CULTURA DO COQUEIRO-ANÃO (Cocos nucifera L.)

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CULTURA DO COQUEIRO-ANÃO
(Cocos nucifera L.)
Márcio Ribeiro do Vale 1
José Darlan Ramos1
Humberto Umbelino de Sousa 2
Keize Pereira Junqueira 3
Vander Mendonça 4
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, a cultura do coqueiro-anão (Cocos nucifera L.) vem
alcançando incrementos significativos na área plantada nos últimos
cinco anos, com 57.000 ha cultivados, sendo cerca de 33.000 ha no
Nordeste, onde se incluem cerca de 10.000 ha no Vale do São
Francisco. Dessa área total, a maior parte ainda se encontra em fase
de formação ou início de produção, e apenas cerca de 3.000 ha
encontram-se em produção plena.
1
Professor DAG/UFLA. Caixa Postal 37, 37.200-000, Lavras-MG.
Eng. Agro ; Ph.D.; Pesquisador EMPARN, Cx Postal 188 – Natal-RN, CEP:59.020-390.
3
Aluna de Graduação/UFLA.
4
Eng. Agro Doutorando em Agronomia/Fitotecnia/UFLA
2
6
Apesar de ainda estar em crescimento, a área em produção
tem sido responsável pela oferta no mercado interno de cerca de
280 milhões de unidades de três cocos-verdes/ano, equivalentes a
420.000 toneladas.
Essa crescente expansão é impulsionada pela grande
demanda pela água-de-coco, símbolo de bebida natural, tanto para o
consumo natural quanto empacotada em embalagem longa-vida, o
que vem permitindo sua distribuição em todas as regiões do País.
Além disso, o mercado internacional tem mostrado algumas
perspectivas aos produtores brasileiros. A maior parte das
exportações de coco anão-destina-se especificamente para a
produção de água.
Com objetivo de melhor orientar os interessados no cultivo do
coqueiro-anão, com a presente publicação serão discutidas, de
forma simples e sistematizada, as diversas práticas culturais que
abrangem as etapas de produção, com ênfase desde escolha da
área para plantio até a comercialização.
7
2 CLIMA
Dentre os fatores climáticos, destacam-se a precipitação
pluviométrica e temperatura.
O coqueiro é uma planta que exige entre 1.500 e 2000 mm
anuais de chuva bem distribuídos, para externar todo seu potencial
produtivo. Um período de três meses com menos de 50 mm de
precipitação por mês é consideravelmente prejudicial ao coqueiro.
Contudo, uma excessiva quantidade de chuva pode ser prejudicial à
planta, dificultando a ocorrência de uma boa fecundação, reduzindo
a aeração do solo e aumentando a lixiviação dos elementos
minerais. Entretanto, verifica-se que nem sempre as condições
adequadas de pluviosidade são atendidas. Dessa forma, a
suplementação de água pela irrigação ou o plantio em locais com
lençol freático pouco profundo são medidas recomendáveis.
Com relação à temperatura, o coqueiro requer uma média de
temperatura mínima mensal superior a 18o C para vegetar e produzir
satisfatoriamente, sendo 27º a temperatura média anual considerada
ótima, com oscilações diárias de 5 a 7 ºC. Temperaturas inferiores a
15o C acarretam desordens fisiológicas na planta, provocando
8
paralisação no seu crescimento, bem como o abortamento de flores
e, com isso redução, na produção.
Além das condições citadas, para vegetar bem, o coqueiroanão necessita de insolação superior a 1.800 horas/ano e umidade
relativa superior a 60 %.
3 SOLO
Recomenda-se a utilização de solos com textura arenosa ou
areno-argilosa, com profundidade superior a um metro e sem
camadas que possam impedir o desenvolvimento do sistema
radicular. Devem possuir boa aeração, pH acima de 5,0, não
estarem sujeitos ao encharcamento e apresentarem boa fertilidade.
