Programa de Pós Graduação Stricto Sensu Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia de Alimentos Campus Rio de Janeiro - Maracanã Tania dos Santos Silva DESENVOLVIMENTO DE MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS PARA DETERMINAÇÃO DE CONTAMINANTES INORGÂNICOS (ARSÊNIO, CÁDMIO, CHUMBO E MERCÚRIO) EM PEIXE. Rio de Janeiro – RJ 2014 Tania dos Santos Silva DESENVOLVIMENTO DE MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS PARA DETERMINAÇÃO DE CONTAMINANTES INORGÂNICOS (ARSÊNIO, CÁDMIO, CHUMBO E MERCÚRIO) EM PEIXE. Dissertação apresentada como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos, no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Orientador: Prof. DSc. Simone Lorena Quiterio de Souza Co-orientador: Prof. DSc. Renata Santana Lorenzo Raices Rio de Janeiro – RJ 2014 Ficha catalográfica elaborada por Francielly Domingues Q. Pereira Revisada por Cintia dos Santos Madureira CRB7 6613 S581 Silva, Tania dos Santos. Desenvolvimento de métodos espectrométricos para determinação de contaminantes inorgânicos (arsênio, cádmio, chumbo e mercúrio) em peixe. / Tania dos Santos Silva. – Rio de Janeiro, 2014. 89 f.: il. color. ; 21 cm. Dissertação (Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – IFRJ, 2014. 1. Peixes – Baía de Sepetiba – Rio de Janeiro (Município). 2. Peixes – Contaminação. I. Título. IFRJ/CMAR/CoBib CDU 636.98(815.3) Tania dos Santos Silva DESENVOLVIMENTO DE MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS PARA DETERMINAÇÃO DE CONTAMINANTES INORGÂNICOS (ARSÊNIO, CÁDMIO, CHUMBO E MERCÚRIO) EM PEIXE. Dissertação apresentada como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos, no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Data de aprovação: 28 de julho de 2014. ___________________________________________________________ Prof. Dra. Simone Lorena Quitério (Orientador) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro ___________________________________________________________ Prof. Dra. Renata Santana Lorenzo Raices (Co-orienatdora) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro ___________________________________________________________ Prof. Dr. Carlos Adam Conte Junior Universidade Federal Fluminense ___________________________________________________________ Profa. Dra. Eliane Teixeira Mársico Universidade Federal Fluminense ___________________________________________________________ Prof. Dr. Adriano Gomes da Cruz Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Rio de Janeiro – RJ 2014 Dedico este trabalho, com amor, aos meus queridos pais, pois não mediram esforços para me apoiar em mais este desafio. AGRADECIMENTOS A Deus por iluminar о meu caminho, pela força е coragem nesta longa caminhada, sempre presente nas horas de angústia. Ao Paulinho e à Aninha, simplesmente por existirem e tornarem minha vida completa. Aos meus pais, Mário e Eliete, pela dedicação, incentivo e amor. Aos meus irmãos, José Mário, Vânia, André e Andréa, por nutrirem por mim sentimentos de orgulho e de admiração. Ao meu marido Paulo Sérgio de Souza, companheiro, amigo, e incentivador. As minhas orientadoras e agora amigas Dra. Simone Lorena, por terem seguido junto a mim nesta caminhada, sempre com otimismo, paciência e compreensão e à Dra. Renata Raices, pelo seu senso de organização, preciosas dicas e cuja experiência no assunto foi fundamental. Aos amigos de longa data do Laboratório de Físico-Química da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Carmine, Cristiane e José Manoel por estarmos juntos na alegria e na tristeza. Aos técnicos do Laboratório de Minerais, Simas, “doutor” em Espectrometria e Juliana que realizou as análises, sempre com muito empenho, comprometimento e qualidade. À Dra. Sidinéa Freitas, responsável técnica do Laboratório de Físico - Química e Minerais da Embrapa Agroindústria de Alimentos. A minha adorável amiga Adriana Minguita, que, com seu alto-astral, torna tudo bem mais leve e fácil. À Dra. Flávia, minha amiga, “irmã” e incentivadora por ter me conscientizado da importância da pós-graduação. Aos professores do Instituto, Lucinéia, Iracema, Luciana, Janaína e Eliezer pelos conhecimentos transmitidos. Ao professor Adriano Cruz, pelo apoio e amizade. À Dra. Sonia Couri, que descobri ser uma amiga generosa. À Dra. Regina Nogueira e ao Sergio Macedo, nosso querido “Filé”, pela utilização dos equipamentos da planta piloto. Ao funcionário do IFRJ, Luiz, pela sua gentileza e bom humor. Às companheiras do mestrado, Amanda, Eliane, Ingrid, Juliana, Luciana, Norma, Roberta e Taíssa pelos momentos tensos e divertidos e em especial a Elian, pela amizade verdadeira que construímos. Ao IFRJ, onde fiz o curso técnico e para onde retornei para fazer o mestrado. A todos meus amigos, familiares que sempre torceram e confiaram em mim e que, direta ou indiretamente, foram importantes pela realização deste trabalho. SILVA, T. dos S. Desenvolvimento de métodos espectrométricos para determinação de contaminantes inorgânicos (arsênio, cádmio, chumbo e mercúrio) em peixe. 90 p. Dissertação. Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), Campus Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2014. RESUMO A ingestão de alimentos ricos em nutrientes é um passo importante para manter um estilo de vida saudável. Peixes e frutos do mar possuem características nutritivas, além de serem apreciados por grande parte da população. Entretanto, estes alimentos podem representar riscos à saúde se estiverem contaminados e os metais podem representar uma das fontes de contaminação. Alguns deles são altamente tóxicos, mesmo em pequenas quantidades como arsênio (As), cádmio (Cd), mercúrio (Hg) e chumbo (Pb). Portanto, para estas e outras substâncias, existem limites máximos estabelecidos para evitar problemas graves de saúde e garantir o comércio destes produtos brasileiros no mercado internacional. O objetivo deste trabalho foi desenvolver métodos espectrométricos para determinação de contaminantes inorgânicos (arsênio, cádmio, chumbo e mercúrio) em peixe e verificar a possível ocorrência destes metais em uma espécie de peixe da Baía de Sepetiba, Rio de Janeiro, onde é frequente seu consumo pela população local. As amostras foram liofilizadas e a quantificação de arsênio, cádmio e chumbo foi feita em Espectrômetro de Emissão Ótica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES), sendo previamente digeridas com ácido nítrico concentrado em forno micro-ondas. O mercúrio foi quantificado por espectrofotometria de absorção atômica, com um método que dispensa o preparo prévio de amostras. Com as condições adequadamente otimizadas, os métodos foram validados de acordo com o documento orientativo do INMETRO (DOQ CGCRE 008). A avaliação dos parâmetros de validação foi satisfatória e demonstrou que os métodos são capazes de quantificar os elementos nas seguintes faixas: As de 0 a 400 ng g-1, Cd de 0 a 40 ng g-1, Pb de 0 a 120 ng g1e Hg 0 a 30 ng g-1. Na espécie escolhida para estudo foram encontrados valores que variavam de 5,17 ng g-1 a 14,05 ng g-1 de Hg; 119,23 ng g-1 a 272,74 ng g-1 de As e 6,95 ng g-1 a 10,83 ng g-1 de Cd. Os teores de Pb encontrados estavam abaixo do limite de detecção do método. Palavras-chave: Peixe. Metais traço. Validação. Segurança Alimentar. SILVA, T. dos S. Development of spectrometric methods for determination of inorganic contaminants (arsenic, cadmium, lead and mercury) in fish. 90 p. Dissertation. Postgraduate Program in Food Science and Technology, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), Campus Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2014. ABSTRACT The intake of foods rich in nutrients is an important decision to maintain a healthy lifestyle. Fish and seafood have nutritional characteristics, and are appreciated by most of the population. However, these foods can pose health risks if they are contaminated and metals are one of the sources of contamination. Some of them are highly toxic even in small quantities, such as arsenic (As), cadmium (Cd), mercury (Hg) and lead (Pb). Therefore, for these and other substances, there are maximum limits to avoid health problems and ensure trade of these Brazilian products in the international market. The objective of this work was to develop spectrometric methods for determination of inorganic contaminants (arsenic, cadmium, lead and mercury) in fish and to verify the possible occurrence of these metals in a fish species from Bay Sepetiba, Rio de Janeiro and widely consumed by the local population. Samples were lyophilized and quantification of arsenic, cadmium and lead was carried out in Inductively coupled plasma atomic emission spectroscopy, being previously digested with concentrated nitric acid in microwave oven. Mercury was quantified by atomic absorption, a method which does not require the prior sample preparation. With the properly optimized conditions, the methods were validated according to the guidance document of INMETRO (DOQ CGCRE 008). Evaluation of validation parameters was satisfactory and showed the methods are able to quantify the elements in the following ranges: As from 0 to 400 ng g-1, Cd from 0 to 40 ng g-1, Pb from 0 to 120 ng g-1e Hg from 0 to 30 ng g-1. In species chosen for study, were found values from 5,17 ng g-1 to 14.05 ng g-1 for Hg; 119.23 ng g-1 to 272.74 ng g-1 for As and 6.95 ng g-1 a 10.83 ng g-1 for Cd. Levels of Pb were below the limit of detection of the method. Keywords: Fish. Trace metals. Validation. Food Safety LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária As Arsênio CCα Limite de decisão CCβ Capacidade de Decisão Cd Cádmio CEAGESP Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo Cr Cromo CRM Certified Reference Material (material de referência certificado) CONSEA Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional CV Coeficiente de variação DMAA Ácido dimetilarsínico DOQ-CGCRE Documento orientativo – Coordenação Geral de Acreditação DPR Desvio Padrão Relativo EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EPA Environmental Protection Agency – Agência de Proteção Ambiental Americana FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations – Organização de Agricultura e Alimentos das Nações Unidas. FDA Food and Drug Administration – Administração Federal de Alimentos e Medicamentos FIPERJ Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio Janeiro Hg mercúrio ICP-OES Inductively Coupled Plasma - Optical Emission Spectrometry - Espectrometria de Emissão Ótica por Plasma Indutivamente Acoplado ICP-MS Inductively Coupled Plasma - Mass Spectrometry - Espectrometria de Massas por Plasma Indutivamente Acoplado INEA Instituto Estadual do Ambiente INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia Kg Quilograma LD Limite de Detecção LQ Limite de Quantificação LMR Limite Máximo de Resíduos MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MMAA Ácido metilarsônico MERCOSUL Mercado Comum do Sul mg Miligrama mL Mililitro Mn Manganês Pb Chumbo PNCRC Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes OIE World Organisation for Animal Health) Organização Mundial para Saúde Animal OMC Organização Mundial do Comércio SAN Segurança Alimentar Nacional Se Selênio SPS Sanitary and Phitosanitary Agreement Acordo Sanitário e Fitossanitário VIM International Vocabulary of Metrology - Vocabuário Internacional de Metrologia WHO World Health Organization – Organização Mundial de Saúde LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 Compostos de arsênio. Adaptado de HUGHES et al, 2011 24 Figura 2.2 Estrutura da arsenobetaína 26 Figura 2.3 Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro 46 Figura 3.1 Etapas de preparo da amostra 50 Figura 3.2 Fluxograma das etapas do preparo de amostra 51 Figura 3.3 Forno micro - ondas 53 Figura 3.4 ICP – OES utilizado para quantificação dos metais As, Cd e Pb 53 Figura 3.5 Analisador de Mercúrio Hydra C Teledyne 54 Figura 3.6 Diagrama de Ishigawa das incertezas para curvas de calibração 59 Figura 4.1 Curva analítica X curva de adição padrão do As 62 Figura 4.2 Curva analítica X curva de adição padrão do Cd. 63 Figura 4.3 Curva analítica X curva de adição padrão do Pb. 63 Figura 4.4 Curva analítica X curva de adição padrão do Hg. 63 Figura 4.5 Contribuição de cada fator para As 67 Figura 4.6 Contribuição de cada fator para Cd 67 Figura 4.7 Contribuição de cada fator para Pb 68 Figura 4.8 Contribuição de cada fator para Hg 68 LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 Limites máximos permitidos pelo MAPA 20 Tabela 2.2 Critérios de aceitação de recuperação (MAPA, 2011) 44 Tabela 2.3 Critérios de Aceitação da Precisão (MAPA, 2011) 44 Tabela 3.1 Faixas de concentração para As, Cd e Pb. 49 Tabela 3.2 Faixas de massas para Hg. 49 Tabela 3.3 Considerações para construção das curvas de calibração 49 Tabela 3.4 Condições de operação do ICP-OES 55 Tabela 3.5 Condições de análise do Analisador de Mercúrio. 