UMA ANÁLISE DA QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL: DOS TERRITÓRIOS IMATERIAIS AOS TERRITÓRIOS CONCRETOS UNE ANALYSE DE TERRAIN ISSUE AU BRÉSIL: LES TERRITOIRES AUX TERRITOIRES INCORPORELS BÉTON Lucas da Silva Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL. Campus Zumbi dos Palmares, União dos Palmares - Alagoas E-mail: [email protected] RESUMO: No presente trabalho problematizamos os conceitos de Agronegócio, Agricultura familiar e Campesinato no contexto do Brasil a partir de suas fomentações ideológicas e repercussões políticas. A metodologia é qualitativa, baseando-se essencialmente na seleção e discussão de escritos de autores brasileiros sobre o tema. Adotamos a proposta de Bernardo Mançano Fernandes quando este autor vincula as discussões sobre a realidade agrária a dois paradigmas, a saber: paradigma da questão agrária e paradigma do capitalismo agrário. Neste sentido, é consensual entre os autores considerados que o campesinato tem enfrentado, teórica e politicamente, a ofensiva do agronegócio. Destarte, tem respondido fomentando a crítica ao modelo de desenvolvimento industrial no campo e promovendo ocupações de terras. Palavras-chave: Questão agrária, Territórios, Agronegócio, Agricultura Familiar, Campesinato. RÉSUMÉ : Dans ce travail nous discutons les concepts de l’agrobusiness, l’agriculture familiale et la paysannerie dans le contexte brésilien, en cherchant à les considérer à partir de ses influences ideologiques et consequences politiques. Notre méthodologie qualitative est basée surtout sur la sélection et la discussion des textes d’auteurs brésiliens. Nous adoptons la proposition de Bernardo Mançano Fernandes selon lequel les discussions sur la realité agraire sont liées a deux principaux paradigmes : le paradigme de la question agraire et le paradigme du capitalisme agraire. Selon les auteurs considérer, la paysannerie est confronté par les idéologie et politiques mise en œuvre par l’agrobusiness. En réponse, la paysannerie cherche à développer la critique au modèle défendu par l’agrobusiness, tandis que lutte pour faire l’occupation de terres. Mots-clés : question agraire, territoire, agrobusiness, agriculture familiale, paysannerie INTRODUÇÃO Os conceitos de agronegócio, agricultura familiar e campesinato, se aceitarmos a proposta de Fernandes, estão vinculados ao paradigma da questão agrária e ao paradigma do capitalismo agrário. (FELÍCIO, 2006, 2010, 2011; MARQUES, 2008b; FERNANDES, 2010, 2013a, 2013b). Segundo o mesmo autor, o paradigma da questão agrária, grosso modo, parte do pressuposto de luta de classes, o que o leva a enxergar uma conflitualização no meio rural, e, desse modo, conceber a existência do camponês num contexto de intenso desenvolvimento capitalista da agricultura. Já para o paradigma do capitalismo agrário, “[...] o espaço de análise de seus objetos, coisas e sujeitos é a sociedade capitalista, que é apresentada como totalidade” (FERNANDES, 2010, p. 23). Esse paradigma vê a realidade de uma maneira mais uniforme, e assim não enxerga uma conflitualização no campo. Desse modo, numa vertente defende-se o desenvolvimento territorial no campo com base no agronegócio, enquanto noutra defende-se que a agricultura familiar consegue se integrar por completo ao capital, concebendo-se tal conceito como a totalidade da pequena produção. Nesse raciocínio, partimos da ideia de que o território do campesinato é antagônico ao território do agronegócio. Todavia, se cada um resguarda as suas características, isso não impede que ocorram no meio rural processos de desterritorialização/reterritorialização. (FELÍCIO, 2006, FERNANDES, 2010). Entendemos o território como sendo um espaço de poder onde as ações desenvolvem vínculos e criam identidades. É, de fato, o resultado concreto da luta de classes e, por isso, é também a síntese da própria contradição subjacente ao modo de produção capitalista. Nesse raciocínio, Oliveira (2003) diz que O território deve ser apreendido como síntese contraditória, como totalidade concreta do processo/modo de produção/distribuição/circulação/consumo e suas articulações e mediações supraestruturais (políticas, ideológicas, simbólicas, etc) onde o Estado desempenha a função de regulação. O território é assim, produto concreto da luta de classes travada pela sociedade no processo de produção de sua existência. (p. 11. Grifos no original). Esses dois modelos distintos de desenvolvimento territorial agrícola conflituam no contexto do Brasil há aproximadamente três décadas (FELÍCIO, 2011; MARQUES, 2008b; FERNANDES, 2013a; CUNHA, 2012). Para continuar seguindo a posição defendida por Fernandes, em resumo, temos uma luta teórica ferrenha que transcende o campo das ideias e desemboca exatamente no mundo concreto. Quer dizer, não se trata apenas de territórios concretos, mas também, de territórios imateriais tendo por matéria prima os próprios paradigmas e ideologias desenvolvidos e difundidos por diversos setores da sociedade, acadêmico, político, movimentos sociais e o aparato midiático (FERNANDES, 2002, 2010, 2013b; FELÍCIO, 2010; VINHA, 2013). É, portanto, a disputa de ideias fomentadas por diversos campos da sociedade, onde, a depender das condições, determinados agentes se impõem ideologicamente sobre os outros. Desse modo, partimos da ideia de território imaterial na maneira como propõe Fernandes (2013b, p. 97). Sobre isso, este autor