1 DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DIGESTÓRIO EM AVES José Henrique Stringhini, Cristiane Ferreira Prazeres Marchini, Fabiana Ramos dos Santos, Januária Silva Santos, Candice Bergmann Silva Garcia Tanure, Julian David Nieto Buiriticá, Pedro Moraes Rezende, Marcos Barcellos Café Departamento de Produção Animal, Escola de Veterinária e Zootecnia Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás As espécies aviárias apresentam particularidades inerentes em seu desenvolvimento. O estágio embrionário é realizado fora do organismo materno, em um sistema físico-químico complexo caracterizado pelo ovo. Além de ser fertilizado, este ovo deve conter todos os nutrientes essenciais para o desenvolvimento do embrião (CAMPOS, 2003). A potencialidade do desempenho de frangos de corte tem relação direta com a qualidade dos ovos. Essa qualidade do ovo é importante parâmetro para caracterizar a embriogênese e, por consequência, interfere nos índices de eclodibilidade e isso afeta a qualidade do pinto neonato (TONA et al., 2003). Sabe-se também que essa qualidade interfere diretamente no desempenho da ave durante as diferentes fases de desenvolvimento. O processo de incubação possui grande importância no ciclo de produção avícola. Essa fase é caracterizada por ser a mais longa em todo o ciclo produtivo. Durante esse período ocorre a fase embriogênica de diferenciação tecidual que perdura por cerca de sete dias e, posteriormente, ocorre o crescimento tecidual e a preparação para o nascimento. As transformações que acontecem no período de incubação são constantes. Durante 21 dias, ocorrerá uma série de eventos que darão origem ao novo ser. O desenvolvimento do embrião após a postura do ovo embrionado é muito rápido, ocorrendo alterações a cada hora (CESARIO & GONZALES, 2003). Neste trabalho, foi proposto discutir o desenvolvimento embrionário das aves no período pré e pós eclosão. Desenvolvimento intestinal no período de incubação Nas aves o desenvolvimento do trato gastrintestinal se inicia nas primeiras 24 horas de vida do embrião. Ao quinto dia de vida embrionária, ocorre a diferenciação da boca, assim como a 2 formação do proventrículo e da moela. No sexto dia de vida tem-se início a formação do bico. Ao décimo quarto dia de vida embrionária ocorre a introdução do intestino na cavidade abdominal e no décimo sétimo dia ocorre a abertura do Divertículo de Meckel e no meio intestinal inicia-se o mecanismo fisiológico da absorção do saco vitelínico(Maiorka & Rocha, 2009). Caracterização do intestino delgado na fase embrionária Embriologicamente, o intestino é derivado de endoderme rodeado por mesoderme esplâncnico e pode ser dividido em intestino anterior, intestino médio, intestino grosso ao terceiro dia incubação (Moore & Persaud, 2008). A endoderme dá origem ao revestimento epitelial do intestino e aos ductos das glândulas mucosas, ao passo que a mesoderme dá origem à parede muscular e ao tecido conjuntivo (Dibner & Richards, 2004; Dibner et al., 2007). No sexto dia de incubação, observa-se a presença da alça duodenal, do intestino delgado e dos cecos. O intestino primitivo é aberto e está ligado à gema através do divertículo de Meckel, assim as paredes do saco vitelino e as paredes do intestino são contínuas (Freeman & Vence, 1974). O intestino grosso primitivo dará origem à cloaca e à bolsa de Fabricius no 4o dia de incubação (Dibner & Richards, 2004; Dibner et al., 2007). DESENVOLVIMENTO INTESTINAL NA FASE EMBRIONARIA No período de incubação, a taxa de crescimento do intestino delgado é maior que os demais órgãos. Aos 18 dias de incubação a proporção do peso do intestino delgado do embrião é maior que a proporção do peso corporal do mesmo (UNI et al., 2003a,b) Neste momento, as vilosidades podem ser divididas em duas fases principais de desenvolvimento: vilosidades maiores geralmente apresentado forma de pêra e as vilosidades menores, mais estreitas e com forma semelhante a foguete. No entanto, no 19o dia de incubação observa-se uma nova fase de desenvolvimento de vilosidade (Uni et al., 2003a). As células epiteliais do intestino delgado do embrião de pinto são colunares até a eclosão. No 21o dia de incubação, cada vilo apresenta somente uma cripta rudimentar. As células caliciformes contendo mucinas aparecem pela primeira vez, ao longo do vilo, no 13o dia de incubação, e a maioria das células contém mucinas ácidas no 18o dia de incubação e correspondem a 13% das células epiteliais (Uni et al., 2003b). A densidade de células caliciformes aumenta ao longo do vilo aos 20-21 dias de incubação em todos os segmentos do intestino delgado, sendo que o número aumenta ao longo dos segmentos mais distais do intestino delgado. 