56 Tabela 3.6 Condições de operação do micro-ondas. 56 Tabela 3.7 Dados utilizados nos cálculos de incerteza 60 Tabela 3.8 Faixas de concentrações/massas para avaliação de recuperação. 60 Tabela 4.1 Valores do teste de Cochran calculados para cada elemento. 64 Tabela 4.2 Resultados do teste t pareado 64 Tabela 4.3 Valores de R2 para as curvas de calibração. 65 Tabela 4.4 Resultados LQ e LD para os elementos estudados (ng g-1) 65 Tabela 4.5 Resultados de CCα, CCβ e incerteza para As, Cd e Pb e Hg, 66 Tabela 4.6 Resultados da incerteza 66 Tabela 4.7 Recuperação As (conc = ng g-1) 69 Tabela 4.8 Recuperação Cd (conc = ng g-1) 69 Tabela 4.9 Recuperação Pb (conc = ng g-1) 70 Tabela 4.10 Recuperação Hg (ng) 70 Tabela 4.11 Resultados de Hg, As e Cd em pescadinha. 71 LISTA DE EQUAÇÕES Equação 2.1 y = ax+b 39 Equação 2.2 𝐺= Equação 2.3 C = ∑kmax2 . 40 Equação 2.4 𝐿𝐷 = 𝑥̅ + 𝑡(𝑛−1,1−𝛼) 𝑠 40 Equação 2.5 𝐿𝑄 = 𝑥 + 10𝑠 40 Equação 2.6 CCα = LMR + 1,64 × s𝑟𝑒𝑝𝑟𝑜𝐿𝑀𝑅 42 Equação 2.7 CCβ = LMR + 3,28 × s𝑟𝑒𝑝𝑟𝑜𝐿𝑀𝑅 42 Equação 2.8 Recuperação = ( Equação 2.9 Recuperação(%) = Equação 2.10 CV(%) = Equação 3.1 𝑡= 𝑥𝑖 −𝑥̅ 39 𝑠 s2 i=1 s valor encontrado s x̅ valor esperado C1 −C2 C3 ) × 100 × 100 × 100 |𝑑𝑚1 −𝑑𝑚2 | 42 42 42 57 2 ( 1 − 1 ) 𝑠𝑝 √ 𝑛 𝑔1 𝑛𝑔2 Equação 3.2 𝑠𝑝2 = 𝑆𝑄𝑑1+𝑆𝑄𝑑2 𝑛𝐺1 +𝑛𝐺2 2 2 2 + 𝑢2 Equação 3.3 𝑢(𝐶𝑎𝑛𝑎𝑙 ) = √𝑢𝑚 𝑟𝑒𝑝𝑒 + 𝑢𝑑𝑖𝑙 + 𝑢𝑐𝑎𝑙 57 59 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 17 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19 2.1 QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR 19 2.2 PESCADO: NUTRIENTES X CONTAMINANTES 19 2.3 IMPLICAÇÕES DA PRESENÇA ALGUNS METAIS TÓXICOS NO ORGANISMO E NO AMBIENTE 23 2.2.1 Arsênio (As) 24 2.2.1.1 Exposição 24 2.2.1.2 Efeitos no organismo e toxicocinética 25 2.2.2 Cádmio (Cd) 26 2.2.2.1 Exposição 27 2.2.2.2 Efeitos no organismo e toxicocinética 27 2.2.3 Chumbo (Pb) 28 2.2.3.1 Exposição 28 2.2.3.2 Efeitos no organismo e toxicocinética 29 2.2.4 Mercúrio 29 2.2.4.1 Exposição 30 2.2.4.2 Efeitos no organismo e toxicocinética 30 2.3 BIOACUMULAÇÃO E BIOMAGNIFICAÇÃO 31 2.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE 31 2.4.1 Espectrometria de Emissão e Absorção Atômica 32 2.4.2 Preparo de amostras 33 2.4.3 Quantificação de mercúrio 34 2.5 VALIDAÇÃO 35 2.5.1 Seletividade 38 2.5.2 Linearidade 39 2.5.3 Faixa de trabalho e Faixa linear 40 2.5.4 Limite de Detecção (LD) 41 2.5.5 Limite de Quantificação (LQ) 41 2.5.6 Limite de Decisão e Capacidade de Detecção 42 2.5.7 Exatidão 43 2.5.7 1 Recuperação 43 2.5.7 2 Precisão 43 2.6 ÁREA DA REGIÃO DE SEPETIBA 45 3 MATERIAL E MÉTODOS 48 3.1 AMOSTRAS 48 3.2 REAGENTES E SOLUÇÕES ANALÍTICAS 48 3.3 PREPARO DAS CURVAS DE CALIBRAÇÃO 48 3.4 PREPARO DA AMOSTRA 49 3.5 PROCEDIMENTO ANALÍTICO 54 3.6 VALIDAÇÃO DOS MÉTODOS 56 3.6.1 Seletividade/Efeito Matriz 56 3.6.2 Linearidade 57 3.6.3 Limite de Detecção (LD) 58 3.6.4 Limite de Quantificação (LQ) 58 3.6.5 Limite de Decisão, Capacidade de Detecção e Incerteza 58 3.6.6 Exatidão 60 3.6.6 1 Recuperação 60 3.6.6 2 Repetitividade e Precisão intermediária. 61 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 62 4.1 OUTLIERS 62 4.2 HOMOCEDASTICIDADE 62 4.3 SELETIVIDADE/EFEITO MATRIZ 64 4.4 LINEARIDADE 64 4.5 LIMITE DE DETECÇÃO (LD) e LIMITE DE QUANTIFICAÇÃO (LQ) 65 4.6 LIMITE DE DECISÃO, CAPACIDADE DE DETECÇÃO E INCERTEZA 65 4.7 EXATIDÃO 69 4.5.1 Recuperação/Precisão 69 4.6 RESULTADOS DA ANÁLISE DE PESCADO 71 5 CONCLUSÃO 72 REFERÊNCIAS 73 ANEXOS 87 1 INTRODUÇÃO O peixe é um alimento que sempre fez parte da dieta humana. São ricos em proteínas, vitaminas, sais minerais e, no caso de algumas espécies, ricas também em ômega 3. Se por um lado o consumo traz benefícios à saúde, por outro, podem ser fonte de contaminação devido à possível presença de substâncias nocivas (GUÉRIN et al., 2011). Chumbo, cádmio, arsênio e mercúrio são metais altamente tóxicos que podem estar presentes como contaminantes e cujas origens podem ter causas geológicas, naturais ou, principalmente, resultantes de atividades humanas (BANDOWE et al., 2014; LOPES, 2009). Uma das principais fontes de exposição humana a metais traço é a ingestão de alimentos (BRAGA et al., 2005; IKEM e EGIEBOR, 2005). Desta forma, é imprescindível adotar medidas para garantir que alimentos de qualidade cheguem à população, sendo fundamental intensificar a fiscalização e o controle de qualidade. Para atender às questões internas de segurança alimentar e, principalmente, garantir a entrada dos produtos brasileiros no mercado internacional, um rigoroso controle de qualidade se faz necessário. Alguns acordos foram estabelecidos para garantir o comércio internacional de produtos pelos países membros da Organização Mundial do Comércio. Uma destas medidas é o Sanitary and Phitosanitary Agreement (SPS). Segundo Miranda et al. (2004), este acordo estabelece o direito de os países adotarem medidas sanitárias e fitossanitárias necessárias para a proteção de qualquer forma de vida e que estejam em consonância com os princípios do Acordo. No Brasil, os processos que envolvem a produção, a qualidade, a segurança e a inocuidade dos alimentos são fiscalizados pelo Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes – PNCRC. Dentre outros objetivos, está o de garantir que a eventual presença de substâncias que trazem riscos a saúde em caso de ingestão esteja em níveis equivalentes aqueles estabelecidos por organismos internacionais como Codex Alimentarius, FAO (Food and Agriculture Organization), MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), OIE (World Organisation for Animal Health), OMC (Organização Mundial do Comércio), e WHO (World Health Organization) (MAPA, 2013). Este trabalho tem como objetivo geral o desenvolvimento de métodos espectrométricos para determinação de contaminantes inorgânicos (arsênio, cádmio, chumbo e mercúrio) em peixe. 16 Como objetivos específicos, pode-se destacar: a) Estabelecer os métodos de preparo adequados; b) Estabelecer métodos de quantificação adequados; c) Validar os métodos pelos critérios do INMETRO; d) Quantificar As, Cd, Hg e Pb em exemplares de “pescadinha perna de moça” (Cynoscion leiarchus). O trabalho realizado será apresentado em três capítulos, a saber: O primeiro capítulo apresenta a revisão bibliográfica, destacando-se a qualidade e a segurança alimentar, os aspectos gerais relacionados aos nutrientes e contaminantes, exposição, efeitos no organismo e no ambiente e toxicocinética dos metais tóxicos estudados (As, Cd, Pb e Hg), técnicas de análise e instrumentos para validação do método. No segundo capítulo são descritas as características do local onde estas espécies podem ser encontradas, a etapa de tratamento das amostras e as análises para verificação dos parâmetros de validação: seletividade, efeito matriz, linearidade, limite de detecção (LD) e limite de quantificação (LQ) e exatidão (repetitividade, precisão e precisão intermediária) dos métodos. No terceiro capítulo, os resultados relativos à validação do método são apresentados e discutidos, bem como a análise de amostras de uma espécie comercializada no Rio de Janeiro. Finalmente, são apresentadas as conclusões do trabalho. 17 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR A alimentação é um importante aliado na manutenção da saúde e na diminuição do risco de doenças, constituindo, na maioria das vezes, também, fonte de prazer para os consumidores (WILCOCK et al., 2004). Uma das expectativas em relação aos alimentos diz respeito à confiabilidade, garantia de origem, segurança e controle de riscos (NITZKE, 2012). Portanto, é importante que sejam desenvolvidas ações de segurança alimentar, como a SAN (Segurança Alimentar Nacional), que estabelece um conjunto de ações planejadas e sustentáveis com vistas a garantir a oferta e o acesso de alimentos para a população em todo o território nacional, promovendo nutrição e saúde, isto é, o direito humano à alimentação adequada. As políticas de segurança alimentar envolvem questões relacionadas aos riscos associados à ingestão de alimentos, sejam eles químicos, físicos ou biológicos que podem causar prejuízos à saúde ou mesmo a morte de indivíduos. Existem ainda as questões relacionadas ao mercado internacional cujas leis rigorosas podem inviabilizar o comércio de determinados produtos. Ações conjuntas de fiscalização e controle são essenciais, a fim de se estabelecer procedimentos em prol da saúde da população. A garantia da qualidade dos produtos alimentares vem tendo cada vez mais atenção de empresas, governos, organizações de comércio e de padrões internacionais (CASSWELL, 1998). Desta forma, torna-se pertinente e realização de estudos que avaliem a qualidade e a segurança dos alimentos a serem comercializados e consumidos. 2.2 PESCADO: NUTRIENTES X CONTAMINANTES Peixes e outros frutos do mar são importantes fontes de vitaminas, minerais, proteína de alta qualidade, ômega-3 e ácidos graxos poli-insaturados. A ingestão proporciona diversos benefícios para a saúde humana, portanto, é recomendada como forma de diminuir o risco de doenças cardiovasculares e derrames, diminuir os níveis de triglicerídeos e colesterol total, além de ter ação anti-inflamatória (COPAT et al., 2012; RAHMAN et al., 2012). Os frutos do mar (que incluem moluscos, crustáceos e todos os tipos de peixes ósseos) auxiliam no 18 controle de peso e no desenvolvimento cognitivo infantil. O consumo frequente de peixes e frutos do mar tem sido associado à redução do risco de desenvolvimento de doença arterial coronariana, alguns tipos de câncer, artrite reumatóide e outras doenças inflamatórias (MACIEL et al., 2014; LUND, 2013; SWANSON e MOUSA, 2012; MOZAFFARIAN e WU, 2011; DOMINGO, 2007; CAHU et al., 2004). Estes benefícios estimulam ainda mais o consumo destes alimentos. Segundo dados da FAO (2012), em 2010, a pesca mundial de captura e a aquicultura produziram juntas cerca de 148 milhões de toneladas de peixe, das quais, aproximadamente 128 milhões foram destinadas ao consumo humano. Avaliações preliminares indicaram que estes números aumentaram em 2011 para 154 milhões de toneladas e 131 milhões de toneladas, respectivamente. Esta notável demanda leva a uma preocupação com as questões relacionadas à segurança alimentar e com a necessidade de se estabelecer procedimentos e medidas que minimizem os riscos da ingestão de alimentos desta natureza, uma vez que no ambiente, onde são encontrados, pode haver a presença de poluentes. Alguns exemplos dos principais poluentes aquáticos são: orgânicos biodegradáveis, orgânicos refratários, organismos patogênicos, excesso de nutrientes e metais (BANDOWE et al., 2014; BRAGA et al.,2005). Elementos como sódio, cálcio, potássio, ferro, zinco e magnésio, em quantidades adequadas são importantes para o desempenho das funções fisiológicas, enquanto outros, como chumbo, cádmio, arsênio, mercúrio e prata podem ser prejudiciais à saúde dos organismos vivos (KHAN et al., 2014a; TÜRKMEN et al., 2008; IKEM e EGIEBOR, 2005). Qualquer substância que tenha a capacidade de causar danos aos organismos vivos é chamada de substância tóxica. Muitas vezes, os metais tóxicos são chamados “metais pesados”. Esta terminologia, apesar de amplamente utilizada, é obsoleta e refere-se, erroneamente, a toxicidade do metal, e, algumas vezes, a elementos químicos que não possuem características metálicas (NORDBERG, 2009a). Encontram-se, naturalmente, quantidades muito baixas de metais no meio aquático. As concentrações podem ser oneradas de forma significativa devido às atividades industriais, agrícolas, de mineração, de transporte, incineração, queima de biomassa, destinação inadequada dos resíduos e efluentes e deposição atmosférica (OLMEDO et al., 2013; DJEDJIBEGOVIC et al., 2012; BRAGA et al.,2005). No ambiente aquático, os metais tóxicos, podem prejudicar a diversidade das espécies e os ecossistemas, devido a sua toxicidade, persistência e comportamento acumulativo e desta 19 forma, podem ocasionar problemas de saúde. A preocupação acerca deste assunto é mundialmente crescente, especialmente os países em desenvolvimento, visto que a determinação das concentrações destes contaminantes permite