Espectroscopia • Espectroscopia de Ultravioleta (UV) • Espectroscopia de Infravermelho (IV) • Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) • Espectrometria de massa Bib.Adicional: •Silverstein, R.M., Bassler, G.C., Morrill, T.C., Spectrometric Identification of Organic Compounds, 7th Ed, Wiley, 2002 •Base de dados experimentais de compostos orgânicos http://riodb01.ibase.aist.go.jp/sdbs/cgi-bin/cre_index.cgi?lang=eng 1 Espectrometria de massa As moléculas são ionizadas por acção de electrões de alta energia (normalmente). A relação massa/carga (m/e) dos iões produzidos é medida de um modo muito preciso pela combinação da aplicação de um campo magnético e eléctrico. Permite: • Determinação do peso molecular • Composição atómica • Identificação de blocos estruturais (pela fragmentação observada) 2 Parte do espectro electromagnético da luz U.V. Electrónicas Visível R.M.N. I.V. Vibracionais Rotacionais Spin nuclear (Res.Mag.Nuclear) Tipo de transições observadas 3 Espectroscopia de Ultravioleta • A absorção desta luz de energia relativamente elevada produz excitação electrónica. Numa gama de 200 a 800 nm só é observada absorção significativa se existirem electrões π conjugados. Permite: • Observar o tipo de conjugação electrónica da molécula em estudo 4 Espectroscopia de Infravermelho A absorção de luz na zona do infravermelho efectua transições nos estados vibracionais e rotacionais de grupos de átomos numa molécula. Devido a absorções características este tipo de espectroscopia permite: • Identificação de grupos funcionais 5 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear As moléculas são colocadas sobre a acção de um campo magnético forte “criando” níveis energéticos para átomos com momento angular de “spin” diferente de zero. Absorção de radiação de baixa energia (radiofrequências) causa excitação de certos núcleos sendo medida de uma forma muito precisa a frequência e intensidade da radiação absorvida pelos diversos átomos. Os espetrómetros são ajustados a certos núcleos (p.e. 1H, 13C, 19F ou 31P) permitindo para um dado núcleo distinguir e contar átomos em partes distintas das moléculas. • Permite (entre outras aplicações): • Determinação da estrutura carbonada • Determinação da estereoquímica de um composto 6 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear 7 Diagrama esquemático de um espetrómetro de RMN 8 Espetrómetro de RMN 9 Interior de um aparelho de RMN 10 Momento Magnético Nuclear Os dois tipos de núcleos mais estudados por RMN têm Spin I = 1/2, tendo por isso dois níveis energéticos distintos (-½ e +½ ou α e β), sendo eles: • 1H – isótopo mais abundante do hidrogénio •13C – isótopo não radioactivo do carbono com abundância de ca. 1,1% (Atenção : 12C tem I = 0 não sendo visível por RMN) 11 Estados de spin na presença de um campo magnético externo B0 (para I = 1/2) Orientado contra o campo → >E Orientado a favor do campo → <E ∆E = h·ν Circulação electrónica e campo magnético • No entanto, o campo sentido por cada protão (1H) não é idêntico pois a circulação electrónica também induz um campo magnético que se opõe ao externo, dizendo-se que os protões estão blindados. • Assim sendo, protões em AMBIENTES ELECTRÓNICOS diferentes vão “sentir” campos diferentes e absorver radiação de diferente frequência. • À frequência de absorção dá-se o nome de frequência de ressonância. 