Desafios para a geografia frente às agriculturas empresariais Eve Anne BÜHLER, Geógrafa, UFRJ, Brasil Martine GUIBERT, Geógrafa, UT2J, Toulouse, França GEMAP- Rio de Janeiro, 01-03 dez. de 2014 Mesa 3 • Tema da mesa 3 e geografia – Passarelas e empréstimos entre as CHS – A geografia participa deste movimento quando trata da variedade das formas de produção agrícola • Quatro pontos a serem abordados – – – – Interrogação da geografia agrária Interrogação das categorias relativas à grande produção Trabalho tipológico para nutrir a reflexão sobre as categorias Desdobramentos geográficos Os « grandes » estabelecimentos na geografia agrária (1/3) • Na França, da geografia agrária para a geografia rural G. Agrária até 1970 : analise regional, estruturas fundiárias, interações entre formas (paisagem) e funcionamento (práticas sociais no espaço) Povoado lorrain Beaulieu Povoado redondo Povoado-rua Os « grandes » estabelecimentos na geografia agrária (2/3) • Fim das sociedades agrárias no contexto da Europa ocidental • A renomeação acompanha novos objetos de pesquisa – Campo-cidade, meio ambiente, turismo, modos de viver, agropecuária, circuitos curtos, dvto local, etc. • Prevalência histórica das escalas local e regional Os « grandes » estabelecimentos na geografia agraria (3/3) • Na America latina, debates historicamente polarizados pela questão agrária – Estrutura agrária, reforma agrária, lutas camponesas – conjunto de conflitos e lutas rurais envolvendo minorias sociais e populações « dominadas » – Influências da geografia física (análise dos solos, erosão, ...) • Uma abordagem crítica – Grande proprietário visto como hegemônico – Analisa as relações com os dominados e raramente suas modalidades de funcionamento e de atuação contemporâneos • O « agronegócio » alvo de pesquisa na geografia regional – Ainda marginal – Abordagem macro/meso: fragmentação, especialização regional, diferenciação espacial, polarização Na geografia: as mesmas categorias que as outras CHS Pequenos e médios produtores Camponês, agricultura familiar Médios para grandes Conteúdos pouco trabalhados Latifundiário, agronegócio agricultura patronal, agricultura contratual Processos empíricos Necessidade de novas categorias Mudanças nas organizações (financeirização, intensificação, salto tecnológico e capitalístico) Diversificação da origem dos capitais (agri/não agri, nac/estr) Articulações diversas Estratégias fundiárias renovadas (compra especulativa, arrendamento/parceria) Modificação das relações nas CGV Latifúndio Agronegócio Agricultura patronal Agricultura contratual ? Tipologia de atores, ocasião para alimentar as categorias • Cruza interrogações de um coletivo (ANR Agrifirme) • Proposta de uma categoria analítica sintética – Agricultura de « firma »: sentido duplo (“nó” de contratos vs empresa) – Agricultura empresarial – A ser caracterizada, enriquecida, debatida • Tipologia de « variantes » permite explicitar os indicadores, formalizar, fundamentar as propostas (cf. Lamarche) • Para traduzir a diversidade de organização e funcionamento na agricultura empresarial – Ir alem dos indicadores recorrentes (tamanho, unidade social e econômica, ...) – Relativizar os indicadores mais midiatizados (« estrangeirização ») – Adaptar alguns à partir da literatura sobre agricultura familiar, emprestar outros da economia industrial, gestão • Exemplo de indicadores que usamos Estratégia Relações com à jusante/montante e cumprimento das cadeias Destino final do produtos, modos de comercialização Origem (familiar?) qualifição e organização do trabalho Origem e uso do capital Empresa agricola Divisão espacial do trabalho Modalidades de gestão Localizações Recomposições dos espaços e implicações geográficas • Na escada da empresa agrícola – « Eclatement » dos espaços de ação – Consolidação de verticalidades (Santos) espacialmente amplas ... Sem desconstruir todas a horizontalidades – Modifica e diversifica a relação com a terra • Reestruturação dos espaços locais – Acentuação das especializações regionais (urbanização e cidades do agronegócio, Regiões de prod. Agr.) – Descontinuidades espaciais e modificação dos lugares da governança – Interroga a própria categoria de “espaço rural”: super-produtivismo (Halfacree); fim do rural « vivido »? Quid da geografia rural? Luis Eduardo Magalhães - BA Repensar a « questão » da distribuição e gestão dos recursos • Produtivo ou não se torna periférico no debate sobre função social destas empresas agrícolas • Terra = fator de produção (Les Levidow, 2010), fonte de lucro • A concentração fundiária e sua medida vai alem da propriedade : controle da terra, nas suas diversas formas (Peluso e Lund, 2011), sua regulação • Outros recursos chaves : domínio técnico, uso da informação, eficiência da informação, custo do capital financeiro Para concluir • Novas dimensões da « questão agrária »? – A concentração destes recursos = processo cumulativo – Ver além da terra, além da questão Agr. Fam./Camponesa na análise da dominação, exclusão, despossessão – As lutas podem ocorrer entre grandes e médios – E um conjunto de recursos (« pacote » de recursos?) que acirra as desigualdades entre detentores e excluídos • Necessidade de estudos dos espaços do super-produtivismo como espaços vividos • Necessidade de estudos sobre governança dos espaços dominados pelas agriculturas empresariais (democracia local, jogo político entre privado/público) • Implicações para as políticas públicas Muito obrigada ! [email protected] [email protected]