4 OBTENÇÃO DE SEMENTES E MUDAS
As mudas para plantio devem ser adquiridas de viveiristas
credenciados junto à CESM (Comissão Estadual de Sementes e
9
Mudas), as quais devem ser acompanhadas por Nota Fiscal, além
do certificado de garantia da qualidade das mesmas e livre-trâmite
emitidos por esse órgão. De acordo com a Portaria nº 301/98, de 19
de outubro de 1998, as Normas e Padrões de Mudas e Sementes no
Estado de Minas Gerais são as seguintes:
4.1 Normas e padrões para a produção de sementes de
coqueiro
Origem da semente: As sementes devem ser originárias de plantas
matrizes, selecionadas nas populações de coqueiros, registradas na
Entidade
Certificadora
e/ou
Fiscalizadora,
ou
de
pomares
registrados para a produção de sementes. No caso de sementes de
híbridos, a hibridação deve ser feita a partir de cruzamentos
controlados. A comprovação da origem é descrita na nota fiscal e no
atestado de garantia.
Área máxima para inspeção: 50 ha
No pomar registrado, não será permitida a presença de outras
cultivares. As plantas matrizes e o pomar registrado deverão estar
afastados de outras cultivares ou plantas da mesma família, a uma
10
distância de, pelo menos, 500 metros, com barreira ou 1000 metros
livres.
Colheita do coco-semente: Entre 11 e 12 meses, a partir da abertura
da inflorescência, e a semente deverá possuir água. Deverão ser
eliminadas as sementes deformadas ou com presença de pragas
e/ou doenças.
Vistorias obrigatórias do campo pelo responsável técnico: Uma na
época da inflorescência e outra, na colheita.
Fiscalização oficial do campo: Os campos de plantas matrizes ou
pomares registrados serão fiscalizados em qualquer etapa da
produção.
4.2 Normas e padrões para a produção de mudas de
coqueiro
Viveiro: Os talhões devem ser identificados por placas que contêm
nome da cultivar, mês e ano de plantio e número de plantas; o
viveirista deve dispor de croqui de seu viveiro; o viveiro deverá
localizar-se a pleno sol, em solos bem drenados, mantido livre de
plantas daninhas (trevo ou tiririca, por exemplo) e qualquer tipo de
gramínea.
11
Condução do viveiro: Em qualquer sistema de condução utilizado, os
canteiros devem possuir entre 1 e 1,5 metro de largura, e ser
espaçados entre si por passagens de 0,5 metro de largura. Todas as
sementes não-germinadas até 120 dias após o plantio, para o cocoanão, e 150 dias, para os híbridos, deverão ser eliminadas, bem
como aquelas que derem origem a brotos raquíticos, afilados,
estiolados e com limbos reduzidos ou albinos. As sementes nãogerminadas e as mudas fora do padrão deverão ser incineradas
imediatamente após seu descarte.
Sistema de condução para muda de raiz nua:
•
Sementeira-viveiro: A densidade de plantio na sementeira será,
no máximo, de 20 cocos-sementes por metro quadrado para
coco gigante, 25 para híbrido e 30 para coco-anão. Quando o
broto atingir 15 centímetros de altura, as mudas deverão ser
repicadas para o viveiro, onde permanecerão por até 6 meses; o
espaçamento deve ser de 60 por 60 centímetros em triângulo.
•
Sementeira exclusiva: A densidade de plantio na sementeira será
de, no máximo, 20 cocos-sementes por metro quadrado para
coco-anão e híbrido e 15 para coco gigante. As mudas poderão
12
permanecer no local por, no máximo 10 meses, até a
comercialização.
Sistema de condução para mudas em torrão: A densidade de plantio
na sementeira será de 20 a 25 cocos-sementes por metro quadrado.
Quando o broto atingir 15 centímetros de altura, as mudas deverão
ser repicadas para o saco plástico com furos. O saco deverá ser de
polietileno preto com, no mínimo 0,2 milímetro de espessura e
dimensões de 40 centímetros de largura e 40 centímetros de altura.
Padrões mínimos de qualidade para produção, transporte e
comercialização de mudas: As plantas devem ter, no máximo, 10
meses ao se proceder à comercialização, tempo esse que varia de
acordo com os seguintes parâmetros:
•
Sistema sementeira-vivieiro: 4 (quatro) a 6 (seis) meses,
após a repicagem
•
Sistema sementeira-exclusiva: no máximo 10 (dez) meses,
a partir da semeadura.