avaliar os riscos potenciais aos quais a população está exposta, principalmente através da alimentação (RAHMAN et al., 2012). No Brasil, o Ministério da Agricultura através do Plano Nacional de Controle de Resíduos Biológicos em Produtos de Origem Animal elaborado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento estabelece limites de contaminantes em vários itens como leite, carnes, ovos, mel e pescado (Limite Máximo de Resíduos – LMR). Hg, As, Pb e Cd são denominados pelo MAPA contaminantes inorgânicos. A tabela 2.1 mostra os LMRs para contaminantes inorgânicos em pescado para 2013: Tabela 2.1 Limites máximos permitidos pelo MAPA Contaminante Limite máximo (µg kg-1) Peixe de captura Peixe de cultivo Mercúrio 1000 500 Arsênio 1000 1000 Cádmio 100 50 Chumbo 300 300 Fonte: MAPA, 2013a Em ambientes aquáticos, metais traço como As, Cd, Pb e Hg estão amplamente distribuídos e o grau de contaminação em tecidos de peixes pode ser influenciada pelos seguintes fatores: localização geográfica, espécie e tamanho do pescado, local de amostragem, nível trófico, padrões alimentares, tipo de poluente, solubilidade dos produtos químicos e persistência no ambiente (KEVAN, 1999). Morgano et al. (2007) determinaram o teor de Hg total em 257 amostras de pescado da cadeia produtiva da Baixada Santista, São Paulo. A concentração de mercúrio total encontrada variou de 0,166 a 0,878 mg kg-1. Foram avaliadas 42 amostras de pescada (família Sciaenidae), a concentração média foi de 0,094 mg kg-1, sendo esta inferior ao valor permitido pelo MAPA. 20 Morgano et al. (2011) determinaram a concentração de arsênio total, cádmio, cromo, chumbo e mercúrio total em 240 amostras das espécies de peixes pescada (Macrodon ancylodon), tainha (Mugil liza), corvina (Micropogonias furnieri) e sardinha (Sardinella brasiliensis). Estas foram adquiridas no comércio atacadista da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP). Foram obtidas as seguintes faixas de concentração em mg kg-1: As total (<0,1-8,63); Cd (<0,01-0,287); Cr (<0,02-0,44); Pb (<0,022,92) e Hg total (<0,002-0,285). Foram encontrados em maior concentração As e Cr na sardinha e na corvina. Segundo a legislação brasileira (ANVISA, Portaria 685 de 27/08/1998), os limites máximos permitidos (1 e 0,1 mg kg-1) foram ultrapassados em 67% e 7%, respectivamente. Tal estudo comprova a ocorrência de contaminação por estes metais nas espécies de pescada, tainha, corvina e sardinha. O maior índice de arsênio foi detectado na espécie sardinha. Na corvina, os contaminantes As, Cr e Pb foram encontrados em teores mais elevados no período de inverno do que na época de verão. Ferreira et al.(2012) avaliaram a concentração de mercúrio em 315 amostras de pescado marinho de elevado consumo obtidos durantes três anos em frotas pesqueiras de diversos estados brasileiros. Os maiores teores médios de Hg foram observados nas amostras de Meca (Xiphias gladius) (0,393 μg g-1), seguido pela raia (Pteroplatytrygon violácea) (0,224 μg g-1), atum in natura (Thunnus albacares) (0,187 μg g-1), atum em conserva (Thunnus sp) (0,169 μg g-1), corvina (Micropogonias furnieri) (0,124 μg g-1), peixe-espada (Thichiurus lepturus) (0,078 μg g-1) e camarão (Litopenaeus vannamei) (0,058 μg g-1). Constatou-se que 2,4% das amostras de Meca (n=83), ultrapassaram o limite máximo recomendado para peixes predadores (1,0 μg g-1) pela legislação nacional (ANISA) e internacional (FDA). Tal espécie é conhecida na literatura por acumular Hg, é uma espécie predadora (maior taxa de absorção e menor de excreção), que ocupa o topo da cadeia trófica, podendo acumular maiores concentrações de Hg. Entretanto, tal nível de acumulação está relacionado com o local onde habita, dependendo assim possivelmente da quantidade e tipo de alimento disponível na região, bem como seu metabolismo, contribuindo significativamente para a acumulação de Hg nos tecidos e a biomagnificação no decorrer da cadeia trófica (BRANCO et al., 2007; DAMIANO et al., 2011). Este é considerado um dos meios mais importantes de exposição a contaminantes para os predadores, indo da fonte para o consumidor (KEHRIG et al., 2009; HOPKINS et al., 2005). A espécie demonstra ser um bioindicador de poluição de ecossistemas (BRANCO et al., 2007; DAMIANO et al., 2011). 21 Medeiros et al. (2012) analisou e avaliou as concentrações de alumínio, zinco, ferro, manganês, cobalto, cobre, arsênio, selênio, cádmio, bário, chumbo e bismuto em 11 espécies de peixes (Salmo salar, Sardinella brasiliensis, Pomatomus saltatrix, Micropogonias furnieri, Cynoscion leiarchus, crysos Caranx, Priacanthus arenatus, Mugil cephalus, Genypterus brasiliensis, Lopholatilus villarii e Pseudopercis numida) capturados na costa do Rio de Janeiro. As concentrações de alumínio foram significativamente maiores em todas as amostras e somente M. cephalus, C. leiarchus e C. crysos apresentaram concentrações de arsênio abaixo de 1 mg kg-1, limite recomendado pela legislação brasileira (ANVISA). Kosanovic et al. (2007), detectaram um aumento da concentração de cromo, manganês, cobalto, cobre, zinco, arsênio, cádmio, mercúrio e chumbo na espécie Red-spot (Lethrinus lentjan), na região do Golfo Pérsico, embora os valores não tenham ultrapassado o valor permitido pela legislação (FAO), tal aumento é oriundo da crescente urbanização e industrialização. Leung et al. (2014), analisaram 11 espécies de pescado (711 amostras) no Pearl River Delta (China) e detectaram as seguintes faixas de concentração (mg kg-1, peso seco): As (0,03–1,53), Pb (0,03–8,62), Cd (0,02–0,06), Ni (0,44–9,75), Zn (15,7–29,5), Cr (0,22–0,65), Cu (0,79–2,26), Mn (0,82–6,91). Concentrações de chumbo significativamente altas foram encontradas na espécie tilápia (Oreochromis mossambicus), ultrapassando o limite estabelecido pela União Européia (0,4 mg kg-1). 2.3 IMPLICAÇÕES DA PRESENÇA ALGUNS METAIS TÓXICOS NO ORGANISMO E NO AMBIENTE Muitos elementos químicos, apesar de essenciais para os organismos vivos, podem vir a ser tóxicos, caso a ingestão exceda os níveis considerados seguros. Cromo, cobre e zinco, por exemplo, são considerados micronutrientes essenciais ao metabolismo dos organismos vivos. Entretanto, seu déficit pode provocar doenças ou disfunções e o excesso, intoxicações (VIRGA et al., 2007). Esta ingestão pode ocorrer de diversas formas (TÜRKMEN et al., 2008). Vegetais cultivados em solos contaminados por estes elementos podem absorvê-los através de suas raízes. Também existe a possibilidade de serem depositados em suas folhas ou ainda, utilização de água de irrigação contaminada (BANDOWE et al., 2014). Alimentos de origem 22 animal, por sua vez, são atingidos ao se alimentarem de animais, vegetais ou água eventualmente contaminados (MILLER, 2010). Arsênio, cádmio, chumbo e mercúrio fazem parte de um grupo de substâncias cujos riscos estão cientificamente comprovados e afetam negativamente a saúde e o ambiente (BANDOWE et al., 2014; DJEDJIBEGOVIC et al., 2012; WHO, 2010a). Uma das consequências mais negativas do processo de poluição do ambiente aquático diz respeito acumulação de metais tóxicos, pelos organismos vivos (KHANSARIA, GHAZIKHANSARIA e ABDOLLAHIC, 2005; LIMA JUNIOR, 2002), pois isto pode ter duas consequências: a bioacumulação, um acúmulo de metais a partir da alimentação e a biomagnificação, a acumulação e absorção direta, indireta que ocorre através da cadeia trófica. Os peixes predadores localizados no topo da cadeia alimentar apresentam as maiores concentrações de mercúrio em seus tecidos (KEHRIG et al., 2009). 2.2.1 Arsênio (As) O arsênio é um elemento natural amplamente distribuído na crosta da Terra, presente em muitos tipos de rocha. Pode atingir o ar, a água e o solo levado pelo vento ou pelos processos de lixiviação e escoamento. Erupções vulcânicas e atividades antropogênicas como mineração, fundição e atividades em usinas de energia movidas a carvão também são responsáveis pela entrada do arsênio no ambiente. Embora não seja destruído, a forma como se apresenta no ambiente, pode ser modificada, pela reação com o oxigênio e outras moléculas ou pela ação de bactérias presentes no ar, na água e no solo. É comum encontrá-lo combinado com outros elementos como oxigênio, cloro e enxofre formando compostos inorgânicos ou ligado ao carbono e hidrogênio, formando compostos orgânicos (ATSDR, 2007a). Até o fim do século XX, a forma inorgânica deste elemento foi utilizada na produção de herbicidas, inseticidas e fungicidas por países desenvolvidos. Alguns países em desenvolvimento ainda o utilizam para este fim (SAOUDI et al., 2012). Atualmente, a principal utilização é na produção de preservativos de madeira, elementos formadores de ligas e em processamentos industriais de vidros, pigmentos, produtos têxteis, papel, adesivos, metais e munições (WHO, 2012). 2.2.1.1 Exposição 23 O organismo está exposto a pequenas quantidades por inalação ou por ingestão de água e alimentos contaminados e fumaça de tabaco, porém, a forma mais comum de exposição humana é a dieta e os principais alimentos através dos quais é possível ingerir a forma inorgânica são o arroz, farinhas e mariscos (ATSDRa, 2007). É possível também a presença em sucos e vinho devido ao de pesticidas contendo arsênio em sua formulação, e que podem ter sido utilizados nas culturas das uvas. A ingestão de compostos orgânicos de arsênio ocorre, principalmente através dos frutos do mar, uma vez que os organismos marinhos têm a capacidade de transformar o arsênio inorgânico presente na água em compostos menos tóxicos (RONKART et al., 2013). 2.2.1.2 Efeitos no organismo e toxicocinética As características físico-químicas, a toxicidade e a biodisponibilidade variam de acordo com as espécies químicas formadas pelo arsênio (SANTRA et al., 2013). Embora se apresente sob diversas formas e valências, os estados de oxidação que são encontrados no ambiente e aos quais os seres humanos são expostos mais relevantes são As3+ (arsenito) e As5+ (arseniato). Os compostos trivalentes são os de maior potencial tóxico (HUGHES et al., 2011) e não existem efeitos benéficos conhecidos destas formas (ROSE et.al, 2007). A figura 2.1 mostra algumas estruturas de compostos de importância ambiental. Figura 2.1 Compostos de arsênio. Adaptado de HUGHES et al, 2011 A arsenobetaína (figura 2.2), encontrada em organismos marinhos, também é considerada não tóxica (RONKART et al., 2013). 24 Figura 2.2 Estrutura da arsenobetaína Os organismos marinhos são capazes de converter biologicamente a metilação do arsenito e arseniato em compostos de menor toxicidade, tais como o ácido metilarsônico (MMAA) e ácido dimetilarsínico (DMAA). Inúmeros problemas de saúde podem estar associados à ingestão ou inalação. Este elemento pode levar ao desenvolvimento de carcinoma e outras lesões malignas. A exposição crônica ao arsênio pode causar doenças respiratórias, gastrointestinais, hematológicas, cardiovasculares, hepáticas, neurológicas e diabetes. Vegetais cultivados com água subterrânea contaminada podem onerar em muitas vezes a ingestão diária de arsênio (SANTRA et al., 2013). Dentre todos os organismos vivos, em geral a concentração de arsênio costuma ser maior em organismos marinhos (KUNIYOSHI, BRAGA e FAVARO, 2011). Estudos acerca da toxicocinética do arsênio inorgânico em humanos revelaram que ambas as formas (As+3 e As+5) são bem absorvidas por via oral e por inalação. O As+3 sofre oxidação pelas enzimas hepáticas e, posterior metilação, formando MMA e DMA. A maior parte do arsênio absorvido é excretada pela urina em uma mistura de vários metabólitos e formas não metiladas. Pequenas quantidades são excretadas nas fezes e uma parte pode permanecer ligada aos tecidos. Embora existam poucas informações disponíveis sobre a toxicocinética das formas orgânicas, sabe-se que são bem absorvidas e rapidamente excretadas na urina e nas fezes e não são convertidas para formas inorgânicas (ATSDR, 2007). 2.2.2 Cádmio (Cd) O cádmio é encontrado na crosta terrestre associado a minérios de zinco, chumbo e cobre. A sua presença no ambiente também pode ser resultado de atividades industriais ou agrícolas. É utilizado na fabricação de baterias, pigmentos, revestimentos e ligas não ferrosas, dentre outras. Estas atividades podem emiti-lo para a água, o solo e o ar, e se acumularem nos organismos aquáticos e nas culturas agrícolas. Está presente no ar, como partículas ou vapores 25 de cloretos, sulfatos e óxidos e desta forma, se deposita no solo e nas superfícies das águas. Tem capacidade de se ligar fortemente à matéria orgânica no solo, o que lhe confere imobilidade, e assim pode ser absorvido pelas plantas. Os níveis de cádmio no ambiente variam devido a estas características de transporte (ATSDR, 2012). 