1 Tese, EFEITO DA SINVASTATINA NA EREÇÃO PENIANA DE PACIENTES COM PROTEÍNA C REATIVA ALTERADA: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO, DUPLO-CEGO E CONTROLADO POR PLACEBO Eduardo Mastalir Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. 2 INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA Programa de Pós-graduação em Medicina Área de Concentração: Cardiologia e Ciências da Saúde EFEITO DA SINVASTATINA NA EREÇÃO PENIANA DE PACIENTES COM PROTEÍNA C REATIVA ALTERADA: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO, DUPLO-CEGO E CONTROLADO POR PLACEBO Autor: Eduardo Mastalir Orientador: Profa. Dra. Vera Lúcia Portal Co-orientador: Prof. Dr. Gustavo Franco Carvalhal Tese submetida como requisito para obtenção do Grau de Doutor ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Área de Concentração: Cardiologia, da Fundação Universitária de Cardiologia / Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre 2010 3 M423p Mastalir, Eduardo. Efeito da sinvastatina na ereção peniana de pacientes com proteína C reativa alterada: ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo / Eduardo Mastalir; orientação [por] Vera Lúcia Portal; Gustavo Franco Carvalhal – Porto Alegre, 2010. 136 f ; tab. Tese (Doutorado) - Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/ Fundação Universitária de Cardiologia - Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, 2010. 1.Disfunção erétil.2.Proteína C reativa.3.Estatina.4.Sinvastatina. 5.Disfunção endotelial.6.Vardenafila.I.Vera Lúcia Portal.II. Gustavo Franco Carvalhal. II.Título. CDU: 615.256:001.891.5 Bibliotecária Responsável: Marlene Tavares Sodré da Silva CRB 10/1850 4 Dedico este trabalho aos meus amados pais, Valter e Eunice, À minha muito amada e adorável esposa, Fabiane e Aos meus queridos irmãos, Vanice, Mariângela e André. 5 Um bom professor ensina; Um ótimo professor educa; Um verdadeiro Mestre inspira! Muito obrigado a todos os Mestres que me inspiraram a chegar até aqui. Especial agradecimento aos Mestres Profa. Dra. Vera L. Portal e ao Prof. Dr. Gustavo F. Carvalhal Agradeço também às Instituições que me acolheram, Santa Casa de Porto Alegre e Instituto de Cardiologia do RS Finalmente, Muito obrigado aos pacientes, foco principal de nossa atividade médica. 6 SUMÁRIO 1 BASE TEÓRICA ___________________________________________________ 1 1.1 INTRODUÇÃO __________________________________________________1 1.2 ATEROSCLEROSE – ASPECTOS GERAIS___________________________3 1.3 O ENDOTÉLIO FUNCIONANTE, A DISFUNÇÃO ENDOTELIAL E SEUS MARCADORES________________________________________________6 1.4 MECANISMOS DE EREÇÃO PENIANA E DISFUNÇÃO ERÉTIL_______10 1.4.1 Ereção Peniana______________________________________________10 1.4.2 Disfunção Erétil _____________________________________________13 1.5 O ENDOTÉLIO E A DISFUNÇÃO ERÉTIL __________________________22 1.6 ESTATINAS E ÓXIDO NÍTRICO __________________________________26 1.7 ESTATINAS E TRATAMENTO DA DISFUNÇÃO ERÉTIL ____________31 1.7.1 Estudos que Demonstram a Piora da DE com Estatinas ____________31 1.7.2 Estudos que Demonstram Interação Indefinida ou Ausência de Relação entre DE e Estatinas ________________________________________32 1.7.3 Estudos que Demonstram Benefício das Estatinas para Tratamento da DE _______________________________________________________33 1.8 HIPÓTESES ___________________________________________________38 1.8.1 Hipótese nula _______________________________________________38 1.8.2 Hipótese conceitual __________________________________________38 1.9 OBJETIVOS ___________________________________________________39 1.10 JUSTIFICATIVA ______________________________________________40 1.11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS_______________________________41 2 ARTIGO EM PORTUGÛES ________________________________________54 2.1 RESUMO______________________________________________________55 2.2 INTRODUÇÃO _________________________________________________56 2.3 PACIENTES E MÉTODOS _______________________________________58 2.3.1 Tamanho da Amostra ________________________________________58 2.3.2 Critérios de Inclusão _________________________________________58 2.3.3 Critérios de Exclusão_________________________________________58 2.3.4 Ética em Pesquisa Médica _____________________________________59 2.3.5 Avaliação da Função Erétil ____________________________________59 2.3.6 Randomização dos Pacientes __________________________________59 2.3.7 Modo de Administração da Sinvastatina ou do Placebo ____________59 2.3.8 Administração de Vardenafila _________________________________60 7 2.3.9 Acompanhamento dos Pacientes _______________________________60 2.3.10 Avaliação dos Dados ________________________________________60 2.3.11 Amostra em Estudo _________________________________________61 2.4 RESULTADOS _________________________________________________62 2.5 DISCUSSÃO ___________________________________________________70 2.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS________________________________75 3 ARTIGO EM INGLÊS – (The Journal of Urology®)_____________________ 81 4 APÊNDICES ____________________________________________________106 4.1 TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO LIVRE E ESCLARECIDO ____________________________________________________________107 4.2 QUESTIONÁRIO IIEF __________________________________________113 4.3 QUESTIONÁRIO EDITS ________________________________________117 4.4 FICHA DE COLETA DE DADOS _________________________________122 4.5 CONTROLE DAS MEDICAÇÕES ________________________________128 4.6 RESULTADOS SEM PACIENTES DE ALTO RISCO _________________130 4.7 LISTA DE SIGLAS _____________________________________________135 1 1 BASE TEÓRICA 1.1 INTRODUÇÃO Evidências recentes têm sugerido que a disfunção erétil (DE) possui forte correlação com a presença de disfunção endotelial1-4. Obesidade, dislipidemia, tabagismo, sedentarismo, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes melito (DM) são os maiores fatores de risco para o desenvolvimento de disfunção vascular e consequente aterosclerose, determinando um aumento exponencial das afecções circulatórias5. Os eventos cardiovasculares são atribuídos mais modernamente à disfunção de um grande órgão: o endotélio vascular5. Dentre os inúmeros desfechos da disfunção endotelial, tais como infarto agudo do miocárdio (IAM), doença vascular periférica (DVP), doença renovascular e acidente vascular cerebral (AVC), podemos incluir também a DE1, 5. Neste intuito, do ponto de vista fisiológico, sabemos que um dos principais mecanismos da ereção peniana se fundamenta na produção e ação do óxido nítrico (NO) sobre o leito vascular peniano e a musculatura lisa do corpo cavernoso, sendo dependentes da normalidade do leito endotelial. Desde 1998, os inibidores da fosfodiesterase 5 (iPDE5), que atuam sobre o metabolismo do NO, são reconhecidos mundialmente como a base da terapia para homens com DE. Em seu amplo espectro de efeitos, as estatinas melhoram o perfil lipídico de pacientes dislipidêmicos, determinam a correção dos fatores desencadeantes da disfunção endotelial e, em última análise, diminuem eventos cardiovasculares, com reflexos inclusive no aumento de sobrevida. O uso de estatinas para o tratamento da DE, entretanto, é controverso. Estudos pioneiros traziam uma preocupação de que as estatinas pudessem desencadear DE em pacientes sob seu uso6-9. Com o passar do tempo, novas pesquisas apontaram que tal classe medicamentosa poderia não estar 2 associada com o início da DE e que, inclusive, seria benéfica para seu tratamento em decorrência da melhora da função endotelial10-23. Neste sentido, a ocorrência de associação entre o uso de estatinas e o desenvolvimento ou a melhora da DE encontra-se indefinida sob o ponto de vista da prática clínica e necessita avaliação mais acurada. 