ÁREA: CV ( X ) CHSA ( ) ECET ( ) AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA E ANTIBIOFILME DO PEPTÍDEO DERMASEPTINA 01 ENCAPSULADO EM NANOPARTÍCULAS DE GOMA DE CAJUEIRO Márcia Luana Gomes Perfeito (Bolsista PIBIC/CNPq), Patrick Veras Quelemes (Colaborador, UFPI), Alyne Rodrigues Araújo (Colaboradora, UFPI), José Roberto de Souza de Almeida Leite (Orientador, Departamento de Biomedicina/UFPI), Introdução A capacidade de bactérias patogênicas em resistir a agentes antibacterianos tem evoluído desde o início da terapia antimicrobiana e representa um sério problema na prática clínica, o que limita o arsenal de drogas disponíveis, tornando necessário o desenvolvimento de novas substâncias para combatê-las (MOHANTY et al., 2012).Nesse contexto, os produtos naturais são uma excelente fonte para a busca de novas drogas antibacterianas por terem uma diversidade molecular muito superior àquelas derivadas de produtos sintéticos (NOVAIS et al., 2003). Estudos apontam que pele das rãs é uma extraordinária fonte de peptídeos antimicrobianos que possuem um amplo espectro microbicida contra bactérias, fungos e protozoários. Tal fato é justificado pela a produção de peptídeos por anfíbios, que formam um dos principais mecanismos da imunidade inata. Essas moléculas possuem características particulares e potenciais utilidades terapêuticas, o que têm estimulado crescente interesse dos pesquisadores (RINALDI, 2002). Sendo assim, o Brasil é um país privilegiado por conter a maior biodiversidade de anfíbios do planeta (LEITE et al., 2006). Em contraste, apenas uma pequena parcela dessa biodiversidade tem sido explorada cientificamente quanto ao seu potencial para a produção de fármacos, extratos vegetais, dentre outros (TAKAKI; MODESTO; FIGUEIREDO, 2007). O delta do rio Parnaíba é uma importante área da zona costeira brasileira. Neste bioma, encontram-se vários gêneros de plantas e animais, dentre eles espécies de anfíbios anuros, incluindo espécies endêmicas e espécies do gênero Phyllomedusa, que são produtores de um grande grupo de peptídeo antimicrobiano, as Dermaseptinas. Estudos realizados com a Dermaseptina 01 (DS01) apontam o seu excelente efeito antibacteriano. Tendo em vista a prodigiosa potencialidade terapêutica e toxicológica da DS01, bem como a escassez de estudos que avaliem seu espectro de atuação e visem aprimorar seu desempenho, o presente trabalho avaliou a atividade antibacteriana do peptídeo dermaseptina 01 frente a bactérias gram-negativas e gram-positiva. Metodologia Para a determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM), foram utilizadas placas de microdiluição estéreis com 96 poços de fundo chato, com oito linhas (A a H) e doze colunas (1 a 12). Foram realizadas microdiluições seriadas de razão 2, a fim de se obter poços com concentrações variando de 200 a 12,5μg/mL. O inóculo bacteriano adicionado nos poços representava uma solução 5 contendo 5x10 UFC/mL (padronizado pelo CLSI, 2009), obtendo um volume final de 100 μL em cada poço. Foram realizados controle de esterilidade do meio de cultura contendo o agente (DS01) submetido à mesma microdiluição de razão 2, bem como o controle de crescimento ou viabilidade ÁREA: CV ( X ) CHSA ( ) ECET ( ) bacteriana, onde foi alocada meio de cultura e inóculo bacteriano. Uma última coluna foi atribuída ao controle DMSO/ álcool, onde estava contido meio de cultura, uma solução contendo álcool etílico e DMSO, ambos a 20%, e inóculo bacteriano, sendo o mesmo procedimento de microdiluição de razão 2 repetido nesta coluna. As placas seguiram para incubação em estufa bacteriológica a 37°C em condições aeróbicas. Após 24 horas, foi inoculado TTC (2,3,5 cloreto de trifeniltetrazólio) a 0,5% em todos os poços. Em