Também devem apresentar, no mínimo, 10 centímetros de
circunferência do coleto 6 meses após o broto atingir os 15
centímetros de altura e, no mínimo, 4 folhas bem-desenvolvidas,
13
tolerando-se o máximo de uma folha com folíolo aberto. Devem ser
eretas, sem entorse ou defeito de formação, com coloração uniforme
e possuir raízes abundantes. Além disso, deverão estar isentas de
pragas e doenças (Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal).
Condições sanitárias: Todas as plantas portadoras de pragas e
doenças para as quais não existem medidas fitossanitárias
preconizadas de controle deverão ser eliminadas.
Identificação das mudas: As mudas deverão ser identificadas por
uma etiqueta, contendo no mínimo nome, endereço e número de
registro do produtor, espécie e cultivar. Quando se tratar de um lote
de mudas de uma só cultivar, destinada a um único consumidor, sua
identificação poderá constar apenas dos respectivos documentos de
transação e remessa.
Vistorias obrigatórias do viveiro pelo responsável técnico: Serão
obrigatórias três vistorias, nas seguintes fases:
- No plantio, com emissão de laudo;
- Aos 120 (cento e vinte) dias após a semeadura;
- Na pré-comercialização, com emissão de laudo.
Fiscalizações oficiais dos viveiros: Os viveiros receberão, no
mínimo, três fiscalizações.
14
5 PREPARO DA ÁREA
Quando se tratar de área não cultivada, deve-se proceder ao
desmatamento, que pode ser executado mecanicamente e/ou
manualmente, com auxílio de foice e machado, e, posteriormente, o
destocamento.
Após a limpeza da área, deve-se proceder à retirada de
amostras do solo para análise química. Quando for necessário o uso
de calagem, essa deve ser feita com calcário dolomítico,
recomendando-se aplicar metade antes da aração e o restante após,
porém, antes da gradagem.
5.1 Marcação e abertura de covas
Após o preparo da área, deve -se proceder à marcação e ao
piqueteamento onde, posteriormente, serão abertas as covas,
devendo-se observar o espaçamento de 7,5 m X 7,5 m X 7,5 m, no
arranjo de triângulo equilátero (Figura 1), totalizando 205 plantas/ha.
As covas devem ser abertas manualmente com o emprego de
"cavador" ou mecanicamente por meio de "fuso" acoplado à tomada
15
de potência do trator, tendo-se o cuidado de observar as dimensões
de 80 cm de profundidade, 80 cm de largura e 80 cm de
comprimento.
Figura 1: Marcação das covas de plantio arranjadas em triângulo equilátero.
Fonte: EMBRAPA (1993).
5.2 Preparo da cova e plantio
Um mês antes do plantio da muda, deve-se processar o
enchimento da cova, conforme esquema mostrado na Figura 2.
16
Durante essa operação, deve-se adicionar 800 g de superfosfato
simples e 20 litros de esterco de curral curtido.
As mudas devem ser colocadas no centro da cova, em
posição vertical, sendo cobertas por uma camada de solo suficiente
para cobrir a semente, tendo o cuidado de não cobrir a região do
coleto, conforme esquema da Figura 2.
Aos 30 dias após o plantio, deve ser aplicado, em cobertura,
300 g de uréia e 200 g de cloreto de potássio por muda, distribuindose a mistura dos fertilizantes em torno da planta, observando-se um
raio de 20 cm de distância do coleto.
Principalmente durante os 4 primeiros anos de plantio, o
consórcio com plantas de ciclo temporário tem sido utilizado com
sucesso por pequenos produtores. Verifica-se grande diversificação
das culturas consorciadas, e a maioria não apresenta nenhum efeito
negativo sobre o desenvolvimento do coqueiro. Assim, tem-se
observado que, na maior parte dos casos, a cultura principal é
beneficiada em função dos tratos culturais proporcionados à cultura
consorciada. O produtor, por sua vez, obtém uma renda adicional
dentro da mesma área. Entretanto, devem ser levados em
consideração aspectos relacionados ao clima, solo e mercado para a
17
escolha da cultura a ser intercalada. Recomenda-se que o plantio
seja realizado nas faixas no centro das entrelinhas, ou como é mais
comum, utilizando-se a área total, mantendo-se livre a zona de
coroamento, que corresponde, em média, a 2 m de raio a partir do
coleto.
