IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO N.º 050200271-9/2001 ECT/DR/RJ Sociedade Brasileira de Patologia Clínica Medicina Laboratorial nº 26 novembro / 2006 Portais corporativos: uma ferramenta estratégica Uma das várias possibilidades que a internet oferece para o mundo dos negócios é o portal corporativo. Este espaço virtual que a empresa "utiliza" na rede mundial de computadores tem o potencial de ser uma importante ferramenta estratégica. No Brasil, ainda são poucas as organizações que criaram o seu portal, principalmente no setor de laboratórios clínicos. Nesta entrevista, o consultor Ricardo Saldanha explica o que é um portal corporativo, o que deve ser considerado na decisão de implantá-lo, sua importância e os benefícios que ele pode trazer para a empresa. Leia a entrevista completa na página 2. Marketing no mercado de saúde Em um mundo cada vez mais competitivo, as empresas são forçadas a modificar suas estratégias nos negócios e no relacionamento com o mercado. Hoje em dia, com o consumidor mais bem informado, não basta conquistar novos clientes. É preciso manter os que já existem mas podem ser arrebatados pelo concorrente. Neste artigo, os médicos e especialistas em administração na área de saúde, Eduardo Blay Leiderman e Paola Zucchi, mostram a importância das empresas que atuam nesse setor orientarem suas estratégias para o marketing, de modo a se organizarem para compreender os desejos e as necesssidades dos seus clientes. Leia o artigo completo na página 5. Gestão Estratégica em Medicina Laboratorial - 1 Portais corporativos: Uma ferramenta estratégica Existem diferenças entre intranet e portal corporativo? Foto: divulgação Os portais corporativos podem ser vistos como a evolução das intranets. São as "intranets de terceira e quarta geração". Hoje, do ponto de vista conceitual, a idéia de portal corporativo passa necessariamente por uma visão de integração entre internet, intranet, extranet e sistemas legados. Mas nem todas as empresas precisam integrar tudo - e aí começamos a falar em portal corporativo com ênfase em intranet, com ênfase em internet, e assim por diante. O que difere, de fato, um portal corporativo de uma intranet mais primária não são as características físicas, mas sim a visão estratégica. Portais corporativos querem apoiar diretamente o negócio, estão voltados a ajudar as empresas a serem mais competitivas na economia do conhecimento. Estamos falando, portanto, de administração de empresas no século 21 - e não de um sistema acessório e básico, como uma intranet, onde prevalece apenas a visão de repositório e de comunicação interna. Vale notar que o portal engloba tudo o que as intranets têm, mas vão além, muito além. Ainda são poucas as organizações no Brasil que têm um portal corporativo na internet. No setor de laboratórios clínicos esse número é ainda mais reduzido. Em alguns casos, isso se deve ao desconhecimento do que é essa ferramenta e do potencial que ela apresenta. Antes de tomar a decisão de implantar um portal corporativo é importante analisar cuidadosamente os benefícios que ele pode trazer e as necessidades da empresa. É preciso considerar, também, que existem portais com níveis diferentes de sofisticação e de complexidade. Nesta entrevista, o consultor Ricardo Saldanha explica o conceito de portais corporativos, o que deve ser considerado na decisão de implantá-lo e como ele pode ser útil para a empresa. Saldanha é sócio diretor da Plena Consultores e diretor do pólo-São Paulo da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC). 2 - Gestão Estratégica em Medicina Laboratorial É difícil ou complicado criar e implantar um portal corporativo? De certa forma, sim. Se ele for encarado como este elemento estratégico, que dá agilidade à empresa, então é preciso pensá-lo, planejá-lo e construí-lo como um elemento que congrega e dá vazão a várias demandas, de diversas áreas. É aí que surge a complexidade. Outro aspecto relacionado a isso está no fato de que vivemos um momento de transição. Portanto, além da preocupação com aspectos técnicos, é fundamental focar também a gestão da mudança, favorecendo a adoção. Portais corporativos são, portanto, soluções sócio-técnicas - usam a tecnologia, mas impactam fortemente os processos de negócio, mexem na vida cotidiana dos usuários. É comum falarmos em fazer um "projeto de portal corporativo" mas, na verdade, ele é algo vivo, orgânico, que, pela flexibilidade e integração, cresce continuamente. Se isso não for planejado, é fácil virar uma "colcha de retalhos" - característica ainda muito presente na maioria das intranets, por exemplo, que crescem desordenadamente, sob