CULTURA DO COQUEIRO-ANÃO (Cocos nucifera L.) Márcio Ribeiro do Vale 1 José Darlan Ramos1 Humberto Umbelino de Sousa 2 Keize Pereira Junqueira 3 Vander Mendonça 4 1 INTRODUÇÃO No Brasil, a cultura do coqueiro-anão (Cocos nucifera L.) vem alcançando incrementos significativos na área plantada nos últimos cinco anos, com 57.000 ha cultivados, sendo cerca de 33.000 ha no Nordeste, onde se incluem cerca de 10.000 ha no Vale do São Francisco. Dessa área total, a maior parte ainda se encontra em fase de formação ou início de produção, e apenas cerca de 3.000 ha encontram-se em produção plena. 1 Professor DAG/UFLA. Caixa Postal 37, 37.200-000, Lavras-MG. Eng. Agro ; Ph.D.; Pesquisador EMPARN, Cx Postal 188 – Natal-RN, CEP:59.020-390. 3 Aluna de Graduação/UFLA. 4 Eng. Agro Doutorando em Agronomia/Fitotecnia/UFLA 2 6 Apesar de ainda estar em crescimento, a área em produção tem sido responsável pela oferta no mercado interno de cerca de 280 milhões de unidades de três cocos-verdes/ano, equivalentes a 420.000 toneladas. Essa crescente expansão é impulsionada pela grande demanda pela água-de-coco, símbolo de bebida natural, tanto para o consumo natural quanto empacotada em embalagem longa-vida, o que vem permitindo sua distribuição em todas as regiões do País. Além disso, o mercado internacional tem mostrado algumas perspectivas aos produtores brasileiros. A maior parte das exportações de coco anão-destina-se especificamente para a produção de água. Com objetivo de melhor orientar os interessados no cultivo do coqueiro-anão, com a presente publicação serão discutidas, de forma simples e sistematizada, as diversas práticas culturais que abrangem as etapas de produção, com ênfase desde escolha da área para plantio até a comercialização. 7 2 CLIMA Dentre os fatores climáticos, destacam-se a precipitação pluviométrica e temperatura. O coqueiro é uma planta que exige entre 1.500 e 2000 mm anuais de chuva bem distribuídos, para externar todo seu potencial produtivo. Um período de três meses com menos de 50 mm de precipitação por mês é consideravelmente prejudicial ao coqueiro. Contudo, uma excessiva quantidade de chuva pode ser prejudicial à planta, dificultando a ocorrência de uma boa fecundação, reduzindo a aeração do solo e aumentando a lixiviação dos elementos minerais. Entretanto, verifica-se que nem sempre as condições adequadas de pluviosidade são atendidas. Dessa forma, a suplementação de água pela irrigação ou o plantio em locais com lençol freático pouco profundo são medidas recomendáveis. Com relação à temperatura, o coqueiro requer uma média de temperatura mínima mensal superior a 18o C para vegetar e produzir satisfatoriamente, sendo 27º a temperatura média anual considerada ótima, com oscilações diárias de 5 a 7 ºC. Temperaturas inferiores a 15o C acarretam desordens fisiológicas na planta, provocando 8 paralisação no seu crescimento, bem como o abortamento de flores e, com isso redução, na produção. Além das condições citadas, para vegetar bem, o coqueiroanão necessita de insolação superior a 1.800 horas/ano e umidade relativa superior a 60 %. 3 SOLO Recomenda-se a utilização de solos com textura arenosa ou areno-argilosa, com profundidade superior a um metro e sem camadas que possam impedir o desenvolvimento do sistema radicular. Devem possuir boa aeração, pH acima de 5,0, não estarem sujeitos ao encharcamento e apresentarem boa fertilidade. 