nos diz que “[...] os paradigmas são construções mentais que se utilizam do embate das ideias, dos campos de disputas, por meio de relações de poder, configurando-se como territórios imateriais, para defender e ou impor diferentes intenções”. Nesse raciocínio, estamos preocupados com a influência dos territórios imateriais no desencadear das ações no mundo concreto. Pois, de fato, não existe ação sem fomentação e difusão ideológica (FELÍCIO, 2010; FERNANDES, 2013b). Destarte, na primeira parte do trabalho trouxemos alguns autores mais antigos mesmo fora da geografia com o intuito de fornecer alguns elementos da questão agrária no Brasil. Na segunda, datamos a inserção de cada conceito no contexto do Brasil, e, fizemos uma síntese de como cada um se difundiu, explicitando assim alguns elementos ideológicos importantes no intuito de dá corpo ao território imaterial de cada seguimento. E, por fim, desembocamos nos territórios concretos. ALGUNS ELEMENTOS DA QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL Prado Junior (1979), contribuiu enormemente para elucidação teórica da questão agrária no Brasil. Temáticas como desigualdades sociais no campo geradas pela própria concentração de terras, dinâmica do mercado de trabalho rural, negação da existência do feudalismo e estrutura agrária brasileira estavam no cerne da proposta desse autor (LIMA, 1999; RODRIGUES, 2010). Para Prado Junior, foi exatamente no meio rural que o passado colonial e escravista deixou suas marcas mais profundas. (PRADO JUNIOR, 1979). Lima (1999), ponderando sobre o que é a questão agrária no pensamento de Prado Junior, nos diz que Ele a formulou conscientemente como amálgama de interesses contraditórios, sintetizados na contradição maior identificada com a destinação majoritária de terras cultiváveis do país em benefício de reduzida minoria, enquanto imensa maioria da população constituía o degenerado quadro de miséria social de 30 milhões de brasileiros (p. 125). Era, portanto, em torno da superação dessa problemática – miséria material e moral no campo –, que giravam as proposições de Caio Prado Junior, especialmente sua a ideia de reforma agrária (LIMA, 1999; RODRIGUES, 2010). Importante dizer também que Prado Junior defendeu a tese de que não existiu/existe campesinato no Brasil, isso é relevante, pois, logo adiante e em todo decorrer deste trabalho apresentar-se-á contrapontos a essa ideia (GUIMARÃES, 1964; MARTINS, 1981; OLIVEIRA, 2003, 2007; FERNANDES, 2002, 2010, 2013a, 2013b; ALMEIDA, 2008; MARQUES, 2008b; MARCOS, 2008; FELÍCIO, 2006, 2010, 2011; CUNHA, 2012; WANDERLEY, 2014). Martins (1981), considerou as lutas sociais no campo como componentes chaves da questão agrária no Brasil. Esta análise procurou abarcar a diversidade de agentes presentes neste espaço, os assalariados, os posseiros, os sem terra etc., entretanto, não há dúvida de que o par dialético camponês e latifundiário foi a síntese e o centro dessas abordagens (MARQUES, 2008b). Por isso mesmo, Martins discorda de Prado Junior no que tange à existência do campesinato no contexto do Brasil. Nesta perspectiva, Martins (1981) afirma que na visão de Prado Junior, Não tivemos nem temos no Brasil nada que se pareça ao camponês. [...] Não estou de acordo com essa formulação [...]. A questão do campesinato não se resolve [...], ignorando ou minimizando a sua existência. É muito arbitrário reduzir o colono da fazenda de café ou o morador de engenho de açúcar a condição de assalariado. Em ambos os casos, a relação concreta do trabalhador com o fazendeiro é uma relação complexa e contraditória, onde se combinam o pagamento de diárias em dinheiro e/ou o trabalho gratuito e a produção direta de alimentos (pp. 23-24. Grifos no original). Destarte, Martins concebeu a questão agrária destacando o movimento contraditório feito pelo campesinato, evidenciando assim, a indomabilidade característica desse seguimento em diferentes contextos históricos. Em suas palavras este seguimento lutara “primeiramente contra a dominação pessoal de [...] coronéis; depois contra a expropriação territorial efetuada por grandes proprietários [...]; e já agora, também, contra a exploração econômica que se concretiza na ação da grande empresa capitalista” (MARTINS, 1981, pp. 9-10). Numa perspectiva parecida Guimarães (1964), fez uma análise profunda e extensa do papel do latifundiário na questão agrária no contexto do Brasil. Destarte, contribuiu com ricas interpretações sobre o poder de ação do latifúndio em diferentes contextos históricos no nosso território (GUIMARÃES, 1964). E, consequentemente, como é subjacente à própria análise do latifúndio, fez extensas referências à luta dos pobres no campo pela terra, reafirmando, desse modo, o caráter de luta de classes presente na questão agrária no contexto do Brasil. Nesse raciocínio, Guimarães (1964) nos diz que A luta pela conquista da terra, travada pelos pobres do campo contra a classe latifundiária, está presente em todos os momentos da nossa história, desde o remoto passado até os nossos dias. Ela é o fio condutor a qual estão ligados todos os acontecimentos marcantes da vida rural brasileira; é o fato determinante e elemento propulsor das insuficientes, mas significativas, transformações por que tem passado a nossa agricultura. (p. 188). Assim como Martins, Guimarães defende a tese de existência do campesinato, interessando-lhes as novas configurações