demanda. Isso precisa ser evitado e só o diagnóstico, o planejamento e a governança solucionam o problema. Como a empresa pode descobrir que chegou o momento de ter o seu portal corporativo? Essa decisão depende do porte da empresa? Vivemos um mundo em que a velocidade e a agilidade são fundamentais para manter a competitividade. Isso implica dizer que todas as empresas têm a ganhar com um portal corporativo. Entretanto, é nítido que para as "intensivas em conhecimento" trata-se de um item de sobrevivência, de missão crítica. Estão nesta categoria aquelas empresas que usam, processam e vendem informação e conhecimento. O IMP-Brasil (Índice de Maturidade dos Portais Corporativos no país) mostra que grandes empresas de serviços, situadas no Sudeste são as mais interessadas em portais. Fica claro que elas, por serem grandes, lidam com muita informação e conhecimento - e precisam colocar ordem no caos. Por serem de serviços, vendem seu know-how (são intensivas em conhecimento). E o Sudeste é a região mais competitiva, inclusive com empresas que atuam em escala global. O importante é que o esforço para montar um portal corporativo tenha como contrapartida benefícios claros. Ele é um meio, não um fim. Logo, cabe uma análise individual de cada empresa. Além disso, é importante lembrar que há sempre a possibilidade de diferentes níveis de sofisticação. Não existe um único portal corporativo. Pelo contrário, ele é sempre algo extremamente customizado. Fazendo um diagnóstico que parta do norte estratégico. Alocando profissionais que conheçam a especialidade e conheçam como portais podem apoiá-la. Para definir o uso do portal em apoio a finanças, por exemplo, nada melhor do que alguém, ou uma equipe, que conheça os dois aspectos. É por isso que a construção de portais eficientes passa pela montagem de uma equipe multidisciplinar. Existe o risco dos empregados usarem pouco ou não usarem o portal como forma de adquirir ou disseminar o conhecimento? Como evitar que isso aconteça e incentivar a participação de todos? Sim, o risco existe. O pior retorno do investimento (ROI) é fazer bem o dever de casa, do ponto de vista técnico, e depois ver que as pessoas não usam. É dinheiro jogado fora. Por isso, temos que focar na gestão da mudança. Identificar o grau de cultura digital. Sensibilizar as pessoas e levar informações a elas. Proporcionar, a partir de um Plano de Adoção, uma série de atividades que envolvem não só comunicação e endomarketing, mas também treinamento, coaching e formação de lideranças. Além disso, o bom diagnóstico deverá redundar em um portal aderente às necessidades das pessoas. Isso não é suficiente mas é fundamental: o portal precisa ser útil e as pessoas precisam reconhecer valor nele. O segredo está em definir o tamanho adequado do portal inicial Excesso de informação disponível pode ser prejudicial ao portal? Como encontrar a dose adequada, sem ser pequena ou excessiva? O portal deve nascer "pronto" (com a configuração definitiva), sujeito a passar por pequenas alterações posteriormente, ou deve ser implantado O excesso é o grande mal da vida digital. A overdose de aos poucos, à medida que as necessidades informação nos imobiliza. Um dos principais apelos dos forem surgindo? portais corporativos está na promessa de fazerem o just in O segredo está em definir o tamanho adequado do portal inicial. Se ele for pequeno demais, corre o risco de não se tornar o ponto de convergência e de não mostrar seu real valor. Se for muito grande, torna-se um projeto inexeqüível. O processo de diagnóstico e planejamento ataca este problema de frente: define a primeira versão e escalona no tempo as implementações de tudo que ficou de fora no primeiro momento. Como usar o portal corporativo como ferramenta estratégica para os negócios da empresa? time da informação: levar a informação certa, para a pessoa certa, na hora certa. A dose é uma decisão política e estratégica. Do ponto de vista técnico, o just in time se realiza pelo mapeamento das pessoas, dos conteúdos e dos processos. A taxonomia joga um papel fundamental, criando uma indexação-mestra. Em uma mineradora, por exemplo, eu posso ter uma pessoa que conhece tudo sobre minério de ferro; posso ter conteúdos relacionados à minério de ferro; e tenho processos envolvendo minério de ferro. Se eu crio uma "etiqueta digital", via taxonomia, em que um dos itens é "minério de ferro", ganho o poder, via portal, de direcionar os Gestão Estratégica em Medicina Laboratorial - 3 conteúdos certos para esta pessoa. E de permitir que os que atuam no processo encontrem não só o relatório que procuram, mas também os outros experts da organização naquele tema. O