3 1.2 ATEROSCLEROSE – ASPECTOS GERAIS A aterosclerose é uma doença inflamatória sistêmica crônica, desencadeada pelo dano endotelial, principalmente em artérias de médio e grande calibre (Figura 1). Dentre os fatores de risco para a aterogênese, temos tabagismo, HAS, DM, obesidade e dislipidemias5. Na presença dos fatores de risco e consequente disfunção endotelial, ocorre aumento da permeabilidade da camada íntima arterial às lipoproteínas plasmáticas, determinando a retenção das mesmas na camada subendotelial. A presença de moléculas de colesterol LDL (lipoproteína de baixo peso molecular) oxidado nesse espaço desencadeia um processo inflamatório imunogênico responsável pelo recrutamento de linfócitos e monócitos. Estes últimos se diferenciam em macrófagos e locupletam-se de colesterol LDL oxidado, formando as células espumosas, que determinam as estrias gordurosas, lesão inicial da aterosclerose. Além disso, o processo inflamatório crônico ocasiona migração e proliferação de células musculares lisas, aumento da matriz extracelular, formação da capa fibrosa e consequente placa aterosclerótica5, 24 (Figura 2). O comportamento da placa aterosclerótica pode ser estável ou instável. As instáveis, que apresentam um componente inflamatório intenso com grande atividade proteolítica, são propensas à ruptura e ao desencadeamento do processo de aterotrombose, um dos principais determinantes das manifestações clínicas da aterosclerose, tais como IAM e AVC5, 24. Indivíduos com alto risco de evento coronariano são aqueles com doença coronariana, vascular periférica ou cerebrovascular já clinicamente manifesta ou portadores de DM5. Por outro lado, a identificação de indivíduos assintomáticos, propensos a algum desfecho de doença aterosclerótica, é muito importante para 4 estabelecer uma prevenção efetiva com corretas metas terapêuticas. Para tanto, foi desenvolvido um algoritmo de escala de risco, conhecido como o escore de risco de Framingham5, com o qual é possível estimar a probabilidade de ocorrer um IAM ou morte por doença coronariana, em um período de 10 anos, em indivíduos assintomáticos. Tal escore determina uma pontuação em função da idade, do sexo, dos níveis de colesterol total e HDL (lipoproteína de alta densidade) e da presença de tabagismo ou HAS, tratada ou não. Assim, de acordo com o número de pontos, o paciente é estratificado como de baixo risco (probabilidade de ocorrer um IAM ou morte por doença coronariana em um período de 10 anos inferior a 10%), de alto risco (probabilidade superior a 20%) ou de risco intermediário (probabilidade entre 10% e 20%)5. Como medidas terapêuticas gerais das dislipidemias e prevenção da aterosclerose, temos orientação nutricional, orientação de atividade física e interrupção do tabagismo5, 24. Dentre os tratamentos medicamentosos, encontramos as estatinas, a ezetimiba, as resinas de troca, os fibratos, o ácido nicotínico e os ácidos ômega 35, 24. Todos os pacientes com dislipidemia devem ser orientados quanto a medidas não farmacológicas relacionadas à mudança de estilo de vida. O tratamento farmacológico deve ser instituído para os pacientes que não responderem às medidas iniciais após seis meses para aqueles de baixo risco e três meses para os de risco intermediário. Para os pacientes de alto risco, o tratamento farmacológico deve ser iniciado concomitantemente às medidas de mudança de estilo de vida5, 24. 5 A B C D E F Figura 1 - Desenho esquemático das camadas constituintes de uma artéria A - Túnica externa; B - Membrana elástica externa; C - Túnica média; D - Membrana elástica interna; E - Túnica íntima; F – Endotélio A B Figura 2 - Desenho esquemático demonstrando um corte em uma artéria doente com o processo de aterosclerose instalado A - Placa de aterosclerose; B - Endotélio doente 6 1.3 O ENDOTÉLIO FUNCIONANTE, A DISFUNÇÃO ENDOTELIAL E SEUS MARCADORES O endotélio vascular tem um papel já bem conhecido e definido para a manutenção do tônus vascular e do fluxo sanguíneo. O endotélio normal exerce um papel fundamental na homeostase vascular, indo além de uma mera barreira anatômica, uma vez que desempenha, na verdade, uma função dinâmica em relação às variáveis circulatórias e à configuração do leito vascular. Sabemos que as alterações endoteliais precedem o desenvolvimento morfológico das afecções associadas com a aterosclerose e que uma série de marcadores tem sido usada para demonstrar tanto a disfunção endotelial quanto o reparo frente a esse dano26, 27. Dentre as funções do endotélio no seu papel de manutenção da homeostase vascular, temos a regulação do tônus vascular, a adesão celular, a resistência à trombose, a proliferação de células musculares lisas e a atividade inflamatória da parede celular27. A disfunção endotelial corresponde à primeira fase do dano vascular, o qual pode se acentuar e culminar na aterosclerose sistêmica, levando à diminuição da vasodilatação normal dependente do endotélio. Autores pioneiros demonstraram que o fator derivado do endotélio que induz o relaxamento da musculatura lisa vascular é o NO27, derivado da L-arginina, a partir da ação da NO sintase endotelial (eNOS). O NO difunde-se nas células musculares lisas e ativa a cascata da guanilato ciclase (GMP-c), o que leva à vasodilatação mediada por essa enzima. Em estado normal, a interrupção ao fluxo sanguíneo, o estímulo à bradicinina, a adenosina, o fator de crescimento endotelial vascular e a serotonina determinam liberação do NO endotelial (eNO) e consequente adaptação ao débito cardíaco. Nesta situação de normalidade, o NO mantém a parede vascular em um estado de inibição da inflamação, da proliferação celular e da trombose26. 7 Para a formação da placa aterosclerótica, a partícula de LDL oxidada é fagocitada por monócitos na camada subendotelial, ocasionando a proliferação de macrófagos repletos de colesterol, fibroblastos e células musculares lisas, à semelhança de um processo inflamatório crônico. Na presença de LDL oxidada elevada, a função endotelial fica prejudicada, havendo diminuição da produção do eNO, redução do diâmetro arterial efetivo e aumento da vasoconstrição arterial e da agregação plaquetária5, 28. Nessa situação de disfunção endotelial, ocorre uma sinalização do processo redox. As espécies reativas de oxigênio, na presença da enzima superóxido dismutase, reagem com as cisteínas e prejudicam sua função, o que leva a alterações em níveis moleculares que acarretam a proliferação celular desordenada. Tal desequilíbrio entre o dano e a incapacidade de reparo endotelial termina por culminar no processo de aterogênese, principalmente se houver fatores de risco, tais como dislipidemia, HAS, tabagismo e DM27. Alguns testes clínicos têm sido utilizados para aferir a função endotelial. Inicialmente, testes invasivos foram idealizados, estudando-se as artérias coronárias, mas foram substituídos por avaliações mais seguras e com menor risco27, tais como a ecografia com Doppler de artéria braquial. No entanto, para sua execução é necessário equipamento específico, pouco acessível no dia-a-dia e dependente de operador experiente. A avaliação da função endotelial também pode ser realizada pela análise dos níveis de algumas moléculas oriundas do endotélio, presentes na circulação sanguínea periférica. Tais substâncias podem ser tanto produtos das células endoteliais derivadas da disfunção endotelial (medidas do metabolismo do NO, citocinas inflamatórias, moléculas de adesão e regulação da trombose), quanto marcadores de dano e reparo 8 endotelial27. Entretanto, algumas delas são difíceis de ser medidas em um cenário de prática clínica usual. Recentemente, medidas de proteína C reativa ultrassensível (PCRus) passaram a ser relacionadas como fatores preditivos de risco independente para desfechos cardiovasculares, mesmo quando comparadas com níveis de colesterol LDL, escore de risco de Framingham e presença de síndrome metabólica (SM)29. Tem sido preconizado na literatura que níveis de PCRus abaixo de 1mg/l estejam associados a baixo risco de eventos cardiovasculares, de 1 a 2,9 mg/l, a risco moderado e níveis iguais ou acima de 3 mg/l, a alto risco30. A medida da PCRus para estimar o risco de doença vascular e, consequentemente, o dano endotelial apresenta algumas vantagens do ponto de vista da prática clínica. Dentre elas, destacamos o fato de ser um procedimento de baixo custo, de fácil operacionalização, de baixo risco para o paciente, padronizado comercialmente, além de não ser suscetível à variabilidade sazonal e circadiana. Por outro lado, a interpretação de medidas elevadas requer parcimônia e contextualização clínica, uma vez que outras afecções sistêmicas emprestam níveis elevados a tal marcador, tais como lúpus eritematoso sistêmico, doença inflamatória intestinal e outras doenças inflamatórias ou infecciosas31. Vários estudos têm demonstrado que os níveis de PCRus se correlacionam com o risco de doença vascular tanto em homens quanto em mulheres, independentemente de raça ou etnia29, 31-33 . Em um estudo de coorte com 27.939 mulheres saudáveis para avaliar desfechos cardiovasculares29, os autores observaram que o risco de desfecho (baseado no escore de Framingham) aumentava linearmente com a elevação dos níveis de PCR, inclusive caracterizando, quando com níveis superiores a 10 mg/l, um perfil de pacientes com muito alto risco de evento. Outros 9 autores observaram que a PCR pode ser produzida no interior das células musculares lisas do leito vascular de pacientes com doença arterial coronariana aterosclerótica clinicamente manifesta32, 33 . Nessa situação, o desencadeamento do processo aterotrombótico inclui a agregação de moléculas de adesão e a redução tanto do NO local quanto da fibrinólise32, 33. Assim sendo, o processo clínico de aterosclerose, com seus desfechos vasculares, toma por base inicial e precoce a disfunção endotelial. Tal disfunção pode ser clinicamente detectada por alguns métodos, tais como medidas de cardiologia intervencionista, medidas de ecografia ou dosagens de substâncias em sangue periférico. Dentre tais marcadores, destaca-se mais recentemente a PCRus, a qual apresenta acurácia e precisão de medidas, bem como utilidade na prática clínica diária, correlacionando-se com medidas de risco de eventos cardiovasculares, tais como o escore de risco de Framingham29, 30, 32, 33. 