2.2.2.1 Exposição A absorção pelo organismo pode ocorrer de várias formas: inalação, ingestão e dérmica. Na absorção por inalação, as partículas em suspensão, dependendo do tamanho, podem ser depositadas nos pulmões, nas vias aéreas superiores ou até penetrar nos alvéolos. Os prejuízos causados nos organismos expostos a cádmio ou a seus compostos dependem de diversos fatores, que incluem a dose, o tempo e a forma de exposição, idade, sexo e estado de saúde (ATSDR, 2012). O cádmio contamina o solo, a água e o ar através de atividades mineradoras, refino, fabricação e aplicação de fertilizantes fosfatados, queima de combustíveis fósseis, e incineração de resíduos e disposição, podendo assim, se acumular nos organismos aquáticos e nas culturas agrícolas. Os alimentos como moluscos, crustáceos e vísceras de mamíferos marinhos são ricos em cádmio e desta forma, constituem as principais fonte de exposição (STORELLI, 2011). Consequentemente, a exposição humana a esta substância pode se dar pelos meios expostos acima, bem como pela exposição ocupacional (ATSDR, 2012). 2.2.2.2 Efeitos no organismo e toxicocinética O cádmio foi descoberto em 1817 e os seus malefícios tiveram os primeiros registros em 1858, quando foi observado que pessoas que manipularam produtos contendo este elemento na composição apresentaram problemas respiratórios e gastrointestinais. Os estudos toxicológicos iniciaram-se em 1919 e, ao longo dos anos, foram observados também problemas ósseos e renais (NORDBERG, 2009b). A ingestão prolongada constitui um fator importante para o desenvolvimento da doença de itai itai. Este distúrbio é caracterizado por causar fraturas ósseas e disfunções renais, principalmente em mulheres de meia idade e idosos, sendo relatada pela primeira vez em 1955 (NOGAWA e SUWAZONO, 2011; INABA et al., 2005). Os rins são os órgãos mais afetados pela toxicidade do cádmio que pode levar a uma instabilidade genômica e 26 desencadear várias doenças. Sua função biológica é desconhecida (TEMPLETON e LIU, 2010; FILIPIĈ, 2012). Pulmões, fígado e os sistemas cardiovascular, reprodutivo e imunológico também podem ser afetados (FOWLER, 2009). Animais de laboratórios apresentaram danos na garganta e na cavidade nasal, problemas renais, anemia, doença hepática, danos cerebrais e neurológicos, após serem submetidos ao cádmio por inalação ou ingestão oral (ATSDR, 2012). Grande parte do cádmio absorvido vai para o rim e fígado e a eliminação de uma pequena quantidade se dá lentamente pela urina e pelas fezes. O organismo tende a fazer conversão para uma forma menos prejudicial, desde que não seja uma quantidade demasiadamente elevada, para que não haja sobrecarga do rim e do fígado (ATSDR, 2012). O nível de ingestão considerado seguro pela FAO e pela OMS é de 70 microgramas por dia. Estima-se que as quantidades diárias ingeridas, em condições normais, sejam de 30 microgramas por dia (MILLER, 2010). 2.2.3 Chumbo (Pb) O chumbo é um elemento natural na crosta terrestre e geralmente se apresenta sob a forma de compostos, combinados com outros elementos. Suas propriedades físico-químicas como maciez, baixo ponto de fusão e resistência à corrosão, são convenientes para a utilização em diversos setores industriais, o que contribuiu para o aumento da presença de chumbo livre nos sistemas biológicos e no ambiente (FLORA, GUPTA, e TIWARI, 2012). As quantidades encontradas na natureza vêm aumentando bastante ao longo de três séculos, devido às atividades antrópicas. Este aumento foi mais intenso entre os anos 1950 e 2000 devido ao uso de gasolina aditivada contendo compostos de chumbo (ATSDR, 2007b). 2.2.3.1 Exposição A principal via de absorção é pela via oral e respiratória. Uma das formas de exposição é a ingestão de água contaminada, e alimentos, tais como, hortaliças cultivadas em solos contaminados (ATSDR, 2007b). Normalmente, a concentração presente em alimentos é naturalmente pequena, porém existe também a possibilidade de serem contaminados pelas latas de acondicionamento às quais foram eventualmente soldadas com chumbo (MILLER, 2010). 27 2.2.3.2 Efeitos no organismo e toxicocinética Os problemas de saúde podem ser desencadeados quando quantidades maiores que 0,5 µg mL-1 entram na corrente sanguínea e pode se acumular na medula óssea. As fontes de exposição mais comuns são as emissões industriais, gases de exaustão de automóveis e vegetais de folhas grandes, que podem ter sido contaminados ao serem cultivados em áreas cujo solo contém este elemento (OYMAK et al., 2009; GAMA, LIMA e LEMOS, 2006). Este elemento não tem função essencial no organismo, e a deficiência não é prejudicial à saúde humana (MILLER, 2010). Há mais de um século, vem sendo feitos estudos científicos sobre a toxicologia deste metal. Todavia, informações sobre os mecanismos de ação que originam seus efeitos tóxicos ainda são insuficientes (MOREIRA e MOREIRA, 2004). Sabe-se que pode causar graves e irreversíveis danos neurológicos, principalmente em crianças. Afeta também os sistemas hematológico, gastrointestinal, cardiovascular e renal (WHO, 2010d). Além disso, a exposição prolongada pode ocasionar coma e até a morte (RAHMAN et al., 2012; WHO, 2010d). 2.2.4 Mercúrio O mercúrio é um elemento que ocorre naturalmente no meio ambiente sob três formas. Quando não combinado com outros elementos, está na forma pura ou elementar, utilizada em termômetros, fabricação de ouro e prata e produção de gás cloro. Existem, ainda, duas outras categorias que o classificam como orgânico, quando combinado com carbono e hidrogênio. O composto orgânico de mercúrio mais comumente encontrado no ambiente é o metilmercúrio (ASTDR, 1999). A forma elementar lhe confere uma característica incomum dos demais metais: é líquido e volátil à temperatura ambiente e os vapores são tóxicos para os seres humanos. Apesar de o uso do mercúrio elementar ter sido consideravelmente reduzido em muitas partes do mundo, no Brasil ainda trata-se de um grande problema ambiental, pois ainda é bastante utilizado em regiões de mineração de ouro (SYVERSEN e KAUR, 2012). 28 2.2.4.1 Exposição Todos os organismos estão expostos ao mercúrio, uma vez que é encontrado naturalmente no ambiente (ATSDR, 1999). A exposição pode ser por inalação, pela água ou pela ingestão de alimentos (SYVERSEN e KAUR, 2012), sendo esta última à forma mais comum. Dietas ricas em peixes e outros frutos expõe algumas pessoas a níveis mais elevados de mercúrio na forma de metilmercúrio, caso estes alimentos sejam originários de águas contaminadas. O metilmercúrio acumula-se na cadeia alimentar, e os peixes do topo da cadeia trófica ou os mais idosos terão mais mercúrio em sua carne (ATSDR, 1999). Outras formas são: obturações dentárias, algumas práticas religiosas que o utilizam em seus rituais, manipulação de itens indústrias como barômetros, termômetros, aparelhos de pressão sanguínea e bulbos de lâmpadas, caso estejam danificados (ATSDR, 1999). O mercúrio elementar é transformado em vários compostos orgânicos de alquil mercúrio, principalmente pelo processo de metilação (RANI, BASNET e KUMAR, 2011). A acumulação é superior em pescado de maior porte devido à bioacumulação na cadeia alimentar (GRANDJEAN, 2008). 2.2.4.2 Efeitos no organismo e toxicocinética Não existem, ainda, evidências de que metais, como o mercúrio, exerçam qualquer função no organismo, mas sabe-se que eles podem afetar o metabolismo de elementos essenciais como, Cu, Zn, Fe, Mn e Se (MAIHARA e FÁVARO, 2005). Na década de 1950, problemas gravíssimos de saúde que incluíam ataxia, distúrbio da fala, e estreitamento do campo visual em habitantes da ilha de Kyushu no Japão, foram estudados e, investigações sobre os fatos levaram a crer que estes problemas eram consequência da ingestão de grande quantidade de metilmercúrio ([CH3Hg]+) acumulados em peixes e moluscos oriundos da Baía de Minamata. Tal contaminação foi resultado do despejo de produtos químicos de uma indústria localizada nas proximidades desta baía (MURATA e SAKAMOTO, 2011). Estudos sugerem que os vapores de mercúrio elementar bem como a forma orgânica podem causar perda de visão devido ao estreitamento do campo visual (BARBONI et al., 2008). 29 A exposição de mercúrio metálico por via oral normalmente é pouco absorvida. Porém, pelas vias respiratórias, cerca de 80% entra na corrente sanguínea e vai para os pulmões, cérebro e, na maior parte, rins. A maior parte é eliminada na urina e nas fezes e uma quantidade menor, pela respiração (ASTDR, 1999). Menos de 10% da forma inorgânica é absorvida via oral, pois não é volátil a temperatura ambiente. No caso de ingestão, menos de 10% é absorvido pelo intestino e cerca de 40% é absorvido pelo estômago. Também é excretado pela urina e pelas fezes. 2.3 BIOACUMULAÇÃO E BIOMAGNIFICAÇÃO Dois processos comuns que ocorrem no ambiente marinho são a biomagnificação e a bioacumulação. Eles ocasionam o aumento das concentrações de substâncias ao longo da cadeia trófica, ainda que a substância em questão esteja presente em baixas quantidades na água (SOUSA, 2009). A biomagnificação é a transferência de substâncias para um organismo, por meio da alimentação e a bioacumulação é a absorção de substâncias a partir de todas as formas ambientais possíveis (GRAY, 2002), sendo retidas pelos organismos. Desta forma, os animais de maior porte e que pertencem aos níveis mais elevados da cadeia alimentar tendem a acumular concentrações maiores em relação aos organismos de menor porte (KEHRIG et al., 2009). O mercúrio é um dos elementos cujas concentrações podem ser aumentadas ao longo da cadeia trófica pelo processo de bioacumulação (ZHU et al., 2007). A forma mais tóxica (metilmercúrio) é também a que mais facilmente é bioacumulada, em comparação com as outras formas nas quais pode se apresentar (TINOCO, 2008). A avaliação em tecidos de organismos pertencentes a diferentes níveis tróficos e oriundos do litoral norte do Rio de Janeiro revelou diferenças significativas entre as concentrações de mercúrio total contidas nos predadores e em suas presas (KEHRIG et al., 2009). 2.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE Métodos analíticos geram dados usados para tomar decisões fundamentais e podem ter aplicação em várias áreas, desde o processamento e controle de qualidade na fabricação 30 produtos até o monitoramento de alimentos (BRETNALL e CLARKE, 2011; GOWIK, 2009). Para se obter dados confiáveis sobre a ocorrência de contaminantes em alimentos, é de extrema importância a disponibilidade de métodos analíticos para a determinação, visto que amostras de alimentos, em conjunto com baixas concentrações são complexas. Desta forma, necessita-se de técnicas analíticas seletivas, sensíveis e confiáveis (DORNE et al., 2009). A utilização da técnica mais conveniente depende da exatidão exigida, do tempo de execução, dos recursos disponíveis, da complexidade e do número de componentes presentes da amostra. A determinação quantitativa de concentrações desta ordem requer técnicas avançadas de análise (SKOOG et al., 2006). 2.4.1 Espectrometria de Emissão e Absorção Atômica Quando a concentração média de um determinado elemento é menor que 100 microgramas por grama, ele é classificado como elemento traço (IUPAC,1979). A espectroscopia atômica é uma ferramenta bastante eficiente para determinação de elementos traços. Seu princípio se baseia na medida da intensidade de energia absorvida ou emitida por um átomo ao ser submetido a elevadíssimas energias, capazes de converterem os elementos em átomos gasosos num processo chamado atomização. Este processo pode ser obtido por chama, forno de grafite ou plasma de argônio indutivamente acoplado (HARRIS, 2009). Atualmente, também vem sendo empregados outros atomizadores como os de descarga de gás a pressão reduzida, descarga luminescente (glow discharge) e lasers de alta potência (laser-induced breakdown) (SKOOG et al., 2006). A evolução da espectrometria está relacionada com as suas fontes e sua melhoria e otimização, assim como com os diferentes tipos de espectrômetros e detectores e formas de amostragem ideal dos analitos (BINGS, BOGAERTS, BROEKAERT, 2006). A espectrometria por plasma indutivamente acoplado é uma técnica analítica amplamente utilizada para analisar matrizes de naturezas diversas, incluindo matrizes alimentares (SKOOG et al, 2006). As temperaturas atingidas são muito mais elevadas do que as chamas de combustão, eliminando muitos dos problemas encontrados com chamas convencionais. A energia é gerada por uma bobina de indução de radio frequência que envolve uma chama de quartzo (SKOOG et al, 2006). 