NECESSIDADE E PREVENÇÃO DE SAÚDE BUCAL EM

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NECESSIDADE E PREVENÇÃO DE SAÚDE BUCAL EM PACIENTES
PORTADORES DE HANSENIASE
Kátia Cristina Salvi de Abreu Lopes 1
AlannaSchuster2
Maysa BossatoAzzalin
RESUMO
A Hanseníase uma doença avaliada como infectocontagiosa crônica, causada pelo Mycobacterium leprae,que
provoca lesões na pele, nervos periféricos e mucosas. Associada com focos de infecções bucais como
Periodontite, Cárie, Gengivite e Língua Saburrosa, podemlevar os pacientes a desenvolverem reações hansênicas
tais como: nódulos dolorosos, eritematosos, precedidos muitas vezes por febre, mal-estar geral e adenopatia
dolorosa e alguma vezes a pioria do grau de incapacidade. A pesquisa realizada de forma quantitativa
transversal, durante procedimento técnicode campo envolvendo trinta pacientes de ambos os sexos, sem faixa de
idade definida,objetivou demonstrar as condições bucaisdos pacientes portadores de hanseníase, em tratamento
ou de alta,que participaram do projeto Integrahans Norte/Nordeste, no município de Cacoal-RO.Evidenciamos a
importância da participação ativa do profissional odontólogo, na avaliação bucal dos pacientes,na
atuaçãopreventiva e curativa das infecções bucais que podem predispor estados reacionais.
Palavras-chave: Hanseníase. Infecções. Prevenção. Reações Hansênicas.
INTRODUÇÃO
A história revela que Hanseníase é uma das enfermidades mais antigasda humanidade. O
mal vem comprometendo o ser humano há mais de três ou quatro mil anos, (MENEZES et
al,2008). “[...]É uma doença bastante estigmatizada, contagiosa, mutilante e que provoca
rejeição e preconceito ao paciente portador, este fato é gerado principalmente pela falta de
informação da população, o que pode gerar sua exclusão da sociedade[...].” (ALMEIDA et
al., 2011, p. 2).
No que tange no início do ano de 2012, foram detectados 232.857novos casos de
hanseníasee a prevalência registrada foi de 189.018 casos no mundo (WHO, 2013).
Para Abreu et al, (2006), a Hanseníase é uma doença diagnosticada como
infectocontagiosa e dermatoneurológica crônica, causada por infecções produzida pelo bacilo
Mycobacterium leprae, onde sua transmissão pode ser obtida através de pessoa a pessoa com
contato prolongado, que compromete principalmente a pele, nervos periféricos, mas também
órgãos internos e mucosas conforme esclarece:
1
Professora Doutora do curso de Odontologia, Farmácia e Enfermagem da FACIMED. Pesquisadora do CNPq
do Grupo de Pesquisa Epidemiologia e Controle de Processos Infecciosos e Parasitários no Brasil, da
Universidade Federal do Ceará. Pesquisadora do CNPq do Grupo de Pesquisa Doenças Psicossomáticas em
Odontologia. Membro do Conselho Curador da Fundação Rondônia de Amparo ao Desenvolvimento das Ações
Científicas e Tecnológicas e a Pesquisa do Estado de Rondônia FAPERO. Email: [email protected]
2
Bacharelandas em Odontologia pela Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal – FACIMED. Email:
[email protected]
2
A forma inicial da doença é a indeterminada, a qualpode resolver espontaneamente
ou evoluir para um espectro extremamente amplo de manifestações. Esses são
reflexos de diferentes respostas imunocelulares ao M. Leprae, pré-determinadas pela
capacidade inata do hospedeiro em resistir ou não à infecção. Desse modo, podemos
permanecer limitada, no polotuberculóide (TT), evoluir para formas disseminadas, o
polovirchowiano (VV), ou tomar uma posição intermediária entre esses dois polos, o
grupo dimorfo. Conforme a proximidade maior a um dos dois tipos polares, o grupo
dimorfo subdivide-se em dimorfo-tuberculóide (DT), dimorfo-dimorfo (DD) ou
dimorfo-virchowiano (DV)1. [...] Os pacientes da forma I, TT e DT são
Paucibacilares e os pacientes das formas, DD, DV e VV são Multibacilares.