10 1.4 MECANISMOS DE EREÇÃO PENIANA E DISFUNÇÃO ERÉTIL 1.4.1 Ereção Peniana O pênis é um órgão relacionado à função sexual, que permite a penetração durante o coito. Consiste de dois corpos cavernosos e de um corpo esponjoso. O corpo cavernoso consiste de espaços vasculares, denominados lacunas, recobertos por endotélio, suportados por uma matriz de músculo liso e entremeados de tecido conjuntivo que serve para sua sustentação. O influxo arterial é proveniente de duas artérias cavernosas, ramos terminais da artéria pudenda interna, bilateralmente, enquanto a drenagem venosa dá-se por veias localizadas abaixo da túnica albugínea que formam veias emissárias, as quais drenam para a veia dorsal profunda do pênis. A túnica albugínea que reveste os corpos cavernosos é espessa e resistente o suficiente para conter o tecido erétil, o que confere ao pênis sua rigidez durante a ereção34 (Figura 3). C B A D E F Figura 3 - Figura esquemática da anatomia e vascularização peniana 11 A - Corpo cavernoso; B - Veia dorsal profunda; C - Veia dorsal superficial; D Artéria dorsal; E - Artéria cavernosa; F - Uretra A inervação cavernosa é proveniente das raízes sacrais S2-S4, cujo estímulo determina ereção peniana, e de fibras simpáticas torácicas T11 e T12 e lombares L1 e L2, que determinam a flacidez peniana. O nervo pudendo é responsável pela sensibilidade somática do pênis. Pressões máximas no interior dos corpos cavernosos são obtidas durante a contração mediada pelo nervo pudendo (S2-S4) dos músculos isquiocavernoso e bulboesponjoso34. A ereção peniana ocorre como uma resultante do aumento da pressão no interior do corpo cavernoso. Para tanto, há um mecanismo central e outro periférico3436 . No nível central, as áreas relacionadas com a ereção peniana são o núcleo paraventricular, os núcleos paragigantocelulares e o hipocampo, nos quais os principais neurotransmissores excitatórios são dopamina, acetilcolina, prostanoides, ocitocina e peptídeo intestinal vasoativo, enquanto os inibitórios são a noradrenalina, os opióides e as endotelinas37. No pênis, a ereção é obtida por vasodilatação arteriolar e relaxamento do músculo liso cavernoso, mediados pelas vias da adenilato ciclase (AMP-c) e da GMP-c, a partir da L-arginina endógena, através de uma reação catalisada pela NO sintase. A via da AMP-c é ativada pela calcitonina, pelo peptídeo intestinal vasoativo, pela prostaglandina e pela fosfocolina; já a ativação da via da GMP-c resulta da liberação e ação do NO neurogênico e endotelial38. A GMP-c é hidrolisada à GMP pela fosfodiesterase 5. A elevação intracelular de AMP-c e GMPc, na musculatura lisa, determina o movimento do cálcio para o interior do retículo sarcoplasmático, causando diminuição do cálcio citoplasmático e consequente relaxamento da musculatura lisa peniana34. Após a vasodilatação arterial, ocorre aumento do fluxo sanguíneo nos espaços lacunares, com relaxamento da musculatura lisa sinusoidal, permitindo sua distensão. O aumento da pressão gerada no interior do 12 corpo cavernoso determina compressão das veias emissárias contra a túnica albugínea, gerando veno-oclusão que culmina com a ereção peniana35. A ereção peniana, portanto, é o resultado de uma cascata de eventos decorrente de uma estimulação psicossomática, um gatilho neuroendotelial e uma resposta vascular e muscular, sendo a disponibilidade de NO especialmente importante para o início e a manutenção da ereção39 (Figura 4). Estímulo sexual Ativação NO-e NO-n L-Arginina GMP-c 5 fosfodiesterase iPDE5 GMP Ca++ migra par a sarcoplasma Relaxamento muscular liso Ereção peniana Figura 4 - Representação esquemática do desencadeamento da ereção peniana mediada pela ação do NO. Está Indicado o sítio de ação dos iPDE5 iPDE5 – inibidores da enzima fosfodiesterase 5; NO-e – óxido nítrico endotelial; NOn – óxido nítrico neuronal; GMP – guanilato ciclase; Ca++ - cálcio Após a ereção peniana, a detumescência que se segue é resultante da diminuição da liberação do NO, pela inativação do segundo mensageiro GMP-c pela fosfodiesterase tipo 5 ou por atividade do sistema nervoso simpático durante a ejaculação. No estado de flacidez peniana, constatamos atividade miogênica 13 intrínseca, predomínio de neurotrasmissão adrenérgica e presença de fatores de contração derivados do endotélio, tais como prostaglandina F2-alfa e endotelina. Nesse cenário, o influxo de sangue pelas artérias cavernosas e seus ramos helicinais é mínimo, o que permite o pronto efluxo venoso do plexo subalbuginial e veias emissárias, determinando um estado de baixa pressão intracavernosa e de consequente flacidez peniana37. 1.4.2 Disfunção Erétil A DE é definida como a incapacidade persistente de obtenção e manutenção de ereção suficiente para uma função sexual satisfatória40. Apesar de a DE não ser uma afecção com reflexo negativo em termos de ameaça à vida, pelo menos em termos quantitativos, não resta dúvida de que essa disfunção tem um impacto fortemente negativo em relação à qualidade dos relacionamentos interpessoais de homens e mulheres. Autores apontam que a satisfação na vida sexual é indispensável para preservar a harmonia do relacionamento e que a importância dada ao sexo pelos casais não diminui significativamente com o aumento da idade, embora a frequência dos intercursos possa decrescer. O efeito da DE sobre a qualidade de vida do paciente e de sua parceira pode ser devastador, comprometendo a vida conjugal. Por outro lado, o tratamento efetivo da DE também impacta fortemente e de maneira positiva a vida do casal41. Do ponto de vista epidemiológico, a prevalência de DE em brasileiros é semelhante à encontrada em homens de outras nacionalidades. O índice mundial de DE é de cerca de 25,9 casos por 1.000 homens-ano, sendo que a taxa anual cresce a cada década de vida, atingindo a incidência de 46,4 casos-ano por 1.000 homens entre 60 e 69 anos41, corroborando o que Kinsey et al.42 haviam apontado em 1948, isto é, que a DE é um fenômeno fortemente relacionado com o envelhecimento. Se 14 considerarmos alguns estudos de prevalência da DE, teremos que essa taxa em homens alemães entre 30 e 80 anos é de 19,2%, em espanhóis entre 25 e 70 anos, de 18,9% e em brasileiros entre 18 e 75 anos, de 46,2%41. No estudo Massachusetts Male Aging Study (MMAS)43, com 1.290 homens entre 40 e 70 anos de idade, a prevalência de DE foi cerca de 52%. No Brasil, Moreira et al.44 demonstraram uma prevalência de DE em 48,8% dos homens avaliados com idades entre 40 e 70 anos, sendo 26,6% caracterizados com disfunção mínima, 18,3% com disfunção moderada e 3,9% com disfunção severa. Os dados tornam-se mais preocupantes ainda ao estimarmos uma incidência anual de um milhão de casos em homens entre 40 e 70 anos de idade40. Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento ou agravamento da DE temos: os sociodemográficos (idade avançada, baixa escolaridade, baixa renda e desemprego), os relacionados aos hábitos de vida (sedentarismo, tabagismo, alcoolismo, drogadição e obesidade), os decorrentes de condições médicas (DM, HAS, doença cardiovascular, dislipidemia, tumores de próstata, trauma pélvico, insuficiência renal, depressão, cirurgias, uso de medicamentos) e os de natureza psicossocial41. No MMAS43, após pareamento dos indivíduos por idade, observou-se que a DE estava associada com doença cardíaca em 39%, DM em 28% e HAS em 15%, levantando a hipótese de se correlacionarem os mesmos fatores de risco para doença vascular com DE. Apesar de vários fatores etiológicos estarem frequentemente associados na gênese da DE, didaticamente podemos classificar tal disfunção como sendo de origem psicogênica, orgânica ou mista. Dentre as causas orgânicas incluem-se doenças ou alterações neurológicas, deficiências hormonais, insuficiências arterial ou venosa34 (Figura 5). drogas, medicamentos e 15 Os pacientes com insuficiência arterial têm fluxo sanguíneo prejudicado, o que determina uma rigidez peniana inadequada. Tal deficiência ocorre em pacientes com doença arterial vascular, tais como doença aterosclerótica aortoilíaca, IAM, AVC, e nos com DM. Inclusive, há estudos correlacionando independentemente DE com isquemia miocárdica silenciosa em pacientes diabéticos45. Fonte: Sexual Medicine – Sexual Dysfunction in Men and Women. Paris 2004 46 Figura 5 - Figura esquemática das diversas etiologias envolvidas com a DE A avaliação propedêutica do homem com DE nos dias atuais é mais limitada do que outrora costumara ser, pois os inúmeros testes invasivos (tais como cavernosometria e a cavernosografia) e as avaliações extensas antigamente realizadas (medida da rigidez peniana) demonstraram ser de pouca valia para o manejo clínico dos pacientes. Atualmente, a avaliação do homem com DE fundamenta-se na 16 anamnese, no exame físico e nos exames laboratoriais (glicemia, perfil lipídico, perfil hormonal). Em casos selecionados, podemos lançar mão do teste de ereção fármacoinduzido (TEFI) e de avaliação psicológica, neurológica e vascular47. Alguns questionários foram validados e têm sido utilizados principalmente em cenários de pesquisa clínica para avaliar, estratificar, classificar e medir a resposta ao tratamento da DE25, 48, 49 . Em 1997, Rosen et al.25, em estudo randomizado e controlado, observaram a melhora da saúde sexual com o uso do medicamento recémlançado, sildenafila, através do International Index of Erectile Function (IIEF), a escala de aferição de disfunção sexual masculina mais utilizada nos dias atuais e internacionalmente aceita. Esse inventário possui 15 itens, com cinco domínios distintos de avaliação (função erétil, orgasmo, desejo sexual, satisfação com o intercurso e satisfação global). Considerado muito extenso para a prática diária, o IIEF, porém, é o padrão-ouro em situação de pesquisa clínica, tendo sido inclusive validado para língua portuguesa50. Dele foi derivado o Sexual Health Inventory for Men (SHIM), conhecido também como IIEF-5, um instrumento de rastreamento constituído por cinco itens que avaliam dois domínios: função erétil e satisfação no intercurso sexual. Derivou também dele o IIEF-6, constituído pelas seis questões do domínio de função erétil do IIEF (IIEF-5), geralmente utilizado como desfecho clínico48. Com o objetivo de aferir a satisfação do paciente e também da parceira com o tratamento para DE, foi desenvolvido o Erectile Dysfunction Inventory of Treatment Satisfaction (EDITS), apresentado inicialmente na avaliação da satisfação com o uso de iPDE5, o qual avalia inclusive o impacto do tratamento sobre a parceira. Outros instrumentos que observam a satisfação com o tratamento são o Treatment Satisfaction Scale (TSS) e o Sexual Life Quality Questionnaires (SLQQ)49. 17 Os primeiros medicamentos utilizados para o tratamento da DE apresentavam mecanismos de ação sobre o sistema nervoso central (apomorfina – agonista de receptores dopaminérgicos) ou o central e o periférico (ioimbina, fentolamina e trazodona). Tais medicamentos, entretanto, devido aos seus modestos resultados, foram substituídos mais modernamente pelos iPDE551. Atualmente, o tratamento da DE fundamenta-se no uso sob demanda de iPDE5 (sildenafila, vardenafila e tadalafila). Seu uso encontra abrigo nos pacientes com etiologia multifatorial. O mecanismo de ação de tal classe medicamentosa fundamenta-se na diminuição da enzima que converte o GMP-c em GMP (fosfodiesterase 5), resultando no maior aporte de GMP-c, com consequente vasodilatação arteriolar e ereção peniana. No ser humano existem 11 tipos de fosfodiesterases, sendo que apenas os tipos 5, 6 e 9 têm como substrato único o GMP-c. No corpo cavernoso peniano, a fosfodiesterase 5 é responsável pela hidrólise do GMP-c e consequente retorno do pênis ao estado flácido51. A fosfodiesterase 5 também é encontrada em células tais como as plaquetas, em tecidos tais como a musculatura esquelética e em órgãos e estruturas tais como o cerebelo, os pulmões, a medula espinhal, o coração, o pâncreas, o intestino, a aorta e a glândula adrenal51. Os iPDE5 não produzem nem iniciam a ereção e tampouco liberam NO na ausência de estímulo sexual. Isto significa que para tais medicamentos terem seu efeito sobre a ereção peniana é necessário haver estímulo ou desejo sexual51. Os pacientes com DE apresentam boa resposta aos iPDE5 devido a seu grau de eficácia, tolerabilidade e segurança52, sendo indicado nas causas orgânicas, psicogênicas e mistas da disfunção. Sua ingestão está contraindicada para pacientes que fazem uso de nitratos, devido ao risco de hipotensão arterial severa e hipoperfusão coronariana52. Quanto à potência dos três tipos diferentes de 18 apresentação dos iPDE5 (sildenafila, vardenafila e tadalafila), a vardenafila apresenta maior potência in vitro de inibição da fosfodiesterase 553. A vardenafila possui apresentação de 5mg, 10mg e 20mg, sendo a dose inicial recomendada de 10mg, via oral, 25 a 60 minutos antes da atividade sexual52. Publicações têm confirmado a eficácia, a segurança e a tolerabilidade do uso de vardenafila nos mais diversos cenários clínicos. Hellstrom et al.54, em um estudo multicêntrico, duplo-cego, randomizado, controlado por placebo, em homens com DE por etiologia variada, tratados com vardenafila em doses de 5, 10 e 20mg por 26 semanas, demonstraram melhora da função erétil em 52%, 65% e 67%, respectivamente, contra 15% nos pacientes que usaram placebo. Recentemente, Martin et al.55 realizaram um estudo randomizado, multicêntrico, duplo-cego e controlado por placebo que avaliou a eficácia e a segurança dos iPDE5, no caso a vardenafila, em homens com DE e dislipidemia. Os pacientes receberam 10mg de vardenafila ou placebo para uso sob demanda ou conforme o desejo por 12 semanas. Foram randomizados 395 pacientes dislipidêmicos, com média de idade de 54,4 anos, sendo que 42% apresentavam DE severa, com base no IIEF. Após 12 semanas de tratamento, a média do escore do domínio de função erétil foi de 21,99 nos pacientes que receberam vardenafila, contra 14,83 nos que receberam placebo. O estudo sugere que os pacientes dislipidêmicos respondem satisfatoriamente aos iPDE5 em uso sob demanda. Há consenso na literatura sobre a eficácia e a segurança dos iPDE5 em diversos cenários clínicos da DE52, 53. No entanto, existe uma parcela de pacientes que não responde adequadamente a tal classe de medicamentos, prevalência que pode chegar a cerca de metade dos pacientes arrolados, dependendo de suas características clínicas56. Embora sejam poucos os artigos abordando a baixa resposta em alguns 19 pacientes aos iPDE5, é comum entre estes pacientes a idade avançada, a presença de DM, a maior severidade da DE, o hipogonadismo, o tabagismo atual ou até mesmo uma má orientação médica55-62. Além disso, na prática clínica diária, é manifesta a inconformidade eventual de um número de pacientes a respeito da necessidade do uso do medicamento no momento que antecede uma relação sexual. Alguns estudos avaliaram esses tipo de pacientes, classificados como nãoresponsivos aos iPDE5, e identificaram alguns fatores preditivos da resposta. Alguns pacientes inicialmente não responsivos a um tipo especifico de iPDE5 passam a obter resposta após alguma intervenção clínica ou até mesmo com a troca do iPDE557, 60, 62. Em 2007, Huang et al.57 publicaram uma pesquisa no qual avaliaram 69 homens com DE e idade entre 22 e 79 anos. Destes, cerca de 50% foram considerados como não-responsivos a 100mg de sildenafila após quatro tentativas bem orientadas de seu uso. Os indivíduos foram avaliados por ecografia peniana com Doppler colorido após a injeção intracavernosa de vasodilatadores (papaverina, fentolamina e prostaglandina). Os parâmetros avaliados pela ecografia foram: velocidade de pico sistólico, índice de resistência vascular, velocidade diastólica final e diâmetro da artéria cavernosa. Os resultados não foram diferentes entre os pacientes que respondiam ou não à sildenafila, embora tenha sido constatada menor rigidez peniana nos considerados não responsivos. Pegge