31 A demanda contínua de alta sensibilidade em combinação com a capacidade de detecção multielementar rápida e simultânea levou a novos desenvolvimentos no campo de espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (BINGS, BOGAERTS, BROEKAERT, 2006). Íons são produzidos graças às altas temperaturas alcançadas. Na Espectrometria de Massas por Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS), a massa desses íons é medida, sendo assim possível realizar a quantificação. Tem as vantagens de possuir limites de detecção muito baixos e de realização de análises multi-elementares simultâneas (DJEDJIBEGOVIC et al., 2012; AMMANN, 2007). Entretanto, quando se trata de análises em alimentos, pode haver interferência da matriz devido às altas concentrações de sais e de compostos orgânicos presentes (NARDI et al., 2009). Na Espectrometria de Emissão Ótica por Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES), mede-se a luz emitida pelos íons excitados em comprimentos de onda específicos de cada elemento (SKOOG et al, 2006). Estas técnicas estão se tornando cada vez mais comuns em laboratórios de análise de alimentos com diferentes finalidades para determinação de multielementar de macronutrientes, investigação de elementos tóxicos e avaliação de perfil mineral para identificação de origem (KHAN et al., 2014a, BRESSY et al., 2013; MILLOUR et al, 2011; SANTOS, 2011; NASREDDINE et al., 2010; NARDI et al., 2009; SOLA-LARRAÑAGA, NAVARRO-BLASCO, 2009; ATARO et al, 2008; ČERNOHORSKÝ et al., 2008; LEBLANC et al., 2005; LARA et al., 2005). Larrea-Marín et al (2010) validaram método de ICP-OES para análise de elementos traços em algas (Laminaria e Porphyra) de acordo com o guia da Eurachem. A técnica foi considerada adequada para determinação de metais traços (alumínio, cádmio, cálcio, cromo, cobre, ferro, níquel, chumbo e zinco) para estudo de caracterização de vinhos da região de Mendonza na Argentina (LARA et al., 2005). 2.4.2 Preparo de amostras Antes da quantificação, uma etapa de tratamento (digestão) das amostras deve ser realizada, para convertê-las da sua forma sólida para a líquida para solubilização dos analitos de interesse e destruição da matéria orgânica (SANTOS et al., 2010). Devem ser preparadas e diluídas de forma que a concentração final dos elementos esteja dentro da faixa do método utilizado e nas mesmas unidades de concentração. 32 O preparo é uma etapa bastante importante para garantir a qualidade dos resultados. A digeatão pode ser via seca ou via úmida. A digestão por via seca requer temperaturas elevadas e por via úmida requer o uso de ácidos concentrados e cuidadoso monitoramento da digestão por períodos variados (NARDI et al., 2009). Podem ser utilizadas misturas ácidas a fim de digerir amostras de: fórmulas infantis para determinar cálcio, cobre, ferro, potássio, magnésio, manganês, sódio e zinco, (KIRA e MAIHARA, 2007), leite e iogurtes com o objetivo de analisar arsênio, chumbo, chumbo, cromo, níquel, zinco, titânio, rubídio, lítio, berílio, bário, estrôncio, bismuto, césio, gálio, índio, vanádio, cobalto e selênio (KHAN et al., 2014a) e espécies de peixes, como os coletados no Rio Bangshi em Savar, Bangladesh para avaliar as concentrações de chumbo, chumbo, níquel, cromo, cobre, zinco, manganês e arsênio, (RAHMAN et al., 2012). Ambos os métodos são demorados e pode haver perda de analitos por volatilização (NARDI et al., 2009). Esta técnica exige controle na condução da digestão relacionado com a utilização de reagentes corrosivos, a fim de garantir que as amostras não irão à secura evitando risco perdas do analito e de explosão. Vários autores têm optado pela técnica de digestão por micro-ondas (MACIEL et al., 2014; KHAN et al., 2013; KARAKAŞ, 2012; MILLOUR et al., 2011). A recuperação por via úmida e por via seca de diversos metais, para elementos como chumbo e cádmio, tem se mostrado inferiores em comparação à digestão por micro-ondas (YANG et al., 2013; ALTUNDAG e TUZEN 2011; VARELA et al, 2009). Dentre as demais vantagens da técnica por micro-ondas sobre a as técnicas por via úmida e seca, destacam-se rapidez, eficiência, menor consumo de reagentes, menor risco de contaminação das amostras, perdas por volatilização praticamente eliminadas e a precisão e reprodutibilidade são melhores (CINDRIĆ et al., 2012; NARDI et al., 2009). 2.4.3 Quantificação de mercúrio As análises de mercúrio são de grande interesse principalmente nas áreas ambientais e de segurança alimentar e técnicas espectrométricas são as formas de investigação da presença deste elemento. A escolha do método adequado depende da natureza da matriz e da quantidade que se espera encontrar. As técnicas de a espectrometria atômica, e espectrometria de fluorescência, e ICP-MS e ICP-OES (MORGANO et al, 2005) são alternativas para investigação de mercúrio. (MICARONI, SILVEIRA e JARDIM, 2000). 33 Cardoso et al. (2009) determinaram as concentrações de mercúrio no músculo, rim e cérebro da espécie Trichiurus lepturus na região da praia de Itaipu, Niterói – RJ pela a técnica de espectrofotômetria de absorção atômica por arraste de vapor frio (EAA-VF), observando que as concentrações de Hg encontrados nos três órgãos se apresentaram inferiores aos dos limites máximos permitidos pela legislação brasileira (ANVISA), mesma técnica usada por Kehrig (2009) para avaliar a transferência trófica de mercúrio em espécies da costa Norte do Rio de Janeiro. As técnicas espectrométricas de absorção atômica e plasma indutivamente acoplado têm em comum a necessidade de utilização de uma etapa prévia de preparo de amostra. A Environmental Protection Agency (EPA, 2007b) indica a técnica de determinação de mercúrio pelo Analisador direto (Método EPA 7473). O princípio deste método consiste em decompor termicamente a amostra com fluxo contínuo de oxigênio e capturar os vapores de mercúrio por um amalgamador de ouro. Por fim, a determinação é feita através espectrofotometria de absorção atômica a 253,7 nm. A grande vantagem deste método consiste em dispensar o preparo de amostra uma vez que as etapas de diluição e a digestão podem ocasionar a baixa recuperação do analito, sendo então, o método de determinação direta conveniente, pois reduz eventuais erros desta etapa analítica (HAYNES et al, 2006, IPOLYI et al., 2004). Este método vem sendo amplamente utilizado para determinar mercúrio em pescados e outros frutos do mar (PANICHEV e PANICHEVA, 2014, RUIZ-DE-CEZANO et al., 2014, TAYLOR, et al., 2014, SHIBER, 2011). 2.5 VALIDAÇÃO Ensaios analíticos têm por objetivo identificar ou confirmar a presença ou ausência de um ou mais analitos em uma matriz e, uma vez presente, determinar que concentração. São amplamente utilizados para fins diversos nas áreas industrial, ambiental e de pesquisa. Devido à importância da utilização destas informações nestes diversos campos de aplicação, é imprescindível que sejam executados de tal forma que os resultados gerados estejam o mais próximo dos valores verdadeiros. Deve-se, portanto, desenvolver critérios e procedimentos padrão que garantam esta condição. A validação é a garantia de que métodos de ensaios ou calibração possam ser utilizados de forma segura em relação aos resultados gerados. Vários organismos nacionais e 34 internacionais definem de maneira bastante semelhante os objetivos para validação. De acordo com o Vocabulário Internacional de Metrologia (VIM, 2008), é verificar se requisitos especificados são adequados para um uso pretendido. Para a FDA (Food and Drugs Administration), validar significa confirmar experimentalmente que um processo produz um resultado ou um produto que satisfaçam as suas especificações pré-determinadas e que equipamentos e sistemas auxiliares envolvidos neste processo são capazes de operar de forma consistente dentro dos limites e tolerâncias estabelecidos, devendo uma evidência objetiva ser estabelecida e documentada (FDA, 2009). No Brasil, órgãos importantes ligados à legislação e normalização, também trazem definições para a validação: ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária): A validação de um método estabelece, através de estudos sistemáticos de laboratório, que o método é adequado à finalidade, isto é, suas características de desempenho são capazes de produzir resultados correspondentes às necessidades do problema analítico (ANVISA, 2005). INMETRO: É a demonstração de que um método analítico tem as características necessárias para a obtenção de resultados confiáveis e adequados à qualidade pretendida nas condições em que é praticado (INMETRO, 2011). MAPA: É um estudo experimental e documentado que objetiva demonstrar que o procedimento analítico avaliado é adequado à finalidade proposta, de forma a assegurar a confiabilidade dos resultados obtidos. Na área de alimentos, a avaliação dos parâmetros de validação fundamentais nas questões relacionadas a comércio exterior e segurança alimentar (SOUZA, 2007), e consequentemente, as de saúde pública, legislação e fiscalização. Em 1963, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) criaram um programa internacional sobre normalização de alimentos, o Codex Alimentarius, com a finalidade de proteger a saúde da 35 população, assegurando práticas equitativas no comércio regional e internacional de alimentos, fomentando e coordenando todos os trabalhos referentes à normalização (PASCHOAL et. al, 2008). Por outro lado, a União Europeia, exige que seus países membros possuam laboratórios acreditados na norma ISO/IEC 17025 (SOUZA, 2007). Estes fatos levaram a adoção de medidas que garantam a segurança do alimento tanto no mercado interno, quanto no mercado externo e isto inclui a avaliação dos produtos por ensaios validados. A validação é o processo pelo qual um método deve ser submetido para demonstrar e confirmar a adequação do mesmo para o propósito pretendido (FDA, 2012). É reconhecida internacionalmente como necessária para que laboratórios analíticos possam demonstrar sua qualificação e sua competência (TAVERNIERS, DE LOOSE, BOCKSTAELE, 2004). Antes de se iniciar a validação de um método, o escopo deve ser fixado e deve-se compreender, tanto a exigência analítica, quanto o sistema analítico. Uma série de medidas deve ser tomada por um laboratório para assegurar a sua capacidade de obter dados de qualidade, como definir o escopo, a finalidade, o método, a concentração do analito, e a matriz e avaliação de incerteza, comparações interlaboratoriais, calibração com materiais de referências e comparação de métodos (TAVERNIERS, DE LOOSE, BOCKSTAELE, 2004; SOUZA, 2007). Para o INMETRO (INMETRO, 2011) a validação deverá ser realizada sempre que um método for desenvolvido, quando não se tratar de um método normalizado, ou quando um método normalizado ser utilizado fora do escopo para os quais foi originalmente desenvolvido, ou ainda, para ampliar e modificar métodos normalizados. Segundo Souza (2007), o guia de validação de métodos da Eurachem (1998), indica que métodos normalizados revisados devem ser validados com a avaliação dos parâmetros linearidade, limite de detecção (LD), limite de quantificação (LQ), precisão (repetitividade e reprodutibilidade) e incerteza de medição (EURACHEM, 1998). As medidas obtidas por métodos analíticos de determinação de resíduos de contaminantes em alimentos são úteis para garantir que os produtos avaliados sejam seguros e que os níveis dos contaminantes estejam enquadrados nas determinações legais (PASCHOAL et. al, 2008). Os procedimentos realizados em uma validação devem ser descritos e os estudos para determinar os parâmetros devem ser realizados com equipamentos e instrumentos adequadamente calibrados e com os respectivos certificados de calibração válidos. A 36 realização dos estudos deve ser feita por um responsável competente e experiente na área, com a experiência comprovada (INMETRO, 2011). A utilização de métodos normalizados sem alterações nos procedimentos ou equipamentos dispensa a realização de todos os parâmetros validação completa sendo necessário apenas um estudo de avaliação de desempenho. Desta forma, comprova-se que o método opera adequadamente nas condições reais do laboratório e demonstra que o desempenho do método em questão se assemelha ao desempenho originalmente observado (INMETRO, 2011). Para validar métodos, medidas ideais devem ser adotadas como utilizar materiais de referência certificados (CRM) para calibrar um equipamento, verificar as calibrações existentes, e avaliar de efeitos da matriz. Na ausência de um CRM, outros recursos devem ser utilizados como, por exemplo, a utilização de uma matriz branca fortificada com o padrão do analito em estudo (THOMPSON, ELLISON e WOOD, 2006). Os parâmetros de validação devem constar no procedimento e ser documentado. Para análise de elementos traços, os parâmetros mínimos, quando aplicáveis, segundo o INMETRO (2011), estão definidos a seguir. 