1 PROPOSIÇÃO DE FÓRMULA DE EXCIPIENTE

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PROPOSIÇÃO DE FÓRMULA DE EXCIPIENTE-PADRÃO PARA O
FÁRMACO AMOXICILINA MANIPULADO EM CÁPSULAS
ALMEIDA, Juliana Macedo Garcia (Farmácia Unitri, [email protected])
SANTOS, Carla Maria dos (Farmácia, Unitri, [email protected])
MORAES, Anamaria Junqueira de (Docente Farmácia Unitri, correspondência:
[email protected])
RESUMO
Amoxicilina, antibiótico β-lactâmico largamente utilizado, tem sua absorção via
oral dependente da liberação, dissolução e permeabilidade no trato
gastrointestinal. Em 1995 Amidon introduziu o Sistema de Classificação
Biofarmacêutico, o qual classificou os fármacos de acordo com características
de permeabilidade e solubilidade. Os de classe I são aqueles com alta
permeabilidade e alta solubilidade, os de classe II com alta permeabilidade e
baixa solubilidade, os de classe III com baixa permeabilidade e alta solubilidade
e os de classe IV com baixa permeabilidade e baixa solubilidade. Desta forma,
a amoxicilina como pertencente à classe IV demonstra biodisponibilidade
prejudicada. A RDC 67/2007 determina que sejam realizados estudos sobre
todos excipientes que compõem formulações contendo antibióticos. O objetivo
deste é propor uma fórmula, para ser excipiente-padrão da amoxicilina
manipulada em cápsulas, que contribua para a melhora da sua estabilidade e
biodisponibilidade. A metodologia adotada foi leitura, análise e documentação
sobre amoxicilina e excipientes variados; análise das fórmulas das
especialidades farmacêuticas contendo amoxicilina à venda no mercado
nacional; estudo aprofundado e comparativo das teorias e do material
analisado, além da comparação criteriosa dos levantamentos bibliográficos
realizados. A fórmula proposta têm na sua composição celulose microcristalina,
aerosil, estearato de magnésio, lauril sulfato de sódio e manitol.
PALAVRAS - CHAVE: amoxicilina, excipientes, cápsulas.
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INTRODUÇÃO
Os fármacos raras vezes são administrados isoladamente, sendo
usualmente pertencentes a formulações em combinação com um ou mais
agentes não medicinais, denominados excipientes farmacêuticos que
apresentam funções variadas e específicas. Os excipientes têm função de
solubilizar, suspender, espessar, diluir, emulsificar, estabilizar, conservar,
colorir, flavorizar, além de outras, possibilitando a obtenção de formas
farmacêuticas estáveis e eficazes. O desenvolvimento e a formulação
apropriados de uma forma farmacêutica requerem a consideração das
características físicas, químicas, físico-químicas e biológicas de todos os
fármacos e excipientes usados, além de análise fisiológica do local da
administração e absorção. O fármaco e os excipientes devem ser compatíveis
entre si para gerar um produto estável, fácil de administrar e seguro (ANSEL et
al., 2000).
As formas farmacêuticas sólidas administradas por via oral são
amplamente prescritas na prática médica. A manipulação, considerando-se
especificamente a manipulação magistral das formas farmacêuticas cápsulas,
permite a dosagem do fármaco de forma personalizada, a diminuição do custo,
e a possibilidade de se obter formas farmacêuticas com determinados
fármacos não existentes no mercado. A absorção do fármaco a partir das
cápsulas depende da sua liberação, da dissolução ou solubilização dos
fármacos sob condições fisiológicas e de sua permeabilidade através do trato
gastrointestinal (MANADAS et al., 2002; MARCOLONGO, 2003).
Qualquer fator que modifique os processos de desintegração e
dissolução da forma farmacêutica e do fármaco poderá prejudicar diretamente
a biodisponibilidade, a qual é expressa pela quantidade de fármaco absorvido e
velocidade do processo de absorção (DRESSMAN et al., 1998; STORPIRTIS,
CONSIGLIERI, 1995).
Com base nas propriedades de solubilidade e permeabilidade dos
fármacos, foi introduzido em 1995 em âmbito internacional o Sistema de
Classificação Biofarmacêutico (SCB) criado por Amidon e seus colaboradores.
Neste sistema os fármacos foram separados e classificados em quatro classes:
(AMIDON, et al., 1995).