conhecimento reside não só nos documentos, mas também (e principalmente) na cabeça das pessoas - é preciso lembrar disso. Logo, estamos falando de integrar não só sistemas, mas também pessoas, avançando para o que chamamos de Portal Corporativo do Conhecimento, onde uma abordagem de Gestão do Conhecimento é utilizada na estruturação do portal. O termo "taxonomia", que usei nesta resposta, significa uma "hierarquia lógica de termos". Por exemplo, as pastinhas e sub-pastinhas que o usuário cria no seu computador constituem uma taxonomia pessoal. Então, é importante direcionar partes do conteúdo para pessoas ou grupos específicos na empresa? Sim. É fundamental segmentar, customizar e personalizar o portal. A idéia de um portal com home (página inicial) única, igual para todos, é ultrapassada. A tecnologia, a partir de um planejamento correto, permite que se identifique o usuário e, com isso, coloquemos em primeiro nível, na home, o que é mais interessante para o seu perfil. Isso sim é produtividade. É importante avaliar o desempenho do portal periodicamente? Como fazer isso? As empresas só não controlam e avaliam aquilo que não é importante... logo, é fundamental estabelecer métricas e acompanhar a sua evolução. Podem ser métricas de negócio (medir quanto o portal trouxe de vantagem para um processo, seja em redução de custos, seja viabilizando a inovação, por exemplo), métricas de funcionamento (nível de acesso, grau de uso e reuso de documentos) e métricas qualitativas (opinião e sensação dos usuários). O portal corporativo é uma tendência no meio empresarial? Sim. Pesquisas internacionais mostram que ele se tornará item de missão crítica - logo, indispensável - entre 2008 e 2010. E hoje só se houve falar em Web 2.0 e em SOA (Arquitetura orientada a objetos). Ora, portais já têm em seu discurso de integração, interoperabilidade e interação tudo que essas duas "expressões da moda" prometem. Em verdade, elas representam a evolução de conceitos e de tecnologias que o conceito de portal almeja desde 2000, quando surgiu. Estamos mais próximos de trazer, de forma mais fácil, todos os benefícios prometidos, portanto. O portal pode ser avaliado pelo número de acessos e pelo uso dos documentos Existe uma periodicidade adequada para atualizar o conteúdo do portal? A gestão de conteúdo de um portal deve ser construída a partir de uma alimentação descentralizada, mas com governança central. Isso significa que há vários autores, editores e validadores alimentando o portal continuamente. Se ele se torna uma ferramenta de trabalho, a atualização é constante. Qual área da empresa deve ficar responsável pelo portal: Comunicação, Tecnologia da Informação, Gerência...? Aquela que desperta primeiro para a importância do portal costuma ficar à frente do projeto, muito embora a governança do ambiente passe quase sempre por um comitê multidisciplinar. Portanto, não existe regra nesse caso . 4 - Gestão Estratégica em Medicina Laboratorial Como o Brasil se coloca nesse aspecto, em relação a outros países? A pesquisa IMP-Brasil, que realizamos em 2005 e 2006, mostra que apenas 7% das empresas da amostra atingiram um grau de maturidade que nos permite chamar seus ambientes digitais de "portais corporativos" (índice IMP 4, como chamamos). Logo, estamos engatinhando, mas há avanços: mais de 40% dos participantes da pesquisa estão com portais IMP 3, prestes a evoluir. Comparando com o cenário internacional, estamos um pouco atrás, mas não muito. O tema ainda é de vanguarda em qualquer lugar do mundo. Ricardo Saldanha [email protected] Foto: Lizimar Dahlke Aplicação dos conceitos atuais do marketing para o mercado da saúde Eduardo Blay Leiderman (1) Paola Zucchi (2) “Quando as mudanças do mundo ocorrem em velocidade maior que a nossa, é sinal de que as coisas estão ficando complicadas.” Jack Welch, ex-presidente da General Eletric A mudança é o processo essencial de todo o mercado atual. No mundo de hoje a única certeza é a mudança constante, em intensidade e profundidade crescente e na velocidade da informação - a velocidade da luz. O mundo da gestão empresarial precisa se reinventar constantemente e este é o contexto em que se situa o mercado dos laboratórios de análises clínicas. Este cenário dificulta a tomada de decisões corretas. As empresas sujeitas ao maior risco são aquelas que não conseguem monitorar seus clientes e concorrentes com cuidado e aperfeiçoar sempre suas ofertas de valor. Essas empresas assumem uma visão de negócios de curto prazo, direcionada para vendas e vão acabar por não satisfazer os acionistas, os funcionários, os fornecedores e os parceiros comerciais. (Kotler, Keller, 2006) O