2.5.1 Seletividade A seletividade de um método diz respeito a sua capacidade de detectar um analito específico, mesmo produzindo respostas para vários outros, fornecendo valores independentes para cada um deles. Se não for assegurada, pode comprometer outros parâmetros como linearidade, tendência e precisão e, consequentemente, todo o processo de validação (INMETRO, 2011, MAPA, 2011). Segundo Taverniers, De Loose, e Bockstaele (2004), alguns autores usam o termo especificidade como sinônimo de seletividade, enquanto outros definem especificidade como a capacidade de o método distinguir apenas um analito, ao contrário da seletividade. A importância deste parâmetro está ligada, principalmente a validação de métodos cujas matrizes são de origem animal, devido à complexidade das mesmas. Por isto, pode haver efeito matriz, que são possíveis interferências causadas pelos elementos diversos que a compõem, diminuindo ou ampliando o sinal de emissão. Para avaliação da seletividade analisam-se a amostra e os materiais de referência por métodos validados, para verificar a se o método em questão é capaz de identificar o analito de interesse na presença de interferentes; 37 ou analisar amostras na presença de possíveis interferentes e verificar se haverá aumento ou diminuição no sinal de resposta (INMETRO, 2011; MAPA, 2011). 2.5.2 Linearidade Para garantir linearidade, um método deve ser capaz de produzir resultados diretamente proporcionais à concentração do analito na amostra, dentro de um intervalo. É verificada a partir da equação (2.1) da regressão linear determinada pelo método dos mínimos quadrados (INMETRO, 2011): 𝐲 = 𝐚𝐱 + 𝐛 (2.1) y = resposta analítica a = inclinação da reta x = concentração do analito b = interseção O coeficiente de correlação (R2) também é calculado a partir da curva de regressão linear e verifica a dispersão dos pontos (KHAN et al., 2014b). Deve-se primeiramente verificar a ausência de outliers (valores discrepantes, valores extremos ou valores aberrantes) para cada nível de concentração e a homocedasticidade dos dados através de testes estatísticos apropriados. Outliers podem ser calculados pelo teste de Grubbs (INMETRO, 2011) através da equação (2.2). 𝐆= | 𝐱𝐢 − 𝐱̅| 𝐬 (2.2) Onde s = desvio padrão 𝒙𝒊 = valor observado 𝑥̅ = valor médio Para que nenhum valor seja considerado outlier o valor encontrado para G calculado deve ser inferior ao que o valor de G tabelado (Critério de Aceitação: Gcal < Gtab.). 38 A homocedasticidade, isto é a igualdade estatística dos desvios-padrão das replicatas das respostas instrumentais em diferentes níveis de concentração (MAPA 2011), deve ser avaliada. Caso esta igualdade, não se verifique, o método é considerado heterocedástico e a curva não poderá ser calculada pelo método dos mínimos quadrados. Pode ser determinada pelo teste de Cochran (INMETRO,2011), Brown-Forsythe ou Levene (SOUZA E JUNQUEIRA, 2005). A equação (2.3) é utilizada para o teste de Cochran: S2 C = ∑KMAXS2 I=1 (2.3) onde s2 = variância em cada nível Para que o método seja considerado homocedástico, o valor encontrado de C deve ser menor que o valor calculado (Critério de Aceitação: Ccal < Ctab.). 2.5.3 Faixa de trabalho e Faixa linear A faixa de trabalho é o intervalo é o intervalo de análise que apresenta valores de concentração confiáveis do analito. Este intervalo deve contemplar os valores de concentração esperados nas amostras analisadas. Neste intervalo deve existir uma faixa de resposta chamada faixa linear, na qual, a resposta do sinal terá uma relação linear com o analito (INMETRO, 2011). O limite inferior da faixa de concentração pode ser considerado como limite de quantificação e o limite superior vai depender do sistema de resposta do equipamento. O protocolo do INMETRO sugere que a determinação das faixas de trabalho e faixa linear, seja realizada em três etapas cada uma delas com repetições iguais ou maiores que sete, com concentrações variadas e independente do analito, usando água como branco de reagente, branco da amostra que é uma matriz da amostra sem o analito de interesse (quando possível)e material de referência. Estes procedimentos determinam o limite de quantificação, que é o limite mais baixo da faixa de trabalho método. A concentração estimada da amostra deve se situar no centro da faixa de trabalho. 39 2.5.4 Limite de Detecção (LD) É o menor valor de concentração de um analito que pode ser detectado. O valor do limite de detecção depende da matriz e por este motivo, deve ser obtido experimentalmente, pelas leituras sucessivas de branco ou pela adição da concentração mais baixa do analito. O LD é calculado de acordo com a equação (2.4) (INMETRO, 2011). LD = X̅ + T(N−1,1−Α) S (2.4) Onde 𝑥̅ = média das observações 𝑡 = t de student 𝑠 = desvio padrão n = número de observações α = 0,05 (intervalo de confiança) 2.5.5 Limite de Quantificação (LQ) Limite de Quantificação ou Limite de Determinação é nível da curva de calibração de menor concentração do analito excluindo o branco, com confiabilidade aceitável de precisão e exatidão, para certa condição analítica. A concentração do analito corresponde ao valor da média do branco mais 5, 6 ou 10 desvios padrão. Todavia, a maneira mais realista é determinar o LQ experimentalmente, com base em critérios de aceitação pré-definidos. Utilizam-se o branco da amostra e um branco com adição de concentrações variadas do analito, próximas ao LQ. Cada replicata é medida uma vez de maneira independente, para cada nível de concentração. Para a análise em nível de traços, é recomendado adotar o LQ como a concentração mais baixa da curva analítica com precisão e exatidão aceito pelo método. O limite de quantificação deve ser estabelecido para cada matriz estudada (INMETRO, 2011), de acordo com a equação (2.5): LQ = x̅ + 10s (2.5) A saber: 40 x̅ = média das observações s = desvio padrão 2.5.6 Limite de Decisão e Capacidade de Detecção O limite de decisão (CCα) e a capacidade de detecção (CCβ) são parâmetros que devem ser calculados quando são desenvolvidos métodos para quantificação de substâncias proibidas ou que tenham limites máximos permitidos. Estes limites medem o desempenho de um método e estão associados à incerteza do mesmo. Segundo a Decisão 2002/657 (CE), o CCα é o limite a partir do qual se pode concluir que um resultado é não conforme com uma probabilidade de erro α. O protocolo do MAPA (2011) estabelece um valor de α = 5% para substâncias que possuem um limite máximo permitido. Uma das formas para se calcular CCα é utilizar a leitura de 20 amostras brancas fortificadas na concentração do limite máximo estabelecido (LMR). A equação é: CCα = LMR + 1,64 × s𝑟𝑒𝑝𝑟𝑜𝐿𝑀𝑅 (2.6) Onde sreproLMR = desvio-padrão amostral O CCβ é a menor quantidade que pode ser detectada e identificada com uma probabilidade de erro de β = 5%. Em se tratando de substâncias que tenham não tenham um limite estabelecido, o CCβ corresponde ao limite de quantificação (LOCO et. al, 2007). Para as substâncias que possuem LRM, poderá utilizar o CCα calculado a partir dos resultados de análise de pelo menos 20 matrizes brancas fortificadas na concentração do LMR, por tipo de matriz analisada no escopo do procedimento validado. Dessa forma, CCβ será calculado por: 𝐂𝐂𝛃 = 𝐋𝐌𝐑 + 𝟑, 𝟐𝟖 × 𝐬𝒓𝒆𝒑𝒓𝒐𝑳𝑴𝑹 (2.7) Onde, 𝑢𝑐𝐿𝑀𝑅 = é o desvio-padrão amostral das concentrações do analito dessa série de 20 análises no nível de concentração do LMR. 41 2.5.7 Exatidão Ensaios de recuperação podem ser utilizados para avaliar a exatidão, utilizando-se matrizes fortificadas e serem expressos como a equação (2.8) (INMETRO, 2011). Recuperação = ( valor encontrado )× valor esperado 100 (2.8) A exatidão de um método pode ser avaliada das seguintes formas (INMETRO, 2011): 2.5.7 1 Recuperação A recuperação pode ser medida por ensaios realizados com matrizes fortificadas (THOMPSON, ELLISON e WOOD, 2006). O cálculo será dado pela equação 2.9 (INMETRO, 2011). Recuperação(%) = C1 −C2 C3 × 100 (2.9) Onde C1 = concentração do analito na amostra fortificada, C2 = concentração do analito na amostra não fortificada, C3 = concentração do analito adicionada à amostra fortificada. 2.5.7 2 Precisão Calcula-se o desvio padrão relativo (DPR) ou coeficiente de variação (CV) para estimar a precisão de um método pela equação (2.10) 𝐂𝐕(%) = 𝐬 𝐱̅ × 𝟏𝟎𝟎 (2.10) Onde s = desvio padrão 𝑥̅ = média das concnetrações 42 Os critérios de aceitação para recuperação e precisão, estão nas tabelas 2.2 e 2.3. Tabela 2.2 Critérios de aceitação de recuperação (MAPA, 2011) Critério de Concentração (c) aceitação ≤ 1 µg kg-1 -50 % a +20% 1 µg kg-1 < c < 10 µg kg-1 c ≥ 10 µg kg-1 -30 % a +10 % -20 % a +10 % Tabela 2.3 Critérios de Aceitação da Precisão (MAPA, 2011) Critério de Aceitação Concentração (c) CV ( %) c < 1 µg kg-1 35 1 µg kg-1≤ c < 10 µg kg-1 30 10 µg kg-1≤ c < 100 µg kg-1 20 -1 100 µg kg ≤ c < 1 mg kg -1 15 1 mg kg-1≤ c <10 mg kg-1 10 10 mg kg-1≤ c < 100 mg kg-1 7,3 100 mg kg-1≤ c < 1 g kg-1 5,3 1 g kg-1≤ c < 10 g kg-1 3,7 10 g kg-1 ≤ c < 100 g kg-1 2,7 -1 -1 100 g kg ≤ c < 1 kg kg 2,0 Os laboratórios da Rede Nacional de Laboratórios Agropecuários credenciados para realizar análises para o Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes – (PNCRC Animal), seguem procedimentos e parâmetros descritos em um guia de validação de métodos (MAPA, 2013b). Os parâmetros que constam neste guia são semelhantes aos do INMETRO, com algumas variações referentes à curva de calibração. Este guia prevê o cálculo de CCα e CCβ, parâmetros relacionados a limite de decisão e capacidade de quantificação, respectivamente. 43 Os laboratórios que pretendem solicitar credenciamento ou ampliação de escopo, na área de resíduos e contaminantes devem seguir estes parâmetros (INMETRO, 2011). Khan et al. (2014b) avaliaram as concentrações de 23 elementos traço, tóxicos e não tóxicos, em especiarias (canela, cardamomo, cravo, pó de manga) por ICP-MS, após digestão por de micro-ondas. O método analítico foi validado pela linearidade, limites de detecção, precisão, exatidão e recuperação, obtendo valores satisfatórios em todos os casos. Karakaş (2012) determinou em amostra de pasta de tomate por ICP-MS as concentrações de Cd, Cu, Fe, Pb, Sn e Zn. A percentagem de erros relativos variou entre 1,4 a 9,0% para o NIST SRM 1573A em de folhas de tomate. Foram feitas curvas de calibração, repetitividade e recuperação e calculadas as incertezas relativas. Após validação dos métodos, amostras de extrato de tomate de supermercados da Turquia foram avaliadas. Esses estudos corroboram para a necessidade de se estabelecer métodos validados. 2.6 ÁREA DA REGIÃO DE SEPETIBA O território do Estado do Rio de Janeiro está dividido em nove Regiões Hidrográficas (INEA, 2013). A bacia da Baía de Sepetiba (figura 2.3) se localiza no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. A Baía de Sepetiba (latitude 22°54’ a 23°04’S e longitude 43°34’ a 44°10’W), faz parte da Região Hidrográfica do Guandu (RH II). Recebe descargas residuais de sedimentos de bacias locais, e de água doce de diversos afluentes (MOLISANI et al., 2007). Por sua geografia particular, é uma região de características estuarinas e por isto, é capaz de transportar poluentes do continente para o mar, podendo assim, acumular substâncias poluentes. 