adquiridas tanto pelo latifundiário como pelo camponês no decorrer da história e os novos dilemas subjacentes. AGRONEGÓCIO, AGRICULTURA FAMILIAR E CAMPESINATO: ARENA IDEOLÓGICA E ARENA DA AÇÃO A ideia de agronegócio ganhou força em nosso território na década de 1990, pois foi nesse período que o chamado complexo industrial, termo que se refere ao conceito de agribusiness, passou a ser chamado de agronegócio (OLIVEIRA, 2007; MARCOS, 2008; FERNANDES, 2013a). Para sermos precisos na definição do termo, são úteis as palavras de Marcos (2008), que se refere ao agronegócio da seguinte forma: [...] um marco conceitual que delimita os sistemas integrados de produção de alimentos, fibras e biomassa, operando desde o melhoramento genético até o produto final, no qual todos os agentes que se propõem a produzir matérias-primas agropecuárias devem fatalmente se inserir, sejam eles pequenos ou grandes produtores, camponeses ou pequenos capitalistas (p.196. Grifos no original). Concomitantemente a difusão do conceito, foi criada a Associação Brasileira do Agronegócio- ABAG1, precisamente em 1993 (FERNANDES, 2013a). Nesse raciocínio, Marcos (2008, p. 196) nos diz que tal ação conjunta objetivava principalmente “dar um ar de modernidade às velhas práticas da agricultura capitalista”. É consensual, portanto, que tal modelo possui um caráter concentrador de terras e explorador de mão de obra barata, caracteres que o torna similar ao latifúndio (FERNANDES & NETO, 2003; OLIVEIRA, 2007; ALMEIDA, 2008; MARCOS, 2008; FERNANDES, 2010, 2013b). Na verdade, os dois seguimentos se confundem em determinadas situações, e, de toda forma, estão a serviço de um mesmo agente. Nesse sentido, Fernandes (2013a) nos explica que A imagem do agronegócio foi construída para renovar a imagem da agricultura capitalista, para “modernizá-la”. É uma tentativa de ocultar o caráter concentrador, predador, expropriatório e excludente para dar relevância somente ao caráter produtivista, destacando o aumento da produção, da riqueza e das novas tecnologias (p. 140). 1. Segundo Fernandes (2013a), a ABAG e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, são as organizações mais influentes do Agronegócio. Esse seguimento se auto-representa como totalidade da produção no campo, assim, à medida que exibe a sua capacidade de produção difunde arbitrariamente que é o único agente capaz de garantir seguridade alimentar para a população brasileira. Destarte, se trata, na verdade, de um seguimento auto-suficiente que possui um discurso próprio e consistente. Por isso, Fernandes (2013b, p. 37) o vê como um “complexo de sistemas agrários, industriais, mercantis, financeiros, tecnológicos e ideológicos”. Segundo Fernandes (2013b), os paradigmas são construídos conforme as ideias são postas em conflito, por isso, os paradigmas podem ser vistos como territórios imateriais. Assim, no paradigma do capitalismo agrário existe uma vertente engajada na defesa do agronegócio, sendo, decerto, um importante elemento na construção e difusão de ideias que defendem tal seguimento. Nesse sentido, a construção de ideias destes pensadores enxerga “a agricultura familiar como residual” (FERNANDES, 2013a, p. 69). De fato, “para o paradigma do capitalismo agrário, as desigualdades geradas pelas relações capitalistas são um problema conjuntural e podem ser eliminados por meio de políticas que possibilitem a “integração” do campesinato ou “agricultor de base familiar” ao mercado capitalista” (FERNANDES, 2013b, p. 69). Novamente, Fernandes (2013a, p. 184), argumenta que “[...] o território imaterial não se limita apenas ao campo da ciência, mas pertence ao campo da política”. Assim, as ideias fomentadas pelos setores do governo são relevantes na defesa do agronegócio. Todavia, não é exagero dizer que no caso da década de 1990 e início de 2000 é difícil definir se foi o agronegócio que usou o governo para alcançar os seus objetivos ou o contrário. Nesse sentido, Fernandes (2016) relata que, Para se conhecer o poder dos territórios imateriais, um bom exemplo são as políticas neoliberais. O avanço das políticas neoliberais e seus ajustes estruturais provocaram pelo menos duas mudanças significativas na sociedade: a minimização do Estado e a maximização do capital na tomada de decisões a respeito das políticas de desenvolvimento. [...] Especialmente no campo, as tomadas de decisões para o desenvolvimento têm sido determinadas pelos interesses das empresas nacionais/transnacionais. [...] A tendência dos governos é pensar o desenvolvimento desde a perspectiva do agronegócio, porque este é compreendido como a totalidade (p. 6). Há também um suporte midiático considerável que defende e difunde o agronegócio, não é à toa, portanto, que Fernandes & Neto (2003, p.14) nos dizem que “[...] a argumentação teórico-política do empresariado rural e de seus porta-vozes na grande mídia está solidamente difundida”. Nesse raciocínio, a mídia trabalha, de um lado, dando relevância ao seu caráter produtivista, e, do outro, criando uma “espécie de blindagem desse modelo, procurando invisibilizar sua conflitualidade” (FERNANDES, 2010, p.38. Grifos no original). Foi se utilizando desses elementos que o agronegócio construiu uma verdadeira teia que trabalha em seu favor, uma espécie de escudo gigantesco. Tornou-se, portanto, um símbolo quase intocável no meio rural. Mobiliza ideias como a de civilidade quando luta contra