Testes toxicológicos preliminares com o Fármaco Diclofenaco em

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Testes toxicológicos preliminares com o Fármaco Diclofenaco em Alevinos de
Rhamdia quelen.
Vanilva Pereira de Oliveira; Juliane Alessandra Cavalieri Soares e Gilmar Baumgartner.
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Programa de Pós-Graduação em Recursos Pesqueiros
e Engenharia de Pesca.
RESUMO
O aumento populacional, associado ao aumento da produção e consumo de
substâncias sintéticas, gera uma série de preocupações em relação ao ambiente
aquático por ser o receptor de despejo desses resíduos. A exposição do ecossistema
aquático à substâncias químicas pode causar sérios prejuízos à fauna e flora. Dentre
os fármacos, o diclofenaco, pertencente a classe dos AINEs é um dos mais
comercializados, sendo utilizado para tratamento de febres e dores. Existem outros
trabalho que avaliaram potencialidade tóxica deste fármaco em organismos aquáticos,
sendo que a toxicologia é uma ferramenta importante para a avaliação dos impactos
de poluentes a biota aquática. Sendo assim, este estudo teve como objetivo, avaliar a
toxicidade aguda de alevinos de Rhamdia quelen expostos a diferentes concentrações
de diclofenado (0,00 (controle); 1,0; 2,0; 3,0; 4,0; 5,0 e 6,0mg/L), sendo que foram
utilizados 2 alevinos por tratamento. Os testes foram do tipo estático, tiveram a
duração de 48 horas, e ao final, os organismos mortos foram quantificados. A
ocorrência de mortalidade foi de 00 no controle (o que valida os testes), 01, 02, 01,
00, 01 e 01 mortes respectivamente. Este estudo preliminar sugere que o diclofenaco,
possa acarretar danos ambientais de diversas formas, dependendo da quantidade
despejada em corpos aquáticos. Novos testes agudos poderão ser feitos a partir deste
preliminar a fins de determinar a Concentração Letal Média (CL50), além de testes
crônicos, que poderão avaliar a nível fisiológico dos efeitos deste fármaco.
Palavras-chaves: Toxicologia; Diclofenaco; AINEs; Rhamdia quelem e TestesAgudos.
INTRODUÇÃO
Classificada como um recurso mineral ameaçado, a água, contaminada, vem
colocando em risco a sobrevivência da espécie humana (TUNDISI, 1999).
Principalmente em decorrência do aumento constante na produção e consumo de
substâncias orgânicas sintéticas, a contaminação do meio hídrico por compostos
orgânicos é um fenômeno que se torna cada vez mais importante, tendo
inevitavelmente, depois de utilizadas, seu lançamento no meio hídrico (BAIRD, 2002).
Á classe dos AINEs, compreende os fármacos mais utilizados de todos os agentes
terapêuticos. Este grupo possui uma grande diversidade de compostos, que correspondem a
diferentes classes químicas (RANG e DALE, 2007). Devido ao efeito antipirético e analgésico
apresentado por alguns fármacos pertencentes a este grupo terapêutico, estes são
amplamente indicados para tratamento de febres e dores. (KATZUNG, 1995). O Diclofenaco,
possui um perfil farmacológico registrado em diversos estudos básicos e clínicos e está
disponível internacionalmente há mais de 40 anos. É o 8° medicamento mais comercializado
no mundo, dentre os AINEs, e o mais frequentemente prescrito (GELLER et al,. 2012). As
avaliações de toxicidade de fármacos geralmente são realizadas apenas para
substâncias individuais, e não para efeitos sinérgicos, entretanto, alguns compostos
são carcinogênicos, mutagênicos ou apresentam efeitos que afetam a reprodução, e
porém, não há um procedimento padronizado para conectar esses efeitos com sua
emissão de fármacos no ambiente (KUMMERER, 2004). A espécie de peixe em foco,
o Rhamdia quelen (Siluriformes, Heptapteridae) é uma espécie amplamente
distribuída na América do Sul e Central, ao leste dos Andes e entre a Venezuela e o
Norte da Argentina (SILFVERGRIP, 1996). Está espécie apresenta migração lateral é
encontrada em lagos, reservatórios e rios, é um peixe de hábito bentônico, (GOMES
et al., 2000; SCHULZ e LEUCHTENBERGER, 2006). O efeito das substancias
químicas está relacionado com a sua concentração no meio e seu tempo de
permanência ou tempo de exposição sobre o organismo. Os testes de toxicidade são
aplicados para avaliar os efeitos adversos do composto químico em um organismo.