et al.60 estudaram função endotelial e neuropatia autonômica como fatores preditivos de resposta à sildenafila em homens diabéticos com DE, comparados a homens sem DE, diabéticos ou não. A função erétil foi avaliada através do IIEF, a endotelial, por ecografia com Doppler das artérias braquial, radial, femoral e tibial, durante e após hiperemia reativa, e a função autonômica, mediante a variação da frequência cardíaca durante expiração, inspiração e manobra de Valsalva. Nesse grupo de pacientes, houve associação positiva entre 20 DE, DM e disfunção endotelial, o que não ocorreu com a neuropatia autonômica. Entretanto, a taxa de resposta à sildenafila não foi significativamente afetada pelas funções endotelial e autonômica; os pacientes responsivos à sildenafila apresentavam IIEF inicial superior a dos não responsivos, sugerindo que a severidade da DE influencia negativamente a resposta aos iPDE5. Por outro lado, um estudo de 31 pacientes, com idade entre 28 e 74 anos, não responsivos a uma dose de 100mg de sildenafila, foram avaliados com ecografia com Doppler peniano após injeção intracavernosa de prostaglandina, cavernosometria e biópsia peniana para quantificar a musculatura lisa cavernosa62. Cinco deles eram diabéticos e dois, hipogonádicos. Vinte e oito pacientes tiveram resposta muito ruim à injeção intracavernosa; oito tinham lesão arterial; todos os pacientes mostravam redução significativa (<35%) da musculatura lisa cavernosa. Nesse estudo, os autores concluíram que os pacientes não responsivos à sildenafila apresentavam lesões vasculares severas e atrofia da musculatura lisa cavernosa. Semelhantes observações foram também descritas em estudos experimentais. Em trabalho que avaliou a resposta à tadalafila em ratos castrados, os autores demonstraram ausência de resposta erétil à eletroestimulação e ao uso de tadalafila, bem como diminuição da expressão da fosfodiesterase 5. Entretanto, tais alterações foram completamente reversíveis após a suplementação de testosterona56. Os autores concluem que a testosterona regula positivamente a expressão da fosfodiesterase 5, bem como a resposta aos iPDE5. Homens hipogonádicos que inicialmente não respondiam à sildenafila passaram a responder após a reposição e normalização dos níveis séricos de testosterona63. Apesar de alguns pacientes inicialmente responderem a algum dos iPDE5, após a troca por outro iPDE5, a resposta passa a ser identificada. Tal fato foi 21 demonstrado em um artigo publicado no Clinical Therapeutics em 200561. Nesse estudo multicêntrico, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo em pacientes inicialmente não responsivos à sildenafila, os autores demonstraram melhora da ereção o suficiente para penetração adequada e para realizar a relação sexual em 62% e 53%, respectivamente, dos pacientes que receberam vardenafila 10mg, quando comparados aos que receberam placebo (30% e 12%, respectivamente). Assim sendo, a DE é uma afecção multifatorial e prevalente em nosso meio, com impactos negativos sobre a qualidade de vida tanto de homens quanto de mulheres. Embora os iPDE5 sejam o tratamento padrão nos dias atuais, existe uma parcela de pacientes que são classificados como não responsivos a esses medicamentos e não aceitam seu uso sob demanda. Neste sentido, parece haver um espaço para pesquisas adicionais sobre alternativas terapêuticas para homens com DE, principalmente para os pacientes com etiologia vascular endotelial. 22 1.5 O ENDOTÉLIO E A DISFUNÇÃO ERÉTIL A disfunção endotelial vascular tem sido implicada no mecanismo fisiopatogênico da DE1, sugerindo que o controle dos fatores de risco cardiovascular possa ser uma abordagem de prevenção primária para tal disfunção. Sabe-se que cerca de 50% da DE em homens acima de 50 anos estão associadas com doença vascular 39. Acredita-se que a presença de radicais livres, decorrentes dos fatores de risco associados com doença vascular, e seu estresse oxidativo possam danificar diretamente o endotélio e determinar uma diminuta disponibilidade de NO1. Em 1990, ainda antes da descoberta dos iPDE5, Bookstein et al.64, em um estudo experimental em coelhos com dano endotelial provocado pela injeção de uma substância nociva ao corpo cavernoso, demonstraram que nos coelhos com dano vascular a resposta vasodilatadora à papaverina, dependente de NO liberado em endotélio normal, era diminuída e que essa alteração poderia estar relacionada com DE. Sabemos que a produção e a atividade do NO no leito endotelial vascular é prejudicada na presença de HAS, tabagismo, DM e dislipidemia. Estudos em coelhos e em humanos demonstram que hipercolesterolemia causa diminuição do fluxo arterial, deficiência do relaxamento da musculatura lisa dependente do eNO, fibrose e degeneração da musculatura podendo resultar em DE64-67. Atualmente, identificamos três isoformas da NOS: a endotelial (eNOS), a induzida em macrófagos (íon-sintetase) e a neurogênica (nNOS). Estudo feito com ratos mutantes sem o gene que codifica para a eNOS demonstrou que tal enzima parece estar envolvida com a fisiologia ejaculatória, mas não com a motivação sexual66. A disfunção endotelial resulta em incapacidade de relaxamento da musculatura lisa das arteríolas do corpo cavernoso, diminuindo a vasodilatação. Em um estudo que 23 comparou a função endotelial de 32 homens com DE e de 25 homens sem a disfunção, pareados para dislipidemia, DM, índice de massa corporal e pressão arterial sistêmica, os autores demonstraram correlação de DE e disfunção endotelial2. Foram avaliadas a vasodilatação endotélio-dependente, mediada pelo fluxo da artéria braquial, bem como a resposta dessa artéria à nitroglicerina. A vasodilatação mediada pelo fluxo da artéria braquial foi significativamente diferente entre os dois grupos, com função endotelial pior nos homens com DE, independentemente da presença de doença cardiovascular clínica ou de DM. Esta alteração pode ser explicada por uma anormalidade no sistema vasodilatador NO e GMP-c, sugerindo que DE e doença vascular estejam relacionadas ao nível do endotélio. Estudo semelhante foi publicado recentemente3 no qual 56 pacientes com DE de duração entre 6 e 12 meses foram estratificados pelo IIEF de acordo com o grau de disfunção: leve, leve-moderada, moderada e severa. Nesses grupos, a vasodilatação mediada pelo fluxo na artéria braquial estava significativamente diminuída, exceto naqueles com DE leve, sendo que houve correlação entre grau de DE e redução de fluxo. Estudos longitudinais de base populacional evidenciaram claramente que HAS, DM, tabagismo, dislipidemia e obesidade são os principais fatores de risco para aterosclerose39. O próprio estudo de Framingham demonstrou, ainda em 1971, associação entre aterosclerose e seus fatores de risco com desenvolvimento de doença cardiovascular68, e o estudo MRFIT69 em 1986 identificou que a relação entre níveis de colesterol e morte por doença cardiovascular era contínua, graduada e intensa. Como foi visto anteriormente, alterações no sistema vasodilatador mediado por NO e por AMP-c e GMP-c podem culminar em DE. Kaiser et al.70 demonstraram a presença da disfunção endotelial em pacientes com DE. Tais autores estudaram, com IIEF-15, 30 pacientes portadores de DE sem fatores de risco ou doença 24 cardiovascular clinicamente manifesta e 27 indivíduos normais na mesma faixa etária; alguns parâmetros vasculares, tais como diâmetro das artérias braquial e carótida, espessura intimal, complacência, distensibilidade, velocidade da onda do pulso aórtico, calcificação coronariana e vasodilatação da artéria braquial dependente e independente de endotélio, foram avaliados. Os parâmetros estruturais do leito vascular eram semelhantes entre os dois grupos, mas as medidas de vasodilatação dependentes e independentes do endotélio estavam diminuídas nos pacientes com DE, sugerindo a presença de disfunção endotelial e algum outro mecanismo não dependente do endotélio, achado muito semelhante ao encontrado em pacientes com dislipidemia. Os autores sugerem que a presença de DE pode antecipar-se ao surgimento de doença cardiovascular clinicamente significativa. Essa mesma hipótese é corroborada por outros pesquisadores que constataram que 64% dos homens com IAM apresentavam sintomas de DE previamente ao evento cardíaco e que, por outro lado, 57% dos homens submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica referiram DE antes da cirurgia71. Se levarmos em conta o diâmetro das artérias cavernosas e o grau de estenose necessária para desencadear diminuição