4 OBTENÇÃO DE SEMENTES E MUDAS As mudas para plantio devem ser adquiridas de viveiristas credenciados junto à CESM (Comissão Estadual de Sementes e 9 Mudas), as quais devem ser acompanhadas por Nota Fiscal, além do certificado de garantia da qualidade das mesmas e livre-trâmite emitidos por esse órgão. De acordo com a Portaria nº 301/98, de 19 de outubro de 1998, as Normas e Padrões de Mudas e Sementes no Estado de Minas Gerais são as seguintes: 4.1 Normas e padrões para a produção de sementes de coqueiro Origem da semente: As sementes devem ser originárias de plantas matrizes, selecionadas nas populações de coqueiros, registradas na Entidade Certificadora e/ou Fiscalizadora, ou de pomares registrados para a produção de sementes. No caso de sementes de híbridos, a hibridação deve ser feita a partir de cruzamentos controlados. A comprovação da origem é descrita na nota fiscal e no atestado de garantia. Área máxima para inspeção: 50 ha No pomar registrado, não será permitida a presença de outras cultivares. As plantas matrizes e o pomar registrado deverão estar afastados de outras cultivares ou plantas da mesma família, a uma 10 distância de, pelo menos, 500 metros, com barreira ou 1000 metros livres. Colheita do coco-semente: Entre 11 e 12 meses, a partir da abertura da inflorescência, e a semente deverá possuir água. Deverão ser eliminadas as sementes deformadas ou com presença de pragas e/ou doenças. Vistorias obrigatórias do campo pelo responsável técnico: Uma na época da inflorescência e outra, na colheita. Fiscalização oficial do campo: Os campos de plantas matrizes ou pomares registrados serão fiscalizados em qualquer etapa da produção. 4.2 Normas e padrões para a produção de mudas de coqueiro Viveiro: Os talhões devem ser identificados por placas que contêm nome da cultivar, mês e ano de plantio e número de plantas; o viveirista deve dispor de croqui de seu viveiro; o viveiro deverá localizar-se a pleno sol, em solos bem drenados, mantido livre de plantas daninhas (trevo ou tiririca, por exemplo) e qualquer tipo de gramínea. 11 Condução do viveiro: Em qualquer sistema de condução utilizado, os canteiros devem possuir entre 1 e 1,5 metro de largura, e ser espaçados entre si por passagens de 0,5 metro de largura. Todas as sementes não-germinadas até 120 dias após o plantio, para o cocoanão, e 150 dias, para os híbridos, deverão ser eliminadas, bem como aquelas que derem origem a brotos raquíticos, afilados, estiolados e com limbos reduzidos ou albinos. As sementes nãogerminadas e as mudas fora do padrão deverão ser incineradas imediatamente após seu descarte. Sistema de condução para muda de raiz nua: • Sementeira-viveiro: A densidade de plantio na sementeira será, no máximo, de 20 cocos-sementes por metro quadrado para coco gigante, 25 para híbrido e 30 para coco-anão. Quando o broto atingir 15 centímetros de altura, as mudas deverão ser repicadas para o viveiro, onde permanecerão por até 6 meses; o espaçamento deve ser de 60 por 60 centímetros em triângulo. • Sementeira exclusiva: A densidade de plantio na sementeira será de, no máximo, 20 cocos-sementes por metro quadrado para coco-anão e híbrido e 15 para coco gigante. As mudas poderão 12 permanecer no local por, no máximo 10 meses, até a comercialização. Sistema de condução para mudas em torrão: A densidade de plantio na sementeira será de 20 a 25 cocos-sementes por metro quadrado. Quando o broto atingir 15 centímetros de altura, as mudas deverão ser repicadas para o saco plástico com furos. O saco deverá ser de polietileno preto com, no mínimo 0,2 milímetro de espessura e dimensões de 40 centímetros de largura e 40 centímetros de altura. Padrões mínimos de qualidade para produção, transporte e comercialização de mudas: As plantas devem ter, no máximo, 10 meses ao se proceder à comercialização, tempo esse que varia de acordo