Tratamentos farmacologicos utilizados

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Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas:
Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento.
Módulo 5 :: CAPÍTULO 1: Tratamentos farmacológicos utilizados no tratamento de
pessoas dependentes de substâncias
Flávio Pechansky e Lisia Von Diemen
Nota dos Organizadores
Alguns conceitos expressos nos textos deste módulo podem ser diferentes dos que você viu em
módulos anteriores. O objetivo destes capítulos é apresentar a filosofia e proposta dos profissionais
que atuam com diferentes tipos de abordagem. O conhecimento dos conceitos básicos destas
diferentes modalidades é importante para que você tenha elementos para decidir se o seu paciente
tem um perfil que provavelmente se adequará, ou não, a determinada modalidade terapêutica.
Os medicamentos utilizados no tratamento dos problemas com álcool e outras drogas visam
tratar a intoxicação, a síndrome de abstinência ou a síndrome de dependência das substâncias
psicoativas.
Este capítulo abordará o tratamento farmacológico somente para o uso de álcool, opióides e
benzodiazepínicos (tranqüilizantes), porque são substâncias que têm medicações específicas
para essas situações.
1. ÁLCOOL
ÁLCOOL
Síndrome de abstinência ao álcool (SAA)
O objetivo do tratamento da SAA é prevenir a ocorrência de:
•
•
•
convulsões,
delirium tremens e
morte por complicações da SAA.
O tratamento farmacológico da síndrome de abstinência de álcool inclui os seguintes
medicamentos:
•
Benzodiazepínicos (tranqüilizantes, calmantes): Os benzodiazepínicos de longa
ação (diazepam e clordiazepóxido) são as medicações de escolha para o tratamento da
SAA, pois são seguros e efetivos para prevenir e tratar convulsões e delírios. Os
benzodiazepínicos não devem ser utilizados se o paciente estiver intoxicado por
álcool.
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Atenção!!
Para pacientes idosos e indivíduos com problemas hepáticos,
recomenda-se a utilização de benzodiazepínicos de ação mais curta,
como o lorazepam, por exemplo. Sua dose varia de acordo com a
intensidade dos sintomas apresentados.
•
Haloperidol: é uma medicação antipsicótica que pode ser utilizada para tratar agitação
e alucinação. No entanto, pode aumentar o risco de convulsões.
•
Tiamina (vitamina B1): a suplementação de tiamina é importante para a prevenção da
síndrome de Wernicke, principalmente em pacientes desnutridos. Apesar de muitos não
apresentarem deficiência de tiamina, ela deve ser prescrita regularmente para todos os
pacientes em SAA, pois não apresenta efeitos adversos ou contra-indicações. A dose
utilizada é 300 mg/dia, via oral, sendo que nos primeiros 7-15 dias deve ser utilizada de
forma intramuscular.
Dependência de álcool:
•
Dissulfiram:
essa medicação foi aprovada para uso no tratamento da dependência de álcool na
década de 40 e, desde então, tem sido muito utilizada, apesar de sua eficácia não estar
comprovada.
O dissulfiram inibe a metabolização do álcool, causando reações
desagradáveis quando o paciente consome álcool. Essas reações vão desde rubor facial,
suor, náuseas e palpitações, até reações mais intensas como falta de ar, diminuição da
pressão arterial, tontura e convulsões. Reações graves são menos comuns, mas podem
ocorrer, como infarto do miocárdio, perda da consciência, insuficiência cardíaca e
respiratória e morte. A intensidade das reações irá depender da dose da medicação e da
quantidade de álcool consumida.
Atenção!!
O paciente sempre deve ser informado sobre as reações provocadas
pela medicação (dissulfiram) e deve ser orientado a não consumir
álcool em hipótese alguma (para alguns pacientes, vinagre, perfume e
desodorante podem ocasionar reações leves).
A dose usual é de 1 a 2 comprimidos de 250 mg, ao dia, e esse medicamento pode ser utilizado
regularmente ou apenas em situações de risco, apresentando custo baixo. Sugere-se que seu
uso ocorra em um programa de tratamento para dependência de álcool.
• Naltrexone:
essa medicação foi aprovada para tratamento da dependência de álcool, em conjunto com
intervenções psicossociais (ex: psicoterapia, orientação individual e familiar). Os estudos
iniciais sugeriam que a medicação diminuía os efeitos prazerosos do álcool e, com isto,
também diminuía a vontade de beber. Os resultados dos testes em pacientes alcoolistas
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mostraram que o naltrexone, quando combinado com intervenções psicossociais, diminuía
em 50% a chance de recaída, diminuía a vontade de beber e o número de dias bebendo.
A medicação é geralmente bem tolerada e os efeitos adversos mais comuns são náuseas,
dor de cabeça, ansiedade e sonolência. Utiliza-se o naltrexone na dose de 50 mg, uma vez
ao dia. Entretanto, é uma medicação cara para a realidade brasileira, com custo mensal em
torno de duzentos reais.
• Acamprosato:
é a medicação mais nova, aprovada para tratamento do alcoolismo, é efetiva na redução da
recaída de pacientes, além de aumentar o número de dias de abstinência de álcool. É
vendida em comprimidos de 333 mg e, em adultos com mais de 60 kg, a dose indicada é de
dois comprimidos, 3 vezes ao dia, com um custo mensal de cerca de cento e sessenta reais.