da circulação peniana, em comparação com o grau de estenose em relação ao diâmetro de artérias tais como coronárias, carótidas ou femorais, poderemos inferir que, do ponto de vista anatômico, a presença da DE pode representar uma evidência clínica precoce de doença vascular difusa e subclínica4, 39. Billups KL et al.72 em 2003 publicaram um interessante artigo demonstrando a relação dos níveis de PCRus e outros fatores de risco cardiovasculares com doença vascular peniana em homens com DE. Os autores avaliaram 137 homens com DE sem manifestação clínica de doença arterial coronariana, através de ecografia com Doppler do pênis, a qual serviu para estratificar os pacientes como normais (sem doença 25 vascular peniana) ou portadores de doença veno-oclusiva ou arterial (leve, moderada ou severa). Tais achados ecográficos foram correlacionados com outros fatores de risco, tais como perfil lipídico, glicemia, idade, índice de massa corporal, tabagismo, escore de risco de Framingham, níveis de PCRus e homocisteína. Os resultados evidenciaram correlação positiva entre a severidade da lesão ao Doppler com níveis de PCRus, mesmo quando ajustados para idade (p<0,05). Homens com DE e doença arterial tinham média de PCR igual a 0,17 mg/dl, enquanto os com DE mas sem doença arterial tinham 0,04 mg/dl (p<0,05). Outros autores também demonstraram relação entre disfunção endotelial (evidenciada pelos níveis de PCRus) e disfunção erétil73. Em um estudo com 80 homens obesos (identificados pelo do índice de massa corporal) e idade entre 35 e 55 anos, foram avaliadas as funções erétil e endotelial em relação aos níveis de marcadores sistêmicos da inflamação vascular. Os participantes foram divididos em dois grupos, com base na presença ou ausência de DE (através do IIEF) e comparados com outro grupo de 50 homens não obesos. Os resultados mostraram que os obesos com DE tinham níveis significativamente mais altos de PCR do que os homens obesos sem DE (p<0,05). Assim, parece estar bem fundamentada na literatura a relação existente entre disfunção endotelial e seus marcadores (dentre os quais a PCR), mesmo em pacientes sem doença cardiovascular clinicamente manifestada, e que essa disfunção endotelial tem sido correlacionada com o surgimento de DE. Afecções que impactem negativamente a função normal do endotélio vascular podem determinar prejuízo da liberação e ação do NO nos sinusoides capilares cavernosos, determinando menor vasodilatação arteriolar e, por conseguinte, DE. 26 1.6 ESTATINAS E ÓXIDO NÍTRICO Os inibidores da 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A (HMG-CoA) redutase, mais conhecidos como estatinas pertencem a um grupo farmacológico utilizado para o tratamento das dislipidemias, mediante a inibição da conversão da HMG-CoA em ácido mevalônico, processo-chave para a síntese intracelular do colesterol. Sua ação resulta na diminuição do colesterol contido na lipoproteína de baixa densidade (LDL) e dos triglicerídeos e no aumento do colesterol contido na lipoproteína de alta densidade (HDL), principalmente pelo aumento dos receptores de LDL na superfície dos hepatócitos e redução da síntese hepática de colesterol, determinando a remoção das lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL), de densidade intermediária (IDL) e LDL da circulação5. Há seis apresentações comerciais de estatinas aqui dispostas em ordem decrescente de potência, em relação à redução de colesterol LDL: rosuvastatina, atorvastatina, sinvastatina, pravastatina, lovastatina e fluvastatina. Foi demonstrado66 que a redução do LDL em pacientes dislipidêmicos recebendo doses diárias de lovastatina, pravastatina, sinvastatina, atorvastatina e fluvastatina foi de 34%, 34% 41%, 50% e 24%, respectivamente, enquanto a redução de triglicerídios foi de 16%, 24%, 18%, 29% e 10%, respectivamente, sendo a elevação do colesterol HDL de 9%, 12%, 12%, 6% e 8%. Estudos experimentais e ensaios clínicos têm relatado efeitos além daqueles primariamente descritos para o tratamento da hipercolesterolemia. Entre tais efeitos, denominados de pleiotrópicos, encontra-se a redução do risco de eventos cardiovasculares10, 26, 74, 75, da mortalidade cardiovascular e da mortalidade por todas as causas, provavelmente mediante a regulação da produção de NO e da atenuação da atividade inflamatória endotelial vascular sistêmica74. 27 Estudos demonstram que a simples redução da placa aterosclerótica pelos inibidores da HMG-CoA redutase não se correlaciona linearmente com a magnitude do benefício clínico atingido, sugerindo que as estatinas promoveriam modulação da função endotelial, estabilização da placa e diminuição da aterogênese, bem como uma ação anti-inflamatória e antitrombótica74-77. A instabilização da placa aterosclerótica é um dos fatores desencadeantes de eventos cardiovasculares agudos. Sabemos que tais placas são ricas em lipídios e em células inflamatórias, predominantemente macrófagos, os quais – por liberação de metaloproteinases – tornam a placa suscetível à ruptura, com consequente trombose arterial. Crisby et al. demonstraram que as estatinas diminuem os níveis de metaloproteinases, de lipídios e de macrófagos dentro da placa, tornando-a menos propensa à ruptura78. Estudos em animais e em humanos corroboram a modulação positiva das estatinas sobre o leito endotelial vascular74. Tais medicamentos além de aumentarem a produção endotelial de NO também promovem vasodilatação dependente de NO em diferentes leitos vasculares79-81. A administração crônica de estatina a roedores com a expressão da eNOS aumentada incrementa o fluxo sanguíneo cerebral e diminui a zona infartada, sugerindo ação direta das estatinas sobre a produção do eNO82, 83 . Adicionalmente, a própria redução do colesterol LDL contribui grandemente para a melhora da vasodilatação dependente do endotélio84. Em pacientes dislipidêmicos com aterosclerose85, a eNOS disfuncional produz superóxido, ao invés de NO, culminando em disfunção endotelial e deficit de relaxamento vascular. O efeito vasodilatador da estatina mediado pelo NO baseia-se no aumento da transcrição, estabilização e aumento da NOS no endotélio vascular 86. Tal enzima, localizada na cavéola, produz transitoriamente pequenas quantidades de 28 NO sob demanda, sendo dependente de cálcio e de calmodulina. A NOS está ligada à calveolina, que inibe sua atividade. A elevação do cálcio citoplasmático promove a ligação da calmodulina à NOS, deslocando a calveolina e ativando a NOS, culminando com aumento do NO e vasodilatação arteriolar. Além disso, a NOS é regulada pela serina-treonina quinase (AKT), a qual é ativada pela insulina/insulin growth factor-I ligada ao endotélio e à musculatura lisa vascular. A fosforilação pela AKT aumenta a afinidade da NOS pela calmodulina, potencializando sua atividade87. Sabemos que as estatinas ativam a AKT, aumentando a produção do NO88, bem como diminuem os níveis celulares de caveolina e atenuam a inibição da NOS pela caveolina, também resultando no aumento da produção do NO89. Nesse intuito, estudo com ratos diabéticos aos quais eram administradas estatinas demonstrou melhora da vasodilatação e parcialmente restaurou a produção de NO na aorta dos animais90. Outro mecanismo de ação das estatinas sobre o endotélio vascular inclui a inibição de atividade das proteínas G de baixo peso molecular da superfamília Ras (Ras e Rho), envolvidas na proliferação, diferenciação, apoptose, migração e contração celulares e transcrição gênica74. Estados hiperglicêmicos tanto in vivo quanto in vitro estimulam a atividade Rho, ativando a Rho-quinase, determinando aumento do tônus vascular91. O efeito protetor das estatinas nesses estados metabólicos resultaria da supressão da cascata da Rho-quinase, determinando aumento da produção do NO e diminuição do tônus vascular. As estatinas também modulam a liberação e a ação de vasoconstritores, tais como endotelina e angiotensina II92, determinando diminuição da resistência e aumento do fluxo sanguíneo em leitos vasculares. As estatinas possuem propriedades anti-inflamatórias. Evidências recentes indicam que elas reduzem os níveis da PCR após seis semanas de tratamento, 29 independentemente da redução do colesterol LDL aderência e a migração leucocitária94. 