Uma das sequelas da Hanseníase é a mão em garra e amputações dos dedos, é uma
deformidade física que pode se tornar permanente, uma vez que a mão lesada ou deformada
pode dificultar a realização de suas funções, prejudicando assim o indivíduo (SOUZA et al,
2010; RUSSO et al, 2005).
A participação do Cirurgião Dentista-CD no tratamento da Hanseníase é de suma
importância, com o papel de orientador e cuidador dos pacientes portadores do bacilo de
Hansen, pois as várias alterações bucais como a Cárie, Gengivite, Periodontite entre outras,
podem agravar o quadro da Hanseníase, podendo levá-los a desenvolver as reações hansênicas
(ALMEIDA, 2010).
Segundo Almeida et al, (2011) são poucos os estudos a respeito da saúde bucal dos
pacientes com hanseníase;no entanto, mais rara é a percepção destes pacientes com a mesma,
conforme esclarece:
A auto percepção é a interpretação que uma pessoa faz do seu estado de saúde,
contribuindo para isso os mais diversos fatores sejam eles [...] características
demográficas, como idade, sexo, raça e fatores de predisposição, como escolaridade
e acesso a informação sobre cuidados preventivos, que podem influenciar na
predisposição para uso de serviços odontológicos e, consequentemente, na auto
percepção da saúde bucal.
No enfoque, as reações hansênicas são consideradas um dos maiores problemas no
manejo de tratamento dos pacientes portadores de Hanseníase. No entanto, muitos pacientes,
durante o tratamento ou mesmo após a alta, buscam a unidade de saúde com complicações
clínicas caracterizadas por processo inflamatório, acompanhado de dor e geralmente são
pápulas ou nódulos dolorosos, eritematosos, precedidos muitas vezes por febre, mal-estar
geral e adenopatia dolorosa, algumas vezes piora do grau de incapacidade (SILVA et al,
2008).
A portaria 3.125 de 7 de outubro de 2010 preconiza o controle da hanseníase no Brasil e
propõe que seu controle seja baseado no diagnóstico precoce, tratamento oportuno de todos os
casos diagnosticados, prevenção e tratamento de incapacidades e vigilância dos contatos
domiciliares (BRASIL, 2010).
2
3
O presente artigo tem por objetivo demonstrar um estudo realizado com pacientes portadores
de Hanseníase no período de 2001 á 2012 registrados no ambulatório especializado do
município de Cacoal, estado de Rondônia, sendo os mesmos participantes do projeto
Integrahans Norte/Nordeste, em tratamento ou de alta. Avaliar e investigar as condições das
cavidades orais e problemas bucais, pois focos de infecções podem levar ao desenvolvimento
das reações hansênicas, bem como orientar os modos de prevenções dos pacientes
comprometidos por Cárie, Gengivite, Periodontite e língua saburrosa, ressaltando que muitos
podem apresentar essas condições orais devido à hanseníase ser uma doença mutilante, os
mesmos podem apresentar incapacidades e sequelas da doença, como dificuldade motora para
utilização da escova e fio dental.
MATERIAL E MÉTODOS
A presente pesquisa foi realizada no município de Cacoal-RO, que está localizado a
476 km de distância da capital de Porto Velho-RO. Conforme os dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), tem uma população de 78.574 habitantes e sua área
geográfica é de 3.792,80 km², sua história é vinculada ao processo de expansão da fronteira
agrícola nacional, culminando com convergência de fluxo migratório para o estado de
Rondônia e sua principal movimentação se dá pelas grandes indústrias do setor madeireiro,
agropecuário e comércio (IBGE, 2010).