com os seguintes parâmetros: • Sistema sementeira-vivieiro: 4 (quatro) a 6 (seis) meses, após a repicagem • Sistema sementeira-exclusiva: no máximo 10 (dez) meses, a partir da semeadura. Também devem apresentar, no mínimo, 10 centímetros de circunferência do coleto 6 meses após o broto atingir os 15 centímetros de altura e, no mínimo, 4 folhas bem-desenvolvidas, 13 tolerando-se o máximo de uma folha com folíolo aberto. Devem ser eretas, sem entorse ou defeito de formação, com coloração uniforme e possuir raízes abundantes. Além disso, deverão estar isentas de pragas e doenças (Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal). Condições sanitárias: Todas as plantas portadoras de pragas e doenças para as quais não existem medidas fitossanitárias preconizadas de controle deverão ser eliminadas. Identificação das mudas: As mudas deverão ser identificadas por uma etiqueta, contendo no mínimo nome, endereço e número de registro do produtor, espécie e cultivar. Quando se tratar de um lote de mudas de uma só cultivar, destinada a um único consumidor, sua identificação poderá constar apenas dos respectivos documentos de transação e remessa. Vistorias obrigatórias do viveiro pelo responsável técnico: Serão obrigatórias três vistorias, nas seguintes fases: - No plantio, com emissão de laudo; - Aos 120 (cento e vinte) dias após a semeadura; - Na pré-comercialização, com emissão de laudo. Fiscalizações oficiais dos viveiros: Os viveiros receberão, no mínimo, três fiscalizações. 14 5 PREPARO DA ÁREA Quando se tratar de área não cultivada, deve-se proceder ao desmatamento, que pode ser executado mecanicamente e/ou manualmente, com auxílio de foice e machado, e, posteriormente, o destocamento. Após a limpeza da área, deve-se proceder à retirada de amostras do solo para análise química. Quando for necessário o uso de calagem, essa deve ser feita com calcário dolomítico, recomendando-se aplicar metade antes da aração e o restante após, porém, antes da gradagem. 5.1 Marcação e abertura de covas Após o preparo da área, deve -se proceder à marcação e ao piqueteamento onde, posteriormente, serão abertas as covas, devendo-se observar o espaçamento de 7,5 m X 7,5 m X 7,5 m, no arranjo de triângulo equilátero (Figura 1), totalizando 205 plantas/ha. As covas devem ser abertas manualmente com o emprego de "cavador" ou mecanicamente por meio de "fuso" acoplado à tomada 15 de potência do trator, tendo-se o cuidado de observar as dimensões de 80 cm de profundidade, 80 cm de largura e 80 cm de comprimento. Figura 1: Marcação das covas de plantio arranjadas em triângulo equilátero. Fonte: EMBRAPA (1993). 5.2 Preparo da cova e plantio Um mês antes do plantio da muda, deve-se processar o enchimento da cova, conforme esquema mostrado na Figura 2. 16 Durante essa operação, deve-se adicionar 800 g de superfosfato simples e 20 litros de esterco de curral curtido. As mudas devem ser colocadas no centro da cova, em posição vertical, sendo cobertas por uma camada de solo suficiente para cobrir a semente, tendo o cuidado de não cobrir a região do coleto, conforme esquema da Figura 2. Aos 30 dias após o plantio, deve ser aplicado, em cobertura, 300 g de uréia e 200 g de cloreto de potássio por muda, distribuindose a mistura dos fertilizantes em torno da planta, observando-se um raio de 20 cm de distância do coleto. Principalmente durante os 4 primeiros anos de plantio, o consórcio com plantas de ciclo temporário tem sido utilizado com sucesso por pequenos produtores. Verifica-se grande diversificação das culturas consorciadas, e a maioria não apresenta nenhum efeito negativo sobre o desenvolvimento