3 A partir do 20-21o dia de incubação as células caliciformes produzem mucinas ácidas e neutras (Ozaydin & Celik, 2012). De acordo com Ozaydin & Celik (2012) o número de células caliciformes aumenta no sentido distal dos segmentos intestinais. As células caliciformes são observadas em criptas rudimentares no 21 o dia de incubação (Ozaydin & Celik, 2012). As proporções entre mucina neutra e ácida produzidas pelas células caliciformes foram semelhantes entre a fase imediatamente após a eclosão e o 7 o dia de idade (Uni et al., 2003b; Ozaydin & Celik, 2012). As células enteroendócrinas têm formato piramidal ou oval com grânulos marrons escuros localizados na posição infra-nuclear, estão presentes no epitélio e subepitélio ao longo dos vilos e são visualizadas pela primeira vez no 13o dia de incubação. No 18o dia, podem ser contadas de 1 a 4 células na maioria dos vilos e algumas poucas células argirofílicas são observadas no duodeno, enquanto que células argentafins não são observadas. Apresentam distribuição uniforme ao longo dos segmentos do intestino delgado aos 20-21 dias de incubação, sendo também nesta idade observadas em criptas rudimentares (Ozaydin & Celik, 2012). Células em proliferação são observadas no epitélio, no tecido conectivo e na camada muscular da mucosa no estágio inicial de incubação. A partir do 20-21o dia de incubação, o número de células PCNA positivas tende a diminuir no tecido conectivo e na muscular da mucosa do intestino delgado. Ao longo do vilo e na cripta, a maioria das células epiteliais são PCNApositivas, bem como a maioria das células da cripta nesta mesma idade de incubação. A proliferação das células epiteliais ao longo do vilo que ocorre neste período de desenvolvimento embrionário tem importante papel no rápido crescimento do vilo, o que resulta em aumento da superfície absortiva intestinal (Ozaydin & Celik, 2012). No 11o, 13o, 15o e 18o dia de incubação, as células apoptóticas são observadas no mesotélio, enquanto que são raramente observadas no epitélio e no ápice do vilo. Poucas células apoptóticas foram observadas no ápice dos vilos entre 20-21 dias de incubação. A morfologia do intestino delgado muda rapidamente nos estágios tardios da incubação. Assim, o desenvolvimento da cripta é crucial na maturação intestinal. O aumento no número e tamanho das criptas fornece enterócitos para o aumento da superfície absortiva intestinal à medida que o vilo cresce (Ozaydin & Celik, 2012). A morfologia do intestino delgado também muda rapidamente com o crescimento acelerado da muscular externa e das vilosidades. No 15 o dia de incubação, as vilosidades são rudimentares, no entanto, no 17o dia são observadas vilosidades em diferentes fases do desenvolvimento. Nesta idade as vilosidades podem ser vistas em duas fases de desenvolvimento: 4 (V1) vilosidades maiores, em forma de pêra e (V2) vilosidades menores (aproximadamente 65 % do tamanho das vilosidades maiores), mais estreitas e com forma de foguete. Adjacente a cada vilosidades maior há uma vilosidade menor. Padrão similar foi observado entre 18-19 dias de incubação, com vilosidades em ambas as fases de desenvolvimento. A taxa de crescimento de das vilosidade V1 e V2 entre 19-20 dias de incubação foi de 30 a 40% (Uni et al., 2003a). As mudanças que ocorrem no desenvolvimento morfológico do TGI próximo à eclosão incluem basicamente a diferenciação dos enterócitos e a definição das criptas, bem como, o grande aumento da superfície absortiva do intestino (Sklan, 2001). Ozaydin & Celik (2012) consideram estas mudanças celulares que ocorrem no desenvolvimento do intestino delgado no período embrionário, especialmente a partir do 18 o dia de incubação prepararam o TGI das aves para o período pós-eclosão no qual ocorre a rápida transição para a nutrição exógena. Apesar da existência do órgão responsável pela absorção dos nutrientes, este ainda é afuncional. No período de incubação, os nutrientes para o embrião advêm dos lipídios presente no saco vitelínico e das proteínas presentes no albúmen. Estes são diretamente transportados para o sangue pelo processo de endocitose (Santos et al., 2010). No terço final de incubação parte do albúmen se mistura com o conteúdo do saco amniótico. Visto o crescimento contínuo do embrião, há aumento da pressão intraovo e o diferencial de pressão criado em decorrência do crescimento embrionário é contínuo, faz com que haja o consumo oral desta mistura que passará pelo trato gastrintestinal. Parte do albúmen absorvido no intestino delgado serve para expandir as reservas de glicogênio corporal do embrião, além de preparar o organismo do embrião para a eclosão e allimentação exógena (Sugimoto et al., 1999; Moran Jr., 2007). A absorção parcial de proteínas a partir dessa mistura ocorre pelos enterócitos, que são capazes de absorver essa mistura durante o trânsito deste pelo duodeno e jejuno. Grande parte do gasto energético embrionário no tecido intestinal está concentrado nas últimas 48 horas do período da eclosão. Isso se deve a preparação do organismo da ave para a digestão dos nutrientes após o nascimento (Oliveira et al., 2009). A partir desse início do processo de digestão e de absorção ocorrem alterações nas características morfológicas e fisiologicas da mucosa do intestino delgado. Os enterócitos deixam de ser células arredondadas e apolares e passam a assumir sua conformação típica (alongada). Durante o período de incubação as criptas são estruturas rudimentares e afuncionais. Nas mudanças morfológicas, estão o aumento do comprimento do intestino, na altura e densidade dos 5 vilos e no número de enterócitos, células caliciformes e células enteroendócrinas. As