Classe I: fármacos com alta permeabilidade e alta solubilidade (AP-AS):
esses fármacos são rapidamente e completamente absorvidos, com
extensão de absorção igual ou maior que 90%.
Classe II: fármacos com alta permeabilidade e baixa solubilidade (APBS): para esta classe, a dissolução é a etapa limitante para o processo
de absorção. A variabilidade na absorção destes fármacos pode ser
devida ás modificações da formulação e as alterações fisiológicas, que
podem interferir na maneira de cedência dos mesmos.
Classe III: fármacos com baixa permeabilidade e alta solubilidade (BP –
AS): a permeação do fármaco através da membrana intestinal é a etapa
limitante no processo de absorção. A velocidade e extensão de
3

absorção deste grupo de fármacos podem ser altamente alteradas
devido a diferença no trânsito gastrintestinal, conteúdo luminal e
permeabilidade da membrana e não á diferença de formulação.
Classe IV: fármacos com baixa permeabilidade e baixa solubilidade (BP
– BS): são fármacos que possuem alta oscilação na velocidade e
extensão de absorção. Desse modo, possuem absorção ruim.
Um fármaco com alta solubilidade é definido como aquele cuja maior
dose terapêutica pode ser dissolvida em 250 mL de um meio aquoso na faixa
de pH entre 1 e 7,5. O volume de 250 mL foi estabelecido baseando-se no
volume mínimo esperado no estômago de um voluntário, em jejum, submetido
a um estudo de bioequivalência, cujo o protocolo recomenda a administração
da forma farmacêutica com um copo de água.(GUIDANCE FOR INDUSTRY,
2000, p. 2).
Experimentos para determinação da solubilidade do fármaco podem ser
conduzidos a 37°C, utilizando-se um excesso do mesmo e variando-se o pH do
meio aquoso, através da utilização de deferentes tampões. A quantidade do
fármaco é colocada em um frasco contendo o tampão no qual o mesmo será
testado. Após um período prolongado de agitação, para que o equilíbrio possa
ser atingido, alíquotas da solução são retiradas e filtradas, antes da
quantificação com metodologia adequada (STAVCHANSKY; PADE, 1998).
A permeabilidade é definida como a permeabilidade efetiva do fármaco à
parede do jejuno e inclui a resistência aparente ao transporte de massa através
da membrana intestinal. Fármacos de alta permeabilidade são, geralmente,
aqueles estáveis nas condições do trato gastrointestinal e que apresentam
biodisponibilidade absoluta maior que 90% ou aqueles para os quais essa
propriedade foi determinada experimentalmente (BRASIL,1999, p. 26).
A amoxicilina é um antibiótico que possui característica ácido-resistente
e amplo espectro de ação, atuando contra bactérias gram- positivas e gramnegativas (HILTON, 1993). É um dos fármacos mais utilizados nas clinicas
médicas nos tratamentos de amigdalite, gonorreia, infecção do trato
respiratório, infecção urinária, otite, gastrite e úlcera (FERRAZ et al., 1998;
SPÁTOLA et al., 1987). De acordo com o sistema de classificação
biofarmacêutico pertence à classe IV e apresentando problemas com sua baixa
permeabilidade e solubilidade.
Assim, o objetivo deste trabalho é propor uma fórmula, para ser o
excipiente-padrão da amoxicilina manipulada em cápsulas, que contribua para
a melhora da sua estabilidade e biodisponibilidade.
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METODOLOGIA
A metodologia adotada foi leitura, análise e documentação da
bibliografia sobre excipientes variados, amoxicilina e o Sistema de
Classificação Biofarmacêutica; análise das fórmulas das especialidades
farmacêuticas contendo amoxicilina à venda no mercado nacional; estudo
aprofundado e comparativo da teoria e do material analisado com avaliação
criteriosa destes resultados obtidos.
AMOXICILINA - características
A amoxicilina é um antibiótico β-lactâmico semi-sintético bactericida da
classe das penicilinas, que apresenta um núcleo básico 6 – aminopenicilâmico,
que consiste em um anel tiazolidínico vinculado a um anel beta lactâmico que
comporta um agrupamento amino secundário (Figura 1). A estrutura da
amoxicilina é quase igual a da ampicilina, dela divergindo por apresentar um
grupo hidroxila em vez de hidrogênio. Porém a amoxicilina é mais bem
absorvida pelo trato gastrointestinal e a presença de alimentos não influencia
em sua absorção. Por apresentar o grupo amino, ionizável, seu espectro de
ação é amplo, por ser estável em meio ácido, foi projetada para o uso oral
(SWEETMAN, 2002).
