Intoxicações por Produtos Químicos Derivados do Petróleo

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Intoxicações por Produtos Químicos Derivados do Petróleo
GASOLINA E QUEROSENE: Combustível para veículos automotores leves,
solventes, iluminação, aquecimento, veículo para pesticidas, limpeza. Depressor do
SNC, irritante de pele e olhos e de trato respiratório. Absorção importante por
inalação, baixa por via digestiva.
QUADRO CLÍNICO: Tosse, dificuldade respiratória, confusão mental; taquicardia,
náuseas, vômitos. Maior risco: PNEUMONITE QUÍMICA por aspiração.
TRATAMENTO: Assistência respiratória. Tratar broncoespasmo. Ingesta de
pequenas quantidades (5-10ml): NÃO fazer esvaziamento gástrico devido alto
risco de aspiração e baixa toxicidade sistêmica.
CONTRA-INDICADO: Induzir vômitos, alimentos ou laxantes lipídicos
(aumentam absorção). Fazer repouso gástrico (4h) para evitar êmese, carvão
ativado, catárticos salinos. avaliar função pulmonar (controle radiológico até o 3º e
5º dia). Ingesta maciça (maior que 30ml) ou quando misturada a substâncias mais
tóxicas (p.ex. pesticidas agrícolas): lavagem gástrica cuidadosa com entubação
endotraqueal. Equilíbrio hidroeletrolítico, ácido-básico. Avaliar gasometria arterial.
Casos graves avaliar função renal e hepática. Para pneumonite química:
assistência respiratória (NÃO usar corticóides, NÃO fazer antibiótico profilático).
Demais medidas sintomáticas e de manutenção.
METANOL: Sinônimos: álcool metílico, álcool de madeira, carbinol. Líquido volátil,
inflamável, odor alcoólico quando puro e desagradável quando misturado a
impurezas. Utilizado como solvente de tintas, vernizes; combustível, aditivos de
gasolina, anticongelantes em radiadores, líquido de freios de veículos, fabricação
de bebidas clandestinas.
QUADRO CLÍNICO: Risco tóxico: ingestão acidental e exposição ocupacional
(monitorar metanol na urina de trabalhadores expostos).Intoxicação crônica:
primeiros sintomas são redução dos campos visuais e embaçamento da visão. A
combinação de distúrbios visuais, acidose metabólica e história de exposição ao
metanol, e presença de ácido fórmico na urina, confirmam quadro clínico.
Intoxicação aguda: ingestão de 15ml causa cegueira, de 70 a 100ml costuma ser
fatal.
TRATAMENTO: Deverá ser instalado logo após a obtenção dos níveis séricos de
metanol. Dosagens acima de 40ml/dl indica uso de antídoto específico: etanol
(álcool etílico) EV ou VO. Níveis acima de 50mcg/dl e a presença de acidose
metabólica indicam uso de etanol + hemodiálise, para melhor prognóstico do
caso.
BENZENO: Solvente. Usado em pesticidas, detergentes, estireno, fenol,
ciclohexano, anilina e outros produtos da petroquímica; adesivos, combustíveis,
indústria de calçados e cola para carpetes. Bem absorvido por via oral e pulmonar
e pouco por via dérmica. Severo irritante ocular e moderado irritante de pele.
QUADRO CLÍNICO: Na intoxicação aguda, após exposição a vapores e
ingestão: EUFORIA, com cefaléia, tonturas, ataxia, confusão mental e coma nos
casos graves, hipertonia muscular e hiperreflexia associados ao coma. Convulsões
ocorrem comumente na presença de asfixia. Principal risco: Pneumonite química
por aspiração pulmonar. Ingestão: queimação da mucosa oral, náuseas, vômitos e
salivação; pode ocorrer gastrite hemorrágica. Aspiração durante a ingestão ou
vômitos causa severa pneumonite química. Morte pode ocorrer por falência
respiratória ou fibrilação ventricular.
Intoxicação crônica: sintomas inespecíficos como anorexia, nervosismo,
tonturas, fadiga, letargia, alucinações, parestesias, lesões dermatológicas e
discrasias sangüíneas com plaquetopenia, leucemia, aplasia de medula devido ação
mielotóxica do benzeno.