as chamadas “barbáries” fomentadas pelos movimentos rurais em ocupações de terra (OLIVEIRA, 2007, FERNANDES, 2013a). E, é redundante dizer, como é subjacente ao seu perfil, não pratica tal luta de peito aberto, antes, age mecânica e estrategicamente com o intuito de não sujar as mãos. Neste sentido, Fernandes (2016), nos diz que se As ocupações de terra ferem profundamente a lógica do mercado [...] o agronegócio investe ferozmente na criminalização da luta pela terra, pressionando o Estado para impedir a espacialização desta prática de luta popular. [...] Na última década, o espaço político mais utilizado foi o Poder Judiciário. Recentemente tem ocorrido a judiciarização da luta pela terra, em que o Poder Judiciário se apresenta como uma cerca intransponível aos semterra. (p. 5). De fato, trata-se de um embate ideológico desleal, onde as responsabilidades e os valores estão sendo invertidos entre os agentes no intuito de invisibilizar o caráter conflitante do agronegócio e abrir passagem para as suas ações no campo (FERNANDES, 2010). Similarmente, o território concreto do agronegócio é antagônico ao território do campesinato (FERNANDES, 2010, 2013a). Desse modo, interessa-nos destacar algumas ações que caracterizam esse embate no mundo real. A um só tempo, o território do capital tem se expandido e os demais territórios têm sido monopolizados (OLIVEIRA, 2003). Assim, Fernandes (2016, p. 5) nos explica este primeiro processo: “[...] a cada ano o agronegócio se territorializa com maior rapidez e desterritorializa a agricultura camponesa [...]. Este é o novo conteúdo da questão agrária nesta primeira década do século XXI. [...] O agronegócio está, ao mesmo tempo, avançando e agonizando”. O segundo processo gera uma dupla interpretação e por isso precisa ser visto de maneira cuidadosa. Acontece que quando o capital monopoliza o território, fazendo com que muitos camponeses se tornem fornecedores de matéria prima, por exemplo, poder-se-ia alegar, de forma ingênua, que esta é uma maneira do capital integrar o camponês a modernidade. É, portanto, consensual entre os autores do paradigma da questão agrária que tal subordinação é prejudicial, pois, gera dependência ao capital e destruição daqueles que não conseguem acompanhar o ritmo. (FELÍCIO, 2011; FERNANDES, 2013b). Oliveira (2003), explica esse segundo processo: [...] quando o capital monopoliza o território, ele cria, recria, redefine relações de produção camponesa, familiar, portanto. Ele abre espaço para que a produção camponesa se desenvolva e com ela o campesinato como classe social. Neste segundo caso ainda, o próprio capital cria as condições para que os camponeses produzam matérias-primas para as indústrias capitalistas, ou mesmo viabilizem o consumo dos produtos industriais no campo (pp. 12-13). Eis, portanto, a parte mais contraditória dessa disputa entre territórios materiais haja vista que ao mesmo tempo em que o capital expulsa o camponês, contribui para sua reprodução. Pensamos que outro elemento importante nesse embate territorial são as políticas públicas. Destarte, concordamos com Fernandes (2013b, p. 69) ao argumentar que as ideias fomentadas no âmbito das entidades “[...] se materializam através de políticas públicas nos territórios de acordo com as pretensões das classes sociais”. Neste sentido, não se pode dizer que sob o governo do presidente Lula o agronegócio deixou de ter apoio (OLIVEIRA, 2007; FERNANDES 2013b). Fernandes & Neto (2003), refletindo sobre as ações do governo Lula, apontam investimentos gigantescos feitos por este no agronegócio e mesmo defesas veementes na justificativa desses investimentos. Fernandes (2013b), traçando um panorama mais amplo, argumenta que houve a influência de diferentes forças e, ao centro, o governo mediando tal embate, ora promovendo mudanças parciais no que se refere aos movimentos camponeses, ora priorizando os interesses coorporativos, o que no final das contas favoreceu a perspectiva hegemônica. Outra vertente dentro do paradigma do capitalismo agrário é a que defende o conceito de agricultura familiar (FELÍCIO, 2006, 2011, FERNANDES, 2002, 2010, 2013). Grosso modo, esse termo também penetrou no país na década de 1990, e a contribuição de Veiga e Abramovay na publicação da revista reforma agrária2, junto com outros autores da época foi um fato crucial nesse sentido (FELÍCIO 2011; NEVES, 2016). Argumenta-se que a agricultura familiar se difere do campesinato, consegue se integrar ao mercado e incorporar as modernizações impostas pelo capital (ABRAMOVAY, 2007; VEIGA, 2007). Dessa maneira, 2. A respeito disso, Neves (2016, p. 10), diz que “[...] Sônia Maria P. P. Bergamasco e Maria do Nazareth Wanderley se dedicaram à organização de um número temático da Revista Reforma Agrária, da Associação Brasileira de Reforma Agrária (vol. 25, n°. 