alterações fisiológicas estão relacionadas com o aumento na capacidade de digestão e de absorção do intestino, que ocorrem em decorrência do aumento na produção de enzimas digestivas pancreáticas e de membrana (Maiorka et al., 2002). As vilosidades dos embriões possuem enterócitos únicos que são capazes de absorver os fluidos embrionários contendo macromoléculas. Contudo, na fase embrionária, a função primordial dos enterócitos é a absorção de imunoglobulinas. O consumo do líquido amnióticoalbumina e a sua absorção são contínuos até que o líquido desapareça e inicie o processo de bicagem interna (Moran Jr., 1985). UTILIZAÇÃO DO CONTEÚDO DO SACO DA GEMA À medida que se aproxima a eclosão, o saco vitelino residual não utilizado no período de incubação é internalizado na cavidade tóracoabdominal como uma extensão do intestino, quando compreende 20 a 50% do peso corporal dos pintos (Noble & Ogunyemi, 1989). Evidências confirmam que próximo, ou mesmo no momento da eclosão, parte da gema residual é absorvida no intestino (Esteban et al., 1991) e fornece os nutrientes digestíveis que podem estimular as funções absortivas e digestivas do intestino delgado (Noy et al., 1996; Sulaiman et al., 1996). A gema contém aproximadamente 50% de lipídeos à eclosão que contribuem para a manutenção da ave jovem durante os primeiros dias após a eclosão (Anthony et al., 1989; Noy et al., 1996). Depois do nascimento, os resíduos da gema são transportados para a circulação via sistema vascular e para o intestino, através do divertículo do saco vitelínico(Esteban et al., 1991; Noy et al., 1996). O tamanho do saco vitelínico diminui exponencialmente após a eclosão, passando de 4,6 g à eclosão (Nitsan et al., 1991) para menos de 1g, conteúdo que permanece depois de 96 horas após o nascimento, quando as células linfóides começam a se reunir, obstruindo o divertículo do saco vitelínico(Olah & Glick, 1984; Noy et al., 1996). O período imediato após-eclosão é caracterizado por uma transição da utilização do conteúdo do saco vitelínico, rico em lipídeos, como fonte de nutrientes para alimentação exógena, rica em carboidratos e proteínas (Sklan, 2001). Esta transição é acompanhada pelo rápido desenvolvimento físico e funcional do trato gastrointestinal (Uni et al., 1999) e demora 2 a 3 dias para ser completada (Vieira, 2004). Atividade enzimática pré-eclosão 6 Apesar da ave não ter ingerido alimento até o momento da eclosão, as enzimas do intestino e pâncreas, bem como a capacidade de transporte de nutrientes estão presentes (Buddington, 1992). A capacidade de digestão dos nutrientes, no entanto, não está totalmente estabelecida neste momento (Krogdahl & Sell, 1989). Mudanças ontogenéticas ocorrerem, tanto antes como após a eclosão, que incluem aumento nos níveis de enzimas pancreáticas e intestinais (Noy & Sklan, 1995; Sklan & Noy, 2000), aumento da área de absorção total do trato GI (Iji et al., 2001: Sklan et al., 2003), e mudanças em transportadores de nutrientes (Buddington & Diamond, 1989; Sklan et al., 2003). CARACTERIZAÇÃO DO INTESTINO DELGADO NO PERÍODO PÓS-ECLOSÃO Após a eclosão, o TGI é um tubo oco e fibromusculoso (Artoni, 2004) constituído de quarto túnicas concêntricas denominadas, da luz para a periferia, de mucosa, submucosa, muscular e serosa. A mucosa do intestino delgado é formada pelos vilos e estes são envoltos pelas criptas que contém as células colunares indiferenciadas ou pluripotentes. Estas células migram para a região apical do vilo e se diferenciam em células colunares (enterócitos), enteroendócrinas (secretoras de hormônios e polipeptídeos), caliciformes (produtoras de muco) (Boleli et al., 2002) células de Paneth se originam e se desenvolvem na base da cripta e não migram ao longo do vilo durante o seu processo de maturação (Van der Flier & Clevers, 2009). Este conjunto de células formam um epitélio simples, colunar prismático, com borda estriada e com células caliciformes revestido pela lâmina própria formada de tecido conjuntivo frouxo e pela muscular da mucosa, constituída de camadas de células musculares lisas, circular interna e longitudinal externa (Gartner & Hiatt, 1999). A membrana apical dos enterócitos é ainda aumentada pela formação dos microvilos que proporciona um aumento de 30 vezes na área da superfície da membrana absortiva (Bals, 2000). Este aumento da área de superfície permite uma maior absorção de nutrientes, e proporciona um ponto de ancoragem para uma variedade de enzimas envolvidas na digestão extracelular de nutrientes, é impermeável aos microorganismos e macromoléculas. Linfócitos intraepiteliais, incluindo células plasmáticas secretoras de anticorpos, são encontrados na lâmina, e as células de Paneth, secretoras de peptídeos antimicrobianos são encontrados nas criptas (Dibner et al., 2007). As células caliciformes são células secretórias altamente polarizadas, de curto tempo de 7 vida, com sua membrana apical aberta para o lúmen intestinal. Estas células são especializados para secretar uma mistura de glicoproteínas denominadas mucinas, que são o componente principal do muco gastrointestinal (Quigley, 2001; Van Dijk et al., 2002). O muco cobre e lubrifica a mucosa do trato