do coqueiro. Assim, tem-se observado que, na maior parte dos casos, a cultura principal é beneficiada em função dos tratos culturais proporcionados à cultura consorciada. O produtor, por sua vez, obtém uma renda adicional dentro da mesma área. Entretanto, devem ser levados em consideração aspectos relacionados ao clima, solo e mercado para a 17 escolha da cultura a ser intercalada. Recomenda-se que o plantio seja realizado nas faixas no centro das entrelinhas, ou como é mais comum, utilizando-se a área total, mantendo-se livre a zona de coroamento, que corresponde, em média, a 2 m de raio a partir do coleto. Figura 2: Enchimento da cova e plantio da muda de coqueiro. Fonte: EMBRAPA (1993). 18 6 TRATOS CULTURAIS 6.1 Controle de plantas daninhas Compreende uma série de práticas agrícolas, com objetivo de minimizar os danos causados pela competição exercida pelas plantas daninhas, as quais concorrem com a planta por água e nutrientes do solo. Roçagem: Deve ser realizada nas entrelinhas, de forma a manter a cobertura do solo o tempo todo e, assim, minimizar as perdas de água por evaporação, bem como diminuir as perdas de solo por erosão. Deve ser realizada duas vezes durante o ano, sendo a primeira no início da estação chuvosa e a segunda no final. Gradagem: Consiste em um trabalho agressivo de incorporação da vegetação de cobertura. Deve ser realizada apenas quando for necessário proceder à calagem. O uso dessa prática cultural, sobretudo em solos de textura média e argilosa, poderá ocasionar danos à estrutura do solo, com formação de camadas compactadas na subsuperfície, favorecendo, assim, o processo erosivo. Pode ser recomendada para regiões que apresentam elevado déficit hídrico e onde predominam gramíneas de difícil controle, como o “capim gengibre”. 19 Coroamento: Prática que tem por objetivo manter a região de maior concentração de raízes, as quais são responsáveis pela absorção de água e nutrientes, livre da concorrência com as ervas-daninhas. Deve ser realizada mantendo-se um raio de dois metros de distância do caule totalmente livre de competição com as plantas invasoras, como representado na Figura 3, devendo ser feito após cada roçagem. É nessa área de coroamento onde se realizam as adubações em cobertura. Figura 3: Esquema de coroamento do coqueiro e área de distribuição de fertilizantes. Fonte: EMBRAPA (1993). 20 6.2 Calagem e adubação Deve ser feita com base na análise química de amostras do solo, a cada dois anos. A coleta de solo para a amostragem deve ser realizada sempre sob a copa das plantas, na região do coroamento, quando se deseja recomendar adubação, e nas entrelinhas, quando se objetiva recomendar a calagem. As amostras de solo devem ser colhidas próximo do final da estação seca, seguindo-se todas as recomendações do Laboratório de Análises. Quando não se tem acesso às informações de análise do solo, sugere-se proceder à adubação levando-se em consideração a idade da planta e as quantidades de fertilizantes apresentadas na Tabela 1. 21 Tabela 1: Doses de fertilizantes recomendadas para o coqueiroanão em diferentes idades quando cultivado em solo de baixa fertilidade. IDADE (anos) FERTILIZANTE (g/planta) uréia 0 (plantio) 300** superfosfato simples cloreto potássio 800* 200** 1 1000 400 600 2 1400 1200 800 3 1600 1200 1000 4 1800 2000 1400 5 2200 2000 1600 6 2600 2400 1800 7 e seguintes 3000 3200 2000 * - aplicado na cova de plantio **- aplicado em cobertura 30 dias após o plantio Fonte: EMBRAPA (1993). 