2 e 3, maio-dezembro,1995)”. Os teóricos da agricultura familiar apresentam uma série de argumentos e elementos para diferenciar o agricultor familiar do camponês, como por exemplo, os trabalhos contíguos de Veiga e Abramovay, que destacam: a integração ao mercado, o papel determinante do Estado no desenvolvimento de políticas públicas e a incorporação de tecnologias (FERNANDES, 2013a, p. 157 Apud VEIGA, 1991 e ABRAMOVAY, 1992. Grifos no original). Assim como no caso do agronegócio, esse conceito construiu e disseminou um conjunto de ideias que serviram para validá-lo, mesmo havendo nitidamente uma inconsistência técnica em sua gênese (FERNANDES, 2002, 2013a). Desse modo, Felício (2011), nos diz que ainda na década de 1990 houve uma avalanche de estudos que partiram da ideia de agricultura familiar, fato que acabou gerando a necessidade de consagrar esse termo. Nesse raciocínio, procurou-se Dar visibilidade ao projeto de valorização de agricultores e trabalhadores rurais sob condições precárias de afiliação ao mercado e de reprodução social, diante de efeitos da interdependência entre agricultura e indústria e do processo de concentração da propriedade dos meios de produção no setor agropecuário (NEVES, 2016, p. 15). Estava formada portanto uma outra ofensiva ao campesinato que começara a partir daí a ser marginalizado, ou invisibilizado em virtude do deslocamento que essa nova categoria lhe impôs (FELÍCIO, 2011; FERNANDES, 2013a; WANDERLEY, 2014). Nesse raciocínio, o ápice desse processo de construção ideológica foi sem dúvida nenhuma quando A categoria “agricultura familiar” foi adotada pelo próprio Estado, ao formular um vasto programa de apoio aos agricultores (Pronaf), cuja atividade estivesse organizada pela e para a família. Com isso, diluía-se o conteúdo histórico-político que a palavra “camponês” inspirava, ao mesmo tempo em que se afirmava, pela primeira vez, o reconhecimento da condição de produtor agrícola e uma valoração positiva de suas particularidades (WANDERLEY, 2014, p. 30). Foi assim que os governos neoliberais construíram a abrangente e ao mesmo tempo excludente ideia de um novo mundo rural. Nas palavras de Fernandes (2013a), A intelligentsia do Governo Fernando Henrique Cardoso, bem como seus ministros, produziram um conjunto de eufemismos para utilizar em suas retóricas. Igualmente, procurou dar novos significados aos conceitos consagrados. [...] O governo adotou nova tese e criou um “novo mundo rural”, onde a agricultura camponesa é metamorfoseada em agricultura familiar (pp. 148-149. Grifos no original). Uma organização que desempenha um papel fundamental no sentido ideológico e mesmo no tange à própria ação é a FETRAF-SUL3, ligada à CUT. Essa organização fomenta um conjunto de ideias no âmbito da sociedade, promove mobilizações e dialoga com setores do governo em busca de melhores condições, tudo isso tendo por base a ideia de agricultura familiar (FELÍCIO, 2010). Como a agricultura familiar se auto-intitula a totalidade dos pequenos produtores no campo, alegando que é capaz de se integrar facilmente ao capital e, portanto, dialogar com os complexos produtivos maiores, tem atualmente gerado políticas públicas no mínimo excludentes em virtude da própria ambiguidade de interpretações que o conceito impõe (FELÍCIO, 2011; FERNANDES, 2013a). Dessa forma, Warderley (2014, p. 30) nos alerta que os agricultores familiares, “[...] atualmente, [...] são ainda percebidos, por alguns, como integrantes das principais culturas agropecuárias do País”. Naturalmente, o conceito de campesinato já era bem antes da década de 1990 uma maneira de se referir a determinadas formas de produzir no campo, “baseadas na relação de trabalho familiar e formas distintas de acesso à terra como o posseiro, o parceiro, o foreiro, o arrendatário, o pequeno proprietário” (MARQUES, 2008b, p. 60). Poder-se-ia dizer que o campesinato é contemporâneo do latifundiário, tratando-se, de um par formado por dois extremos (GUIMARÃES, 1964). Marques (2008b) nos explica que o conceito de campesinato adquiriu destaque nas ciências sociais e importância política nos anos de 1950, concomitantemente ao surgimento das ligas camponesas. Assim, antes esse trabalhador do campo tinha denominações específicas de acordo com a sua região (MARTINS, 1981). Esse conceito desempenhou importante papel na história do Brasil, pois, ao caracterizar certos grupos no campo forneceu as delimitações teóricas à compreensão da luta de classes nesse território. É útil expor o raciocínio de Cunha (2012, pp. 1-2) que reflete sobre o caráter político do termo no contexto do Brasil, mas, ressalta “que essa é uma categoria social, um modo de vida que se formou e que permanece existindo no Brasil, e que a sua compreensão nos permite entender como esta parcela da população se organiza e se articula para permanecer reproduzindo-se enquanto camponês”. 3. Trata-se de um movimento sindical criado em 2001, que reúne sindicatos de trabalhadores rurais e de agricultores familiares (FERNANDES, 2002). É, portanto, reconhecendo o conteúdo político do campesinato, mas também, a sua comprovação social no contexto do Brasil que os pensadores do paradigma da questão agrária construíram teses e discursos para defender essa categoria frente às proposições hegemônicas defendidas pelo paradigma do capitalismo agrário (MARTINS, 1981; OLIVEIRA, 2003, 2007; FERNANDES, 2002, 2010, 2013a; FELÍCIO, 2006; MARQUES, 2008a; MARCOS, 2008; ALMEIDA, 2008; CUNHA, 2012). Desse modo, as palavras de Oliveira (2007) são um bom exemplo: Há outros intelectuais, que movidos pela busca da compreensão do Brasil real, vão ao campo estudar a luta travada pelos movimentos sociais. Vão procurando interpretar a barbárie que os dados sobre conflitos no campo levantados pela CPT registram. [...] Nem a violência dos jagunços, nem a repressão social democrata do governo FHC e de muitos governos estaduais como o do PSDB em São Paulo, ou mesmo os textos dos intelectuais e a opinião da