Figura 2: Enchimento da cova e plantio da muda de coqueiro.
Fonte: EMBRAPA (1993).
18
6 TRATOS CULTURAIS
6.1 Controle de plantas daninhas
Compreende uma série de práticas agrícolas, com objetivo de
minimizar os danos causados pela competição exercida pelas
plantas daninhas, as quais concorrem com a planta por água e
nutrientes do solo.
Roçagem: Deve ser realizada nas entrelinhas, de forma a manter a
cobertura do solo o tempo todo e, assim, minimizar as perdas de
água por evaporação, bem como diminuir as perdas de solo por
erosão. Deve ser realizada duas vezes durante o ano, sendo a
primeira no início da estação chuvosa e a segunda no final.
Gradagem: Consiste em um trabalho agressivo de incorporação da
vegetação de cobertura. Deve ser realizada apenas quando for
necessário proceder à calagem. O uso dessa prática cultural,
sobretudo em solos de textura média e argilosa, poderá ocasionar
danos à estrutura do solo, com formação de camadas compactadas
na subsuperfície, favorecendo, assim, o processo erosivo. Pode ser
recomendada para regiões que apresentam elevado déficit hídrico e
onde predominam gramíneas de difícil controle, como o “capim
gengibre”.
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Coroamento: Prática que tem por objetivo manter a região de maior
concentração de raízes, as quais são responsáveis pela absorção de
água e nutrientes, livre da concorrência com as ervas-daninhas.
Deve ser realizada mantendo-se um raio de dois metros de distância
do caule totalmente livre de competição com as plantas invasoras,
como representado na Figura 3, devendo ser feito após cada
roçagem. É nessa área de coroamento onde se realizam as
adubações em cobertura.
Figura 3: Esquema de coroamento do coqueiro e área de distribuição de
fertilizantes.
Fonte: EMBRAPA (1993).
20
6.2 Calagem e adubação
Deve ser feita com base na análise química de amostras do
solo, a cada dois anos. A coleta de solo para a amostragem deve ser
realizada sempre sob a copa das plantas, na região do coroamento,
quando se deseja recomendar adubação, e nas entrelinhas, quando
se objetiva recomendar a calagem. As amostras de solo devem ser
colhidas próximo do final da estação seca, seguindo-se todas as
recomendações do Laboratório de Análises. Quando não se tem
acesso às informações de análise do solo, sugere-se proceder à
adubação levando-se em consideração a idade da planta e as
quantidades de fertilizantes apresentadas na Tabela 1.
21
Tabela 1: Doses de fertilizantes recomendadas para o coqueiroanão em diferentes idades quando cultivado em solo de
baixa fertilidade.
IDADE (anos)
FERTILIZANTE (g/planta)
uréia
0 (plantio)
300**
superfosfato simples
cloreto potássio
800*
200**
1
1000
400
600
2
1400
1200
800
3
1600
1200
1000
4
1800
2000
1400
5
2200
2000
1600
6
2600
2400
1800
7 e seguintes
3000
3200
2000
* - aplicado na cova de plantio
**- aplicado em cobertura 30 dias após o plantio
Fonte: EMBRAPA (1993).
6.3 Irrigação
Em regiões com longos períodos de estiagem e em função da
disponibilidade de recursos do produtor, deve-se proceder à
irrigação pelo método de microaspersão (solos arenosos) ou
gotejamento (solos de textura média à argilosa), em que a
quantidade de água a ser aplicada varia em função das
características de clima e do solo da região e da quantidade e
22
qualidade da água disponível. Plantas bem supridas por meio de
irrigação têm seu desenvolvimento favorecido, contribuindo para a
precocidade na floração e produção de frutos durante o ano inteiro.