marketing voltado aos clientes e ao valor e a empresa orientada ao marketing Na atualidade, vários autores, tais como Kotler, Hooley e Ansoff enfatizam que as mudanças tecnológicas, socioculturais, econômicas e políticas vividas nos últimos anos forçaram as organizações a modificarem seu relacionamento com o cliente e com o ambiente competitivo de maneira geral. Dentre essas mudanças pode-se citar a globalização da economia, levando a um crescimento de mercado e alterando as arenas competitivas; o crescimento da informatização em todo o mundo e o advento da internet; o avanço da ciência e da tecnologia, possibilitando o desenvolvimento de novos produtos e causando o desaparecimento de outros; mudanças de atitudes em relação ao meio ambiente e à saúde individual. Nesse ambiente de rápidas mudanças, as organizações têm se esforçado para conquistar ou manter seus clientes, na medida em que o comportamento do consumidor vem também se modificando. Consumidores melhor informados e exigentes, novas necessidades em função das mudanças sociais e tecnológicas vão surgindo e demandando novos produtos e serviços e uma nova postura das empresas. A nova visão de marketing vem atender às exigências deste ambiente mutável e competitivo. Estamos vivendo a era do marketing voltado para o valor, ou seja, as empresas têm o cliente como principal foco de seu negócio. (Kotler, Keller 2006) Gestão Estratégica em Medicina Laboratorial - 5 A empresa alinhada a esta visão, não só no sentido conceitual, mas principalmente nas suas políticas e práticas internas e de mercado, é classificada como empresa orientada para o marketing. Orientar uma empresa para o marketing é defender a idéia de que sua tarefa principal é organizar-se no sentido de compreender os desejos e as necessidades dos mercados-alvo para satisfazê-los. Isto ocorre com o delineamento da comunicação, da política de preços da entrega e das ofertas ou dos serviços adequados. organização, trabalhando juntos, colocando o cliente no centro das atenções da empresa, que deve responder, servir e satisfazê-lo. A empresa orientada para o marketing tem como pressuposto que a chave para se atingir as metas propostas está no atendimento eficaz das necessidades e desejos do consumidor. Para isto é necessário que a empresa defina seu mercado-alvo, busque conhecer profundamente as necessidades deste mercado, promova a integração das diferentes áreas da empresa e na medida em que satisfaz as necessidades dos consumidores, obtém vantagem competitiva sobre os concorrentes. (Kotler, 1998) O marketing deve abranger a empresa inteira Percebe-se nessa nova orientação das empresas o crescimento do poder dos consumidores na relação de troca com elas. No entanto, de acordo com Churchill e Peter (2000), esta abordagem é ainda limitada e não oferece sempre vantagem para a empresa. Consideram que, ao centrarem-se nas necessidades dos clientes, as empresas subestimam outros grupos importantes como fornecedores e empregados. É com foco nestes e em outros grupos que podem interferir na competitividade da empresa que surge o marketing voltado para o valor. Para Drucker, marketing é tão fundamental que não basta montar um forte departamento comercial ou de vendas e confiar esta função a ele. O marketing é muito mais amplo que as vendas, mas não é uma atividade especializada. Abrange a empresa inteira. É a empresa inteira vista sob a perspectiva do seu resultado final, ou seja, sob o ponto de vista do consumidor. O interesse e a responsabilidade pelo marketing devem, portanto, se espalhar por todos os setores da empresa. (Drucker, 1981) Ainda para Drucker, o marketing é tão básico que não pode ser considerado uma função separada. É o negócio como um todo analisado do ponto de vista de seu resultado final, isto é, do ponto de vista do consumidor. O sucesso da empresa não é determinado pelo produto, mas pelo consumidor. O trabalho de marketing é buscar, através do esforço de prospecção, da imaginação e da inovação, as coisas certas a se fazer do ponto de vista mercadológico. Afora marketing e inovação, todas as outras funções empresariais são meios. (Drucker, 2004) De acordo com Kotler e Keller (2006), no caminho para se converter numa orientação de marketing, a empresa enfrenta três obstáculos: resistência organizada, lentidão para aprender e rapidez em esquecer. Alguns departamentos da organização podem acreditar que uma função de marketing mais forte ameace seu poder corporativo. A visão de orientação de marketing trouxe um conceito de integração entre todos os departamentos/funções da 6 - Gestão Estratégica em Medicina Laboratorial O marketing hospitalar e de laboratórios