mídia representante das elites que não vêem esta realidade, são suficientes para impedir a já longa e paciente luta de uma parte dos trabalhadores do campo e de parte dos excluídos da cidade, para “entrarem na terra”, para se transformarem em camponeses (p. 25) Essas proposições dos intelectuais comprometidos com as injustiças sociais no campo, desenvolvidas no âmbito do paradigma da questão agrária, tiveram na época dos governos neoliberais uma importância dobrada. Dessa maneira, há de se mencionar também outro elemento importante, trata-se do grande número de manifestações populares na luta pela terra a partir dos anos 2000 organizadas principalmente pelo MST (FERNANDES, 2013a). Destarte, parece que as políticas neoliberais que objetivavam desarticular a luta pela terra, provocaram também uma reação popular espontânea e inesperada. Nesse raciocínio, não custa dizer que essas grandes manifestações certamente tiveram a influência e reciprocamente influenciaram o campo ideológico desse seguimento, pois, reafirmaram e existência da questão agrária no Brasil (FERNANDES, 2013a). Para a construção desse território imaterial o próprio discurso do campesinato foi/é um elemento imprescindível. Em síntese, comprovar ideologicamente a sua importância social, o seu papel no que tange a fornecer alimentos saudáveis e a preços baixos aos brasileiros, pauta tal discurso. Destarte, Felício (2010, p. 19-20) nos diz que nesses discursos estão “[...] as concepções de vida, de ser humano e de mundo. Tais concepções farão parte dos debates e embates travados interna e externamente e terão a finalidade de trazer à tona a conflitualidade do modelo de sociedade que o capital insiste perpetuar”. Outro elemento que ajuda na fomentação e difusão das ideias do campesinato é a Via Campesina4, uma importante associação que abrange diversas organizações camponesas por todo o mundo, no Brasil, o próprio MST, dentre outros movimentos, está associado a ela (FERNANDES, 2001). Há, decerto, fomentação de grandes mobilizações, projetos de desenvolvimento para o campo e assim dialogo com os outros agentes sociais, defendendo, grosso modo, princípios de solidariedade nas relações de trabalho e justiça social (FELÍCIO, 2010). Acrescente-se nessa lista os estudos desenvolvidos no seio dos grupos de pesquisa das universidades brasileiras. Segundo Felício (2010, p. 22), “[...] na academia, a disputa se intensifica por meio da construção dos paradigmas, com suas correntes teóricas, desenvolvidas nos vários departamentos e nos grupos de pesquisa, consolidando e ampliando suas convicções”. Desse modo, Fernandes merece certo destaque em virtude de desenvolver junto com os seus alunos no NERA- Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária, desde 1998, temáticas como a luta pela terra, movimentos socioterritoriais, manifestações do campo, agricultura camponesa, agronegócio e desenvolvimento territorial (FELÍCIO, 2011; FERNANDES, 2013a, 2013b; VINHA, 2013). No que se refere à discrição de outros grupos, Vinha (2013) menciona mais dois que seguem perspectivas parecidas, CEGeT- Centro de Estudos de Geografia do Trabalho, da UNESP, e Geografia agrária, da USP. Não há dúvida de que o conhecimento fomentado por esses grupos de pesquisa, que certamente acompanham de perto as ações dos principais movimentos rurais brasileiros e mesmo contribuem com elas, desempenham um papel fundamental na construção do discurso do campesinato (FELÍCIO, 2011). É, desse modo, que essa frente crítica ao modelo de desenvolvimento industrial no campo tem fomentado e difundido ideias no âmbito da sociedade brasileira e, com isso, contribuído na relativa desmaginalização desse conceito e na conquista de direitos dos movimentos que se denominam camponeses (FERNANDES, 2002, 2010, 2013a; WANDERLEY, 2014). Historicamente e no período atual a luta pela terra é uma das ações que mais desenvolvem os territórios concretos do campesinato. Assim, não é à toa que Fernandes destaca na maioria dos seus trabalhos esse protagonismo do camponês brasileiro no sentido de propiciar a sua própria existência (FERNANDES, 2002, 2010, 2013a). Segundo Oliveira (2003), os camponeses 4. Segundo Fernandes (2002), a Via Campesina foi criada em 1992. São pacientes, não têm pressa, nunca tiveram nada, portanto apreenderam que só a luta garantirá no futuro, a utopia curtida no passado. Por isso avançam, ocupam, acampam, plantam, recuam, rearticulam-se, vão para as beiras das estradas, acampam novamente, reaglutinam forças, avançam novamente, ocupam mais uma vez, recuam outra vez se necessário for, não param, estão em movimento, são movimentos sociais em luta por direitos. Têm a certeza de que o futuro lhes pertence e que será conquistado (p. 26). As ocupações de terra significam a disputa territorial entre o capital e o campesinato (FERNANDES, 2010). E, mesmo havendo a comprovação por parte dos pensadores do paradigma da questão agrária de que o próprio capital contribui na reprodução camponesa, Fernandes (2013a, p. 228. Grifos no original) insiste que, “[...] a formação do campesinato não acontece somente pela reprodução ampliada das contradições do capitalismo. A outra condição de criação e recriação do trabalho camponês é uma estratégia de criação política do campesinato: a luta pela terra”. Uma prova significativa da eficiência dessa luta é que o campesinato mesmo frente a esses modernos complexos produtivos