93 . Além disso, diminuem a Em um estudo de 2005, Nissen et al.,95 avaliaram placas ateroscleróticas por ecografia intravascular e níveis de colesterol LDL e PCR em 502 pacientes com doença coronariana angiograficamente documentada. Os pacientes foram randomizados para receber tratamento com pravastatina (40mg ao dia) ou atorvastatina (80mg ao dia - tratamento intensivo). Os níveis de colesterol LDL passaram de 150,2 mg/dl para 94,5 mg/dl (p<0,001), e os de PCR, de 2,9mg/dl para 2,3 mg/dl (p<0,001) no grupo como um todo, independentemente do medicamento administrado. A redução de colesterol LDL e PCR foi correlacionada com a diminuição da progressão da aterosclerose à ecografia. Os autores concluíram que, em pacientes com doença coronariana aterosclerótica, a redução da progressão da aterosclerose correlaciona-se significativamente com reduções de colesterol LDL e PCR, seja o tratamento com estatina intensivo ou não. Várias pesquisas apontam a capacidade das estatinas de diminuir o estresse oxidativo em humanos e animais96-101. Sabemos que a molécula de LDL oxidada possui efeitos deletérios ao endotélio e à musculatura lisa endotelial vascular, induzindo liberação de citocinas, aumentando a adesividade endotelial e promovendo o dano e a inflamação vascular74. Finalmente, as estatinas diminuem o estado pró-coagulante de pacientes dislipidêmicos, além de mediar neovascularização por intermédio de células progenitoras endoteliais102. Apesar de inúmeros estudos10, 26, 75-77 sugerindo uma redução de cerca de 30% de eventos cardiovasculares em prevenção secundária, o benefício do uso dessa classe de medicamentos na situação de prevenção primária, principalmente para indivíduos de baixo e médio risco, ainda não está bem definido. 30 Nesse contexto, o estudo JUPITER103 avaliou desfechos cardiovasculares em indivíduos com colesterol LDL abaixo de 130 mg/dl e PCRus > 2mg/l, randomizados para rosuvastatina (20 mg diárias) ou placebo. Foram randomizados 15.548 homens e mulheres saudáveis para receber rosuvastatina ou placebo, avaliando a ocorrência dos desfechos IAM não fatal, AVC não fatal, angina instável, revascularização arterial ou morte cardiovascular em um seguimento máximo de 5 anos (mediana de 1,9 ano). Os resultados demonstraram redução dos níveis de PCRus de cerca de 37%. A taxa de evento cardiovascular foi de 55% nos pacientes que atingiram colesterol LDL abaixo de 70 mg/dl (p<0,0001), de 62% naqueles em que a PCRus ficou abaixo de 2 mg/l (p<0,0001) e de 65% naqueles com ambos - LDL abaixo de 70 mg/dl e PCRus inferior a 2 mg/l (p<0,0001). Os resultados sugerem benefício para o uso da rosuvastatina na prevenção primária, com redução de eventos cardiovasculares em pacientes em que os níveis de PCRus caíram para abaixo de 2mg/l e naqueles em que os níveis de colesterol LDL caíram para menos de 70 mg/dl. É importante notar que o efeito da redução da PCR isoladamente foi semelhante ao observado quando ambos colesterol LDL e PCR baixaram, sugerindo que reduzir PCR pode ser tão ou mais importante do que reduzir colesterol LDL. Assim sendo, além de as estatinas melhorarem o perfil lipídico de pacientes dislipidêmicos, elas também determinam correção dos fatores desencadeantes da disfunção endotelial e, em última análise, diminuem eventos cardiovasculares, com reflexos inclusive no aumento de sobrevida. Seu uso efetivo e seguro já consagrado em prevenção secundária, parece estender-se também à prevenção primária, na qual a redução do colesterol LDL e da PCR reflete-se também em diminuição de eventos cardiovasculares. 31 1.7 ESTATINAS E TRATAMENTO DA DISFUNÇÃO ERÉTIL Considerando os aspectos fisiopatológicos e, inclusive, terapêuticos da DE abordados acima, envolvendo fundamentalmente a disfunção endotelial, associados às propriedades farmacológicas e aos efeitos pleiotrópicos das estatinas, estabelece-se pelo menos um nexo teórico entre doença e tratamento. Dados conflitantes da literatura têm sido publicados esparsamente a respeito da interação entre DE e estatinas. Alguns estudos sugerem influência negativa do uso de estatinas em homens, levando ao surgimento de DE6-9, enquanto outros falham em demonstrar alguma associação10-13. Outros trabalhos14-23, entretanto, sugerem a possibilidade de melhora da DE em homens com disfunção endotelial sob o uso de estatina (Quadro 1). 1.7.1 Estudos que Demonstram a Piora da DE com Estatinas Revisão sistemática publicada em 2002 sugeriu que pacientes tratados com estatina poderiam apresentar DE ou até mesmo piorar a DE previamente existente. Ocorre, todavia, que os pacientes avaliados eram portadores de doença arterial aterosclerótica avançada e faziam uso de inúmeras outras medicações6, aspectos que podem prejudicar a avaliação criteriosa dos resultados. Outro artigo, publicado em 2006, prospectivo e observacional, identificou que o IIEF foi reduzido de 21 para 6,5 após seis meses de tratamento com estatina, havendo incidência de DE em 22%. Esses dados de piora da DE mostraram interação com idade, DM e tabagismo, sem haver o devido controle para essas variáveis, sugerindo que possa ter havido um viés de confusão, uma vez que homens mais velhos, portadores de DM e tabagistas podem apresentar piora da DE pela simples presença de tais comorbidades ou até mesmo pela história natural de doença mais severa nesse perfil de pacientes7. Um relato dos sistemas espanhol e francês de monitoramento de drogas8, demonstrou que 38 32 espanhois e 37 franceses que recebiam estatina desenvolveram DE, e que mais de 85% reverteram tal situação após a interrupção do medicamento, embora não tenha sido feito controle para idade, comorbidades e uso de outras medicações. Na mesma linha, recente estudo, com base em um banco de dados francês de farmacovigilância sobre efeitos adversos a medicamentos9, identificou uma razão de chances para DE, em pacientes sob uso de estatina, em comparação com os que apresentaram DE sem uso de estatina, de cerca de 2,4 (IC 1,8-3,3). Nesse levantamento, entretanto, os autores também tradicionalmente identificaram associação desencadeiam ou pioram com DE, outros tais medicamentos como que finasterida, betabloqueadores e antidepressivos tricíclicos, sem o devido controle, o que pode determinar um viés de confusão na análise dos dados. Assim, os resultados acima sinalizando o surgimento ou piora da DE em homens sob o uso de estatina são fruto de estudos cujos delineamento e metodologia não permitem conclusões definitivas, sendo, contudo, fontes de hipóteses. 1.7.2 Estudos que Demonstram Interação Indefinida ou Ausência de Relação entre DE e Estatinas Contrariando as publicações referidas acima, alguns estudos sugerem que a interação negativa possa não existir10-13. Em 1999, uma carta ao editor do British Medical Journal11 recomendava que a questão da associação entre DE e uso de estatinas deveria ser melhor avaliada com um delineamento de estudo específico; os dados daquela época sugeriam não haver correlação, mas, sim, um viés de confusão, tendo em vista o perfil de morbidade e o uso de outros medicamentos pelos pacientes. Nessa carta11 o autor reportava ao estudo 4S10 evidenciando que o risco relativo de DE no grupo sinvastatina era de 1,3 com IC 0,8-2,12 (P=0,29). Já em 2008, Miner e Billups12, em uma revisão da literatura, sugeriram haver uma lacuna a ser respondida 33 entre a demonstrada influência da dislipidemia e o desenvolvimento de DE com o uso de estatinas e iPDE5, tendo em vista o crescente número de publicações envolvendo principalmente disfunção endotelial e surgimento de DE. Para avaliar o efeito da sinvastatina e da pravastatina sobre a função gonadal de homens dislipidêmicos foi desenvolvido um estudo na Johns Hopkins University13 com 159 homens randomizados, controlado por placebo e duplo-cego. Após 24 semanas de tratamento, os níveis de LDL diminuíram significativamente no grupo tratado, mas sem haver diferença entre os grupos quanto aos níveis de testosterona total e livre, gonadotrofina coriônica humana, hormônios folículo estimulante e luteinizante, nem sequer nos parâmetros de espermograma. O estudo sugere não haver evidência de efeito clinicamente significativo da sinvastatina ou da pravastatina sobre a produção gonadal de testosterona e a espermatogênese. 