GI, protegendo-o contra danos mecânicos, ácido do estômago e microorganismos patogênicos como vírus e bactérias Gram-negativas e Gram-positivas, leveduras, fungos, protozoários, nematóides e vírus envelopados (Bals, 2000; Alberts et al., 2002). Externamente à túnica mucosa, encontra-se a túnica submucosa constituída de tecido conjuntivo denso e fibroelástico, rico em vasos sanguíneos e linfáticos, e pode conter nódulos linfóides como ocorre na túnica mucosa (Gartner & Hiatt, 1999). A terceira túnica é a muscular. Possui, em geral, uma camada de células musculares lisas, circular interna e longitudinal externa que, atuando em conjunto, promovem a peristalse e a segmentação (Gartner & Hiatt, 1999). A túnica serosa, mais externa, é formada por tecido conjuntivo frouxo envolto por mesentério (Dellmann & Brown, 1982). DESENVOLVIMENTO INTESTINAL PÓS-ECLOSÃO Grandes alterações morfológicas e fisiológicas como a proliferação, diferenciação, maturação celular, apoptose e na estrutura da mucosa do intestino delgado ocorre nos primeiros dias após a eclosão (Dibner & Richards, 2004) ENTERÓCITOS A ontogenia dos enterócitos do pintainho pode ser dividida em dois períodos. Nas primeiras 24 horas após a eclosão, os enterócitos adquirem polaridade e uma membrana de borda em escova distinta. O segundo período envolve a hipertrofia, que é expresso principalmente pelo aumento do comprimento da célula, assim ganham morfologia típica de enterócitos em 24 horas pós-eclosão (Geyra et al., 2001a). O número de enterócitos das vilosidades aumenta, mas ao longo dos vilos a densidade dos enterócitos não se altera de forma significativa ao longo deste período no duodeno e no íleo, mas aumentaram ligeiramente no jejuno (Uni et al., 1995b; Uni et al., 1996). Todos os enterócitos do intestino delgado estão em proliferação à eclosão. Com a idade, a proporção de células em proliferação diminui rapidamente atingindo 50% nas criptas entre 24-48 hs e, ao longo do vilo a proporção de enterócitos em proliferação decresce rapidamente atingindo 8 6-15% 10 dias após a eclosão (Geyra et al., 2001b). CÉLULAS CALICIFORMES Após a eclosão e até o 7o dia pós-eclosão, os segmentos proximal, médio e distal do intestino delgado contem proporções semelhantes de células caliciformes produtoras de mucinas ácidas e neutras. Um aumento na densidade de células caliciformes é observado ao longo do duodeno em relação ao eixo do íleo (Uni et al., 2003b). As células caliciformes constitui cerca de 23 % das células epiteliais intestinais no jejuno e 26% no íleo no dia da eclosão e esta proporção permanece semelhante durante o 7o dia após o nascimento. O número de células caliciformes por unidade de área aumenta no duodeno, jejuno e íleo com a idade, contudo, o aumento da densidade das células caliciformes é mais rápida no jejuno e íleo. Não há diferenças na densidade das células caliciformes ácidas ou neutras foram observados após a eclosão (Uni et al., 2003b). VILOSIDADE O desenvolvimento da mucosa intestinal pode ser mensurado pelo aumento da altura e quantidade dos vilos, o que corresponde a um aumento em número de suas células epiteliais (enterócitos, células caliciformes e enteroendócrinas). Esse processo decorre primariamente de dois eventos citológicos associados: renovação celular (proliferação e diferenciação), resultante das divisões mitóticas sofridas por células totepotentes (“stem cells”) localizadas na cripta e ao longo dos vilos, e perda de células (extrusão) (apoptose), que ocorre normalmente no ápice dos vilos. O equilíbrio entre esses dois processos determina o “turnover” (síntese-migração-extrusão) constante, ou seja, a manutenção do tamanho dos vilos e, portanto, a manutenção da capacidade digestiva e de absorção intestinal (Maiorka et al., 2002; Maiorka et al., 2003). No momento da eclosão, basicamente, todas as células estão em proliferação, mas a mitose torna-se restrita às criptas em desenvolvimento durante as primeiras 72 horas após a eclosão (Geyra et al., 2001a). O volume das vilosidades é ampliado de três a cinco vezes no intestino delgado próximo de eclosão. No duodeno, o maior aumento no volume das vilosidades ocorre antes ou aos 4 dias de idade e a taxa de crescimento diminui em seguida. Em contraste, no jejuno e íleo, o aumento do volume das vilosidades foi mantido até 10 dias de idade, após o que a taxa de crescimento diminui 9 (Uni et al., 1995). O volume das vilosidades no duodeno atinge um patamar após 7 dias embora continue a aumentar no jejuno e íleo (Uni et al., 1998a). Entretanto, o aumento no volume do vilo com a idade é maior no jejuno e no íleo que no duodeno, e neste segmento intestinal um aumento significativo na absorção ocorre no 7o-14o dia de idade (Noy & Sklan, 1995). A altura do vilo aumenta duas vezes em 48 horas após a eclosão e atinge o seu máximo em 6-8 dias no duodeno e depois de 10 dias no jejuno e íleo (Geyra et al., 2001a). A área de superfície das vilosidades aumenta de forma constante no duodeno e contínua até o 10o dia de idade, enquanto que as superfícies das vilosidades do jejuno e do íleo aumentam mais lentamente após o 4o dia pós-nascimento (Geyra et al., 2001a). Assim, a área do vilo do duodeno torna-se