vem conseguido, a um só tempo, ter participação relevante na economia do mercado interno, pois é ele quem produz boa parte dos alimentos que o brasileiro consome, sendo redundante falar do caráter exportador do agronegócio. E, com isso, tem sido uma atividade com grande número de pessoas ocupadas haja vista o caráter excludente de mão de obra do agronegócio. Sem falarmos no fato de a estrutura fundiária brasileira ainda permanecer muito concentrada, quer dizer, é a partir de uma espacialidade ainda pequena que esse seguimento consegue promover tais ações (OLIVEIRA, 2007, FERNANDES, 2013a). De fato, tem sido as ocupações de terra, tendo como agente principal o MST (OLIVEIRA, 2007, FERNANDES & NETO, 2003), que estão permitindo a recampesinização, ou seja, a organização coletiva dos camponeses no sentido de resgatar valores e desenvolver mecanismos que contribuam para a autonomia desse seguimento (MARQUES, 2008b; FELÍCIO, 2006, 2011). Por fim, há de se juntar essas lutas concretizadas pelas ocupações de terra com as disputas por políticas públicas mais abrangentes desde que o Estado passou a se referir à pequena produção no campo usando a ideia excludente de agricultura familiar. Ficamos, pois, com as palavras de Fernandes (2013a, p. 44): “[...] superar a dicotomia entre agricultura camponesa e agricultor familiar é fundamental para a compreensão da luta camponesa contra o capital, afinal, em toda sua existência, o camponês sempre foi agricultor familiar. O sentido da dicotomia é de enfraquecimento político na luta de classes”. Por isso mesmo, as ações no desenvolvimento do território concreto contra o capital são multidimensionais. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como se viu, procuramos analisar os três conceitos de maior relevância dentro da questão agrária no contexto do Brasil, fazendo um movimento que reflete sobre visão e ação conjuntamente. Temos, portanto, um primeiro embate entre o agronegócio e o campesinato que começa no campo ideológico e termina no campo das ações. Nessa luta, constatou-se que o próprio poder ideológico do agronegócio, a vertente dentro do paradigma do capitalismo agrário que defende tal seguimento, a Associação Brasileira do Agronegócio, grande parte da mídia e as políticas públicas são elementos importantes em favor do agronegócio no conflito ideológico. Assim, esse seguimento consegue, a um só tempo, levar todo o crédito pela produção em nosso território e criminalizar as ocupações de terras fomentadas pelo campesinato. Na arena das ações a expansão do território do agronegócio e a monopolização dos outros territórios estão, ora expulsando os pequenos proprietários, ora subordinando a sua produção. Há também um segundo embate conceitual entre agricultura familiar e o campesinato. Nesse sentido, as proposições de Abramovay e Veiga dentre outros, a FETRAF-SUL e as políticas públicas são elementos importantes na defesa do conceito de agricultura familiar. Esse conceito é hoje consagrado por vários atores sociais o que têm gerado no mínimo políticas excludentes. Destarte, nas últimas três décadas o campesinato está enfrentando uma dupla ofensiva fomentada pelo paradigma do capitalismo agrário. Para isso, o seu próprio discurso, as proposições de Fernandes e Oliveira dentre outros, a Via Campesina e os grupos de pesquisas nas grandes universidades são de extrema importância. Esta crítica conjunta ao modelo de desenvolvimento industrial tem permitido uma certa desmaginalização do campesinato. Na arena das ações, o próprio camponês tem sido protagonista de sua existência ao lutar contra o capital, com destaque para as ocupações de terra do MST. Tem também conseguido se destacar no quesito produtividade e empregabilidade mesmo frente à expansão do agronegócio. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ABRAMOVAY, Ricardo. Paradigmas do Capitalismo Agrário em Questão. 3ª edição, São Paulo: Edusp, 2007, 296 p. ALMEIDA, Rosemeire Aparecida de. Função Social da Propriedade e Desenvolvimento Sustentável: Camponeses Versus Agronegócio. In: PAULINO, Eliane Tomiasi. FABRINI, João Edmilson (Org.). Campesinato e Territórios em Disputa. 1ª edição, São Paulo: Editora Expressão Popular, 2008. p. 303-326. ALVES, Flamarion Dutra. ENÉIA Rente Ferreira. Elementos Metodológicos da Geografia Agrária Clássica: In: Revista Geo UERJ - Ano 10, v.2, n.18, p. 43-61. 2º semestre de 2008. ANDRADE, Manuel Correia. Geografia Rural: Questões teórico-metodológicas e técnicas. In: Revista de Geografia Agrária. V. 5, n. 9, p. 5-16, fev., 2010. CUNHA, Maria das Graças Campolina. Campesinato Brasileiro: Origens e Ressignificações de um Modo de Vida Tradicional. In: II Colóquio Cidade e Região. Montes Claros (2012). FERREIRA, Darlene A. de Oliveira. Geografia Agrária no Brasil: conceituação e periodização. In: Revista Terra Livre - n. 16, p.39-70. 1° semestre de 2001. FELÍCIO, Munir Jorge. A Conflitualidade dos Paradigmas da Questão Agrária e do Capitalismo Agrário a partir dos Conceitos de Agricultor Familiar e de Camponês. In: Revista de geografia agrária. V. 1, n. 2, p. 14-30, ago. 2006. _____. O Território Imaterial do Campesinato. In: Revista de Geografia Agrária. V. 5, n. 9, p. 18-32, fev., 2010. _____. Contribuição ao Debate Paradigmático da Questão Agrária e do Capitalismo Agrário. Presidente Prudente: 2011, 214p. Tese (Doutorado em Geografia Humana). Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista. São Paulo, 2011. FERNANDES, Bernardo Mançano. Agricultura Camponesa e/ou Agricultura Familiar. In: XIII Encontro Nacional de Geógrafos. João Pessoa-PB (2002). _____. Agronegócio e Reforma Agrária. In: XVII Encontro Nacional de Geografia Agrária. Gramado-RS (2004). _____. Movimentos Socioterritoriais e Movimentos Socioespaciais: Contribuição Teórica para uma Leitura Geográfica dos Movimentos Sociais. In: Revista NERA Presidente Prudente. Ano 8, n. 6 p. 14 - 34 Jan./jun. 2005. _____. Os Campos da Pesquisa em Educação do Campo: Espaço e Território como Categorias Essenciais. In: A pesquisa em Educação do Campo. V. XX, p. X-I, 2006. _____. Sobre a tipologia de territórios. In: SAQUET, Marcos Aurélio. SPOSITO, Eliseu Savério (Org.). Territórios e Territorialidades: Teorias, Processos e Conflitos. 1ª edição, São Paulo: Editora Expressão Popular, 2009. _____. Questão Agrária: Conflitualidade e Desenvolvimento Territorial. In: Sposito, Eliseu Savério; Sant'anna Neto, João Lima. (Org.). Uma Geografia em movimento. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2010, v. 1, p. 505-560. _____. Educação do campo e desenvolvimento territorial rural. . In: Revista NERA Presidente Prudente. Ano 14, nº. 18 p. 125-135 Jan-jun./2011. _____. Construindo Um Estilo de Pensamento na Questão Agrária: O debate paradigmático e o conhecimento geográfico. Presidente Prudente: 2013, 343p. Tese (LivreDocência). Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista. São Paulo, junho de 2013a (Volume 1 + Memorial). _____.Construindo Um Estilo de Pensamento na Questão Agrária: O debate paradigmático e o conhecimento geográfico. Presidente Prudente: 2013, 328p. Tese (LivreDocência). Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista. São Paulo, junho de 2013b (Volume 2 + Memorial). _____. Educação do Campo e Território. Disponível em: http://web2.ufes.br/educacaodocampo/down/cdrom1/pdf/ii_05.pdf Acesso em: 15/07/2016. FERNANDES, Bernardo Mançano. NETO, Canrobert Costa. Das Ocupações de Terra à Reforma Agrária: Territorialização, Renda Capitalizada e Sobre-Trabalho. In: Revista Margem Esquerda: Ensaios Marxistas. Num. 2, São Paulo, Boitempo, 2003. p.83-94. GIL, Izabel Castanha. FERNANDES, Bernardo Mançano. Regiões Contidas e Desenvolvimento Territorial: Uma Reflexão sobre o Desenvolvimento Contemporâneo da Nova Alta Paulista. In: Revista NERA Presidente Prudente. Ano 8, n. 6 p. 75 - 91 Jan./jun. 2005. GUIMARÃES, Alberto Passos. Quatro Séculos de Latifúndio. São Paulo: Editora Fulgor Limitada, 1964, 204p. LIMA, Rodne de Oliveira. Caio Prado Júnior e a Questão Agrária no Brasil. In: Revista de Geografia Londrina. V, 8, n. 2, p.123-134, jul/dez, 1999. MARCOS, Valéria de. Agricultura e Mercado: Impasses e Perspectivas para o Agronegócio e a Produção Camponesa no Campo Latino-Americano. In: PAULINO, Eliane Tomiasi. FABRINI, João Edmilson (Org.). Campesinato e Territórios em Disputa. 1ª edição, São Paulo: Editora Expressão Popular, 2008. p.191-212. MARTINS, José de Souza. Os Camponeses e a Política no Brasil: As Lutas Sociais no Campo e o seu Lugar no Processo Político. Petrópolis RJ: Editora Vozes, 1981, 185p. MARQUES, Marta Inez Medeiros. Agricultura e Campesinato no Mundo e no Brasil: Um Renovado Desafio à Reflexão Teórica. In: PAULINO, Eliane Tomiasi. FABRINI, João Edmilson (Org.). Campesinato e Territórios em Disputa. 1ª edição, São Paulo: Editora Expressão Popular, 2008b. p. 49-78. MARQUES, Marta Inez Medeiros. A atualidade do uso do conceito de camponês. In: Revista NERA Presidente Prudente. Ano 11, nº. 12, p. 57-67 Jan.-jun, 2008a. NEVES, Delma Pessanha. Agricultura familiar: Quantos ancoradouros. Disponível em: http://www2.fct.unesp.br/nera/usorestrito/Agricultura_Familiar.pdf Acesso em: 15/07/2016. OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino. Geografia Agrária: perspectivas no início do Século XXI. In: I Simpósio Internacional de Geografia Agrária; São Paulo-Brasil (05 a 08/11/2003). _____. Modo de Produção Capitalista, Agricultura e Reforma Agrária. São Paulo: FFLCH, 2007, 184p. PAULINO, Eliane Tomiasi. Territórios em Disputa e Agricultura. In: PAULINO, Eliane Tomiasi. FABRINI, João Edmilson (Org.). Campesinato e Territórios em Disputa. 1ª edição, São Paulo: Editora Expressão Popular, 2008. p. 213-238. PRADO JUNIOR, Caio. A Questão Agrária no Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1979, 191p. RODRIGUES, Fabiana de Cássia. A Questão Agrária, o Brasil e Caio Prado Júnior. In: VII Seminário do trabalho - trabalho, educação e sociabilidade. Marília (2010). TEUBAL, Miguel. O Campesinato Frente à Expansão dos Agronegócios na América Latina. In: PAULINO, Eliane Tomiasi. FABRINI, João Edmilson (Org.). Campesinato e Territórios em Disputa. 1ª edição, São Paulo: Editora Expressão Popular, 2008. p.139-160. VALVERDE, Orlando. Metodologia da Geografia Agrária. In: Revista de Geografia Agrária, Uberlândia. v. 1, n. 1, p. 1-16, fev. 2006. VEIGA, José Eli da. O Desenvolvimento Agrícola: Uma Visão Histórica. 2ª edição, São Paulo: Edusp, 2007, 236p. VINHA, Janaina F. de S. Campos. Território (i)material e Geografia Agrária: paradigmas em questão. In: Revista NERA Presidente Prudente. Ano 16, nº. 23, p. 27-42 Jul.-dez, 2013. WANDERLEY, Maria de Nazareth B. O Campesinato Brasileiro: Uma História de Resistência. In: Revista de Economia e Sociologia Rural. Piracicaba-SP, vol. 52, Supl. 1, p. 25-44, 2014.