seguida, a placa foi novamente incubada por uma hora para posterior leitura visual, sendo a CIM definida como a menor concentração do agente que restringiu o crescimento visível bacteriano (observado em comparação à coluna controle de esterilidade). Resultados e Discussão O estudo mostrou a CIM da DS01 para as seguintes linhagens bacterianas: Staphylococcus aureus ATCC 29213, Escherichia coli ATCC 25922, Escherichia coli ATCC 35218, Klebsiella pneumoniae ATCC 700603. Os resultados obtidos estão ilustrados na tabela 1 e revelam que a DS 01 exibiu um amplo espectro de atividade antibacteriana com eficiências diferentes contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, sendo as Gram-negativas mais sucetíveis. O mesmo conclui Brand et al (2006), que aponta melhores resultados do peptídeo contra bactérias Gram-negativas. LINHAGEM BACTERIANA CIM (µg/ML) Escherichia coli ATCC 25922 40 Staphylococcus aureus ATCC 29213 80 Escherichia coli ATCC 35218 40 Klebsiella pneumoniae ATCC 700603 80 A característica de carga positiva do peptídeo catiônico pode ter determinado sua atividade antibacteriana, tendo em vista a alta concentração de cargas negativas na superfície desses microrganismos, o que pode facilitar a interação com a superfície celular. Peptídeos catiônicos, tais como as dermaseptinas, são conhecidos por perturbar as membranas de microorganismos através da sua associação com fosfolipídios (Figura 1). Figura 1: Representação esquemática dos modelos propostos para o mecanismo de ação dos peptídeos catiônicos anfipáticos α-helicoidais. A: atração eletrostática à superfície da célula microbiana; B: passagem através da membrana externa; C: atração eletrostática aos fosfolipideos aniônicos da membrana citoplasmática; D:estruturação, inserção na membrana e acumulação; E: formação de poro toroidal; F:permeabilização na membrana. ÁREA: CV ( X ) CHSA ( ) ECET ( ) FONTE: Seixas, R.S. G. R., 200, p. 10. Conclusão De fato, os nossos resultados mostraram que a Dermaseptina 01 tem ação antibacteriana em concentrações micromolares, o que aloca a DS 01 no grupo das moléculas de baixa toxicidade e com grande potencialidade de se tornar um antibacteriano comercializado no mercado, porém, pouco exploradas cientificamente. Tal fato, justifica a continuação deste estudo. Apoio: CNPq Palavras-chave: DS01. Atividade antibacteriana. Referências BRAND, G.D., LEITE, J.R.S.A., MENDEL, S.M.S., MESQUITA, D.A., SILVA, L.P., PRATES, M.V., BARBOSA, E.A., VINECKY, F., MARTINS, G.R., KUCKELHAUS, S.A.S. and BLOCH Jr. C. Novel Dermaseptins from Phyllomedusa hypochondrialis. Biochemical and Biophysical Research Communications. 347, p. 739-746, 2006 CLSI - Clinical Laboratory Standards Institute. Methods for dilution antimicrobial susceptibility test for bacteria that grow aerobically. Approved standard M02–A10. Wayne, Pa, 2009. LEITE, J.R.S.A., BARBOSA, E.A. & NORONHA, S.E. Levantamento de anuros (amphibia) na região do projeto Formoso-Araguaia e arredores, Formoso do Araguaia, Tocantins, BrasiL. Sitientibus Série Ciências Biológicas, v. 6(1), p. 56-63. 2006. MOHANTY, S.; MISHRA, S.; JENA, P.; JACOB, B.; SARKAR, B.; SONAWANE, A. An investigation on the antibacterial, cytotoxic, and antibiofilm efficacy of starch-stabilized silver nanoparticles. Nanomedicine: NBM 2011;xx: 1-9, doi:10.1016/j.nano.2011.11.007 (In press). NOVAIS, T.S; COSTA, J.F.O.; DAVID, J.L.P; David, J.M.; QUEIROZ, L.P.; FRANÇA, F.; GIULIETTI, A.M.; SOARES, M.B.P.; SANTOS, R.R. Atividade antibacteriana em alguns extratos de vegetais do semi-árido brasileiro. Revista Brasileira de Farmacognosia, Paraná. v14, p 05-08, 2003. RINALDI, A.C. Antimicrobial peptides from amphibian skin: an expanding scenario. Commentary. p. 799-804, 2002.