13 Exemplo de um espectro de RMN É um gráfico frequência de ressonância vs. intensidade Utilizado como referência: δ=0,0 ppm H3 C H3C CH3 Si CH3 Tetrametilsilano Convencionou-se uma escala para medição da frequência de ressonância independente do campo do aparelho a que se deu o nome de desvio químico (δ), expressa em partes por milhão (ppm). 14 Desvio Químico num espectro de RMN δ (ppm) = frequência de absorção (Hz) frequência do aparelho (MHz) δ grande Campo baixo Núcleos desblindados δ pequeno Campo alto Núcleos blindados Protões em AMBIENTES ELECTRÓNICOS idênticos dizem-se 15 EQUIVALENTES e apresentam o mesmo desvio químico Desvios Químicos habituais 16 Desvios Químicos habituais 17 Desblidagem em C—H de benzenos e aldeídos • A circulação electrónica nos compostos aromáticos e no grupo carbonilo causa desblindagem dos H directamente ligados a estes grupos δ (H—C=O) = 9,5-9,9 δ (C—Har.) = 6,0-9,5 18 Protões equivalentes Protões (ou outros núcleos) que estejam sujeitos ao mesmo tipo de campo magnético ressoando a igual desvio químico dizem-se MAGNETICAMENTE EQUIVALENTES Um modo rápido para verificar se dois núcleos são equivalentes consiste em substituir os núcleos em questão por um “grupo” arbitrário e comparar as duas “novas” moléculas obtidas. Se forem iguais ou enantiómeros, temos núcleos equivalentes (caso contrário não o serão). Por exemplo: CH3 A A H CH3 H H C H H H H H H CH3 C B H CH3 D CH3 H H H H H H H H B CH3 A,B,C e D são a mesma molécula CH3 CH3 H CH3 CH3 Todos os H Aromáticos são equivalentes (dão origem a apenas 1 sinal em RMN) 19 Protões equivalentes e integração No 1,4-dimetilbenzeno há apenas dois tipos de protões diferentes A área dos picos é proporcional ao número de protões que lhes dá origem. O integral do pico é apresentado sobre a forma de desnível que é mensurável. No caso acima temos uma relação 1,0:1,5 (4H:6H) 20 Protões não equivalentes e acoplamento • • • • • • Além do campo externo aplicado e do campo criado pela circulação eletrónica o “spin” de núcleos próximos também influencia o campo sentido por um dado tipo de protões. A este tipo de efeito dá-se o nome de acoplamento spin-spin sendo transmitido através das ligações químicas (normalmente à distância máxima de 3 ligações). Só há acoplamento entre núcleos não equivalentes. O acoplamento mais vulgar em 1H RMN é do tipo H/H. Um sinal é desdobrado por n protões equivalentes em (n+1) picos. O sinal desdobrado é designado por dupleto (2 sinais), tripleto (3), quarteto (4), etc... (n+1)=2 sinais Dupleto (d) 21 Acoplamento de protões em RMN (cont.) Acoplamento com dois protões equivalentes • O acoplamento dá-se normalmente entre protões no carbono adjacente. • Com 2H’s adjacentes: 3 combinações de spin diferentes são possíveis (aa, ab e bb), sendo que ab pode ser ab ou ba). • Sinal tripleto (t). 22 Acoplamento de protões em RMN (cont.) Acoplamento com três protões equivalentes O desvio químico (δ) será sempre o do CENTRO do grupo de picos 23 O grupo etilo O acoplamento Ha/Hb é idêntico ao Hb/Ha. A intensidade do acoplamento é medida pela constante de acoplamento (J), expressa em Hz (J comuns 0 – 18 Hz) δ2 δ1 24 Constante de acoplamento Num aparelho de 300 MHz, 1 ppm = 300 Hz (para calcular J faz-se uma proporção). Tipo de átomos de H H 2J 3J O CH 2-3 H H 12-18 H H 2J 4J 6-8 CH CH 3J 3J 12-15 H 3J 6-12 H H 0-2 H H H J (Hz) 0-3 25 Acoplamento com mais do que um tipo de protões Analisam-se as interações