Realizou-se um estudo quantitativo, transversal e descritivo durante procedimento
técnico de campo com trinta pacientes adultos, de ambos os sexos, sem faixa etária
definida,diagnosticados com Hanseníase do período 2001 a 2012 em tratamento ou de alta,
sendo autorizada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Ceará-UFC
(protocolo 544.962).
As coletas de dados e os exames dos pacientes foram realizados durante o mês de
setembro, do ano de 2014, na Unidade I, Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal –
FACIMED, no município de Cacoal do estado de Rondônia, como também, foram
realizadosem âmbito Domiciliar,dos pacientes com dificuldades de locomoção. O contato
realizado através de ligações telefônicas ou visitas, a fim de agendar uma data que não
interferisse na rotina dos pacientes, para ser realizada a pesquisa in loco. Todos os pacientes
que se submeteram a pesquisa assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
A pesquisa realizada é uma extensão do macro projeto chamado Integrahansnorte\nordeste que atua juntamente em parceira com uma ONG holandesa - NETHERLANDS
3
4
HANSENIASIS RELIEF (organização não governamental holandesa, fundada em 1967 para
combater a hanseníase de 14 países ao redor do mundo) e financiada pelo CNPq (Conselho
Nacional Cientifico e Tecnológico), em parceria com a Faculdade de Ciências Biomédicas de
Cacoal-FACIMED, com a supervisão da orientadora desta pesquisa, Professora, Doutora
Kátia Cristina Salvi de Abreu Lopes, pesquisadora do CNPq do Grupo de Pesquisa
Epidemiologia e Controle de Processos Infecciosos e Parasitários no Brasil, da Universidade
Federal do Ceará.
Nas coletas de dados realizadas naClínica Odontológica II da FACIMED, reservada
para pesquisa, tambémfoi realizado o Exame Clínico detalhado, através da avaliação da
condição de saúde bucal dos pacientes, dos focos de infecção como cárie, gengivite,
periodontite, língua saburrosa e possíveis alterações orais e faciais relacionadas à Hanseníase.
Em prosseguimento, foi realizado a aplicação de um Questionário (APÊNDICE 1), com
perguntas semelhantes às do projeto Integrahans Norte/Nordeste, do qual objetivava avaliar o
conhecimento sobre saúde bucal e focos de infecções que podem levar ao agravamento da
doença. Após a aplicação do questionário foi realizado a Promoção e Prevenção, no
Escovódromo anexo á Clínica Odontológica II, com orientação de escovação e motivação de
higienização oral dos pacientes. (APÊNDICE 6,7,8 e 9).A clínica utilizada ficou com portas e
janelas fechadas durante o exame para preservar a integridade dos pacientes.
Para ascoletas Domiciliares (APÊNDICE 10), foram realizados os mesmos
procedimentos utilizados na ClínicaOdontológica II- da FACIMED, onde foiaplicado o
mesmo questionário, porém com a diferença de não ter o equipo odontológico, sendo
realizado o exame intra-oral em um local da residência com iluminação adequada, uma
cadeira comum, uma lanterna e espelho.
Os pacientes participantes desta pesquisa fazem parte do projeto Integrahans
Norte/Nordeste. Ao todo são 900 (novecentos) pacientes que estavam separados por unidade
de saúde. No entanto, destes 900 (novecentos) foram recomendados 30 (trinta),utilizando o
critério de possuírem maiores problemas bucais, de acordo com os seus prontuários. Através
de telefonemas e/ou visita domiciliar no endereço cadastrado nos prontuários, os pacientes
foraminformados sobre a pesquisa. Nas visitas domiciliares, constatou-se que 20(vinte)
pacientes não tinham condições de locomoção, sendoatendidos no próprio domicilio. Somente
10(dez) pacientes receberam atendimento na Instituição supracitada.
A coleta de dados dos pacientes selecionados pelos pesquisadores ocorreu no período
de três semanas, durante o mês de setembro. Foramrealizadas as visitas domiciliares de20
4
5
(vinte) pacientes,nas segundas e quartas-feiras, em período integral matutino e vespertino.