6.4 Pragas
Entre as pragas que atacam o coqueiro no Brasil, as que se
apresentam em maior freqüência e com prejuízos significativos são:
as coleobrocas, entre essas, a broca-do-olho (Rhinchophorus
palmarum ) e a broca-do-estipe (Rhinostomus barbirostris); a traça
da
inflorescência
(Hyalospila
ptychis);
o
ácaro
(Eriophyes
guerreronis); as lagartas-das-folhas (Brassolis sophorae e Automeris
sp), além das formigas cortadeiras, durante os três primeiros anos
do plantio. As principais pragas e seu controle serão descritos a
seguir:
Broca-do-olho (Rhynchophorus palmarum L.)
O adulto é um besouro de cor preta, com 4,5 a 6,0 cm de
comprimento. Possui um "rostro" comprido e recurvado, recoberto
por pêlos pretos na parte superior nos machos.
23
A fêmea põe os ovos no 'olho' da pla nta, com um total de
aproximadamente 250 ovos. Desses, saem as larvas brancas, que
medem cerca de 7,5 cm de comprimento. As larvas alimentam-se da
parte interna do tronco, destruindo o meristema apical da planta e
provocando a morte do coqueiro.
Controle: Como o controle químico é caro e de difícil aplicação em
virtude do porte do coqueiro, sugere-se o emprego de um controle
cultural preventivo mediante a eliminação das plantas atacadas e o
monitoramento da praga. Esse último é feito com o uso de iscas
atrativas para a broca-do-olho, com emprego de baldes de 20 litros
com funil acoplado na tampa, e colocando-se, no seu interior,
pedaços da planta de coqueiro ou porções de cana-de-açúcar e
melaço na proporção de um litro de melaço para quatro litros de
água. A mistura tem o objetivo de manter a isca sempre úmida,
atraindo o inseto para a armadilha. A cada 15 dias deve se proceder
à substituição da isca, bem como destruir os insetos capturados.
Broca-do-estipe (Rhinostomus barbirostris Fabricius)
O adulto é um besouro preto de 1,1 a 5,3 cm comprimento,
com rostro recoberto por pêlos avermelhados.
24
A fêmea difere do macho por apresentar rostro mais curto e
sem pêlos. Ela põe os ovos no tronco do coqueiro, onde faz
perfurações com o rostro, colocando os ovos e, posteriormente,
cobrindo-os
com
uma
camada
cerosa
para
protegê-los do
ressecamento. Dos ovos, surgem larvas de cor esbranquiçada que
podem atingir até 5 cm de comprimento.
Após o nascimento, as larvas penetram no tronco, destruindo
o sistema vascular da planta e formando galerias, que aumentam de
diâmetro à medida que a larva cresce. Quando o ataque é intenso e
ocorre próximo à copa do coqueiro, pode ocorrer a quebra do estipe
pela ação de ventos fortes. Mesmo não havendo a quebra da planta,
poderá ocorrer uma redução na capacidade produtiva em até 75%.
Controle: Em função das dificuldades de controle químico, como
mencionado para a broca-do-olho , sugere-se o controle mediante
inspeções constantes e periódicas no coqueiral visando a detectar a
postura e raspá-las com facão para destruição dos ovos.
Ácaro (Eriophyes guerreronis Keif.)
Normalmente o ácaro desenvolve -se sob as brácteas dos
frutos novos, sugando a seiva da epiderme e provocando cloroses
25
que se estendem longitudinalmente por todo o fruto . Posteriormente,
a área danificada torna-se marrom-escura, com aspectos ásperos e
freqüentemente apresentando rachaduras. Os frutos danificados se
deformam, perdem peso e, às vezes, caem antes de atingir o ponto
ideal de colheita, além de tornarem-se pouco atrativos para o
consumidor de "coco-verde".
Controle: Em razão de os ácaros se encontrarem protegidos pelas
brácteas dos frutos, o controle com a utilização de produtos
químicos de ação por contato fica comprometido, podendo ser
usados apenas produtos de ação sistêmica. Entretanto, esses
produtos devem ser recomendados com restrições, uma vez que
podem deixar resíduos nos frutos.
Traça da inflorescência (Hyalospila ptychis Dyar)
O adulto é uma mariposa pequena, que faz a postura na
inflorescência. Dos ovos, surgem lagartas brancas, com pigmento no
dorso e cabeça amarelada. As lagartas desenvolvem-se nas
inflorescências recém-abertas do coqueiro, danificando os carpelos
da flores femininas e perfurando os frutos novos na região das
brácteas. Instalam-se sob as mesmas, onde se alimentam dos
26
tecidos e abrem galerias, provocando a queda dos frutos atacados
ainda pequenos.