maior que do jejuno e íleo (Iji et al., 2001). O maior número de vilosidades por secção transversal intestinal à eclosão foi encontrado no íleo. No duodeno e jejuno do número de vilosidades por secção transversal intestinal aumenta após a eclosão, atingindo um patamar após 72 horas no duodeno e 216 horas no jejuno (Geyra et al., 2001a) . Diferentes padrões de desenvolvimento temporal das vilosidades são observados no duodeno, jejuno e íleo (Geyra et al., 2001a) . Uni et al. (1998b) relataram que o crescimento das vilosidades duodenais estava quase completa no 7o dia, enquanto que no jejuno e íleo houve desenvolvimento continuado para além do dia 14. Estes resultados são paralelos à medição do comprimento da massa do intestino e com a idade (Obst & Diamond, 1992). O crescimento do vilo na ave jovem é estimulado pela presença do alimento no lume intestinal e envolve a produção de células nas criptas que atingem a maturidade ao migrarem ascendentemente pelo vilo (Moran Jr., 1985). O acesso ao alimento aumenta consideravelmente a altura do vilo, enquanto que a privação prejudica o desenvolvimento do vilo e diminui o tempo de turnover das células epiteliais (Uni et al., 1995a). CRIPTA Embora as criptas intestinais sejam pequenas e rudimentares e somente uma cripta por vilo seja observada à eclosão, o número destas estruturas aumenta rapidamente logo após a eclosão (Uni et al., 2000, Geyra et al., 2001a). As criptas começam a se formarem no dia da eclosão e se definem dentro de 2 a 3 dias, 10 aumentando tanto em número de células quanto em tamanho (Uni et al., 2000; Geyra et al., 2001a). O aumento na profundidade da cripta com a idade é observado em todos segmentos do intestino delgado, sendo que no duodeno e jejuno estabiliza-se no 14o dia de idade, e no íleo no 28o dia (Marchini et al., 2011). Concomitantemente, o número de células por cripta aumenta até o 4o dia pós-eclosão (Uni et al., 2000). O aumento no número e no tamanho das criptas tem dois efeitos diretos: fornecimento de enterócitos para aumentar a área de superfície de absorção intestinal à medida que as vilosidades crescem e aumento da taxa de renovação celular (Geyra et al., 2001a). Portanto, o aumento no tamanho e no número de células na cripta é sugestivo de um potencial aumento da proliferação celular embora a população de células tende a declinar com a idade em todos os segmentos do intestino delgado (Iji et al., 2001). PROLIFERAÇÃO A diferenciação das células epiteliais do intestino pode ser medida pela relação entre células apoptóticas e em proliferação (Jeurissen et al., 2002). A proliferação de células epiteliais intestinais em frangos não se restringe à cripta, mas ocorre também ao longo da vilosidade durante a primeira semana após a eclosão (Uni et al., 1998b). Entretanto, este padrão muda rapidamente com a idade, sendo que a maioria das células PCNA-positivas são localizadas nas criptas e na região proximal do vilo. Na 3a semana de idade; a maioria (55%) das células na cripta estavam em proliferação, 32% na metade inferior de vilo e 8% no ápice (Uni et al., 1998a). Após a proliferação, as células migram e se diferenciam em direção ao ápice da vilosidade. Em seguida, as células tornam-se apoptóticas e deixam a camada mucosa. Uma diferença na proporção entre a apoptose e a proliferação pode indicar se a mucosa intestinal tem uma diferenciação equilibrada (Jeurissen et al., 2002). À eclosão, quase todas as células estão em proliferação, no entanto, a proporção de células PCNA positivas na cripta diminui rapidamente com o tempo, em todos os três segmentos do intestino, atingindo cerca de 50% das células em proliferação em 72 horas após esse período (Geyra et al., 2001a). A maior parte da divisão de enterócitos ocorre nas criptas e é seguido por uma migração das células em direção ao ápice do vilo. No entanto, em contraste com os mamíferos, a proliferação dos enterócitos no jejuno do pintainho também ocorre ao longo das vilosidades (Uni et al., 1998b). As células sofrem diferenciação à medida que migram, tornando-se enterócitos 11 absortivos funcionais, células caliciformes ou células enteroendócrinas. Quando as células alcançam o ápice das vilosidades, elas sofrem apoptose e são eliminadas para o lúmen intestinal. Esta é um fenômeno altamente coordenado, com descamação das células mortas equilibrada pela substituição de células imaturas pela atividade mitótica das células pluripotentes das criptas. Este epitélio renova-se mais rapidamente do que qualquer outro tecido do organismo (Imondi & Bird, 1966). A taxa de migração celular aumenta com a idade. Em pintos com 1 dia e 7 dias de idade, a migração completa ocorreu em 96 horas após o nascimento da célula, quando atinge a zona de extrusão, no ápice do vilo. No 14o dia, a migração do enterócito dura 96 horas em aves mais velhas (Uni et al., 1998a; Geyra et al., 2001a). APOPTOSE No ápice da vilosidade, as células epiteliais sofrem apoptose e são descartadas para o lúmen intestinal. O tempo de vida médio das células epiteliais é de 48-72 horas (Jeurissen et al., 2002). A apoptose pode ser desencadeada quando as células recebem estímulos que induzem à morte celular. Entre este estímulos