44 Figura 2.3 Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro. Em destaque, região onde se localiza a Baía de Sepetiba. Fonte: adaptado de GEOPEA/DIMFIS/INEA, 2013 As atividades industriais no seu entorno, se concentram, principalmente nos distritos industriais de Queimados, Itaguaí, Campo Grande e Santa Cruz (ROCHA et al., 2010). Cerca de 400 indústrias estão abrigadas nesta região, onde também são fortes as atividades pesqueiras e turísticas (PARAQUETTI et al., 2004). Esta área sofreu modificações socioeconômicas causadas pelo desenvolvimento industrial e pela expansão metropolitana. Uma das consequências destes eventos foi o despejo de efluentes industriais nas águas da baía (AMADO FILHO et al., 2003, PARAQUETTI et al., 2004). A região foi, durante muitos anos, contaminada por lixo tóxico, principalmente metais traços, como zinco, mercúrio, cádmio e chumbo (PINTO, 2005). Vários fatores são apontados como responsáveis da poluição da Baía de Sepetiba: tráfego de embarcações no Porto de Itaguaí, transposição do rio Paraíba do Sul nos anos 1950, poluição causada pelo lançamento de esgoto doméstico e contribuição natural da erosão das rochas da bacia hidrográfica do rio Guandu (ROCHA et al., 2010). Os poluentes de origem industrial também tiveram forte influência no aparecimento de substâncias nocivas, como metais tóxicos. Um fato de grande importância econômica e ambiental foi à contaminação da baía, consequência das atividades industriais da Companhia Ingá Mercantil. Nos anos 1960, esta fábrica se instalou na Ilha da Madeira, em Itaguaí, e iniciou as atividades de beneficiamento de minérios para obtenção de zinco de alta pureza. Este processo gera resíduos contendo cádmio e outros metais, acumulados nos pátios da fábrica. Na época, havia denúncias de que a empresa deliberadamente lançava resíduos em valas de manguezal (PINTO, 2005). 45 Estas ocorrências geram substâncias estranhas nos ambientes, o que, evidentemente, alteram a composição química, a vida marinha e o meio aquático. No caso do Hg, a forma orgânica dissolvida na água é a principal forma de transporte do metal para sistemas aquáticos adjacentes na plataforma continental ou na baía da Ilha Grande (LACERDA e MALM, 2008). O mercúrio inorgânico é transformado em metilmercúrio por meio de microrganismos presentes nos sedimentos da água e série de fatores físico-químicos controla este processo (PARAQUETTI et al., 2004). A exposição a tantos fatores afeta de forma negativa tanto o ambiente marinho, com a alteração da composição de sedimentos, como os organismos vivos que nele habitam. Peixes e outros animais aquáticos são capazes de interagir substâncias tóxicas presentes no meio ambiente e ter graves consequência na população, dependendo do grau de contaminação e do tempo de exposição (FIPERJ, 2011). 46 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 AMOSTRAS As matrizes utilizadas nestes experimentos são espécies de Cynoscion leiarchus, conhecida popularmente por pescadinha (perna de moça, pescada branca e outros). adquiridas nos entrepostos de Pedra de Guaratiba, Rio de Janeiro. Os elementos foram quantificados em 10 exemplares de pescadinha perna de moça, adquiridas nos entrepostos de venda da região da Pedra de Guaratiba. Estes peixes são de grande consumo da população local e são encontrados na baía de Sepetiba. Ocorrem em regiões estuarinas e estão presentes em toda costa brasileira. Podem alcançar até 60 centímetros de comprimento e pesar até 2 quilogramas (MENEZES & FIGUEIREDO, 1980). Para validação do método, foi utilizado atum comercial. A escolha desta matriz levou em consideração o fato de ser um material considerado próprio para consumo, ou seja, os teores dos elementos em estudo, caso existissem, seriam em concentrações menores do que os da faixa de concentração estudada. 3.2 REAGENTES E SOLUÇÕES ANALÍTICAS Antes da utilização, toda vidraria foi imersa em solução de ácido nítrico na proporção de 1:1 por 12 horas e em água ultrapura por 2 horas. Em seguida foi lavada abundantemente com água ultrapura e seca em estufa a 60 °C (com exceção dos balões volumétricos). O ácido nítrico concentrado (65 % peso/peso) e o peróxido de hidrogênio (30 %) são grau analítico (VETEC). A pureza do argônio foi de 99,999 %. Toda água utilizada no preparo de soluções e de material foi desmineralizada no purificador de água PURELAB Option-Q – ELGA, 18 MΩ cm-1 a 25oC. As soluções padrão de Hg foram preparadas a partir de diluição apropriada do padrão estoque de 1000 mg L-1 (SP Science). As soluções padrão de As, Cd e Pb foram preparadas a partir de diluição apropriada do padrão estoque de 1000 mg L-1 (Fluka). Todas as soluções são acreditadas pela ISO Guide 34 3.3 PREPARO DAS CURVAS DE CALIBRAÇÃO 47 As curvas de calibração foram construídas nas faixas de concentrações e, no caso do Hg, nas quantidades indicadas nas tabelas 3.1 e 3.2 Tabela 3.1 Faixas de concentração para As, Cd e Pb. Elemento As (λ = 188,979 nm) Cd (λ = 226,502 nm) Pb (λ = 220,353 nm) Concentrações (ng g-1) 11 50 200 300 5 10 20 30 10 20 60 90 0 0 0 400 40 120 Tabela 3.2 Faixas de massas para Hg. Elemento Hg (λ = 254nm) 0 Massas de Hg (ng) 10 15 25 30 As curvas de calibração foram construídas de forma que o ponto corresponde aos respectivos limites de máximos permitidos pelo MAPA. Devido a sensibilidade da técnica, as amostras analisadas foram diluídas 5 vezes. Os limites são 1000 ng g-1, 300 ng g-1, 100 ng g1 e 1000 ng g-1 de As, Pb e Cd, respectivamente e 1000 ng g-1de Hg (neste caso, considerando uma tomada de amostra de 0,015 g). As faixas foram escolhidas, considerando a tomada de amostra, a umidade e a diluição e a presença dos analitos em torno das quantidades limites, conforme tabela 3.3 Tabela 3.3 Considerações para construção das curvas de calibração Diluição (mL) Peso (g) Limite (ng g ) 25 25 25 - 5 5 5 0,015 As = 1000 Cd = 100 Pb = 300 Hg = 1000 -1 Valor na curva (ng g-1); Hg em ng 200 20 60 15 3.4 PREPARO DA AMOSTRA 48 Matrizes de pescado são bastante complexas, o que exige um preparo muito cuidadoso, para garantir a homogeneidade e, consequentemente, resultados concordantes. Primeiramente, o atum enlatado conservado em água foi drenado durante 10 minutos, conforme protocolo de preparo do Laboratório de Físico-Química e Minerais da Embrapa Agroidústria de Alimentos para material enlatado (figura 3.1a). Em seguida, foi processado em moinho de facas marca Restch, modelo GRINDOMIX a 8000 rpm por 45 segundos (figura 3.1b). Por fim, foi submetida à liofilização por 30 horas (liofilizador Edward Pirani 501; pressão, 0,1 bar; faixa de temperatura -40 °C a +30 °C (figura 3.1c)). Após estarem devidamente preparadas, as amostras foram embaladas em sacos plásticos, seladas a vácuo e mantidas em refrigeração a 4 °C por 15 dias, quando foram então, realizadas as análises químicas. Este material foi utilizado para validação do método. Para aplicação do método validado, amostras de pescadinha foram devidamente preparadas. Após terem as escamas, cabeças e vísceras retiradas, as amostras de pescadinha passaram pelos mesmos procedimentos de preparo realizado para o atum enlatado. Ressalta-se, que antes e depois de liofilizar as amostras, foram realizadas pesagens para determinação de umidade. a b c Figura 3.1 Etapas de preparo da amostra O fluxograma abaixo (figura 3.2) mostra as etapas do processo de preparo das amostras. Para realização de análises de As, Cd e Pb no ICP-OES foi feita digestão de 0,5 grama de amostras em forno micro-ondas Cem Mars (figura 3.3) com 6 mL de ácido nítrico concentrado (HNO3) e 2 mL de peróxido de hidrogênio (H 2O2), 1500W de potência por 40 minutos. O material digerido foi transferido para balão de 25 mL e avolumado com água. 49 Amostra Drenagem 10 min Amostra drenada Processamento 8000 rpm/45 s Amostra processada Pesagem da amostra processada 1 50 1 Liofilização 30 h/0,1 bar/ -40 °C a +30 °C Amostra liofilizada Pesagem da amostra liofilizada Amostra liofilizada Embaladas em sacos plásticos, seladas a vácuo e armazenadas a 4 °C por 15 dias 0,015 g de amostra para análise de Hg Analise Hg no Analisador direto Hg 0,5 g de amostra para análise de de As, Cd e Pb 2 51 2 2,0 mL de H2O2 Digestão Forno micro-ondas 6,0 mL de HNO3 conc Avolumar 25 mL Analise As, Cd, Pb no ICP-OES Figura 3.2 Fluxograma das etapas do preparo de amostra 52 Figura 3.3 Forno micro-ondas As análises realizadas no analisador de mercúrio dispensaram digestão prévia. 3.5 PROCEDIMENTO ANALÍTICO As amostras de peixes foram analisadas em triplicata. As quantificações de As, Cd e Pb foram realizadas no Espectrômetro Sequencial de Emissão Ótica por Plasma Indutivamente Acoplado (ICP – OES) marca Perkin Elmer modelo Optma 2100 DV (figura 3.4) e a quantificação de Hg foi realizada no Analisador Direto de Mercúrio marca Teledyne Leeman, modelo Hydra C (figura 3.5). Figura 3.4 ICP – OES utilizado para quantificação dos metais As, Cd e Pb 53 Figura 3.5 Analisador de Mercúrio Hydra C Teledyne. Os detalhes das condições de operação dos instrumentos são apresentados nas tabelas 3.4, 3.5, 3.6. Tabela 3.4 Condições de operação do ICP-OES Perkin Elmer, modelo DV 2500, leitura Marca sequencial Potência 1300 W Vazão do Plasma 15 L min-1 Vazão do gás auxiliar 0,2 L min-1 Nebulizador 0,80 L min -1 Purga do argônio alta Injetor Alumina (2.0 mm) Câmara de nebulização ciclônica Nebulizador SeaSpray®, Fluxo 2 mm min -1 Processamento área do pico (7 pontos) Tempo de integração (mín-máx): As e Cd 1s-5s; Pb 5s-10s Vista As e Cd = axial; Pb = radial 54 Tabela 3.5 Condições de análise do Analisador de Mercúrio . Marca, modelo Teledyne Leeman, Hydra C Potência 1300 W Vazão do gás 13 -15 L min-1 Temperatura de decomposição 850°C Temperatura do catalisador 600°C Tempo de integração 180 s Tabela 3.6. Condições de operação do micro-ondas. Marca, modelo: Cem Mars Potência: 1500 W Tempo 40 minutos 3.6 VALIDAÇÃO DOS MÉTODOS Após otimização dos métodos, foram realizados procedimentos para validá-los. Os parâmetros de validação seguiram o documento orientativo sobre métodos analíticos do INMETRO DOQ-CGCRE-008, revisão 04, de julho de 2011. O cálculo de CCα, CCβ e incerteza foram feitos com base no protocolo do MAPA (2011). 3.6.1 Seletividade/Efeito Matriz Foram realizadas sete leituras de cada ponto da curva analítica construída apenas com água e ácido nítrico 3% e sete leituras de uma curva analítica construída com matriz (atum enlatado). As leituras em fase aquosa e em matriz foram comparadas para verificar se a presença da matriz causaria interferência significativa, isto é aumentaria ou reduziria os sinais dos analitos estudados. As respostas das leituras foram avaliadas quanto à presença de outliers pelo teste de Grubbs, ou seja, a verificação de algum valor discrepante, considerando-se a média e o desvio padrão de cada nível da curva de calibração. O cálculo do teste de Grubbs é dado pela equação (2). 55 Caso o valor de G calculado seja menor que G tabelado, o ponto em questão não será considerado outlier. As curvas em fase aquosa e em matriz foram comparadas e realizou-se o teste t para verificar as equivalências das mesmas (variâncias agrupadas). A equação do teste t é: |𝑑𝑚1 −𝑑𝑚2 | 𝑡= 2 ( 𝑠𝑝 √ 1 − 1 𝑛𝑔1 𝑛𝑔2 (3.1) ) A saber: 𝑑𝑚 = desvio médio de cada grupo 𝑠𝑝2 = variância agrupada 𝑛 = grau de liberdade de cada grupo A variância agrupada é calculada pela equação (3.2): sp2 = SQd1+SQd2 nG1 +nG2 (3.2) Sendo, SQ = soma dos quadrados dos resíduos de cada grupo. Se o valor do t calculado for menor que o valor de t tabelado as curvas serão consideradas equivalentes, não existindo efeito matriz significativo. 3.6.2 Linearidade Após os cálculos de verificação de outliers e homocedasticidade, foi verificada a proporcionalidade das concentrações do analito na amostra, dentro de um intervalo estudado. A linearidade será calculada pelo método dos mínimos quadrados, no caso de as respostas apresentarem homocedasticidade. Em caso de heterocedasticidade, a avaliação 56 será pelo método dos mínimos quadrados ponderados. Estes critérios serão avaliados pela equação (2.1). O critério de aceitação será de a obteção de R 2>0,99 (ANVISA, 2003). 3.6.3 Limite de Detecção (LD) Foram realizadas vinte repetições de leitura de branco e o limite de detecção foi calculado pela equação (2.4). 3.6.4 Limite de Quantificação (LQ) O LQ é o menor valor de concentração detectado. Foram realizadas vinte repetições de leitura de branco e o limite de detecção foi calculado utilizando -se a equação (2.5). Para Hg, foram feitas 10 repetições de leitura de branco. 3.6.5 Limite de Decisão, Capacidade de Detecção e Incerteza O CCα e o CCβ foram obtidos pelas equações (2.6) e (2.7), respectivamente. A incerteza combinada é a soma das incertezas de todos os fatores que influenciam no resultado (MAPA, 2011). Na figura 3.6 estão representados os fatores que contribuem para a incerteza da análise e o valor foi calculado pela equação (3.3). A incerteza combinada para a curva de calibração foi calculada tomando-se como base o guia da EURACHEM. 