, 1973; TURLEY; MILLIMAN, 2000) e os sociais (BITNER, 1990; BAKER, 1986 apud BAKER; PARASURAMAN; GREWAL, 1994; SALAZAR, 2006; TURLEY; MILLIMAN, 2000). Durante o tempo em que o hóspede permanece no hotel, suas experiências em contato com a atmosfera de serviços são processadas cognitivamente (ver figura 1). Além disso, os consumidores têm seus estados emocionais alterados, de maneira positiva ou negativa, ocorrendo sensações físicas que os fazem se sentir bem ou mal com a hospedagem (BITNER, 1992; DONOVAN; ROSSITER, 1982; MEHRABIAN; RUSSELL, 1974). Figura 1 Modelo IAHCCH - Influência do ambiente da hospitalidade no comportamento de consumo dos hóspedes Variáveis ambientais Experiência de consumo Comportamento do Consumidor Fatores ambientais Fatores ambientais Processo Cognitivo Aproximação Tangíveis Tangíveis Móveis Móveis Equipamentos Equipamentos Utensílios Utensílios Artefatos de decoração Artefatos de Sinalização decoração Definição crenças Categorização Estabelecimento de significados Torna-se fiel Exploração do ambiente Permanecer mais tempo no Hotel Realizar planos Desejo de se comunicar com os outros hóspedes Atribuição de qualidade no serviço prestado Aumento do desejo em consumir Sinalização Intangíveis Som Intangíveis CorSom Decoração Cor Layout Decoração Temperatura Layout Odor Temperatura Interação Odor social Interação social Fatores sociais Fatores sociais Outros hóspedes Outros hóspedes Funcionários Funcionários Visitantes Estado Emocional Afetação no humor e na atitude Prazer/desprazer Ativação/desativação Afastamento Sensações físicas Dor Conforto/Desconforto Movimento Ajuste Relaxamento Não retorna ao local Vontade de sair do local Ignorar a interação e a comunicação com os outros indivíduos no recinto Não realizar planos Não atribuição de qualidade nos serviços prestados ou mercadorias consumidas Diminuição do desejo de consumir Fonte: Pesquisa realizada pelas autoras 11 Ainda na figura 1, propõe-se que os processos cognitivos, os estados emocionais e as sensações físicas sejam capazes de influenciar o comportamento de consumo dos hóspedes. Essas respostas às experiências vividas podem ser de aproximação ou afastamento. Entendese por aproximação como sendo comportamentos de consumo benéficos à organização, como a aferição de qualidade, fidelidade e maior desejo em consumir. Já os comportamentos de afastamento dizem respeito à insatisfação do cliente, é portanto, uma reação negativa às experiências vividas (BAKER; GREWALL; PARASURAMAN, 1994; BITNER, 1992; DONOVAN; ROSSITER, 1982; KOTLER, 1973; MEHRABIAN; RUSSELL, 1974; WAKERFIELD; BLODGETT, 1994). Desse modo, o Modelo Teórico IAHCCH demonstra ser relevante considerar diferentes fatores durante a interação do consumidor com o ambiente de serviços. 4 Considerações finais Para a elaboração deste estudo, optou-se por utilizar obras clássicas por perceber que praticamente a maioria dos estudos que trata da temática fora norteada por essas perspectivas. Isso demonstra o quão estão atuais. Portanto, enfatiza-se que a principal premissa que norteou esta investigação foi a de que os fatores do ambiente de hotéis podem influenciar a experiência de consumo dos hóspedes, provocando reações internas que levam a uma resposta positiva, que é o retorno ao mesmo hotel, a inferência de qualidade, a extensão da estada nos hotéis; ou, resposta negativa, que seria o oposto dos comportamentos mencionados. Outro aspecto de destaque é o da existência de distintos fatores do ambiente de serviços que podem passar por despercebidos pelos profissionais que trabalham com a prestação de serviços ou pesquisam essa temática. Aqui, foram acrescentados os fatores sociais que são comentados por alguns autores como fundamentais (BUTCHER, 2005; CASTELLI, 2001; SALAZAR, 2006; TURLEY; MILLIMAN, 2000), entretanto, nem todos modelos teóricos os contemplam. O ensaio teórico aqui apresentado segue uma corrente teórica do marketing que percebe o consumo como uma experiência hedônica por natureza. Para que haja continuidade e aprofundamento nessa área, principalmente no que tange às empresas hoteleiras e ao comportamento de consumo, é importante recomendar estudos que integrem e ampliem o foco de análise aqui apresentado. Com isso, sugere-se estudar quais fatores ambientais estão diretamente ligados a determinado (s) comportamento(s) de consumo, quais fatores são mais importantes nas diversas áreas do hotel (restaurante, apartamentos, área de lazer etc) e quais respostas internas são mais importantes, a fim de se obter uma experiência de consumo positiva. Referências 12 ADDIS, Michela; HOLBROOK, Morris B. On the conceptual link between mass customization and experiencial consumption: an explosion of subjective. Journal of Consumer Behavior, v. 1, n. 1, p. 50-66, 2001. BAGOZZI, Richard P.; GOPINATH, Mahesh; NYER, Prashanth. The role of emotions in Marketing. Academy of Marketing Science Journal, v. 27, n. 2, p.184- 206, 1999. BAKER, Julie; CAMERON, Michaelle. 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