está a falta de nutrientes para o metabolismo celular. Privação de glutamina em ratos induz à apoptose, sugerindo que a glutamina serve como fator específico de sobrevivência dos enterócitos (Ramachandran et al., 2000). INTESTINO O crescimento do intestino e de outros órgãos se faz por hiperplasia ou hipertrofia celular, ou a combinação de ambos processos. É mais intenso entre a eclosão e o 7o dia de idade e é acompanhado principalmente pelo aumento no tamanho das células (hiperplasia) (Iji et al., 2001). O crescimento preferencial dos intestinos na fase inicial ocorre na presença ou ausência de alimento, embora na falta de alimento este crescimento ocorra mais lentamente (Noy & Sklan, 1999). O comprimento intestinal e de seus segmentos aumenta com a idade (Iji et al., 2001, Marchini et al., 2011). Embora o comprimento intestinal aumente cerca 20-30% e entre 5 a 10% no seu diâmetro externo entre o 4o e 14o dia de idade, a ingestão de alimento aumenta em 5 a 8 vezes (Uni et al., 1995a). O aumento temporal no peso e no comprimento do intestino ocorrem de forma diferenciada nos diferentes segmentos intestinais, sendo que o duodeno apresenta crescimento 12 mais rápido que o jejuno e o íleo (Uni et al., 1999). À eclosão os três segmentos do intestino delgado apresenta áreas de superfície semelhantes que aumentaram na mesma forma com até 72 h. No entanto, após este tempo, a área de superfície do jejuno aumentou mais do que nos outros segmentos intestinais, atingindo valores duas vezes mais elevados que nos outros segmentos intestinais (Geyra et al., 2001a). O duodeno é o segmento intestinal de maior área de absorção, uma vez que apresenta maior densidade e altura de vilos comparado ao jejuno, que por sua vez apresenta maior densidade e altura de vilos comparado ao íleo (Uni et al., 1995a). O TGI tem sido considerado como fator limitante na ingestão da ração e crescimento de linhagens selecionadas para alto peso corporal (Nitsan et al., 1991). No primeiros dias pós-eclosão o peso relativo do TGI aumenta mais rapidamente que o peso corporal (Sell et al., 1991) e tem seu pico ao 7 dias de idade e declina subsequentemente (Iji et al., 2001). Mudanças no tamanho de TGI e na mucosa intestinal (Cook & Bird, 1973) altera a taxa de passagem e a eficiência de absorção. Na eclosão, as alterações fisiológicas dentro do intestino permite ao pintainho passar de uma fonte de nutriente (gema) constituída essencialmente por lipídeos para uma dieta que contém carboidratos. Tecidos gastrointestinais e a superfície de absorção do intestino delgado desenvolvem mais rapidamente do que outros tecidos, como o músculo (Lilja, 1983). Essas alterações ocorrem em todas as três secções do intestino: no duodeno, jejuno e íleo. Faz todo o sentido que o sistema digestório deve se desenvolver para fornecer a energia e os nutrientes para a manutenção e maturação de outros sistemas corporais. Vários fatores podem influenciar a taxa de maturação intestinal, incluindo estresse, estado de saúde e disponibilidade de nutrientes (Fairchild, 2002). Práticas usuais de incubação resultam em uma transição de 24 a 48 horas entre o nascimento e o alojamento das aves. O acesso ao alimento é, assim, atrasado e pode diminuir o crescimento pela diminuição no desenvolvimento da mucosa intestinal (Uni et al., 1998a). O jejum durante 36 horas resulta inicialmente em crescimento retardado em todos os segmentos do intestino. No jejuno, onde o crescimento em pintos normais continua após 7 dias de idade, o tamanho das vilosidades permanecem menores até o 11 o dia, no entanto, a diminuição inicial do tamanho do duodeno e do íleo foi superada em 5 dias. A profundidade de criptas, que continuou a aumentar em todo o intestino em pintos normais, diminui com o jejum de 36 horas. Além do crescimento mais lento em pintos mantidos durante 36 horas sem alimentação, observa-se alterações na estrutura da cripta entre 7 e 9 dias. O acesso retardado ao alimento pode também 13 diminuir a área da superfície das vilosidades no jejuno aos 3 e 4 dias e no íleo no segundo dia de idade em comparação com animais alimentados. Após a alimentação, a área de superfície das vilosidades aumenta e tende a ser mais parecida com a das aves alimentadas (Uni et al., 2003b). Estas alterações podem refletir na falta de nutrientes para a síntese celular na ausência de alimentação. A regressão das criptas e o atraso na produção de enterócitos pode explicar o retardamento do crescimento nestes pintainhos (Uni et al., 1998a). A densidade das células caliciformes, que contém mucinas ácidas e neutras aumenta em aves em jejum no duodeno no 2o dia e no jejuno aos 2 e 3 dias de idade. Mudanças na dinâmica de mucina pode afetar as funções de absorção e proteção do intestino delgado. No entanto, não só o número de células caliciformes muda, mas tamanho e o volume das células caliciformes está igualmente alterado em pintos em jejum (Uni et al., 2003b). A camada de muco no intestino delgado desempenha papel importante na proteção das células epiteliais do intestino delgado e no transporte entre o lúmen e a membrana com borda em escova e, assim, a ontogenia do seu desenvolvimento pode afetar as funções de