6.3 Irrigação Em regiões com longos períodos de estiagem e em função da disponibilidade de recursos do produtor, deve-se proceder à irrigação pelo método de microaspersão (solos arenosos) ou gotejamento (solos de textura média à argilosa), em que a quantidade de água a ser aplicada varia em função das características de clima e do solo da região e da quantidade e 22 qualidade da água disponível. Plantas bem supridas por meio de irrigação têm seu desenvolvimento favorecido, contribuindo para a precocidade na floração e produção de frutos durante o ano inteiro. 6.4 Pragas Entre as pragas que atacam o coqueiro no Brasil, as que se apresentam em maior freqüência e com prejuízos significativos são: as coleobrocas, entre essas, a broca-do-olho (Rhinchophorus palmarum ) e a broca-do-estipe (Rhinostomus barbirostris); a traça da inflorescência (Hyalospila ptychis); o ácaro (Eriophyes guerreronis); as lagartas-das-folhas (Brassolis sophorae e Automeris sp), além das formigas cortadeiras, durante os três primeiros anos do plantio. As principais pragas e seu controle serão descritos a seguir: Broca-do-olho (Rhynchophorus palmarum L.) O adulto é um besouro de cor preta, com 4,5 a 6,0 cm de comprimento. Possui um "rostro" comprido e recurvado, recoberto por pêlos pretos na parte superior nos machos. 23 A fêmea põe os ovos no 'olho' da pla nta, com um total de aproximadamente 250 ovos. Desses, saem as larvas brancas, que medem cerca de 7,5 cm de comprimento. As larvas alimentam-se da parte interna do tronco, destruindo o meristema apical da planta e provocando a morte do coqueiro. Controle: Como o controle químico é caro e de difícil aplicação em virtude do porte do coqueiro, sugere-se o emprego de um controle cultural preventivo mediante a eliminação das plantas atacadas e o monitoramento da praga. Esse último é feito com o uso de iscas atrativas para a broca-do-olho, com emprego de baldes de 20 litros com funil acoplado na tampa, e colocando-se, no seu interior, pedaços da planta de coqueiro ou porções de cana-de-açúcar e melaço na proporção de um litro de melaço para quatro litros de água. A mistura tem o objetivo de manter a isca sempre úmida, atraindo o inseto para a armadilha. A cada 15 dias deve se proceder à substituição da isca, bem como destruir os insetos capturados. Broca-do-estipe (Rhinostomus barbirostris Fabricius) O adulto é um besouro preto de 1,1 a 5,3 cm comprimento, com rostro recoberto por pêlos avermelhados. 24 A fêmea difere do macho por apresentar rostro mais curto e sem pêlos. Ela põe os ovos no tronco do coqueiro, onde faz perfurações com o rostro, colocando os ovos e, posteriormente, cobrindo-os com uma camada cerosa para protegê-los do ressecamento. Dos ovos, surgem larvas de cor esbranquiçada que podem atingir até 5 cm de comprimento. Após o nascimento, as larvas penetram no tronco, destruindo o sistema vascular da planta e formando galerias, que aumentam de diâmetro à medida que a larva cresce. Quando o ataque é intenso e ocorre próximo à copa do coqueiro, pode ocorrer a quebra do estipe pela ação de ventos fortes. Mesmo não havendo a quebra da planta, poderá ocorrer uma redução na capacidade produtiva em até 75%. Controle: Em função das dificuldades de controle químico, como mencionado para a broca-do-olho , sugere-se o controle mediante inspeções constantes e periódicas no coqueiral visando a detectar a postura e raspá-las com facão para destruição dos ovos. Ácaro (Eriophyes guerreronis Keif.) Normalmente o ácaro desenvolve -se sob as brácteas dos frutos novos, sugando a seiva da epiderme e provocando cloroses 25 que se estendem longitudinalmente por todo o fruto . Posteriormente, a área danificada torna-se marrom-escura, com aspectos ásperos e freqüentemente apresentando rachaduras. Os