OS PRÉ-SOCRÁTICOS Trabalho de avaliação da disciplina

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OS PRÉ-SOCRÁTICOS
Trabalho de avaliação da disciplina
Introdução à Filosofia.
Professor José Belarmino do Monte
Segundo semestre do curso de
Bacharel em Teologia.
Seminário Teológico Batista do Nordeste
Feira de Santana – Bahia
Ano 1993
Introdução
A filosofia ocidental nasceu e floresceu na antiga Grécia, por volta do século VII A.C.
Tales, da cidade de Mileto, com sua forma de ensinar, deu início a essa ciência.
Quando afirmamos que o berço da filosofia foi na Grécia, devemos entender que na antiguidade
não havia um estado grego unificado. As cidades gregas, chamadas polis (daí o nome metrópoles, isto é,
grandes cidades) formavam os estados independentes ou cidades estados.
A palavra filosofia vem de filósofo que foi usada pela primeira vez por Pitágoras, sábio da cidade
de Samos, que viveu nos anos 580 a 490 A.C. Perguntado de onde vinha toda a sua sabedoria, respondeu;
“sou apenas um filósofo.”
Etimologicamente significa amor à sabedoria. Vem de duas palavras gregas: Filos=amor, e
Sofia=sabedoria.
A sabedoria nasceu das interrogações do homem. Os historiadores dividem-na em vários períodos.
O presente trabalho limita-se ao chamado período pré-socrático, que vai desde Tales até Sócrates, num
período de aproximadamente 224 anos (623-394 A.C.)
I – A Escola Jônica
Na Jônia, colônia grega na Ásia Menor, surgiram os primeiros filósofos.
Mileto era uma grande cidade daquela colônia. Nessa cidade nasceram os grandes filósofos Tales,
Anaximandro e Anaximenes, conhecidos como Jônios antigos.
O objetivo principal desses pesquisadores era descobrir um princípio de tal maneira que dele se
pudesse tirar explicações lógicas e racionais para os fenômenos da natureza.
Vamos conhecer um pouco do pensamento desses homens:
1. Tales (*fim do século VII A.C. + Início do século VI A.C.
É considerado o primeiro filósofo. Pouca coisa ficou registrada a seu respeito. Seu princípio
filosófico é a água como a substância original. Para ele a vida teve origem na água. Todas as coisas foram
sendo aperfeiçoadas através de mutações e transformações. Tales dedicou-se também ao estudo da
astronomia, tendo previsto um eclipse solar, o qual ocorreu conforme sua previsão em 28.05.585 A.C.
Pelo que pudemos entender, teria sido este filósofo o precursor da teoria da evolução das
espécies, apresentado por Charles Darwin séculos mais tarde.
2. Anaximenes (*588 A.C +524 A.C)
O Princípio filosófico deste sábio contraria o de seu antecessor. Enquanto aquele dizia que a água
dera origem a vida, este afirmava que o ar seria a causa primária das coisas. Este teria dado origem a
água, esta por sua vez teria dado origem as demais coisas.
O ar, uma substância invisível, reúne todas as condições da matéria ou substância original,
pensava o filósofo.
Para ele o ar é alma e nos mantém em unidade.
Sobre a origem do universo dizia que a terra surgiu pela compressão do ar e tem a forma de uma
mesa, sendo suspensa no ar.
Os astros originaram-se na terra, são ígneos ou terrosos. São fixados com pregos na abóboda de
cristal. As estrelas são resultados da refração do ar.
3 – Anaximandro (*610 A.C. +547 A.C)
Nem água nem ar. No pensamento de Anaximandro a substância original não poderia ter sido
nenhum desses dois elementos.
O ar sendo frio e a água úmida não reúnem condições para dar origem ao infinito. Também não
poderia ter sido o fogo, pois é quente. O que então teria dado origem ao universo? a resposta está em
substância etérea, infinita e invisível. Seria uma substância derivada do nada. A essa substância ele
chamou de apeíron.
Surgiram outros filósofos na Jônia que são chamados jônios posteriores. são eles: Heráclito,
Empédocles e Anaxágoras.
4 – Heráclito (*535 A.C. +475 A.C.)
Nasceu na cidade de Éfeso. Por discordar dos outros filósofos foi apelidado de “o obscuro”.
O princípio filosófico de Heráclito era de uma constante transformação no universo. Denominou
este processo de devir.