inserido no contexto do marketing de serviços A aplicação dos conceitos de marketing chegou tardiamente à área da saúde, no final dos anos 70. Formalmente, o marketing de serviços de saúde foi reconhecido em 1977, no ano em que a Associação Americana de Hospitais promoveu sua primeira convocação sobre marketing. Neste ano foi também publicado o primeiro livro sobre marketing de serviços de saúde, nos Estados Unidos. Nessa mesma época - final dos anos 70, é que os hospitais americanos começaram se organizar e estruturar em termos de funções de marketing. O mercado hospitalar e de laboratórios de análises clínicas lida com o bem mais essencial ao ser humano, a saúde, o que leva a uma ampla repercussão social, ética e jurídica. Devido a estes aspectos específicos da saúde, a aplicação dos conceitos do marketing de serviços neste mercado reveste-se de características próprias, dentro do conceito mais amplo do marketing de serviços. É também devido a estas especificidades que somente nos últimos anos as organizações de saúde, inclusive as sem fins lucrativos, passaram a acolher de forma mais generalizada os conceitos de marketing de serviços, se estruturando e investindo no planejamento e nas ações de marketing. Segundo Heckmann (1999), em pesquisa da Sociedade Médica Americana, há uma demonstração de que o preconceito em relação ao marketing ainda é grande, mas está diminuindo gradativamente, sendo a saúde um produto com características próprias, que exige um procedimento mercadológico absolutamente ajustado para tal. O marketing ainda é visto com algum ceticismo por alguns administradores da área da saúde, que imaginam que ele é necessário somente quando a empresa está num ambiente de baixa competitividade. (Wrenn, 2002). Robbins, Kane e Sullivan (1988) denominaram a fase pelo que estavam passando os hospitais americanos, em termos de marketing, como a "infância". A orientação de marketing para as organizações de saúde As dinâmicas sociais e culturais, a evolução tecno-científica na área da saúde e a busca pelo acesso universal e eqüitativo a uma assistência médico-hospitalar de qualidade criaram um novo cenário, onde o marketing especializado passou a ser um elemento estratégico, indispensável para o sucesso das organizações de saúde, como os laboratórios de análises clínicas. A literatura mostra que no ambiente atual, altamente competitivo e de restrição de recursos, a orientação de marketing é reconhecida como uma função necessária na gestão das organizações de saúde, sendo superior aos outros tipos de orientação, chamadas de orientação para a produção, produto e vendas. (Loubeau, Jantzen, 1998; Kotler, Keller, 2006) Best (2000) fornece uma visão geral de como e por que a orientação de marketing é relacionada ao desempenho. Diversos estudos específicos confirmaram também este relacionamento, tanto no contexto dos negócios em geral, quanto no contexto específico da assistência à saúde (Narver, Slater, 1990; McDermott, Franzak, Little, 1993; Kumar, Subramanian, Yauger, 1998). Uma série de estudos confirma a existência do relacionamento entre uma forte orientação de marketing com o desempenho dos hospitais (Raju, Lonial, Gupta, 1995; Raju, Lonial, Gupta, Ziegler, 2000; Raju, Lonial, 2001) A orientação de marketing tem um forte efeito no desempenho das organizações de saúde, independentemente do grau de incerteza do mercado enfrentado pela organização. O relacionamento entre a orientação de marketing e o desempenho é muito mais forte para organizações que vivenciam um ambiente de mercado com alto grau de incerteza, como o existente no Brasil. Assim, essas empresas devem trabalhar mais duramente para assegurar que sua orientação de marketing seja mantida em níveis elevados. (Subhash, Raju, 2001). (1) Médico, pós-graduado em Administração de Empresas, MBA e mestrando em Economia e Gestão da Saúde, diretor associado da Assector - Consultoria em Gestão de Saúde. (2) Médica, administradora hospitalar, doutora em saúde pública, vicecoordenadora e professora do Centro Paulista de Economia da Saúde CPES. Referências 1. KOTLER P, KELLER K. Administração de Marketing. 12ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall; 2006. 2. ANSOFF H.I., MCDONNELL E. Implantando a Administração Estratégica. 1ª ed. São Paulo: Atlas; 1993. 3. KOTLER P. Administração de Marketing: análise, planejamento, implementação e controle. São Paulo: Atlas; 1998. 4. MASLOW A.H. Motivation and Personality. New York: Harper & Row Publisher Inc.; 1970. 5. HOOLEY G, SAUNDERS J. Posicionamento Competitivo. São Paulo: Makron; 1996. 6. CHURCHILL JR G.A., PETER J.P.. 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