frutos danificados se deformam, perdem peso e, às vezes, caem antes de atingir o ponto ideal de colheita, além de tornarem-se pouco atrativos para o consumidor de "coco-verde". Controle: Em razão de os ácaros se encontrarem protegidos pelas brácteas dos frutos, o controle com a utilização de produtos químicos de ação por contato fica comprometido, podendo ser usados apenas produtos de ação sistêmica. Entretanto, esses produtos devem ser recomendados com restrições, uma vez que podem deixar resíduos nos frutos. Traça da inflorescência (Hyalospila ptychis Dyar) O adulto é uma mariposa pequena, que faz a postura na inflorescência. Dos ovos, surgem lagartas brancas, com pigmento no dorso e cabeça amarelada. As lagartas desenvolvem-se nas inflorescências recém-abertas do coqueiro, danificando os carpelos da flores femininas e perfurando os frutos novos na região das brácteas. Instalam-se sob as mesmas, onde se alimentam dos 26 tecidos e abrem galerias, provocando a queda dos frutos atacados ainda pequenos. Controle: Sugere-se proceder à eliminação das inflorescências atacadas pela traça e queimá-las como forma de diminuir a fonte de inóculo, visto que o controle químico somente deve ser empregado em casos de alta infestação. Lagarta-das-folhas (Brassolis sophorae e Automeris cinctistriga Felder) O adulto é uma borboleta grande (Brassolis sophorae) medindo de 6 a 10 cm, de hábito diurno, a qual faz a postura na base do pecíolo das folhas e folíolos. As lagartas surgidas dos ovos chegam a medir de 6 a 8 cm de comprimento, possuem cabeça avermelhada e listras longitudinais marrons -escuras no dorso. As lagartas fazem ninhos unindo vários folíolos com fio de seda no interior, onde passam o dia e só saem à noite para se alimentarem. Se alimentam do limbo foliar dos folíolos, provocando o desfolhamento total das plantas. O adulto da lagarta Automeris é uma mariposa. As lagartas são verdes e urticantes, podendo atingir 9 cm. São de hábito diurno, 27 de ocorrência esporádica e apresentam-se dispersas nas folhas. Se alimentam do limbo foliar e provocam o desfolhamento do coqueiro, podendo ocorrer desde o período do viveiro até a fase adulta no campo. Controle: Sugere-se a derrubada das lagartas com o emprego de varas e destruição mecânica das mesmas. Formigas As formigas saúvas causam sérios danos nos três primeiros anos de plantio da muda e também no viveiro, podendo levar a um desfolhamento total da planta. Controle: Devem ser controladas com o emprego de formicidas adequados, tendo-se o cuidado de controlar os formigueiros tanto dentro quanto fora da propriedade. 6.5 Doenças Entre as doenças, destacam-se como de maior importância o anel-vermelho do coqueiro (Bursaphelenchus cocophilus), a lixa (Phyllachora torrendiella) e a queima-das-folhas ( Botryosphaeria cocogena): 28 Anel-vermelho (Bursaphelenchus cocophilus) Tem como agente causal um nematóide do sistema vascular (Bursaphelenchus cocophilus) e sua disseminação ocorre principalmente pela broca-do-olho do coqueiro, que é o inseto vetor. A doença é de natureza letal, caracterizando-se externamente por uma coloração amarelo-ouro das folhas basais, que se inicia na ponta da folha e avança em direção à ráquis. As folhas arreiam em torno do estipe, conferindo um aspecto de guarda-chuva. Internamente, por meio de um corte transversal do estipe, observa se uma coloração avermelhada em forma de anel no cilindro central do estipe. A doença só ocorre após a exteriorização do estipe. Controle: Pelo fato de a doença ser letal ao coqueiro e ser disseminada principalmente pela broca-do-olho, o controle é efetuado pelo do controle