Nassextas-feiras,os 10 (dez) pacientes com condição de locomoção foram avaliados na
Clínica Odontológica II da FACIMED.
Todos os pacientes que participaram tanto desta pesquisa, como do Projeto
Integrahans Norte/Nordeste,receberam atendimento odontológico, de acordo com as
necessidades específicas, na Clínica Odontológica (APÊNDICE11),acima mencionada,
ressaltando que os pacientes com dificuldade de locomoção, foram buscados em suas
residências acompanhados por familiares até a instituição.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os dados emitidos pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2013) a
Hanseníase está com um alarmante índice de portadores da doença, no ano de 2013 foram
detectados quase 29.311 mil de registros ativos de casos de Hanseníase no país, conforme
esclarece os dados na Tabela 1 representada abaixo:
TABELA 1: Registros ativos de casos de Hanseníase coletado pelo Ministério da Saúde
no ano de 2013.
Brasil
Registros
ativos
Hanseníase no Brasil
29.311
Região Norte
Registros
ativos
Hanseníase no Brasil
5.614
Estado de Rondônia
Registros
ativos
Hanseníase no Brasil
639
de Novos casos menores de 15 anos
2.246
de Novos casos menores de 15 anos
615
de Novos casos menores de 15 anos
45
Novos casos no total geral
33.303
Novos casos no total geral
6.906
Novos casos no total geral
813
Fonte: Ministério da Saúde (BRASIL, 2013).
A Literatura relata a discussão sobre os pacientes acometidos pela Hanseníase, pelo fato
da Hanseníase ser um importante problema de Saúde Pública no Brasil, é de grande relevância
a integração do Cirurgião-Dentista (CD) em todas as atividades de controle à doença. Além
disso, o CD deve possuir conhecimento sobre a hanseníase, pois, alguns pacientes, poderão
apresentar lesões bucais, mais raras ou alterações faciais, e o profissional poderá participar do
diagnóstico e encaminhamento do paciente para o tratamento (ALMEIDA et al, 2011).
5
6
Bomfim et al, (2008) descreve que o não tratamento dos focos de infecções como cárie,
gengivite e periodontite podem levará desenvolver ás reações hansênicas que se dividem em
dois tipos:
A reação tipo 1 ou reversa se caracteriza por apresentar novas lesões
dermatoneurológicas (manchas ou placas), infiltração, alteração de cor e edema nas
lesões antigas, bem como dor ou espessamento dos nervos (neurites) e a reação tipo
2 ou Eritema Nodoso Hansênicose caracteriza por apresentar nódulos vermelhos e
dolorosos, febre, dores articulares, dor, espessamento dos nervos e mal estar
generalizado.
Denota-se ainda segundo o autor supracitado, que um paciente com Hanseníase pode
ter reações antes, ao princípio do tratamento, durante e depois que tiver sido concluído o
tratamento.
De acordo com SESAU MG(Secretaria do Estado de Saúde de Minas Gerais, 2007) a
Hanseníase étratada de maneira eficaz com a Poliquimioterapia (PQT), porém os pacientes
ainda assim podem desenvolver as reações hansênicas, necessitando de um tratamento
adicional que irá ter variação de acordo com a gravidade da reação, com uso dos
Corticosteróides e Antiinflamatórios.
Desse modo, a pesquisa demonstrou que dos 30 (trinta) pacientes que participaram do
estudo, 22 (vinte e dois) eram Multibacilares e 8 (oito) Paucibacilares conforme demonstra o
gráfico 1 abaixo:
GRÁFICO 1: Classificação operacional da Hanseníase para fins de tratamento (PQT).
Pacientes que
apresentam
muitos bacilos
(Multibacilar)
Pacientes que
apresentam
poucos bacilos
(Paucibacilar)
Fonte: Autoras(2014).