Figura 1: Fórmula estrutural da Amoxicilina
A amoxicilina apresenta-se como pó cristalino, branco ou quase branco,
com odor característico. É ligeiramente solúvel em água, etanol e metanol,
insolúvel em benzeno, hexano, acetato de etila, clorofórmio, éter etílico e
acetonitrila, porém solúvel em meio ácido diluído. É sensível a umidade, sua
forma molecular é C16H19N3O5S e a massa molecular é 365,4042g/mol
(BRASIL, 2010, p. 620).
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As penicilinas, de modo geral, afetam a síntese dos componentes da
parede celular bacteriana. Esta estrutura dá as bactérias forma e rigidez, e
mais importante que isto, mantém a hipertonicidade do meio interno. A parede
celular das bactérias é essencial para seu crescimento e desenvolvimento da
parede celular que lhe dá estabilidade mecânica rígida em virtude de sua
estrutura altamente cruzada. É formada de cadeias de glicano que consistem
em bandas lineares de 2 aminoaçucares alternados (N-acetilglicosamida), que
apresentam ligações cruzadas com cadeias peptídicas (SWEETMAN, 2002).
Os antibióticos β-lactâmicos interferem com a síntese do
peptídeoglicano da parede celular bacteriana. Depois de conectar-se a
proteínas ligadoras da penicilina na bactéria inibem a enzima de
transpeptidação que faz a ligação cruzada das cadeias peptídicas conectadas
ao esqueleto do peptídeoglicano. O evento bactericida final é a inativação de
um inibidor das enzimas autolíticas na parede celular, levando á lise da
bactéria (RANG, et al., 2007).
Absorção da amoxicilina pelo trato gastrointestinal atinge 75 a 90%
dependendo dose oral. A concentração plasmática máxima (Cmax) da
amoxicilina é atingida após 2 horas da administração, atingindo níveis
plasmáticos de 10,3 µg/ml após a administração de 1g de fármaco (MOLINARO
et al.,1997,p. 1406) e 12,8mg/L após a administração de 2g do fármaco
(DAJANI et al., 1994).
A amoxicilina exibe baixa ligação plasmática as proteínas plasmáticas,
sendo em torno de 17% (BARR et al., 1994). É rapidamente distribuída pelo
corpo e possui um T1/2 (tempo de meia- vida de eliminação) que varia de 1,0 á
1,5 horas (SUAREZ-KURTZ et al.,2001).
A eliminação do fármaco ocorre preferencialmente por excreção na urina
em sua forma ativa, apresentando uma maior taxa de excreção quando
comparada a ampicilina. Após 6h da sua administração, 60% de uma dose oral
de amoxicilina é excretada inalterada pela urina por filtração glomerular
(MOLINARO et at., 1997).
EXCIPIENTES FARMACÊUTICOS
No preparo das formas comprimidos e cápsulas, normalmente são
acrescentados diluentes na concentração de (10 a 90%) para gerar um
volume/peso adequado ao seu preparo, lubrificantes na concentração de ( 0,
25 a 2,0 %) para facilitar o fluxo dos pós e evitar adesão destes aos
equipamentos utilizados, desintegrantes na concentração (5 a 15%) para
promover a desintegração da massa sólida, além de agentes molhantes na
concentração (1 a 1,5%) para aumentar a afinidade da forma farmacêutica para
com os líquidos corporais (FERREIRA, 2002).
Dentre todas as considerações a serem feitas sobre os excipientes no
contexto da farmacotécnica, cabe destacar a influência exercida por eles na
biodisponibilidade dos fármacos incorporados em formas farmacêuticas sólidas
6
orais. O tipo e a natureza dos excipientes utilizados na preparação de sólidos
orais são dois fatores que determinam a velocidade e a extensão na qual o
fármaco vai ser absorvido (STORPIRTS et al., 1999).
ANÁLISE DOS EXCIPIENTES UTILIZADOS NAS FÓRMULAS DAS
ESPECIALIDADES FARMACÊUTICAS À VENDA NO MERCADO NACIONAL
E EM LITERATURAS TÉCNICAS.