absorção e de proteção do intestino delgado (Uni et al., 2003). Na primeira semana o intestino delgado incrementa seu peso mais rapidamente que a massa corporal e com rápidas trocas morfológicas no crescimento das vilosidades no duodeno, jejum e íleo. A taxa acelerada de desenvolvimento após o nascimento se reflete no desenvolvimento do intestino e, por conseguinte na superfície de absorção (Geyra et al., 2001a,b; Uni et al., 2003). ATIVIDADE ENZIMÁTICA PÓS-ECLOSÃO No período inicial pós-eclosão, a ave jovem deve fazer a transição da dependência metabólica da nutrição endógena proveniente da gema rica em lipídios para a alimentação exógena rica em carboidratos e proteínas. Esta transição é um pré-requisito para o crescimento rápido e envolve mudanças dramáticas no trato gastrointestinal, incluindo a secreção de enzimas digestivas e o início da absorção de aminoácidos e hexoses (Uni et al., 1995a) . Parelelamente às alterações morfológicas do intestino delgado, a capacidade do intestino para digerir e absorver os nutrientes aumentam de forma constante durante a primeira semana após a eclosão (Uni et al., 1999; Sklan, 2001). A atividade da enzima do pâncreas é observada no intestino delgado antes da eclosão e aumenta após o nascimento (Sklan & Noy, 2000). Além disso, a atividade das enzimas na borda em escova dos enterócitos também aumentam rapidamente nos dias pós-nascimento (Uni et al., 1999). No intestino delgado a máxima atividade da lipase foi 14 observada no 4o dia de idade, da tripsina e da quimiotripsina, no 11 o e da amilase no 17o (Nitsan et al., 1991). A diminuição na taxa de passagem é observada especialmente no duodeno, o maior local de atividade de enzimas e de absorção de nutrientes. A atividade enzimática decresce distalmente no intestino delgado com a idade. A produção de lipase, tripsina, secreções biliares (incluindo sais biliares e ácidos graxos) e secreção de amilase aumenta com a idade (4 a 21 dias) no duodeno enquanto que o consumo de ração aumenta aproximadamente sete vezes neste mesmo período. Concomitantemente ocorre a diminuição na taxa de passagem para que haja a suficiente atividade enzimática por hidrólise e absorção de açúcares e lipídeos. Porém, a proteólise é mais limitada nos primeiros dias após a eclosão (Noy & Sklan, 1995). O progressivo aumento da área de absorção, das secreções pancreáticas e da capacidade hidrolítica na mucosa intestinal sugerem que a ingestão de ração, crescimento intestinal com a idade da ave e atividade enzimática são eventos coordenados nas aves jovens para manter a eficiência na absorção dos nutrientes (Sklan, 2001). Enormes alterações na estrutura microscópica do sistema gastrointestinal ocorrem na primeira semana após a eclosão, assim como ao longo da vida da ave, seguida de várias mudanças dietéticas (Dibner, 1996). As células epiteliais intestinais têm elevada taxa metabólica para suportar suas funções secretória e absortiva e são constantemente renovadas pela proliferação de células-tronco nas criptas (Sell et al., 1991). Durante as primeiras semanas de vida, o enorme crescimento do sistema GI não só ultrapassa o de outros sistemas, mas também é essencial devido à sua capacidade de digerir eficientemente os ingredientes da dieta de aves, uma vez que a ave deve alcançar seu potencial genético (Sell et al., 1991). O intestino, como a principal interface entre um organismo e seu ambiente nutricional, desempenha papel crítico no desenvolvimento da ave recém-eclodida (Noy & Sklan, 1995). O desenvolvimento intestinal pode limitar o crescimento de aves na primeira semana de vida. Fatores tais como atraso no fornecimento da alimentação ou a presença de contaminantes na dieta podem retardar o desenvolvimento do sistema gastrointestinal na ave jovem e, deste modo, ter um efeito negativo sobre o desempenho e eficiência produtiva (Dibner, 1996). 15 DESENVOLVIMENTO COMPARATIVO DO APARELHO DIGESTÓRIO DE FRANGOS DE CRESCIMENTO LENTO E RÁPIDO Os efeitos da seleção no peso corporal dos animais resultam em diferenças entre as linhagens com relação ao tamanho relativo dos órgãos ao nascimento e durante seu crescimento. Rougiére et al. (2009) e Verdal et al. (2010) afirmaram existir particularidades nas características morfológicas dos órgãos digestivos e da mucosa intestinal entre linhagens divergentes quanto ao aproveitamento nutricional. Segundo estes autores aves com maior compartimento gástrico (proventrículo e moela) teriam a eficiência digestiva superior em relação àquelas que apresentam maior desenvolvimento do intestino delgado. Assim, Santos (2012) afirmou que é necessária a realização de estudos mais aprofundados referentes ao conhecimento das particularidades do trato gastrintestinal de diferentes linhagens e melhor aplicar os conceitos relativos ao fornecimento de nutrientes, sua digestão e metabolismo no organismo dos diferentes genótipos. A autora comparou dados biométricos de orgãos digestórios e da mucosa intestinal de frangos de corte de crescimento lento (Isa Label) e rápido (Cobb). Neste estudo, observou-se maior peso relativo dos órgãos digestórios nas aves de crescimento lento, excetuando-se o peso do intestino delgado aos 42 dias de