As reações hansênicas podem ocorrer tanto em pacientes Multibacilares quanto
Paucibacilares, porém a reação tipo 1 ocorre somente em pacientes Paucibacilares, já os
pacientes Multibacilares podem ter reação Tipo 1 e Tipo 2 sendo essa mais rara. Notando-se
que as reações ocorrerem com maior frequência em pacientes Multibacilares em relação aos
Paucibacilares, (SESAU MG, 2007).
Ressalta-se que a maioria das reações ocorrem durante o primeiro ano após o
diagnóstico tanto em pacientes Multibacilares como Paucibacilares. Todavia, os pacientes
6
7
diagnosticados com a Hanseníase do tipo Multibacilar, as reações podem ocorrer por muitos
anos após o tratamento ter sido concluído.
No enfoque, a pesquisa realizada obteve os seguintes resultados: Dos 30
(trinta)pacientes escolhidos para análise dos dados, 3% apresentaram focos de cárie, 23%
apresentaramLíngua Saburrosa, 10% apresentaram Periodontite e Cárie,7% apresentaram
Língua Saburrosa e Cárie, 7% apresentaram Cárie e Gengivite, 7% apresentaram
Periodontite,13% Língua Saburrosa, Cárie e Gengivite,3% Língua Saburrosa e Gengivite,
27% apresentaram Língua Saburrosa, Cárie e Periodontite,totalizando 100%, onde todos os
pacientes apresentaram um foco de infecção, conforme demonstram os gráficos 2 e 3 abaixo:
GRÁFICO2: Situação Bucal dos pacientes examinados.
3%
Pacientes que
apresentaram
Cárie.
23%
Pacientes que
apresentaram
Língua Saburrosa.
10%
7%
Pacientes que
apresentaram
Periodontite e
Cárie.
Pacientes que
apresentaram
Língua Saburrosa e
Cárie.
Fonte: Autoras (2014).
GRÁFICO3: Situação Bucal dos pacientes examinados.
27%
7%
7%
13%
3%
Pacientes que Pacientes que Pacientes que Pacientes que Pacientes que
apresentaram apresentaram apresentaram apresentaram apresentaram
Cárie e
Periodontite. Cárie, Língua
Lingua
Cárie, Língua
Gengivite.
Saburrosa e Saburrosa e Saburrosa e
Gengivite.
Gegivite.
Periodonte.
Fonte: Autoras (2014)
GRÁFICO 4: Comparação da Prevalência dos Focos de Infecções
7
8
3% 3%
27%
23%
Cárie, Lingua Saburrosa e
Periodontite.
Fonte: Autoras (2014)
O gráfico 4, demonstra a maior prevalênciados focos de infecções,de acordo com o exame
clinico intra-oral,a Cárie, Língua Saburrosa e Periodontite (27%) e a Língua Saburrosa
(23%).E a menor prevalência (3%) Cárie e (3%) Língua saburrosa e Gengivite.
De acordo com Manso & Modenesi, (2010)A Cárie é considerada um “gatilho”para o
desenvolvimento das reações hansênicas, sendo de suma importância seu tratamento e
prevenção.
Belmonte et al, (2007) descreve em seu artigo que os vários problemas bucais, inclusive
periodontal, devido a não correta higienização, pode ter relação com a incapacidade motora,
que pode ser sequela da hanseníase, porém essa correlação não pode ser afirmada.
No entanto verifica-se que há uma alta prevalência de problemas bucais, considerados
focos de infecção, dos pacientes pesquisado totalizando 100% ou seja, dos 30 pesquisados
todos tinham pelo menos um tipo de foco de infecção bucal, que podem ser fatores
desencadeantes de episódios de reações hansênicas, as quais são períodos de inflamação
aguda no curso de uma doença crônica que podem afetar os nervos.
Dessa forma vale salientar, que as doenças gengivais e periodontais estão entre os fatores
bucais mais prováveis na ocorrência dos episódios reacionais(CORTELA et al, 2008).