uma a uma. O resultado global dará o desdobramento do grupo. Ex: 26 Resumo das informações básicas fornecidas por um espectro de RMN • Desvio químico, δ (Chemical Shift) - Reflete o ambiente electrónico em torno de um protão - Distingue protões em ambientes diferentes (protões equivalentes estão no mesmo ambiente electrónico) • Desdobramento do sinal (singleto, dupleto, tripleto...) - Spin nuclear dos átomos na vizinhança (número e tipo de protões na vizinhança) - Acoplamento com protões (normalmente) a 3 ligações de distância • Integração da área do pico - É proporcional ao número de protões equivalentes que lhe dão origem 27 1,1,2-tricloroetano 28 Brometo de etilo 3H 2H 29 Propionato de metilo 1.5 1.5 1 30 Aldeído benzílico 5 1 2 31 RMN e protões móveis Protões que possam efectuar ligações por pontes de hidrogénio apresentam δ’s variáveis e apresentam-se muitas vezes como bandas largas (ao invés dos picos afilados habituais). Valores típicos de δ (ppm) Ácidos RCOOH 10,5-12,0 Fenóis ArOH 4,0-7,0 Álcoois ROH 0,5-5,0 Aminas RNH2 0,5-5,0 Amidas RCONH2 5,0-8,0 Ao adicionar D2O ao tubo de RMN observa-se a troca do protão móvel por deutério que já não vai ser observável por RMN (nesta zona do espectro) desaparecendo o sinal inicial. 32 Etanol D2O OH Protões que estabeleçam pontes de hidrogénio quando colocados na presença de D2O, são trocados deixando de ser visíveis num espectro de 1H RMN. Ex etanol Não visível nesta zona do espectro ~2,6 ppm b a c OD Desaparece com D2O OH a b c 33 N,N-Diisopropilamina na presença de D2O a b N H c a c não é visível pois é trocado por deutério b 34 A influência do campo magnético num espectro de RMN A utilização de campos magnéticos mais intensos torna os sinais de RMN mais fortes conseguindo também separar melhor os diversos sinais presente no espectro. 35 A influência do campo magnético num espectro de RMN 60MHz Expansões dos sinais 300MHz 36 13C RMN O isótopo mais abundante do carbono (12C) tem spin nuclear nulo, não sendo visível no RMN. No entanto, o seu isótopo pesado (13C) tem spin nuclear ½ podendo ser observado por RMN. A sua baixa abundância (1,1%) torna o sinal de fraca intensidade (6000 × mais fraco que 1H). A quantificação do número de C’s equivalentes normalmente não é possível (a integração do sinal não é proporcional ao nº de carbonos). Exemplo de um espectro: • Acoplamento 13C—13C não é observado dado que é muito pouco provável uma molécula ter os dois C’s adjacentes 13C. • Acoplamento 13C—1H é forte e observável, permitindo determinar o número de H’s ligados a um dado carbono. • Para simplificar o espectro é aplicada uma 2ª frequência que “impede” o acoplamento 13C—1H. Neste tipo de espectro (com desacoplamento de protão) cada sinal representa um tipo de carbono diferente (todos os sinais são singletos) Scan pavia 151 Desacoplamento em 13C Desvios químicos habituais em 13C RMN 39 Desvios químicos habituais em 13C RMN 40 Desdobramento do sinal em 13C RMN não desacoplado O acoplamento principal é do tipo 13C—1H. 41 Propanol 26 10 10 64 OH 26 64 2,2-Dimetilbutano 29 29 36 9 30 9 36 30 Ciclo-hexanol 35,5 OH 70,11 35,52 25,6 24,38 25,64 24,4 70,1 Ciclo-hexanona 42 O 27 211 42 27 25 211 25 Ciclo-hexeno 25 23 127 127 25 23 o-Diclorobenzeno Cl 130,5 127,7 Cl 132,6 130,5 127,7 132,6 47 m-Diclorobenzeno Cl 126,9 135,1 126,9 128,7 128,7 130,4 135,1 130,4 Cl p-Diclorobenzeno Cl 132,6 129,8 129,8 132,6 Cl 49