Desenvolvimento do Ensino da Economia no Brasil

Propaganda
RESENHA1
BIDERMAN, Ciro; COZAC, Luis Felipe L.; REGO, José Marcio. Conversas com
Economistas Brasileiros. Desenvolvimento do Ensino da Economia no Brasil. São Paulo:
Editora 34, 1996 p. 14-27.
Em linhas gerais, são identificadas três fases no desenvolvimento do ensino de
Economia no Brasil. A primeira vai de 1945 até o início da década de 1960 e “caracterizou-se
por promover um gradual e progressivo desenvolvimento das Ciências Econômicas, articuladas
à evolução das Ciências Administrativas e das Ciências Sociais” (Biderman, Cozac, Rego, 1996
p. 14). A segunda fase é marcada pelo estabelecimento dos primeiros centros de pós-graduação
em Economia no Brasil. A terceira fase caracteriza-se pela proliferação desses centros pelo país,
no final dos anos 1970.
Em 1945, a Economia foi incorporada no sistema universitário brasileiro com o
surgimento das duas primeiras faculdades no Rio de Janeiro e em São Paulo e a criação de um
currículo específico para o curso. Entre 1950 e 1964, a atuação dos economistas deu-se
sobretudo em instituições não universitárias, e é nessa época que surgem duas importantes
vertentes do pensamento econômico brasileiro, as correntes estruturalista e monetarista.
A Fundação Getúlio Vargas, criada em 1944 no Rio de Janeiro, também teve (e ainda
tem) um papel de relevância no cenário acadêmico nacional. Ela se caracterizava não somente
por um dualismo de atuação simultânea como instituição pública e privada, mas, também, por
um dualismo de atuação nacional/internacional. Esses dualismos, na verdade, não se limitavam
à FGV, eles faziam parte de todo o desenvolvimento do pensamento econômico do país naquele
período.
Iniciando o segundo período do ensino de Economia no Brasil, surgiram no Rio de
Janeiro, os primeiros programas de pós-graduação na área. Esses programas tinham como
objetivo selecionar e preparar economistas para que se candidatassem a bolsas de estudo e
pesquisa no exterior, particularmente nos EUA.
1
Esta resenha foi produzida pelos acadêmicos de ciências econômicas da Faculdade de Economia da UFJF
Gustavo Oliveira Martins e Túlio Mesquita Belgo sob orientação do professor Lourival Batista de Oliveira Júnior
dentro das atividades do programa Jovens Talentos para a Ciência da CAPES.
A evolução acadêmica pela qual o curso de Ciências Econômicas passava no Brasil
respondia não mais às questões relativas ao subdesenvolvimento latente, mas, aos problemas
derivados da nova fase de desenvolvimento que o país experimentava.
Como fruto dessas novas demandas, as instituições de ensino precisaram ampliar o
número de bolsas de estudo, para que, cada vez mais, alunos de Economia pudessem realizar o
intercâmbio internacional. Esses alunos, ao retornarem ao Brasil, assumiam altos postos
governamentais.
Em 1968, iniciou-se uma reforma educacional no ensino de Economia, juntamente com
a criação de novos centros de pós-graduação no Rio de Janeiro e em São Paulo. Essas iniciativas
permitiram um aumento na produção acadêmica da área, culminando na criação de diversos
periódicos e novos centros de pesquisa.
Inaugurando a terceira fase do ensino de Economia no Brasil, surgem, na década de
1980, os primeiros programas de mestrado do país, vários deles, financiados pelo governo
brasileiro. Como expresso no programa original, procurava-se dar aos alunos “uma sólida
formação teórica e institucional adequada ao entendimento de aspectos relevantes da economia
contemporânea, nos quais é dominante o envolvimento do governo” (Biderman, Cozac, Rego,
1996 p. 24).
Nota-se uma certa “especialização temática” nos programas de mestrado dos novos
centros de ensino. O economista Gustavo Franco emprega a dicotomia “mainstream/cepalinos”
para descrever os dois modelos dominantes neles: o primeiro modelo é baseado em
instrumentos quantitativos e é mais passível de sofrer influências internacionais; o segundo,
possui uma identidade própria e alternativa bem definida, sendo fiel às correntes cepalinas e
marxistas.
Download