De acordo com Opromolla et al,(2003) as alterações bucais e faciais podem ocorrer em
todos os tipos de Hanseníase, exceto na indeterminada, sendo mais frequentes no polo
virchowiano, podendo não apresentar lesões clínicas aparentes, necessitando então de exame
histopatológico para confirmação da presença do bacilo de Hansen.
Neville et al, ( 2009,p. 200) descreve áspossíveis lesões orais da Hanseníasecomo
sendo pápulas firmes que ulceram e necrosam, podendo ser localizadas em palato duro,
mole,úvula, gengiva e mucosa jugal, já as alterações faciais ocorrem muitas vezes devido á
infecção, criam uma destruição facial denominada de fácies leonina que é caracterizada pela
atrofia da espinha nasal anterior.
8
9
O Ministério da Saúde (2008, p.22)relata:
Na hanseníase, o acometimento da face é muito frequente, principalmente nas
formas Multibacilares. Nesse sentido, qualquer esforço para a prevenção e o
tratamento das incapacidades e das deformidades físicas tem importante papel na
manutenção, na inserção e na reabilitação social da pessoa.
Todavia, dos 30 (trinta) pacientes nenhum apresentou possíveis alterações orais e faciais
relacionadas à Hanseníase, acredita-se que o uso da poliquimioterapia possa ser a razão da
ausência de lesões bucais específicas da hanseníase.
A portaria 3.125 de 7 de outubro de 2010 normatiza o controle da hanseníase no Brasil
e propõe que seu controle seja baseado no diagnóstico precoce, tratamento oportuno de todos
os casos diagnosticados, prevenção e tratamento de incapacidades e vigilância dos contatos
domiciliares (BRASIL, 2010).
No que tange a pesquisa, em relação ao questionário aplicado, os seguintes
resultadosestão relatados na tabela 2.
TABELA 2: Resultado dos questionários aplicados aos pacientes.
Como você considera sua saúde
bucal
Boa
Regular
Ruim
Péssima
Total
Recebeu informações de que a
Hanseníase
pode
afetar
cavidadeoral
Sim
Não
Total
De qual profissional recebeu a
Informação
Odontólogos
Enfermeiros
Médicos
Não se Aplica
Total
Sentiu-se discriminado
Sim
Não
Total
Tem conhecimento que os focos de
infecções podem agravar seu
N°
%
6
9
11
4
30
20
30
36.5
13.5
100
7
23
30
23.5
76.5
100
0
6
2
22
30
0
20
6.5
73.5
100
0
30
30
100
100
100
9
10
estadode saúde atual
Sim
Não
Total
14
16
30
46.5
53.5
100
Fonte: Autoras (2014).
De acordo com Santiago, (2009) a maioria dos pacientes hansenianos não tem acesso a
serviços odontológicos, nem instrução de higiene oral, devido a ser uma população que tem
grande necessidade,a falta da integração dos cirurgiões dentistas, ou seja, integração das
políticas públicasde saúde bucal para hansenianos.
Diante do resultado da pesquisa supracitada, 30 (trinta) pacientes portadores de Hanseníase
que participaram da pesquisa,100% continham pelo menos um foco de infecção (gráfico 2 e
3). E 53,5% não tinham conhecimento de que focos de infecções podem agravar oseu estado
clínico, demonstrando também como é evidente a falta de conhecimento dos pacientes em
relação a sua saúde bucal (tabela 2), necessitando assim da intervenção do Cirurgião Dentista
para atuar de maneira preventiva, através da orientaçãoda forma correta de escovação,do uso
do fio dental e de maneira curativa ou reabilitadora, através do tratamento dos focos de
infecções, a fim de evitar o desencadeamento ou diminuir a intensidade de possíveis estados
reacionais, auxiliando na qualidade de vida do doente.
