Caso Clínico - Clínica Médica, Cirúrgica e Terapêutica Clinical Case - Medical, Surgical and Therapy Resumos 7º Simpósio Brasileiro de Hansenologia 7th Brazilian Leprosy Symposium 13 a 16 de novembro de 2013 November 13-16, 2013 Recife - Pernambuco - Brasil HANSENÍASE : LESÃO ATÍPICA EM MENOR DE 15 ANOS SANTOS CMG1 ; CASTILHO MLOR2 ; MENDONÇA MLM3 ; BUFFMAN RH4 ; CARNEIRO SS; GOMES IP 6 1. Médica Residente de Dermatologia – Hospital de Doenças Tropicais 2. Médica Dermatologista - Hospital de Doenças Tropicais 3. Médica Dermatologista - Hospital de Doenças Tropicais 4. Médica Residente de Dermatologia – Hospital de Doenças Tropicais 5. Médico Patologista – Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás 6. Acadêmica de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Goiás INTRODUÇÃO Hanseníase é uma doença granulomatosa crônica, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae 1, que apesar de possuir tratamento bem estabelecido ainda se apresenta como um problema de saúde pública em países como o Brasil, em que o coeficiente de prevalência ainda não é menor do que 1 caso para cada 10.000 habitantes.2 A doença em pacientes menores de 15 anos demonstra persistência de transmissão ativa e maior gravidade na região encontrada, quase sempre ligada a hiperendemicidade. 3 OBJETIVOS Relatar a apresentação atípica de hanseníase em criança de 11 anos sem história conhecida de contato com bacilíferos. MATERIAL E MÉTODOS Paciente de 11 anos foi trazida ao Pronto - Socorro de Dermatologia do Hospital de Doenças Tropicais - HDT com “lesão estranha no braço esquerdo” há 1 mês. Paciente não apresentava história de comorbidades prévias e vivia há 5 anos com os tios , também sem comorbidades. Ao exame dermatoneurológico apresentava duas placas em antebraço e braço esquerdo, aproximadamente 5 cm de extensão cada, aparentemente provenientes da junção de vários micronódulos que inclusive saíam de uma placa em direção a outra à semelhança de uma ascensão linfangítica . Sensibilidade preservada nas placas. Sem espessamento neural/neurite. Assumidas como hipóteses principais as PLECCT e Hanseníase e paciente encaminhada para biópsia cutânea . RESULTADOS O anátomo patológico da lesão mostrou infiltrado mononuclear, linfohistiocitário com esboços de granulomas de células espumosas, coleções de neutrófilos perineurais, pesquisa de BAAR ++/+4, compatível com MHV (Virchowiana ). Cultura sem crescimento de germes. Solicitada então baciloscopia de linfa que mostrou média de + 5.6. Assumida Hipótese de Hanseníase Multibacilar , provavelmente Virchowiana e paciente encaminhada para serviço primário para início de poliquimioterapia e investigação de contatos. CONCLUSÕES A hanseníase é endêmica no Brasil, atualmente segundo país no mundo em prevalência, e apresenta na forma virchowiana o maior potencial de contagiosidade1. Essa doença acomete todas as faixas etárias , tem um predomínio Hansen Int. 2013; 38(Supl 1): 178 ISSN: 19825161 (on-line) Hansenologia Internationalis Caso Clínico - Clínica Médica, Cirúrgica e Terapêutica Clinical Case - Medical, Surgical and Therapy Resumos 7º Simpósio Brasileiro de Hansenologia 7th Brazilian Leprosy Symposium 13 a 16 de novembro de 2013 November 13-16, 2013 Recife - Pernambuco - Brasil discreto no sexo masculino e caráter preocupante quando acomete menores de 15 anos ( especialmente de 0 a 5 anos ) porque o acometimento destas faixas etárias , em função do longo período de encubação da doença, demonstra endemicidade , carência de informações e diagnóstico tardio , evidenciando medidas de saúde ineficazes3. Justamente por isso o Programa Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH) da Secretaria de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde prioriza o controle da doença nesse grupo de pacientes 3. O Brasil se comprometeu na 3ª Conferência Regional OPAS/OMS eliminar a Hanseníase até 2005, o que não aconteceu4. O quadro clínico da Hanseníase nessa faixa etária pode mimetizar outras comorbidades e apresenta exame físico não tão confiável- dificuldade em se testar a sensibilidade e muitas vezes lesões atípicas como no caso em questão, no entanto a hipótese deve ser sempre lembrada pelo risco de deformidades no futuro4.A grande importância do diagnóstico neste grupo etário está relacionado com maior facilidade em se encontrar a fonte contaminante, muitas vezes ainda espaço e temporalmente próxima , facilitando o controle da transmissão da doença na região5. PALAVRAS CHAVE hanseníase; lepra ; micobacteriose; Mycobacterium leprae AGRADECIMENTOS A Todos que contribuíram direta ou indiretamente para a materialização deste trabalho. Não houve apoio financeiro . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Lastória J.C, Abreu M.A.M.M. Hanseníase: diagnóstico e tratamento. Diagn Tratamento. 2012;17(4):173-9. 2. Pires CAA, Malcher CMSR , JR JMCA , Albuquerque TG, Correa IRS, Daxbacher ELR. Hanseníase em menores de 15 anos: a importância do exame de contato. Belém -PA. Rev Paul Pediatr 2012;30(2):292-5. 3. Ferreira IN, Alvarez RRA.Hanseníase em menores de quinze anos no município de Paracatu, MG (1994 a 2001). Rev Bras Epidemiol 2005; 8(1): 41-9. 4.Imbiriba EB, Guerrero JCH, Levino LGAL, Cunha MG, Pedrosa V. Perfil epidemiológico da hanseníase em menores de quinze anos de idade, Manaus (AM), 1998-2005. Rev. Saúde Pública 2008;17 (6): 42. 5. Ferreira IN, Alvarez RRA .Hanseníase em menores de quinze anos no município de Paracatu, MG (1994 a 2001). Rev Bras Epidemiol 2005; 8(1): 41-9. Hansen Int. 2013; 38(Supl 1): 178 ISSN: 19825161 (on-line) Hansenologia Internationalis