Controle: Sugere-se proceder à eliminação das inflorescências
atacadas pela traça e queimá-las como forma de diminuir a fonte de
inóculo, visto que o controle químico somente deve ser empregado
em casos de alta infestação.
Lagarta-das-folhas (Brassolis sophorae e Automeris cinctistriga
Felder)
O adulto é uma borboleta grande (Brassolis sophorae)
medindo de 6 a 10 cm, de hábito diurno, a qual faz a postura na
base do pecíolo das folhas e folíolos. As lagartas surgidas dos ovos
chegam a medir de 6 a 8 cm de comprimento, possuem cabeça
avermelhada e listras longitudinais marrons -escuras no dorso. As
lagartas fazem ninhos unindo vários folíolos com fio de seda no
interior, onde passam o dia e só saem à noite para se alimentarem.
Se
alimentam
do
limbo
foliar
dos
folíolos,
provocando
o
desfolhamento total das plantas.
O adulto da lagarta Automeris é uma mariposa. As lagartas
são verdes e urticantes, podendo atingir 9 cm. São de hábito diurno,
27
de ocorrência esporádica e apresentam-se dispersas nas folhas. Se
alimentam do limbo foliar e provocam o desfolhamento do coqueiro,
podendo ocorrer desde o período do viveiro até a fase adulta no
campo.
Controle: Sugere-se a derrubada das lagartas com o emprego de
varas e destruição mecânica das mesmas.
Formigas
As formigas saúvas causam sérios danos nos três primeiros
anos de plantio da muda e também no viveiro, podendo levar a um
desfolhamento total da planta.
Controle: Devem ser controladas com o emprego de formicidas
adequados, tendo-se o cuidado de controlar os formigueiros tanto
dentro quanto fora da propriedade.
6.5 Doenças
Entre as doenças, destacam-se como de maior importância o
anel-vermelho do coqueiro (Bursaphelenchus cocophilus), a lixa
(Phyllachora torrendiella) e a queima-das-folhas ( Botryosphaeria
cocogena):
28
Anel-vermelho (Bursaphelenchus cocophilus)
Tem como agente causal um nematóide do sistema vascular
(Bursaphelenchus
cocophilus)
e
sua
disseminação
ocorre
principalmente pela broca-do-olho do coqueiro, que é o inseto vetor.
A doença é de natureza letal, caracterizando-se externamente por
uma coloração amarelo-ouro das folhas basais, que se inicia na
ponta da folha e avança em direção à ráquis. As folhas arreiam em
torno
do
estipe,
conferindo
um
aspecto
de
guarda-chuva.
Internamente, por meio de um corte transversal do estipe, observa se uma coloração avermelhada em forma de anel no cilindro central
do estipe. A doença só ocorre após a exteriorização do estipe.
Controle: Pelo fato de a doença ser letal ao coqueiro e ser
disseminada principalmente pela broca-do-olho, o controle é
efetuado pelo do controle do inseto, ou seja, com o uso de
armadilhas, como recomendado anteriormente, em conjunto com o
arranquio, remoção da planta atacada para uma área fora do
coqueiral e queima do coqueiro doente. Deve -se ter o cuidado de
abrir o estirpe ao meio antes de se efetuar a queima para destruir as
29
larvas da broca que se encontram no interior do estirpe e, dessa
forma, reduzir a população do inseto vetor.
Lixa ( Phyllachora torrendiella – Lixa-pequena; Sphaerodothis
acrocomiae – Lixa-grande) e Queima-das-folhas ( Botryosphaeria
cocogena)
A lixa e a queima-das-folhas são doenças fúngicas e
geralmente ocorrem de forma associada, acreditando-se que a lixa
seja a porta de entrada para o fungo causador da queima-dasfolhas. Essa última manifesta-se nas folhas mais velhas, sendo
caracterizada por uma coloração marrom-avermelhada em forma de
"V", iniciando na extremidade da folha e caminhando em direção a
ráquis. Com a evolução da doença, ocorrem a seca e morte da folha
que serve de sustentação para o cacho, antes que esse se encontre
no ponto de colheita. Isso leva à queda prematura dos cocos em
função do penduramento do cacho e obstrução do transporte de
nutrientes para os frutos. Além desses danos, ocorre uma redução
na área foliar da planta com queda significativa na produtividade.