do inseto, ou seja, com o uso de armadilhas, como recomendado anteriormente, em conjunto com o arranquio, remoção da planta atacada para uma área fora do coqueiral e queima do coqueiro doente. Deve -se ter o cuidado de abrir o estirpe ao meio antes de se efetuar a queima para destruir as 29 larvas da broca que se encontram no interior do estirpe e, dessa forma, reduzir a população do inseto vetor. Lixa ( Phyllachora torrendiella – Lixa-pequena; Sphaerodothis acrocomiae – Lixa-grande) e Queima-das-folhas ( Botryosphaeria cocogena) A lixa e a queima-das-folhas são doenças fúngicas e geralmente ocorrem de forma associada, acreditando-se que a lixa seja a porta de entrada para o fungo causador da queima-dasfolhas. Essa última manifesta-se nas folhas mais velhas, sendo caracterizada por uma coloração marrom-avermelhada em forma de "V", iniciando na extremidade da folha e caminhando em direção a ráquis. Com a evolução da doença, ocorrem a seca e morte da folha que serve de sustentação para o cacho, antes que esse se encontre no ponto de colheita. Isso leva à queda prematura dos cocos em função do penduramento do cacho e obstrução do transporte de nutrientes para os frutos. Além desses danos, ocorre uma redução na área foliar da planta com queda significativa na produtividade. Controle: Em função da indisponibilidade de material genético resistente, a “Queima-das-folhas” deve ser controlada culturalmente 30 pela da eliminação da fonte de inóculo, por meio de corte das partes atacadas das folhas, com posterior remoção da área e queima do material. O controle químico só deve ser efetuado quando se verificar elevados índices de ocorrência da doença, em função do elevado custo do controle, o qual consiste de três aplicações de Benomyl a 0,1% + Carbendazim a 0,1%, a intervalos de 15 dias, sendo aplicado em conjunto com a eliminação das folhas atacadas, e repetindo-se a aplicação dos mesmos produtos após três meses. O controle químico para a lixa ainda não apresentou resultados satisfatórios definitivos. Em caso de suspeita da doença, o ideal é que se procure um engenheiro agrônomo. 7 COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO A produção comercial tem início a partir do quarto ano após o plantio. Geralmente, a colheita é feita mensalmente, mas pode variar de acordo com as condições climáticas. Como o coco-anão é destinado basicamente para o mercado de coco-verde, em razão do consumo da água, os frutos devem ser colhidos com idade que 31 variam entre oito e nove meses após a abertura da inflorescência, quando a água se encontra com sabor mais agradável. Caso o objetivo seja a industrialização ou utilização da semente para a produção de mudas, a colheita deve ser feita entre 11 e 12 meses. Quando as plantas apresentarem porte elevado, recomendase a colheita dos frutos por meio do corte do cacho com um golpe de facão, tendo-se cuidado de amarrá-lo com uma corda e segurá-lo para diminuir o impacto dos mesmos com o solo, reduzindo, assim, a perda de frutos por rachaduras. Em áreas irrigadas, são colhidos, em média, de 180 a 250 cocos por planta/ano, podendo-se chegar a 250. Normalmente, a variedade Anão mantem-se produtiva por um período de 40 anos. O coco-verde é comercializado em cachos ou a granel, devendo ser mantido protegido do sol, de forma que sua longevidade não seja afetada. Na maioria dos casos, a comercialização ocorre por meio de agentes intermediários, os quais, algumas respectivas vezes, despesas, comercializados lanchonetes, etc. em se responsabilizam podendo feiras-livres, os pela frutos centrais de colheita serem e também abastecimento, 32 Os preços