As formas farmacêuticas contendo amoxicilina isolada, à venda no
mercado nacional são suspensão oral, comprimidos e cápsulas. Aquelas de
importância para este estudo são as de formas farmacêuticas sólidas, isto é,
cápsulas e comprimidos, que estão enumeradas a seguir com breve análise
das suas formulações. Os excipientes utilizados foram estudados e tiveram
suas funções aventadas, com base na literatura, devido ao não acesso a estas
informações de modo preciso (FERREIRA, 2002; VILLANOVA, 2009)
A primeira fórmula a ser analisada foi a da cápsula AMOXICILINA®
500mg do Laboratório PRATI-DONADUZZI, conforme mostra o quadro1.
Quadro 1: Fórmula da AMOXICILINA® 500mg – cap. (Laboratório PRATIDONADUZZI)
Excipientes
Amoxicilina
Aerosil
Esterato de Magnésio
Laurilsulfato de sódio
Quantidade
p/p)
500mg
NI*
NI*
NI*
(% Função farmacotécnica
Fármaco antibiótico
Adsorvente e antiaderente
Lubrificante e diluente
Agente molhante
NI* – Não Informado
Como a amoxicilina é sensível à umidade, possivelmente o dióxido de
silício coloidal, também conhecido como aerosil, foi utilizado como adsorvente
de umidade e antiaderente, evitando que as partículas de água umedeçam o
fármaco. O Estearato de magnésio poderia ter sido usado como agente
lubrificante e antiaderente para evitar a aderência dos pós aos equipamentos e
melhorar seu fluxo e também como diluente, já que nenhum outro excipiente
descrito poderia desempenhar esta função. Houve a incorporação do lauril
sulfato de sódio que poderia ser utilizado como agente molhante com o objetivo
de melhorar a molhabilidade e garantir a solubilidade do fármaco.
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A segunda fórmula estudada foi da cápsula de AMOXICILINA® 500 mg
do Laboratório ACHÉ, quadro 2.
Quadro 2: Fórmula da AMOXICILINA® 500 mg –cáps. (Laboratório ACHÉ)
Excipientes
Amoxicilina
Esterato de Magnésio
Quantidade
p/p)
500mg
NI*
(% Função farmacotécnica
Fármaco antibiótico
Lubrificante e diluente
NI* – Não Informado
A análise da fórmula demonstra que foi utilizado apenas o estearato de
magnésio que neste caso agiria como lubrificante e antiaderente para evitar a
aderência dos pós aos equipamentos e melhorando seu fluxo além de poder
atuar como diluente, visto que nenhum outro excipiente foi relatado. Imagina-se
que o percentual deste excipiente tenha sido alto, mas nem por isto foi utilizado
um agente molhante para minimizar sua hidrorrepelência.
A terceira fórmula analisada foi da cápsula AMOXICILINA® 500mg do
Laboratório GERMED, demonstrada no quadro 3.
Quadro 3: Fórmula da AMOXICILINA® 500mg – cápsula (Laboratório
GERMED)
Excipientes
Amoxicilina
Esterato de Magnésio
Croscamelose Sódica
Talco
Quantidade
p/p)
500mg
NI*
NI*
NI*
(% Função farmacotécnica
Fármaco antibiótico
Lubrificante e diluente
Desintegrante
Diluente e lubrificante
NI* – Não Informado
Os excipientes utilizados pelo laboratório Germed foram o estearato de
magnésio que poderia estar operando como agente lubrificante para diminuir o
atrito dos pós com os equipamentos e melhorar seu fluxo, podendo também
agir como diluente, dependendo do percentual utilizado. A croscamelose sódica
poderia ter sido usada como desintegrante para facilitar a desagregação dos
pós promovendo assim a dissolução mais rápida do fármaco. O talco poderia
estar como diluente para gerar um volume necessário ao preparo e/ou também
como lubrificante.
A quarta fórmula analisada foi da cápsula AMOXICILINA ® 500 mg do
Laboratório TEUTO ( quadro 4).
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Quadro 4: Fórmula da AMOXICILINA® 500 mg - cápsula (Laboratório TEUTO)
Excipientes
Amoxicilina
Esterato de Magnésio
Croscamelose Sódica
Quantidade (%
p/p)
500mg
NI*
NI*
Função farmacotécnica
Fármaco antibiótico
Lubrificante e diluente
Desintegrante
NI* – Não Informado
Nesta formulação apresentada acima foi utilizado o estearato de
magnésio que poderia agir como lubrificante para reduzir o atrito entre os pós e
o equipamento e facilitar seu fluxo, ou mesmo como diluente para gerar um
volume de pó adequado ao preparo. A croscamelose sódica poderia ter sido
usada por sua função desintegrante para facilitar a desagregação da massa
sólida de dentro das cápsulas.