Dizia que a luta é a mãe e rainha de todas as coisas. Tudo segue uma lei: Logos. O mundo continua
em constante transformação. Originalmente o mundo tinha a forma de fogo. Esta teoria foi contestada
por Anaximandro, como vimos anteriormente.
5 – Empédocles (*490 A.C. +430 A.C.)
Nasceu em Agrigento, sul da Cicília. Tentou conciliar as idéias de Parmênides e Heráclito. Para ele
há quatro elementos os quais são as raízes de tudo: O fogo, a terra, a água e o ar. Esses elementos são
movidos por dois princípios opostos: o amor e o ódio.
6 – Axágoras (*500 A.C. +?)
Natural de Ciaromena. Viveu no período áureo da cultura grega. Viveu trinta anos em Atenas,
instalando definitivamente a filosofia na capital. Faleceu aproximadamente aos setenta anos, sendo
entretanto desconhecida a data exata do seu falecimento.
Opôs-se à teoria dos quatro elementos como substâncias de origem do universo. Para ele o
universo teve origem não em elementos visíveis, ou em substância invisível como o apeíron de
Anaximandro. No princípio houve uma mistura, a qual deu origem a uma substância primitiva. Essa
substância, o nous, deu origem a todo o universo, pensava o filósofo.
II – A Escola Pitagórica
Alguns autores a chamam de Escola Itálica. Foi fundada em 532 A.C. por Pitágoras de Samos. É
uma escola intermediária entre os jônicos e os eliáticos.
Os pitagóricos formavam uma comunidade em torno do mestre. Para eles a essência não era o
material, mais o ideal: o número.
O princípio filosófico dos pitagóricos é: o número é a essência de todas as coisas, e a organização
do universo em geral em suas determinações é o sistema harmonioso de números e ralações numéricas.
O princípio universal não pode ser percebido pelos sentidos.
Pitágoras fez grandes descobertas matemáticas e geométricas. Foi o primeiro a compreender que
o som de uma corda (música) depende de seu comprimento.
Considerando a terra uma estrela girante em torno de um fogo existente no seu interior, admitia a
existência de dez corpos celestes, determinados por relações numéricas. Defendia a tese da existência de
uma alma universal, que passa por várias existências até atingir a liberdade.
III – A Escola Eleática
Como dissemos anteriormente, nunca houve na antiguidade um estado grego unificado. Assim, o
nome Grécia significa uma infinidade de cidades independentes, porém dominadas por um governo
centralizado em Atenas. As regiões conquistadas assimilavam também a cultura dos conquistadores,
perdendo totalmente sua cultura nativa.
Na província de Eléa, surgiu outra escola filosófica, cujos principais expoentes foram: Xenofénes,
Parmênides, Zenão e Melissos.
1 – Xenófenes (*576 A.C. +?)
Natural de Colofônio. É desconhecida a data de seu falecimento. Sabe-se que viveu mais de 90
anos.
Sua filosofia basicamente girou em torno de Deus, do qual faz as seguintes afirmações: o Uno ou
Deus, é único porque é de todos o mais poderoso. Se não fosse único deveria dividir seu poder com
outros deixando de ser superior. Não foi gerado, porque o gerado que nasce é gerado a partir do
semelhante ou do diferente. Do semelhante não pode ser, pois nasceria do que não é. Do semelhante
também não pode ser porque não há razão para que um e não outro engendre ou seja engendrado.
2 – Parmênides (*504 A.C. +?)
Descendia de uma rica família da Eléa. Filosofou em torno do ser, excluindo o não ser. Dizia que o
ser é uma unidade. Não é infinito, pois se fosse seria incompleto.
O ser é eterno, único imóvel e ilimitado. Não aceitava a idéia de que o universo surgiu do nada,
pois para ele do nada, nada provém, pois o nada é limitado a nada.
Para ele a compreensão da realidade depende da existência de duas vias: a razão ou saber, e a
crendice.
3 - Zenão (*? +?)
Era filho adotivo de Parmênides. São desconhecidas as datas de seu nascimento e morte. Atingiu o
apogeu em 464-460 A.C.
Considerado por Hegel o fundador da dialética. Como filosofo destacou-se por defender os
princípios do pai adotivo e mestre.
4 – Melissos (*444 +?)
Natural de Samos. Foi também almirante, chefiou a revolta de sua cidade natal contra Atenas
saindo-se vencedor.
Sua principal doutrina filosófica baseia-se na idéia de que o ser é eterno, imóvel, uno, imutável e
incorpóreo.