recebidos pelos afetados pela intensa produtores são sensivelmente intermediação ocorrida no processo. Normalmente, o coco-verde é objeto de uma média de quatro transações comerciais até chegar ao consumidor. Evidentemente, os preços pagos ao produtor são baixos, ao passo que os consumidores compram o produto a preços mais altos. A organização de produtores em grupos, principalmente pequenos e médios, é a melhor alternativa para diminuição dos custos de colheita e transporte e aumento do seu poder de barganha diante dos compradores. Assim, recomenda-se que antes do período de preparo da produção para a colheita, é importante entrar em contato com possíveis compradores em diversos locais para se obter informações sobre a evolução dos preços e intenção de compra. 8 COEFICIENTE TÉCNICO O coeficiente técnico para a produção de 1,0 ha do coqueiroanão por 7 anos, sem irrigação, pode ser observado na Tabela 2. 33 Tabela 2: Coeficiente técnico para 1,0 ha de coqueiro-anão sem irrigação no espaçamento 7,5 x 7,5 x 7,5 m. Discriminação Unidade Ano Plantio 1 2 3 4 5 6 7 Preparo da Área: - aração H/M-TP 3 -gradagem H/M-TP 3 -calagem H/M-TP 2 H/D 20 H/D 4 H/D 2 H/M-TP 1 2 2 2 2 2 2 2 -coroa mento H/D 4 8 8 8 8 8 8 8 -aplicação H/D 1,5 1,5 2 2 3 3 3 3 -gradagem H/M-TP - - - 3 - - 3 - -combate à H/D 1 1 1 - - - - - Instalação -piqueteamento e abertura de covas -enchimento de covas -plantio Manutenção - roçagem fertilizantes * formigas Insumos Continua... 34 ...Continuação -mudas unidade 215 - - - - - - - -calcário ton 2 - - ** - - ** - m3 4,1 4,1 4,1 4,1 4,1 4,1 -uréia Kg 62 205 287 329 369 451 533 615 -superfosfato Kg 164 82 246 246 410 410 492 656 Kg 41 123 164 205 287 328 369 410 Kg 2 1 2 - - - - - H/D - - - 1 1 2 3 3 H/D - - - 0,5 1 1 dolomítico -esterco de 4,1 4,1 curral simples -cloreto de potássio -formicida Colheita -colheita e limpeza da copa -transporte dos 0,5 0,8 frutos Fonte: EMBRAPA (1993). H/M-TP: hora máquina, trator de pneu H/D: Homem -dia de trabalho *: realizada apenas quando se faz a calagem **: quantidade em função da análise do solo. : prática não realizada 9 ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO O coqueiro-anão emite uma inflorescência a intervalos médios de 21 dias e, conseqüentemente, a planta emite uma média de 15 a 35 17 cachos/mês, de forma que possibilita produção durante o ano todo. Considerando-se um bom nível de manejo empregado no cultivo e a idade da planta, a produtividade é estimada conforme a Tabela 3. Tabela 3: Estimativa de produção do coqueiro-anão cultivado sem irrigação. Idade (anos) Produtividade (Frutos/planta/ano) 1 - 2 - 3 10 4 30 5 60 6 100 7 140 8 180 9 200 10 e seguintes 200 Fonte: EMBRAPA (1993). 36 10 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA AGRIDATA – CEASA/MG – Sistema de Informações do Agribusiness de Minas Gerais/Secretaria de Estado de Agricultura Pecuária e Abastecimento: Normas e Padrões de Mudas e Sementes no Estado de Minas Gerais – 2002 – http://www.agridata.mg.gov.br CHILD, R. Coconuts. London: Longman, 1974. 335p. EMBRAPA. Centro de Pesquisa Agropecuária dos Tabuleiros Costeiros. (Aracaju, SE). Recomendações técnicas para o cultivo do coqueiro. Aracaju, 1993. 44p. (EMBRAPA – CPATC. Circular Técnica, 1). FAO. Yearbooks production . Roma, v. 50, 1996. FERREIRA, J.M.S; WARWICK, D.R.N.; SIQUEIRA, L.A. A cultura do coqueiro no Brasil. 2. Ed. Ver. E ampl.- Brasilia: EMBRAPA-SPI, 1997. 292p. FRÉMOND, Y.; ZILLER, R.; NUCÉ de LAMOTHE, M. de. El cocotero : técnicas agrícolas y producciones tropicales. Barcelona: Editorial Blume, 1975. 236p. 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