A quinta fórmula analisada foi do Laboratório Medley, a cápsula
AMOXICILINA® 500mg, conforme mostra o quadro 5.
Quadro 5: Fórmula da AMOXICILINA® 500mg – cápsula (Laboratório
MEDLEY)
Excipientes
Amoxicilina
Celulose microsrictalina
Croscarmelose sódica
Aerosil
Quantidade (% p/p)
500mg
NI*
NI*
NI*
Estearato de magnésio
Laurilsulfato de sódio
NI*
NI*
Função farmacotécnica
Fármaco antibiótico
Diluente e desintegrante
Desintegrante
Adsorvente e
antiaderente
Lubrificante e diluente
Agente molhante
NI*- não informado
O laboratório Medley utilizou a de celulose microcristalina que pode
atuar como diluente para da o volume de necessário ao preparo das cápsulas
e/ou como agente desintegrante para facilitar a desagregação da massa sólida
de dentro das cápsulas. A croscarmelose sódica também poderia estar aqui
para exercer sua função de desintegrante. O aerosil geralmente é utilizado
como adsorvente de umidade para proteger o fármaco. O estearato de
magnésio tem função de lubrificante para proporcionar um bom fluxo de pós,
podendo agir também como agente antiaderente e também como diluente,
dependendo da concentração utilizada. O uso do laurilsulfato de sódio poderia
estar relacionado à melhora da molhabilidade do conteúdo encapsulado, o que
contribuiria para o aumento a velocidade de dissolução do fármaco.
O laboratório União química teve a fórmula da cápsula
AMOXICILINA® 500mg analisada e discutida abaixo (vide quadro 6).
de
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Quadro 6: Fórmula da AMOXICILINA® 500mg – cápsula (Laboratório UNIÃO
QUÍMICA)
Excipientes
Quantidade (% p/p)
Amoxicilina
Estearato de magnésio
Laurilsulfato de sódio
Croscarmelose sódica
500mg
NI*
NI*
NI*
Função
farmacotécnica
Fármaco antibiótico
Lubrificante e diluente
Agente molhante
Desintegrante
NI*- não informado
A fórmula analisada apresentou na preparação das cápsulas de
amoxicilina o estearato de magnésio que atuaria como lubrificante para reduzir
o atrito entre os pós, melhorando assim seu fluxo, e/ou como diluente,
dependendo da concentração. O laurilsulfato de sódio poderia estar agindo
como molhante para auxiliar no melhor contato da água com os pós e portanto
facilitando a dissolução. Já a croscarmelose sódica que proporcionaria uma
desagregação mais rápida das cápsulas.
A sétima fórmula analisada foi do Laboratório Sandoz, a cápsula
AMOXICILINA® 500mg, demonstrada no quadro 7.
Quadro 7: Fórmula da AMOXICILINA® 500mg – cápsula (Laboratório
SANDOZ)
Excipientes
Quantidade (% p/p)
Amoxicilina
Estearato de magnésio
Celulose microcristalina
500mg
NI*
NI*
Função
farmacotécnica
Fármaco antibiótico
Lubrificante e diluente
Diluente e
desagregante
NI*- não informado
A fórmula acima é composta pelo estearato de magnésio poderia estar
sendo usado como lubrificante melhorando o fluxo dos pós e a sua não
aderência aos equipamentos e pela celulose microcristalina que poderia atuar
como desintegrante para facilitar a desintegração da massa sólida de dentro
das cápsulas. Qualquer um destes dois poderia atuar como diluente
dependendo dos percentuais adotados na formulação.
A fórmula abaixo (quadro 8) foi retirada de literatura específica sobre o
uso de excipientes.
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Quadro 8: Fórmula para cápsula AMOXICILINA - 250mg (VILLANOVA, 2002)
Excipientes
Amoxicilina
Aerosil
Quantidade (%
p/p)
250mg
0.5%
Celulose microcristalina
q.s.p 100.0%
Função farmacotécnica
Fármaco antibiótico
Adsorvente e antiaderente
Diluente e desagregante
A fórmula proposta por VILLANOVA (2009) tem na sua composição o
aerosil que é um agente adsorvente e antiaderente, empregado para melhorar
a estabilidade frente à umidade e para facilitar o processo de encapsulação,
além da celulose microcristalina um excipiente hidrofílico que tem função
desintegrante e principalmente, neste caso de diluente por estar em grande
concentração.