idade. Não houve diferenças entre as linhagens para o peso relativo do fígado e do intestino grosso (sete dias de vida), do intestino delgado (21 dias de idade) e do fígado (42 dias de idade). O peso relativo do pâncreas não diferiu entre as linhagens nas diferentes idades de avaliação (Tabela 1). Tabela 1. Peso corporal, comprimento do tratogastrintestinal (TGI) e peso relativo (%) de órgãos do sistema digestório de frangos de corte de crescimento lento (Isa Label) e rápido (Cobb) aos 7, 21 e 42 dias de idade I Label 2 Varáveis PC (g) TGI (cm) E+P, % Prov+M, % ID, % IG, % Fíg, % Pân, % 97,7b 98,7a 1,50a 9,19a 9,44a 2,37a 3,22a 0,51a Cobb 7 dias 142,5a 105,9a 1,28b 7,89b 7,72b 2,19a 4,16a 0,44a CV1 2,8 5,35 7,14 8,79 5,51 13,3 15,5 9,81 I Label Cobb 21 dias 416,90b 613,90a 141,40b 173,10a 0,85a 0,74b 6,16a 4,86b 8,24a 7,70ª 1,85a 1,48b 3,01a 2,53b 0,37a 0,32a CV1 2,18 7,74 18,71 7,82 5,69 11,49 6,26 11,62 I Label Cobb CV1 42 dias 1.292b 2.412a 1,91 163,90b 220,70a 8,06 0,55a 0,48b 15,28 3,63a 3,16b 7,89 3,94b 5,23a 9,61 1,23a 0,83b 18,51 2,14a 2,09a 8,08 0,24a 0,18a 18,75 1 Médias seguidas de letras distintas na linha, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). Coeficiente de variação, %; 2 Peso vivo (PV), esôfago + apo (E+P), proventrículo + moela (Prov+M), intestino delgado (ID), intestino grosso (IG), fígado (Fíg) e pâncreas (Pân) 16 Aos sete dias de idade, foram observados maior altura de vilo (µm), profundidade de cripta (µm) e relação vilo:cripta do jejuno para as aves Cobb. Também, verificou-se no íleo desta linhagem maior altura de vilo em relação à Isa Label (Tabela 2). As demais variáveis avaliadas apresentaram resultados semelhantes para as duas linhagens. Aos 21 dias de idade, não se observou diferença estatística para as medidas morfométricas dos segmentos intestinais das linhagens Isa Label e Cobb (Tabela 2). Porém, os frangos da linhagem Cobb apresentaram maior altura de vilo do duodeno aos 42 dias de idade. Não houve diferenças estatísticas para os outras variáveis avaliadas. Tabela 2. Altura de vilo (µm), profundidade de cripta (µm) e relação vilo:cripta (V:C) do duodeno, jejuno e íleo de frangos de corte de crescimento lento (Isa Label) e rápido (Cobb) aos sete, 21 e 42 dias de idade I Label Variáveis Cobb CV1 Duodeno I Label Vilo (µm) Cripta (µm) V:C 755,0a 220,7a 3,47a 887,1a 233,0a 3,82a 11,47 10,29 9,94 463,9b 176,1b 2,66b Vilo (µm) Cripta (µm) V:C 1.312a 301,9a 4,19a 1.278 315,8a 4,30a 9,35 5,61 6,94 914,4a 255,1a 3,91a Vilo (µm) Cripta (µm) V:C 1.324b 272,1a 4,99a 1.553a 307,2a 5,15a 5,64 8,92 16,22 1.138a 223,1a 5,18a Cobb CV1 Jejuno 7 dias 638,5ª 14,9 213,1a 9,03 3,07a 7,38 21 dias 1.001a 13,46 262,2a 22,58 3,94a 13,98 42 dias 1.029a 12,06 176,4a 13,89 5,94a 10,23 CV1 I Label Cobb Ileo 371,8b 151,4a 2,55a 581,3a 183,8a 3,18a 16,6 17,4 19,8 616,9a 142,5a 4,49a 643,8a 152,4a 4,74a 7,82 19,49 21,01 676,4a 120,4a 5,76a 715,7a 135,9a 5,43a 9,83 7,36 13,03 1 Médias seguidas de letras distintas na linha, diferem entre si pelo teste de Tukey (5%), Coeficiente de variação, % Com este experimento, a autora concluiu que existem particularidades das linhagens Isa Label e Cobb quanto ao desenvolvimento dos órgãos do sistema digestório nas diferentes idades. Nas pesquisas de Rougiére et al. (2009) e Verdal et al. (2010) relacionou-se o maior peso do compartimento gástrico (proventrículo + moela) ao incremento no aproveitamento energético das rações. Especificamente, Verdal et al. (2010) verificaram que aves de alto aproveitamento energético possuem maior atividade do proventrículo e moela, enquanto as de baixo aproveitamento energético tem maior peso dos órgãos viscerais, comprimento e modificações histológicas intestinais. Ainda de acordo com Verdal et al. (2010), a maior altura de vilosidades pode ser apenas uma tentativa fisiológica de compensar a baixa funcionalidade da área gástrica. Os autores também observaram que frangos que apresentavam menor compartimento gástrico 17 possuíam intestinos mais longos e pesados, principalmente no jejuno e íleo, tendo ainda nestes segmentos maior altura de vilosidades e profundidade de criptas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Portanto, com base neste processo, deve-se salientar a importância de adequar o desenvolvimento intestinal à velocidade de crescimento da ave, o que reforça todo cuidado necessário com as normas de manejo e da utilização de alimentos adequados a essas características digestivas e fisiológicas próprias. Dietas adaptadas a esse processo são vitais para o bom desenvolvimento intestinal nesse período. REFERÊNCIAS ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P. The airways and the gut. 2002. In: Molecular Biology of the Cell, Fourth Edition, Garland Science, New York, NY. pp. 12751276. ANTHONY, N. B.; DUNNINGTON, E. A.; SIEGEL, P. B. Embryo h of normal and dwarf chickens from and low56-day body weight. Archiv fur Geflugelkunde, v. 53, p.116 – 122, 1989. ARTONI, S. M. B. Anatomia do sistema digestório das aves. In: Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo de Nutrientes em Aves, UNESP Jaboticabal, Out. 2004. 1 CD-ROM. BALS, R. 2000. 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