(SILVEIRA, 2007). Para garantir conservação e proteção aos mananciais é necessário
estender ações de monitoramento e manejo para toda bacia hidrográfica, em função
do s seus usos e ocupações, que em primeira instância definem a quantidade e
qualidade da água (TUNDISI; MATSUMURA -TUNDISI, 2008).
OBJETIVO
O presente estudo teve como objetivo avaliar a toxicidade aguda de alevinos de jundiá
cinza (Ramdia quelen) expostos a diferentes concentrações do fármaco ibuprofeno.
Especificamente, os objetivos foram: a) verificar algum possível efeito do fármaco
sobre os organismos, como a mortalidade dos indivíduos; e b) produzir informações
que possam fornecer subsídio às políticas de gerenciamento ambiental e da qualidade
da água.
MATERIAIS E MÉTODOS
A manutenção dos organismos teste e o experimento foram realizados no Instituto de
Pesquisa em Aquicultura Ambiental (Inpaa) da Unioeste de Toledo/Pr. Anterior ao
experimento, os alevinos de jundiá (Rhandia quelen) adquiridos de uma piscicultura
local, foram aclimatados por 10 dias em um aquário com capacidade para 50 litros de
água, com oxigenação constante, temperatura de 25ºC ± 2, fotoperíodo de 12 horas,
pH de 7,3 ± 0,2 e alimentação diária com porções de ração comercial.
Para a realização dos testes agudos, os organismos utilizados foram alevinos de até
40 dias de vida, dispostos em aquários com aeração constante e sem alimentação.
Cada aquário continha 2 exemplares de organismos teste dispostos em 7 tratamentos
com 1 litro de solução teste, com as seguintes concentrações de Diclofenaco: 0,00
(controle); 1,0; 2,0; 3,0; 4,0; 5,0 e 6,0mg/L. Os testes foram do tipo estático e tiveram
a duração de 48 horas, sendo que os organismos mortos eram quantificados a cada
12 horas, sendo verificado também a temperatura, o pH e o oxigênio. Ao final do
experimento, os alevinos mortos foram quantificados a fins de verificação do efeito do
fármaco nos organismos.
RESULTADOS e DISCUSSÃO
Ao longo do experimento, a temperatura se manteve na faixa dos 25ºC, o pH 7,3 e a
taxa de oxigênio de 7,0 mg/L. Nenhum indivíduo apresentou mortalidade no controle,
o que valida os testes. Já nos demais tratamentos (1,0; 2,0; 3,0; 4,0; 5,0 e 6,0mg/L) a
ocorrência de mortalidade foi de 01, 02, 01, 00, 01 e 01 mortes respectivamente. As
concentrações de diclofenaco observadas em corpos d’água no Brasil, rementem
sempre a faixa de ng a μg/L, (GHISELLI, 2011). Foi encontrado em rios até 6,0 μg/L
e em esgoto bruto 2,87 μg/L dessa substância.
CONCLUSÃO
A preocupação com a presença de fármacos no meio aquático, solos e em outros
ambientes é uma realidade atual que requer regulamentação e monitoramento
ambiental. Para este estudo toxicológico, utilizamos um dos fármacos mais usados
na atualidade, pertencente a classe dos AINES, cujo uso clinico é antitérmico, antiinflamatório e analgésico, sendo amplamente comercializado. Este estudo preliminar
sugere que o diclofenaco, possa acarretar danos ambientais de diversas formas,
dependendo da quantidade despejada em corpos aquáticos, podendo resultar no
desequilíbrio trófico. A determinação da Concentração Letal Média (CL50) poderá ser
obtida através de novos testes agudos, com um maior número de réplicas e
organismos, a partir dos resultados destes testes preliminares. Alterações
comportamentais, interferências no ciclo reprodutivo, alterações histológicas e
hematológicas poderão ser observadas através de um teste crônico com o fármaco
utilizado. Sendo assim, concluímos que o experimento em questão poderá fornecer
subsidio para trabalhos futuros.
REFERÊNCIAS
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GELLER, M.; KRYMCHANTOWSKI, A. B.; STEINBRUCH, M.; CUNHA, K. S.;
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GHISELLI, G. Avaliação da qualidade das águas destinadas ao abastecimento
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Brasil, 2011.
GOMES, L. de C.; GOLOMBIESKI, J.I.; GOMES, A.R.C.; BALDISSEROTTO, B.
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TUNDISI, J.G. Limnologia no século XXI: perspectivas e desafios. Instituto
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TUNDISI, J.G.; MATSUMURA-TUNDISI, T. Limnologia, São Paulo: Oficina de
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