Controle: Em função da indisponibilidade de material genético
resistente, a “Queima-das-folhas” deve ser controlada culturalmente
30
pela da eliminação da fonte de inóculo, por meio de corte das partes
atacadas das folhas, com posterior remoção da área e queima do
material. O controle químico só deve ser efetuado quando se
verificar elevados índices de ocorrência da doença, em função do
elevado custo do controle, o qual consiste de três aplicações de
Benomyl a 0,1% + Carbendazim a 0,1%, a intervalos de 15 dias,
sendo aplicado em conjunto com a eliminação das folhas atacadas,
e repetindo-se a aplicação dos mesmos produtos após três meses.
O controle químico para a lixa ainda não apresentou
resultados satisfatórios definitivos. Em caso de suspeita da doença,
o ideal é que se procure um engenheiro agrônomo.
7 COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO
A produção comercial tem início a partir do quarto ano após o
plantio. Geralmente, a colheita é feita mensalmente, mas pode variar
de acordo com as condições climáticas. Como o coco-anão é
destinado basicamente para o mercado de coco-verde, em razão do
consumo da água, os frutos devem ser colhidos com idade que
31
variam entre oito e nove meses após a abertura da inflorescência,
quando a água se encontra com sabor mais agradável. Caso o
objetivo seja a industrialização ou utilização da semente para a
produção de mudas, a colheita deve ser feita entre 11 e 12 meses.
Quando as plantas apresentarem porte elevado, recomendase a colheita dos frutos por meio do corte do cacho com um golpe de
facão, tendo-se cuidado de amarrá-lo com uma corda e segurá-lo
para diminuir o impacto dos mesmos com o solo, reduzindo, assim, a
perda de frutos por rachaduras.
Em áreas irrigadas, são colhidos, em média, de 180 a 250
cocos por planta/ano, podendo-se chegar a 250. Normalmente, a
variedade Anão mantem-se produtiva por um período de 40 anos.
O coco-verde é comercializado em cachos ou a granel,
devendo ser mantido protegido do sol, de forma que sua
longevidade
não
seja
afetada.
Na
maioria
dos
casos,
a
comercialização ocorre por meio de agentes intermediários, os
quais,
algumas
respectivas
vezes,
despesas,
comercializados
lanchonetes, etc.
em
se
responsabilizam
podendo
feiras-livres,
os
pela
frutos
centrais
de
colheita
serem
e
também
abastecimento,
32
Os preços recebidos pelos
afetados
pela
intensa
produtores são sensivelmente
intermediação
ocorrida
no
processo.
Normalmente, o coco-verde é objeto de uma média de quatro
transações comerciais até chegar ao consumidor. Evidentemente, os
preços pagos ao produtor são baixos, ao passo que os
consumidores compram o produto a preços mais altos.
A organização de produtores em grupos, principalmente
pequenos e médios, é a melhor alternativa para diminuição dos
custos de colheita e transporte e aumento do seu poder de barganha
diante dos compradores. Assim,
recomenda-se
que
antes
do
período de preparo da produção para a colheita, é importante entrar
em contato com possíveis compradores em diversos locais para se
obter informações sobre a evolução dos preços e intenção de
compra.
8 COEFICIENTE TÉCNICO
O coeficiente técnico para a produção de 1,0 ha do coqueiroanão por 7 anos, sem irrigação, pode ser observado na Tabela 2.
33
Tabela 2: Coeficiente técnico para 1,0 ha de coqueiro-anão sem
irrigação no espaçamento 7,5 x 7,5 x 7,5 m.