Já a nona fórmula analisada foi retirada do material didático
disponibilizado em curso promovido pelo Conselho Regional de Farmácia
destinado à capacitação de profissionais da área magistral no tocante ao uso e
seleção adequados dos excipientes em cápsulas (quadro 9).
Quadro 9: Fórmula para cápsula AMOXICILINA - 500mg (COSTA, M.R., 2013)
Excipientes
Amoxicilina
Lactose
Celulose microcristalina
Quantidade (% p/p)
500mg
25%
75%
Função
farmacotécnica
Fármaco antibiótico
Diluente
Diluente e
desagregante
A fórmula proposta por COSTA (2013) conta com lactose atuando como
diluente e com a celulose microcristalina atuando também como diluente além
de ter principalmente ação desintegrante.
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PROPOSIÇÃO DA FÓRMULA DE EXCIPIENTE-PADRÃO
AMOXICILINA MANIPULADA EM CÁPSULAS
PARA
De acordo com a RDC 67/2007, os excipientes devem ser padronizados
com base na compatibilidade das formulações descritas em compêndios
oficiais, farmacopéias e publicações cientificas indexadas (BRASIL, 2007).
Baseado nas características dos excipientes, na análise das formulações
presentes no mercado e nas propriedades estudadas da amoxicilina foi
sugerida uma fórmula para ser utilizada como excipiente-padrão para a
amoxilina quando manipulada em cápsulas. A descrição da fórmula está no
quadro 10 a seguir.
Quadro 10 – Fórmula proposta como excipiente-padrão para Amoxicilina
Excipientes
Celulose microcristalina
Aerosil
Quantidade (% p/p)
15%
1.0%
Estearato de magnésio
0.5%
Laurilsulfato de sódio
Manitol
1.5%
82%
Função farmacotécnica
Diluente e desagregante
Adsorvente e antiaderente
Lubrificante e antiaderente
Agente molhante
Diluente
Esta proposta levou em consideração além das propriedades físicoquímicas, a classificação da amoxicilina no SCB, selecionando excipientes que
poderiam influenciar positivamente na solubilidade, permeabilidade e
biodisponibilidade, além de suprir as demandas de ordem mais técnica.
As classes de excipientes necessárias para a composição desta fórmula
são desintegrantes, adsorventes, lubrificantes, molhantes, e diluentes. Como
representante dos agentes desintegrantes foi escolhida a celulose
microcristalina a 15% que atuaria facilitando a ruptura dos fragmentos das
cápsulas (VILLANOVA, 2009). O aerosil na concentração de 1 % agiria como
agente adsorvente, diminuindo a predisposição da amoxicilina em adsorver
umidade (VILLANOVA, 2009). Como agente lubrificante foi escolhido o
estearato de magnésio para melhorar as propriedades de fluxo dos pós e numa
concentração de 0,5% para que, mesmo este sendo hidrofóbico, não houvesse
influencia negativa na dissolução (VILLANOVA, 2009). Ao se pensar na
disponibilização do fármaco para se solubilizar e ser absorvido, foi selecionado
como agente molhante o laurilsulfato de sódio na concentração de 1,5% que
favoreceria a penetração de água na massa sólida, facilitando a dissolução do
fármaco (FERREIRA, 2002). Já como agente diluente foi escolhido o manitol na
concentração 82% pois sendo solúvel em água facilitaria ainda mais o contato
do fármaco com os líquidos corporais favorecendo sua solubilização, além de
não apresentar relatos de incompatibilidade com outras substâncias (OLIVEIRA
et al., 2009).
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CONCLUSÃO
Após a compreensão sobre padronização e escolha dos excipientes
observou-se a importância do Sistema de Classificação Biofarmacêutica como
ferramenta facilitadora no momento da seleção adequada. O conhecimento
sobre as diversas classes de excipientes, das suas funções diretas e indiretas,
dos seus constituintes e principalmente das peculiaridades de cada um, das
concentrações usuais igualmente necessárias.
Com base neste apanhado literário e na pesquisa do que está disponível
no mercado nacional e que está consagrado, foi proposta uma fórmula
contendo a celulose microcristalina, o aerosil, estearato de magnésio,
laurilsulfato de sódio e manitol.
Esta formulação foi desenvolvida a partir de bases teóricas, percebendose então que uma complementação prática neste estudo seria bastante
interessante. Para se comprovar a eficiência destes excipientes incorporados
sugere-se que sejam realizados testes de dissolução e/ou de permeabilidade in
vitro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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