De acordo com a (tabela 2),os portadores de Hanseníase na sua minoria têm conhecimento
sobre as possíveis reações hansênicas,bem como á falta de orientação e informação pelos
profissionais da odontologia para com os pacientesportadores de Hanseníase.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa demonstrou que os pacientes com Hanseníase, em tratamento ou de alta,
necessitam de um atendimento multiprofissional, incluindo a participação ativa do
CirurgiãoDentista.
Há insuficiência de informação para os pacientes, de que a Hanseníase pode afetar a
cavidade bucal e de que focos de infecções podem agravar o estado atual do paciente,podendo
levá-lo a desenvolver a reação hansênica.
Os focos de infecções estão presentes de uma forma ou de outra, seja ela como Periodontite,
Gengivite, Cárie, Língua Saburrosa ou ambos.
NECESSITY AND PREVENTION OF ORAL HEALTH IN LEPROSY PATIENTS
ABSTRACT
10
11
Leprosy is a disease assessed as chronic infectious, caused by Mycobacterium lepra e, which causes
lesions on the skin, peripheral nerves and mucosa. Associated with foci of oral infections such as
periodontitis, carious lesions, gingivitis and coated tongue, may be able to lead patients to develop
leprosy reactions like: painful nodules, erythematous, most of the times preceded by fever, general
malaise and painful adenopathy and at times it increases the degree of disability. This is a cross
quantitative work, during the technical field procedure which involved thirty patients of both gender,
without a defined age range, aimed to show the oral conditions of leprosy patients, in treatment or
already discharged, who took part on the Integrahans North/Northeastern project, in the city of CacoalRO. We demonstrated the importance of effective involvement from the dentist in the oral assessment
of patients, preventive and curative measures of oral infections that can predispose reactional states.
Keywords: Leprosy. Infections. Prevention. Leprosy reactions.
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11
12
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min.
APÊNDICES
APÊNDICE 1- Questionário aplicado aos pacientes da pesquisa
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Nome:_________________________________________
IDADE_________
CLASSIFICAÇÃO DA HANSENIASE_____________________
SEXO________
Questionário
1.Orientação:
a) Você recebeu informação sobre a possibilidade da hanseníase afetar a cavidade oral ?
( ) Sim ( ) Não
b) De quem você recebeu estas informações? ( )Enfermeiro ( )Médico ( ) Dentista
( )Amigos/parentes ( ) outros ( ) Não se Aplica
C) Já sofreu algum tipo de discriminação por ser portador de hanseníase por profissionais da
área da odontologia?
( ) Sim ( )Não
d) Tem conhecimento que focos de infecção como carie, gengivite e periodontite podem
agravar seu estado clinico atual?
( ) Sim ( ) Não
e)
Como você considera sua saúde bucal:
( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( ) ruim ( ) péssima
2.Exame Clínico
a) Lesões orais /focos de infecções:
(
(
(
(
(
) cárie
) gengivite
) periodontite
) Língua Saburrosa
) N.D.A
b) Possíveis lesões orais e faciais relacionadas à hanseníase:( ) úvula ( ) palato mole ( ) palato
duro ( ) mucosa jugal ( ) língua ( ) gengiva ( ) alargamento nasal( ) fáceis leonina ( ) colapso
da ponte nasal ( ) N.D.A
Fonte: Autoras (2014)
APÊNDICE 2-Paciente com Lesões cariosas e Gengivite
Fonte: Autoras (2014)
APÊNDICE 3- Paciente com Problema periodontal
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15
Fonte: Autoras (2014)
APÊNDICE 4- Paciente com Língua Saburrosa
Fonte: Autoras (2014)
APÊNDICE 5- Condição de má higiene de uma prótese total superior, com a presença de
fungos
Fonte: Autoras (2014)
APÊNDICE 6- Motivação e orientação de escovação
Fonte: Autoras (2014)
APÊNDICE 7- Motivação e orientação do uso do fio dental
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16
Fonte: Autoras (2014)
APÊNDICE 8- Orientação e motivação de escovação
Fonte: Autoras (2014)
APÊDICE 9- Orientação de higienização da Prótese
Fonte: Autoras (2014)
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