TRATAMENTO: Assistência respiratória, se necessário. Ingesta de pequenas
quantidades (5 a 10ml): repouso gástrico, para evitar vômitos, após 4 horas,
administrar líquidos frios fracionados. Controle radiológico. Ingesta maior de
1ml/Kg/peso corporal – lavagem gástrica cuidadosa com intubação endotraqueal
para prevenir aspiração. Administrar catárticos salinos. Monitorar
eletrocardiograma pelo risco de fibrilação ventricular. Controlar convulsões com
benzodiazepínicos. Na contaminação ocular ou pele – lavar abundantemente com
água corrente. Se irritação ocular, avaliação oftalmológica. Manter equilíbrio
hidroeletrolítico e ácido-básico. Medidas sintomáticas e de manutenção.
INTOXICAÇÃO CRÔNICA: não existe nenhum tratamento específico ou
antídoto. Em suspeita ou confirmação de intoxicação crônica, o afastamento da
exposição deve ser imediato.
TOLUENO: Solvente em tintas, vernizes, removedores, desengraxantes.
QUADRO CLÍNICO: Depressor do SNC e mesmo em baixas concentrações
ambientais produz fadiga, fraqueza e confusão mental. Ao contrário do benzeno, o
tolueno não produz anemia aplástica e leucemia. Pode sensibilizar o miocárdio aos
efeitos arritmogênicos das catecolaminas. O tolueno é irritante da mucosa
respiratória e ocular. Abuso crônico de tolueno pode levar a desmielinização difusa
do SNC, miopatia e dano renal. Ocorre dermatite na exposição cutânea
prolongada. A ingestão de tolueno pode causar irritação da boca, faringe, vômitos
e diarréia. Secundariamente aos vômitos podem ocorrer manifestações de tosse,
sufocação, broncoespasmo e cianose.
TRATAMENTO: Ingesta de pequenas quantidades (5 a 10ml): repouso gástrico
para evitar vômitos. Ingesta maior de 1ml/Kg/peso corporal: lavagem gástrica
cuidadosa com intubação para prevenir aspiração(é mais eficaz nos primeiros 30
min após a ingestão). Assistência respiratória. Controle radiológico. Atenção risco
de arritmia cardíaca. Manter equilíbrio ácido-básico. Medidas sintomáticas e de
manutenção.
ASFALTO: Asfalto de petróleo, betumem, betumem de petróleo, piche, piche
mineral. Mistura complexa de hidrocarbonetos, usado em pavimentação,
impermeabilização, formulação de tintas e vernizes. Considerado de baixa
toxicidade devido alta viscosidade, baixa volatilidade e insolubilidade em meio
aquoso.
QUADRO CLÍNICO: Inalação/Exposição: vapores e fumos são irritantes para
olhos, trato respiratório e pele. Contato: Asfalto aquecido pode causar
queimaduras graves. Ingesta: “mascar” pedaços de asfalto pode resultar risco
mecânico se deglutido.
TRATAMENTO: Contato: RESFRIAMENTO IMEDIATO da pele ou áreas atingidas,
com água fria corrente, durante 20min. NÃO tentar remover partículas. Lavar a
pele com água e sabão. Não usar solventes. Podem ser usados produtos contendo
glicerina ou lanolina; antibióticos tópicos. Inalação: remoção imediata para local
bem ventilado, assistência respiratória. Medidas sintomáticas e de manutenção.
NAFTALINA: Produto químico/Pesticida doméstico. Sinônimos: naftaleno,
nafteno, alcatrão branco, alcatrão canforado. Usado como repelente de traças
“bolinhas de naftalina”, desinfetante sanitário, fumigante de solos, sínteses
químicas, manufatura de tintas. São cristais brancos e transparentes, extraídos do
alcatrão da hulha por solventes orgânicos. Evapora facilmente, umidade do ar e
luminosidade causam sua degradação em poucas horas. Inflamável ou explosivo
quando exposto ao calor ou chamas. Naftalina tem rápida absorção oral, sendo
também absorvida via inalatória ou dérmica, é potencializada por solventes
orgânicos ou lipídio. Dose letal estimada em humanos: 1-2 gramas (cada “bolinha”
íntegra pode conter 2 – 3g).
QUADRO CLÍNICO: Irritação gastro-intestinal, sudorese, irritação do trato
urinário; hiper-excitabilidade, letargia, convulsões, coma. Hemólise em 1-3 dias,
insuficiência renal. Possível metemoglobinemia. Irritante ocular ou por contato
dérmico.
TRATAMENTO: Esvaziamento gástrico até 2 horas. Êmese somente imediata e se
não houver cânfora associada. Cuidar risco de obstrução mecânica por “bolinha”.
Lavagem gástrica com água morna. Carvão ativado, catárticos salinos. Tratamento
Geral: assistência respiratória, diazepam se convulsões, hidratação, alcalinização
urinária, pode ser necessário transfusão sangüínea. Medidas sintomáticas.
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