Discriminação
Unidade
Ano
Plantio
1
2
3
4
5
6
7
Preparo da
Área:
- aração
H/M-TP
3
-gradagem
H/M-TP
3
-calagem
H/M-TP
2
H/D
20
H/D
4
H/D
2
H/M-TP
1
2
2
2
2
2
2
2
-coroa mento
H/D
4
8
8
8
8
8
8
8
-aplicação
H/D
1,5
1,5
2
2
3
3
3
3
-gradagem
H/M-TP
-
-
-
3
-
-
3
-
-combate à
H/D
1
1
1
-
-
-
-
-
Instalação
-piqueteamento
e abertura de
covas
-enchimento de
covas
-plantio
Manutenção
- roçagem
fertilizantes
*
formigas
Insumos
Continua...
34
...Continuação
-mudas
unidade
215
-
-
-
-
-
-
-
-calcário
ton
2
-
-
**
-
-
**
-
m3
4,1
4,1
4,1
4,1
4,1
4,1
-uréia
Kg
62
205 287 329 369 451 533 615
-superfosfato
Kg
164
82 246 246 410 410 492 656
Kg
41
123 164 205 287 328 369 410
Kg
2
1
2
-
-
-
-
-
H/D
-
-
-
1
1
2
3
3
H/D
-
-
-
0,5
1
1
dolomítico
-esterco de
4,1 4,1
curral
simples
-cloreto de
potássio
-formicida
Colheita
-colheita e
limpeza da copa
-transporte dos
0,5 0,8
frutos
Fonte: EMBRAPA (1993).
H/M-TP: hora máquina, trator de pneu
H/D: Homem -dia de trabalho
*: realizada apenas quando se faz a calagem
**: quantidade em função da análise do solo.
: prática não realizada
9 ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO
O coqueiro-anão emite uma inflorescência a intervalos médios
de 21 dias e, conseqüentemente, a planta emite uma média de 15 a
35
17 cachos/mês, de forma que possibilita produção durante o ano
todo.
Considerando-se um bom nível de manejo empregado no
cultivo e a idade da planta, a produtividade é estimada conforme
a Tabela 3.
Tabela 3: Estimativa de produção do coqueiro-anão cultivado sem
irrigação.
Idade (anos)
Produtividade (Frutos/planta/ano)
1
-
2
-
3
10
4
30
5
60
6
100
7
140
8
180
9
200
10 e seguintes
200
Fonte: EMBRAPA (1993).
36
10 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
AGRIDATA – CEASA/MG – Sistema de Informações do Agribusiness de
Minas Gerais/Secretaria de Estado de Agricultura Pecuária e
Abastecimento: Normas e Padrões de Mudas e Sementes no Estado de
Minas Gerais – 2002 – http://www.agridata.mg.gov.br
CHILD, R. Coconuts. London: Longman, 1974. 335p.
EMBRAPA. Centro de Pesquisa Agropecuária dos Tabuleiros Costeiros.
(Aracaju, SE). Recomendações técnicas para o cultivo do coqueiro.
Aracaju, 1993. 44p. (EMBRAPA – CPATC. Circular Técnica, 1).
FAO. Yearbooks production . Roma, v. 50, 1996.
FERREIRA, J.M.S; WARWICK, D.R.N.; SIQUEIRA, L.A. A cultura do
coqueiro no Brasil. 2. Ed. Ver. E ampl.- Brasilia: EMBRAPA-SPI, 1997.
292p.
FRÉMOND, Y.; ZILLER, R.; NUCÉ de LAMOTHE, M. de. El cocotero :
técnicas agrícolas y producciones tropicales. Barcelona: Editorial Blume,
1975. 236p.
FRUTISÉRIES, 3: COCO-VERDE: Minas Gerais. In: Brasília, Ministério
da Integração Nacional (MI,SIH, DDH) março/2000. 4p. il. color.
GALLO, D. et al. Manual de entomologia agrícola. 2a ed. São Paulo:
Editora Agronômica Ceres, 1998. 649p.
IBGE. Anuário Estatístico do Brasil. Rio de Janeiro, v. 50, 1996.
WARWICK, D.R.N.; SANTANA, D.L. de Q.; DONALD, E.R.C. Anel
vermelho do coqueiro: aspectos gerais e medidas de controle. Aracaju:
CPATC, jul.1995, 7p. (Comunicado Técnico, 05).
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