57 curva de calibração coeficiente linear diluição massa temperatura coeficiente angular balança analítica volume conc (ng g-1) repetitividade teor do mineral Figura 3.6 Diagrama de Ishigawa das incertezas para curvas de calibração 2 2 2 + 𝑢2 (𝐶𝑎𝑛𝑎𝑙 ) = √𝑢𝑚 𝑟𝑒𝑝𝑒 + 𝑢𝑑𝑖𝑙 + 𝑢𝑐𝑎𝑙 (3.3) Onde, c𝑎𝑛𝑎𝑙 = concentração do analito na amostra 𝑢𝑚 = incerteza associada à massa 𝑢𝑟𝑒𝑝𝑒 = incerteza associada à repetitividade 𝑢𝑑𝑖𝑙 = incerteza do fator de diluição 𝑢𝑐𝑎𝑙 = incerteza associada à curva de calibração Para cálculo do CCα e o CCβ foram realizadas vinte leituras de amostra branca fortificada na concentração do LMR para cada um dos elementos. Para o cálculo das incertezas, foram consideradas as incertezas da balança analítica e das vidrarias, cujos valores constam no certificado de calibração dos mesmos. A incerteza expandida é baseada em uma incerteza padrão combinada, multiplicada por um fator de abrangência k = 2,04, fornecendo um nível de confiança de 95%. Na tabela 3.7 estão os dados necessários para o cálculo. A incerteza e o fator de abrangência constam nos certificados de calibração. Para repetitividade foi utilizado o 58 coeficiente de variação das concentrações de LMR. A incerteza combinada é a soma de todas as incertezas envolvidas. Tabela 3.7 Dados utilizados nos cálculos de incerteza Instrumento Incerteza Fator de expandida abrangência (k) (certificado) (certificado) temperatura (°C) 0,06 1,73 Balão volumétrico Balança analítica Fatores associados Incerteza combinada 0,032357379 volume (mL) 2 2,00 tara 0,0005 2,00 massa 0,0005 2,00 0,00035355 3.6.6 Exatidão Para a avaliação da exatidão do método, foram avaliados os parâmetros recuperação, repetitividade e precisão intermediária de acordo com os procedimentos descritos abaixo. 3.6.6 1 Recuperação A recuperação foi calculada pela equação (2.9) foi estimada avaliando-se os resultados obtidos pelas amostras fortificadas em três níveis de concentração correspondentes a faixas de concentrações baixa, média e alta da curva de calibração, com sete repetições para cada nível, como mostrado na tabela 3.8: 59 Tabela 3.8 Faixas de concentrações/massas para avaliação de recuperação. Concentração As Cd Pb Hg1 Baixa 30 5 10 9 Média 70 10 60 15 Alta 300 35 100 25 -1 (ng g ) Nota: 1 valores em ng 3.6.6 2 Repetitividade e Precisão intermediária. Para avaliação da repetitividade e da precisão intermediária, efetuaram-se análises nas amostras fortificadas nas faixas de concentração alta, média e baixa. Foram realizadas 7 repetições de leituras em 3 faixas de concentração diferentes e em diferentes. Os critérios de aceitação constam nas tabelas 2.2 e 2.3. 60 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 OUTLIERS Através do teste de Grubbs, foi verificado não haver outliers nos grupos de leituras de sensibilidade/efeito matriz, linearidade ou seja, todos os valores de Gcalc são menores que o de Gtab. Para 7 leituras, o valor de Gtab é 2,02 4.2 HOMOCEDASTICIDADE As figuras 4.1, 4.2, 4.3, 4.4 mostram a comparação das curvas de calibração obtidas para cada elemento estudado, os valores de coeficiente de correlação (R2) e as equações das retas. A comparação foi feita em relação às curvas construídas em fase aquosa e aquelas construídas com matriz (adição de padrão), sendo reveladas que ambas as curvas são homocedásticas. Figura 4. 1 Curva analítica x curva de adição padrão do As 61 Figura 4.2 Curva analítica x curva de adição padrão do Cd. Figura 4.3 Curva analítica x curva de adição padrão do Pb. Figura 4.4 Curva analítica x curva de adição padrão do Hg. Os resultados do Teste de Cochran foi utilizado para calcular a homocedasticidade (equação 2.3) das curvas e os resultados encontram-se na tabela 4.1. 62 Tabela 4.1Valores do teste de Cochran calculados para cada elemento. Tipo de curva As Cd Pb Água (Ccrit = 0,397) 0,366 0,389 0,358 Matriz (Ccrit = 0,430) 0,379 0,420 0,378 Pelo teste de Cochran verifica-se que os valores de Ccalculado para mercúrio foi 0,336 e 0.424, para as curvas em água e matriz, respectivamente, considerando-se Ccrítco = 0,430, para ambas as curvas. Como os valores de Ccalculado são menores que o Ccrítco, para todos os elementos, podese dizer que tanto para as curvas construídas em fase aquosa quanto para aquelas construídas em matriz, os métodos podem ser considerados homocedásticos. 4.3 SELETIVIDADE/EFEITO MATRIZ A avaliação de seletividade/efeito matriz foi verificada pelo teste t pareado, conforme pode ser verificado na tabela 4.2. Tabela 4.2 Resultados do teste t pareado As Cd Pb Hg 0,148 0,227 0,07 0,449 Os resultados mostraram que a matriz não tem efeito significativo sobre a quantificação das amostras no intervalo estudado, comparando-se as curvas construídas com água e ácido nítrico 3 % e a curva de adição de padrão, pois o valor t cal < ttab (ttab = 2,021). Desta forma, as análises poderão ser realizadas nas curvas analíticas construídas em água. 4.4 LINEARIDADE 63 Após os cálculos de verificação de outliers e homocedasticidade, foi verificada a relação linear do intervalo estudado. Na tabela 4.3 encontram-se os valores de R 2, para cada uma das curvas os elementos. Tabela 4.3 Valores de R2 para as curvas de calibração. As Cd Pb Hg Critério de aceitação Água 0,999 0,999 0,999 0,997 0,990 Matriz 0,999 0,999 0,999 0,995 0,990 4.5 LIMITE DE DETECÇÃO (LD) e LIMITE DE QUANTIFICAÇÃO (LQ) Os valores de LD e LQ obtidos para cada elemento encontram-se na tabela 4.4. Para todos os elementos, LQ e LD estão dentro da faixa de trabalho dos métodos. Tabela 4.4 Resultados LQ e LD para os elementos estudados (ng g-1) Elemento As Cd Pb Hg r 0,999 0,999 0,999 0,995 Faixa trabalho 0 - 400 0 - 40 0 - 120 0 - 30 LD LQ 2,02 0,11 1,9 0,03 8,64 0,49 9,60 -0,14 Para mercúrio, n = 10 e valores em ng 4.6 LIMITE DE DECISÃO, CAPACIDADE DE DETECÇÃO E INCERTEZA Os valores encontrados para cada um dos respectivos parâmetros estão na tabela 4.5, considerando-se α e β igual a 5%, valor estabelecido para substâncias permitidas (MAPA 2011). 64 Tabela 4.5 Resultados de CCα, CCβ e incerteza para As, Cd e Pb e Hg, Analito As CCα (ng g-1) 1005,94 CCβ(ng g-1) 1011,89 Cd 100,26 100,52 Pb 301,59 303,19 Hg 1000,10 1000,20 Os valores encontrados para CCα e CCβ foram muito próximos aos seus respectivos LMRs, estando, portanto, de acordo com a recomendação do MAPA para estes parâmetros. Os resultados da avaliação da incerteza estão na tabela 4.6 Tabela 4.6 Resultados da incerteza As Massa média (g) 0,5048 Fator de diluição 2,5 Valor encontrado (ng g-1) 979,69 Incerteza (ng g-1) ± 32,30 (3,3%) Cd 0,5048 2,5 124,71 ± 4,0 (3,2%) Pb 0,5048 2,5 305,28 ± 19,52 (6,4%) Hg 0,1490 - 1071,83 ± 109,68 (10,2%) Analito A partir de três amostras brancas fortificadas no limite do LMR, foram calculadas as incertezas para cada um dos elementos. Para todos os elementos o valor encontrado foi abaixo de 10% com exceção do mercúrio. É de se esperar que a diferença entre o valor encontrado e o LMR para o cádmio fosse maior que o dos outros elementos, uma vez que a fortificação deste elemento foi de 25 ng g-1 e não 20 ng g-1, que de acordo com a diluição e o volume utilizados seria o valor a ser considerado. As figuras 4.5, 4.6 , 4.7 e 4.8 são apresentam os gráficos com as fontes de incerteza e a contribuição percentual de cada uma delas 65 Teor de mineral Repetitividade Massa Fator de diluição Curva de calibração - Amostra 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% Figura 4.5 Contribuição de cada fator para As Teor de mineral Repetitividade Massa Fator de diluição Curva de calibração - Amostra 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% Figura 4.7 Contribuição de cada fator para Cd 80,00% 100,00% 66 Teor de mineral Repetitividade Massa Fator de diluição Curva de calibração - Amostra 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% Figura 4.6 Contribuição de cada fator para Pb Teor de mineral Repetitividade Massa Fator de diluição Curva de calibração - Amostra 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% Figura 4.8 Contribuição de cada fator para Hg Pelos gráficos apresentados pode-se perceber que cada fator contribuiu de forma diferente para cada elemento. O mercúrio foi o elemento com maior incerteza associada à massa, uma vez que a concentração na curva é em massa. Para os demais elementos, no entanto, o fator de diluição contribui significativamente na incerteza dos resultados. 67 4.7 EXATIDÃO 4.5.1 Recuperação/Precisão Os critérios de aceitação serão baseados nos critérios do MAPA, de acordo com a tabelas 2.2 e 2.3. A recuperação será avaliada pela recuperação, calculada pela equação (7), uma vez que foi utilizada matriz fortificada e a precisão será verificada pelo coeficiente de variação (CV), calculado pela equação (8). Desta forma, o critério de aceitação de recuperação para As, Cd, Pb e Hg será entre 80% a 110% e de precisão será de 15% Os resultados da recuperação e da precisão (repetitividade) de cada elemento são apresentados nas tabelas, 4.7, 4.8, 4.9 e 4.10 com amostras de controle preparadas de forma independente em concentrações alta (A), média (M) e baixa (B) lidas nas curvas de calibração, com seus respectivos desvio padrão (s) e coeficiente de variação (CV) e na tabela 24 estão os resultados da precisão intermediária, expressos como coeficiente de variação. Tabela 4.7 Recuperação As (conc = ng g-1) Conc A M B Dia 1 Dia 2 Média Média s CV s recuperação recuperação 104,53% 103,7% 0,050 4,77% 0,054 104,10% 103,4% 0,014 1,32% 0,018 108,75% 108,3% 0,018 1,63% 0,011 CV 5,22% 1,79% 0,98% Tabela 4.8 Recuperação Cd (conc = ng g-1) Conc A M B Dia 1 Média s 96,35% 0,055 92,11% 0,014 96,01% 0,015 cv 5,74% 1,53% 1,53% Média 93,84% 90,00% 95,81% Dia 2 s CV 0,023 2,44% 0,039 4,34% 0,016 1,65% 68 Tabela 4.9 Recuperação Pb (conc = ng g-1) Conc A M B Média 90,2% 92,4% 90,7% Dia 1 s cv Média 0,065 7,24% 90,9% 0,009 0,98% 90,8% 0,017 1,90% 89,1% Dia 2 s 0,070 0,022 0,018 CV 7,68% 2,44% 2,02% Tabela 4.10 Recuperação Hg (ng) Conc A M B Dia 1 Média s 86,66% 0,031 85,64% 0,027 85,55% 0,026 CV 3,55% 3,11% 2,99% Média 86,38% 82,60% 84,82% Dia 2 s CV 0,016 1,86% 0,016 1,98% 0,011 1,27% Os valores de recuperação foram considerados satisfatórios, em comparação com os critérios do MAPA para as faixas de concentração estudada, ou seja, para concentrações entre maiores que 10 µg kg-1, o coeficiente de variação aceitável é de 15 % e a recuperação pode variar entre 80 a 110%. Não foram observadas diferenças significativas nos dois dias (precisão intermediária). Os CVs foram inferiores a 15%. 69 4.6 RESULTADOS DA ANÁLISE DE PESCADO Na tabela 4.11 estão apresentados os resultados das análises em pescadinha. Tabela 4.11 Resultados de Hg, As e Cd em pescadinha. Hg (ng g-1± s) As (ng g-1± s) Cd (ng g-1± s) Pb (ng g-1± s) A1 12,62 ± 0,50 165,45 ± 7,13 224,17 ± 0,40 Nd A2 9,91 ±0,30 264,45 ± 9,19 243,96 ± 0,20 Nd A3 5,34 ± 0,16 242,62 ± 5,60 216,24 ± 0,12 Nd A4 5,26 ± 0,14 224,80 ± 8,82 224,29 ± 0,66 Nd A5 11,75 ± 0,44 181,29 ± 5,68 193,91 ± 1,49 Nd A6 11,04 ± 0,23 266,78 ± 2,65 178,70 ± 0,59 Nd A7 8,11 ± 0,10 133,66 ± 5,92 138,08 ± 0,50 Nd A8 12,00 ± 0,16 135,64 ± 8,46 133,55 ± 0,22 Nd A9 12,59 ± 0,23 144,93 ± 10,15 132,50 ± 0,20 Nd A10 13,99 ± 0,09 120,06 ± 0,83 120,06 ± 0,74 Nd ND = não detectável; s = desvio padrão Os valores encontrados estão abaixo dos valores permitidos pelo MAPA. 70 5 CONCLUSÃO Foi possível desenvolver as etapas de preparo e de digestão de amostras para análise de metais em pescado. Foi possível desenvolver os métodos de quantificação de As, Cd e Pb por ICP-OES e Hg por analisador direto de mercúrio em pescado . Os parâmetros mínimos obrigatórios para validação dos métodos foram considerados satisfatórios. A avaliação do pescado apresentou resultados muito inferiores aqueles estabelecidos pelo MAPA, embora a região de origem seja uma área com histórico de contaminação por metais. Porém, devido ao pequeno número de dados, os resultados não podem ser conclusivos e nem serem utilizados como indicadores da situação ambiental da Baía de Sepetiba. 71 6 REFERÊNCIAS ALTUNDAG, H.; TUZEN, M., Comparison of dry, wet and microwave digestion methods for the multi element determination in some dried fruit samples by ICP-OES. Food and Chemical Toxicology, v. 49, p. 2800-2807, 2011. AMADO FILHO, G.M., BARRETO, M.B.B.B., MARINS, B.V., C., FELIX, REIS, R.P. Estrutura das comunidades fitobentônicas do infralitoral da Baía de Sepetiba, RJ, Brasil, Revista Brasileira de Botânica, v.26, n.3, p.329-342, 2003. AMMANN, A. A. Inductively coupled plasma mass spectrometry (ICP MS): a versatile tool. Journal of Mass Spectrometry, v. 42, p.419–427, 2007. ANVISA - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. 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