Os efeitos adversos mais comuns são diarréia, dor de cabeça, náusea, vômito e azia. O
acamprosato não tem interação com álcool e pode continuar sendo utilizado mesmo que o
paciente tenha recaído.
ATENÇÃO!!
Acamprosato não deve ser utilizado em pacientes com problemas
hepáticos ou renais graves.
2. Nicotina
NICOTINA
O tratamento farmacológico da dependência de nicotina pode ser realizado pela reposição de
nicotina ou pelo uso de determinados medicamentos.
A reposição de nicotina é feita com goma de mascar ou adesivo de nicotina (patch), que
pode ser aplicado por qualquer profissional de saúde treinado, sendo considerado um método
seguro no tratamento da dependência, além de ser popular e econômico.
A terapia de reposição de nicotina alivia os sintomas de abstinência e diminui a chance de
recaída, principalmente se estiver associada com medicação e/ou aconselhamento.
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Vale ressaltar: A reposição de nicotina não é indicada para mulheres grávidas, para menores
de 18 anos e para pacientes com problemas cardiovasculares graves. Vários medicamentos têm
sido estudados com o objetivo de manter a abstinência de nicotina, no entanto, o único
comprovadamente eficaz foi a bupropriona.
• Goma de mascar: recomenda-se utilizar uma goma de 2 mg ou de 4 mg por hora, para
dependentes mais graves, embora possa ser utilizada também nos intervalos, caso
apareçam sintomas de abstinência. O paciente deve ser orientado a mastigá-la devagar e,
para evitar intoxicação, suspender o cigarro. É recomendado evitar o uso de café, suco e
refrigerante imediatamente antes e depois de utilizar a goma, pois eles diminuem sua
absorção.
• Adesivos de nicotina: estão disponíveis em formulações de 7, 14 e 21 mg, que devem ser
prescritos de acordo com a gravidade da dependência, considerando que cada 1 mg equivale
a cerca de 1 cigarro. Devem ser aplicados pela manhã, uma vez ao dia, em regiões
musculares sem pêlos, variando o local de aplicação, que pode ser repetido a cada 3 ou 4
dias. A redução da dosagem deve ocorrer lentamente, podendo durar até um ano.
• Bupropriona: é um antidepressivo que se mostrou eficaz em aumentar o tempo de
abstinência e reduzir o aumento de peso, devendo ser prescrito cerca de uma a duas
semanas antes de o paciente parar completamente com o uso do cigarro. A dose pode ser
iniciada com 150 mg, uma vez ao dia, e passar para duas vezes ao dia, após alguns dias.
Quando o indivíduo parar completamente o uso do cigarro, a reposição de nicotina pode ser
iniciada.
3. Opióides
OPIÓIDES
Os opióides apresentam um grande potencial de abuso e dependência,
tanto os lícitos (morfina, meperidina, codeína) quanto os ilícitos
(heroína).
As
medicações
são
utilizadas
para
tratar
a
abstinência
ou
a
dependência dessas substâncias.
• Metadona:
É um opióide sintético de meia-vida longa, utilizado para eliminar os sintomas de abstinência
e como tratamento de manutenção. A dose inicial é de 15 a 30 mg via oral ao dia, podendo
ser aumentada conforme os sintomas do paciente. Ela deve ser calculada por equivalência, a
partir do opióide que o paciente estava utilizando. Essa substância pode ser utilizada por
períodos longos em conjunto com intervenções psicossociais (ex: psicoterapia, orientação
individual
e
familiar)
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deve
ser
retirada
lentamente.
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Importante!!
A metadona também causa dependência, mas a desintoxicação é mais fácil,
pois causa menos sintomas de abstinência. Estudos mostram que o uso de
metadona pouco interfere na vida diária dos pacientes, considerando-se que
sua administração é oral, uma vez ao dia, e tem custo baixo. Os resultados
obtidos com o uso da metadona para o tratamento da abstinência de
opióides mostram redução importante da gravidade dos sintomas de
abstinência, principalmente quando usada como parte de um programa de
tratamento (apoio psicossocial).
• Buprenorfina:
Vários trabalhos demonstraram a eficácia deste medicamento no enfrentamento da síndrome
de abstinência e na manutenção do tratamento. Alguns estudos sugerem que a buprenorfina
pode causar menos sintomas de abstinência do que a metadona, apresentando também
menor potencial para abuso.
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Blondell
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Ambulatory
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of
patients
with
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Atividades
1.
No tratamento da dependência de nicotina, é possível afirmar que:
a) A prescrição de bupropriona (Ziban®) sem outro tratamento é comprovadamente
eficaz
b) O melhor tratamento é a combinação de reposição de nicotina, bupropriona e terapia
comportamental
c) A fluoxetina é eficaz no tratamento da dependência de nicotina
d) A terapia de reposição de nicotina pode ser utilizada em mulheres grávidas
e) Nenhuma das anteriores
2.
Com relação ao uso de dissulfiram, para tratamento da dependência de álcool, é possível
afirmar que:
a) Ele causa muito efeito adverso, mesmo sem uso concomitante de álcool
b) Os sintomas mais comuns, quando associado a pequena quantidade de álcool, são:
rubor facial, suor e náuseas
c) A medicação pode ser administrada por um familiar sem o conhecimento e a
concordância do paciente
d) O dissulfiram é uma medicação nova, aprovada recentemente para uso na
dependência de álcool
e) Nenhuma das anteriores
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