Uno, pois se fosse múltiplo seria limitado a um parte de si mesmo.
Imóvel e imutável, pois se sofresse qualquer espécie de mudança, tornar-se-ia dependente de si
mesmo.
Incorpóreo, pois se tivesse corpo, teria partes e não seria uno.
Ainda sobre o ser, dizia que era infinito no espaço.
IV – Escola Atomista
Foi fundada por Demócrito (*460 +370 A.C.). Os princípios filosóficos dos atomistas baseiavam-se
na imutabilidade do ser e a realidade do vir-a-ser.
O ser é formado e átomos. Átomos são partículas indivisíveis, imutáveis e invisíveis. Todas as
coisas são derivadas do movimento dos átomos.
Este é o princípio básico da química que afirma que a matéria é formada de átomos.
V – Os sofistas
Os sofistas eram sábios que viajavam e por determina do preço, vendiam ensinamentos de
filosofia. Eles visavam o ensino da oratória. O nome sofista significa sábio, porém ganhou o sentido de
impostor, devido às críticas de Platão.
Carecterizava-se pelo interesse do próprio homem com a sociedade. Os princípios sofistas forma
Protágoras e Georgias.
1 – Protágoras (*480 A.C. +410 A.C.)
Natural de Abdela, Macedônia. Seu pensamento filosófico pode ser resumido em sua célebre
frase: “O homem é a medida de todas as coisas; daquelas que são, enquanto são; e daquelas que não são;
enquanto não são.”
2 – Georgias (*487 + 380 A.C.
Natural de Leontini, aprofundou o subjetivismo de Protágoras, e defendeu o ceticismo absoluto.
Sçao dele as seguintes afirmações:
1. Nada existia. 2. Se existisse nção poderia ser conhecido. 3. Mesmo que fosse conhecido, não poderia
ser comunicado a ninguém.
VI – Sócrates (*469 A.C. +399 A.C.)
Considerado por muitos o maior de todos os filósofos, Sócrates contrasta com os sofistas e coloca
novas bases no saber e assinala o início de uma nova e mais profunda reflexão sobre o homem.
Oriundo de uma família humilde de Atenas foi sem dúvida alguma um dos homens mais cultos da
antiguidade.
Sócrates não compartilha com os interesses dos pensadores naturalistas. Para ele a via de acesso
ao saber deixa de ser a intuição, passando a ser a dialética. Para o filósofo o lugar da filosofia não é um
lugar oculto ou círculo fechado, mas, sim, na praça ou em qualquer outro lugar público com
interlocutores de bom senso.
O método socrático pode ser resumido na sua frase célebre: “Conhece-te a ti mesmo.”
Com perguntas que exigem uma resposta imediata, Sócrates inaugura uma nova fase na filosofia.
O que pensas da justiça? E da prudência? São perguntas feitas com frequência pelo grande sábio.
Sócrates não foi compreendido pelos seus contemporâneos. Acusado de perverter a cabeça da
juventude, foi condenado à morte. Serenamente sorveu a taça de sicuta, após despedir-se de sua esposa
e filhos.
Pela sua maneira de filosofar, Sócrates é um capítulo à parte na história da filosofia.
Conclusão
A Filosofia como mãe de todas as ciências exerce influência muito grande ainda nos dias de hoje.
Matéria obrigatória em qualquer curso superior, o estudo da filosofia possibilita entender o pensamento
dos grandes sábios da antiguidade.
Nem sempre o que os filósofos pensavam corresponde à realidade da vida, porém, muitos de seus
ensinamentos são úteis para o nosso viver diário.
Na verdade a filosofia como ciência continua até os dias de hoje. Grandes descobertas forma feitas
por causa das indagações do homem.
Primeiro o homem observa, depois pergunta e finalmente descobre o porquê das coisas.
A filosofia, sem dúvida, é uma grande ciência.
Bibliografia
GILES, Thomas Ranson – Introdução à filosofia, São Paulo, EDUSP, 1979
LUCKESI, Cipriano Carlos et alii – Introdução à filosofia, Salvador, UFBA, 1992
CORBISIER, Roland – Introdução à filosofia, Tomo II São Paulo, Civilização Brasileira, 1984
MONDIN, Batista – Curso de Filosofia, Volume I São Paulo, Edições Paulinas, 1984
MONDIN, Batista – Introdução à filosofia, São Paulo, Edições Paulinas, 1987
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