A dica do IF – Campus Barbacena desta semana vai falar sobre alimentação saudável na infância e na adolescência Sobrepeso e obesidade crescem cada vez mais entre as crianças e adolescentes, preocupando a saúde pública. Para falar sobre o assunto, recebemos nos estúdios da Rádio Sucesso a professora do Curso Superior de Nutrição do IF Sudeste MG – Campus Barbacena, Júnia Maria Geraldo. 1. Bom dia professora. O Consumo excessivo de doces, fast-foods e pequenos lanches são hoje rotina na vida das crianças e adolescentes modernos. Quais os riscos desta alimentação? Bom dia! Estes tipos de lanches geralmente apresentam elevadas quantidades de substâncias que não benéficas à nossa saúde, como gorduras (especialmente as trans) e carboidratos simples (açúcares). Estas substâncias contribuem para o aparecimento de doenças como obesidade, diabetes e hipertensão arterial (pressão alta). É notável que nossas crianças e adolescentes estão desenvolvendo estas doenças de forma bem precoce, o que certamente trará graves consequências na vida adulta. 2. Como a senhora falou as crianças estão cada vez mais cedo desenvolvendo doenças que antes eram comuns somente em adultos, como por exemplo hipertensão. Para aquela criança e adolescente que já tem este hábito alimentar o que os pais e responsáveis devem fazer para inserir alimentos saudáveis na dieta deles e assim evitar essas doenças? O primeiro passo é dar o exemplo. As crianças tendem a imitar os adultos, especialmente os pais e irmãos mais velhos. Portanto, não adianta os pais quererem que as crianças consumam frutas, legumes e verduras e se eles mesmos não o fazem. Portanto, é preciso adequar fazer um trabalho em conjunto, adequando a alimentação de toda a família. Outra coisa que é muito importante é associar os alimentos saudáveis com os momentos de lazer e diversão. A alimentação é um ato social, e muitas vezes os momentos em que as crianças e adolescentes consomem os alimentos saudáveis (vegetais) são os momentos negativos. Estratégias coercitivas (chantagens, castigos, recompensas) levam a efeitos positivos imediatos, mas negativos a longo prazo. Ou seja, quando os pais castigam ou obrigam de forma rígida a criança a ingerir determinado alimento, a criança aumenta a resistência por aquele alimento. O ideal é oferecer os alimentos saudáveis também em um contexto positivo, por exemplo no almoço do domingo, nas festas de aniversário, etc. Isto fará com a criança associe este alimento a um momento feliz de sua vida. Estudos comprovam que estas estratégias melhoram a aceitação dos alimentos. 3. Os pais devem proibir o consumo de algum alimento? Eu não diria “proibir”, mas sim “controlar” a ingestão dos alimentos pouco nutritivos, principalmente para as crianças. Salgadinhos, balas e doces não devem ser proibidos, porque estimularão ainda mais o interesse da criança. Devem ser consumidos em horários adequados e em quantidades suficientes para não atrapalhar o apetite da próxima refeição. Deste modo, estes alimentos podem ser oferecidos, mas com cautela. Vale lembrar o que mencionei anteriormente, que estes alimentos não devem ser oferecidos somente nos contextos positivos (momentos de alegria e diversão), para que a criança não o supervalorize. 4. Qual seria uma dieta saudável e ao mesmo tempo atraente para as crianças e adolescentes? Temos orientações específicas para cada ciclo (pré-escolar, escolar e adolescente), mas de maneira geral, a alimentação deve ser especialmente equilibrada na infância e adolescência, por ser uma fase de intenso crescimento e desenvolvimento. A alimentação saudável nesta fase proporcionará melhor qualidade de vida a logo prazo. Crianças e adolescentes estão em pleno processo de formação de hábitos alimentares, e por isso é importante incentivar que os hábitos saudáveis. Algumas dicas para tornar a alimentação mais saudável seriam: estabelecer intervalo de 2 a 3 horas entre a ingestão de qualquer alimento e o horário das principais refeições (almoço e jantar); oferecer volume pequeno nas refeições; oferecer 5 a 6 refeições por dia (café da manhã, lanche saudável, almoço, lanche saudável, jantar e ceia); se houver recusa da refeição principal, oferecer mais tarde (nunca substituir a refeição principal por leite ou lanches); manter a presença de verduras e legumes nas refeições, mesmo que a criança não os aceite, mas sem a obrigatoriedade do consumo e sem comentários, caso sobrem no prato; guloseimas não devem ser utilizadas como recompensas ou castigos; não castigar, não recompensar, não forçar a criança a comer; adoçantes, produtos light e alimentos desnatados não são recomendados na alimentação de crianças e adolescentes; estimular o consumo de leite (adolescentes tendem a reduzir seu consumo); conscientizar que dietas hipocalóricas e restritivas são ineficazes a longo prazo. 5. E nas escolas? Como os pais devem se comportar na hora de preparar a merenda dos filhos? Embora pareça complicado, não é difícil fazer um lanche saudável. O que acontece é que as mães querem praticidade, mas nem sempre o mais prático é o mais saudável. Algumas dicas para ajudar nas escolhas mais apropriadas são: Ser criativo e variar as opções de lanches, utilizando alimentos de diferentes cores, sabores e texturas; Permitir que a criança participe da escolha do lanche; Negociar um dia da semana para a criança levar o que quiser; Sempre incluir uma fruta na lancheira; Limitar o número de biscoitos (colocar 4 ou 5 unidades, nunca colocar o pacote inteiro); Evitar ao máximo a inclusão de biscoitos recheados, salgadinhos, refrigerantes e doces ; Procure informações a respeito dos lanches dos outros colegas, se possível, converse com as mães, pois é comum o comportamento coletivo e a troca de lanches entre as crianças; Evitar incluir alimentos que necessitem de refrigeração (queijos, presunto, maionese, etc.), pois contaminam facilmente; Incluir uma garrafinha de água ou suco natural. Essas são apenas algumas orientações gerais. O ideal é ter o acompanhamento de um nutricionista para orientar a alimentação de cada criança, pois cada uma tem sua peculiaridade. 6. Professora no Curso Superior de Nutrição do Campus Barbacena há a disciplina “Nutrição e dietética da criança e do adolescente”. O que vocês trabalham nesta matéria e como isto pode contribuir para a sociedade? Nesta disciplina estudamos as necessidades e recomendações nutricionais para pré-escolares (2 a 6 anos), escolares (7 a 10 anos) e na adolescência (acima de 10 anos). São abordadas as diferenças de comportamento em cada fase e quais estratégias para conquistar e fazer com que a criança/ adolescente tenha alimentação saudável. Também são estudadas algumas doenças, como obesidade, desnutrição, anemia, alergias alimentares, dentre outras. Desta forma, preparamos os futuros nutricionistas para atender a comunidade, capacitando-os para atuar nas mais diversas situações que possam acometer crianças e adolescentes. Com o auxílio dos nutricionistas, os pais, as crianças e os adolescentes aprendem estratégias que são realmente eficazes para adequar a alimentação e são incentivados a manter bons hábitos desde cedo. Agradecemos a professora Júnia Maria Geraldo pelas informações. Aqueles que tiverem dúvidas sobre o tema podem procurar o IF Campus Barbacena. E na próxima terça-feira, a dica do IF Campus Barbacena vai falar sobre golpes de extorsão e outros crimes contra os internautas.