1.7.3 Estudos que Demonstram Benefício das Estatinas para Tratamento da DE Por fim, alguns estudos experimentais e mesmo clínicos têm demonstrado potenciais vantagens do uso das estatinas para o tratamento da DE. Um trabalho experimental publicado em 200314 sugeriu o potencial efeito benéfico das estatinas sobre o leito endotelial vascular peniano, tendo demonstrado que a rosuvastatina corrigiu o deficit de relaxamento vascular do corpo cavernoso de ratos diabéticos, mediado principalmente pelo NO, independentemente dos níveis de colesterol. Outro estudo experimental15 identificou que ratos pré-tratados com atorvastatina, ao receberem sildenafila apresentaram aumento na concentração de NO, com maior vasodilatação, hipotensão e taquicardia, sugerindo que a atorvastatina aumentaria a sensibilidade à sildenafila através de mecanismos mediados pelo NO. Em outro estudo com ratos e coelhos diabéticos16, o tratamento com atorvastatina melhorou a resposta erétil ao estímulo elétrico e normalizou o efeito da sildenafila na ereção 34 peniana. Os autores postulam que esse efeito da atorvastatina seja por inibição da sinalização do sistema RhoA/Rho-kinase, mecanismo envolvido nas alterações da musculatura lisa do corpo cavernoso induzidas pelos altos níveis de glicemia. Outro estudo experimental, apresentado durante o Congresso da American Urological Association (AUA) em 200717, demonstrou que ratos que receberam dieta hiperlipídica e foram tratados com rosuvastatina apresentaram maiores níveis de nitratos em seus corpos cavernosos, quando comparados aos ratos que receberam apenas placebo. Em relação aos estudos clínicos, em estudo observacional publicado em julho de 200419, os autores perceberam que a DE melhorou em homens com hipercolesterolemia tratados com estatina. Nese estudo, 8 de 9 pacientes apresentaram melhora da função erétil após um tempo médio de tratamento de 3 meses com estatina de 10 a 20 mg diárias, com o objetivo de manter o colesterol total abaixo de 200 mg/dl e o LDL-colesterol abaixo de 120 mg/dl, obtendo um aumento do SHIM de 14,2 para 20,7 (p< 0,001), sugerindo que o tratamento da dislipidemia com atorvastatina poderia na verdade melhorar a DE, ao contrário do que os estudos clínicos anteriores apontavam. Mais recentemente, um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo identificou que pacientes que inicialmente não respondiam aos iPDE5, após fazerem uso de 80 mg diárias de atorvastatina, passaram a responder aos mesmos. Nesse estudo, com 12 homens randomizados, o domínio de função erétil do IIEF aumentou de 10,3 para 18,0 com sildenafila em pacientes tratados com atorvastatina (p<0,05), e nos que receberam placebo o aumento foi de 4,0 para 12,3( P=0,11) Tal estudo sugere que o uso prévio de estatina possa determinar uma modulação endotelial, potencializando a resposta aos iPDE520. Embora as conclusões sejam 35 limitadas por envolver um pequeno número de pacientes, tais dados geram a necessidade de que tal hipótese seja testada em pesquisas com um número maior de pacientes. Outro estudo apresentou dados semelhantes18. Nele, foram randomizados homens não responsivos à sildenafila para receber por três meses atorvastatina na dose de 40 mg diárias (n=12), quinaprila na dose de 10 mg diárias (n=10) ou placebo (n=13). Os pacientes foram avaliados pelo IIEF, Doppler de artéria braquial e níveis de PCRus. Quanto aos parâmetros ecográficos e à dosagem de PCRus, não houve diferença entre os grupos, mas a quinaprila aumentou significativamente o IIEF, sendo que com a atorvastatina houve tendência de melhora quanto ao domínio ereção do IIEF. Hong SK et al. publicaram um trabalho sobre o efeito do tratamento com estatina na recuperação da função erétil após prostatectomia radical com preservação de nervos21. Um total de 50 homens sem DE prévia e sem dislipidemia, submetidos à cirurgia, foram randomizados para receber, após a alta hospitalar, sildenafila sob demanda ou sildenafila sob demanda mais atorvastatina (10 mg diárias) por 90 dias. Os pacientes que receberam atorvastatina apresentaram aumento significativo no IIEF-5 (13,5 contra 10,6 nos que não receberam o medicamento, P=0,003), apresentando também menor proporção de DE, sugerindo que o uso de atorvastatina, após a prostatectomia radical com preservação nervosa, possa contribuir para uma melhor recuperação da função erétil. Entretanto, nesse estudo, não houve grupo placebo, o que pode limitar a interpretação dos resultados. Outra pesquisa22 avaliou 25 homens com DE e apenas dislipidemia como fator de risco presente. Os pacientes foram orientados a usar 10 mg diárias de atorvastatina e sildenafil, sob demanda, por um período total de 90 dias. Os pacientes foram avaliados em um modelo antes e depois com o IIEF, o qual demonstrou aumento 36 significativo em relação ao basal, principalmente após o uso de sildenafila. Entretanto, os resultados não incluíram um grupo controle, o que traz grande prejuízo metodológico e limita sobremaneira a interpretação dos dados. Em publicação recente23, os autores randomizaram 131 pacientes dislipidêmicos portadores de DE que inicialmente não respondiam à sildenafila para receber atorvastatina (40 mg diárias) ou placebo, enquanto permaneciam usando sildenafila sob demanda. Ao final de 12 semanas, os pacientes que receberam atorvastatina apresentaram aumento significativo no domínio ereção do IIEF (13,9 contra 10,5 do grupo placebo, P=0,001). Assim, temos um desenho teórico corroborando o uso de estatinas para o tratamento da DE de etiologia predominantemente vascular endotelial. Alguns estudos, ainda que com limitações metodológicas, apontam para um potencial benefício das estatinas para a melhora da DE em uma parcela selecionada de tais pacientes. Fundamenta-se, portanto, a elaboração de ensaios clínicos adicionais para melhor avaliar o desfecho de pacientes portadores de DE e de disfunção endotelial tratados com estatina. 37 Quadro 1 - Estudos disponíveis na literatura contemplando o efeito das estatinas sobre a ereção peniana Referência Rizvi K, 20026 Piora ereção x Sem relação ou indefinido Melhora ereção Comentário Revisão sistemática Estudos muito heterogêneos, envolvendo pacientes com inúmeras comorbidades Solomon H, 20067 x Estudo observacional prospectivo Forte viés de confusão com comorbidades associadas não avaliadas Carvajal A, 20068 x Relato de dados oriundos de agência de farmacovigilância de efeitos adversos Do C, 20099 x Relato de dados oriundos de agência de farmacovigilância de efeitos adversos 4S, 199410 x Ensaio clínico randomizado DE avaliada como efeito adverso Pedersen TR, 199911 Miner M, 200812 Dobs AS, 200013 x Carta ao editor x Revisão sistemática x Ensaio clínico randomizado Avaliou perfil hormonal Nangle MR, 200314 Castro MM, 200415 Morelli A, 200916 Rhoden EL, 200717 Bank AJ, 200618 x Estudo experimental x Estudo experimental x Estudo experimental x Estudo experimental x Ensaio clínico randomizado Tendência clínica observada x Estudo observacional x Ensaio clínico randomizado Poucos pacientes Hong SK, 200721 x Ensaio clínico randomizado Pós-prostatectomia radical Gokkaya SC, 200822 x Ensaio clínico não randomizado e sem grupo controle Dadkhah F, 201023 x Ensaio clínico randomizado Saltzman EA, 200419 Herrmann HC, 2006 20 38 1.8 HIPÓTESES 1.8.1 Hipótese nula Não há diferença de efeito sobre a ereção peniana entre o placebo e a sinvastatina em homens com DE e PCRus elevada. 1.8.2 Hipótese conceitual A sinvastatina condiciona melhora da função erétil em homens com DE e PCRus elevada por corrigir a disfunção endotelial. 39 1.9 OBJETIVOS O objetivo geral deste estudo é avaliar o efeito da sinvastatina no tratamento de pacientes com DE por disfunção endotelial definida através de medidas de PCRus. Como objetivos específicos, temos: 1. Comparar os resultados do Índice Internacional de Função Erétil (IIEF) e o Índice de Satisfação do Tratamento de DE (EDITS) em pacientes com DE e disfunção endotelial antes e após seis meses de tratamento com sinvastatina na dose de 20mg diárias ou placebo. 2. Comparar os resultados do IIEF e do EDITS em pacientes com DE e disfunção endotelial após seis meses de tratamento com sinvastatina na dose de 20mg ou placebo, com prescrição adicional de vardenafila na dose de10mg sob demanda por 30 dias. 40 1.10 JUSTIFICATIVA DE é a incapacidade persistente de obter ou manter ereção peniana adequada o suficiente para uma vida sexual satisfatória. Embora seja uma condição benigna, sem risco para a vida, está relacionada com o nível das relações interpessoais e com o nível de qualidade de vida. Afeta muitos homens, sendo, na verdade, sua prevalência provavelmente subestimada. Em estudo realizado no Brasil no ano de 2000, com 1.286 homens entre 40 e 70 anos avaliados quanto à função erétil, 48,8% apresentavam algum grau de DE44. No que tange ao tratamento da DE, dispomos de terapia psicológica, farmacológica e cirúrgica. O tratamento farmacológico inclui iPDE5, trazodona, papaverina, prostanglandina e fentolamina, que, entretanto, não constituem terapia curativa para o maior contingente de homens portadores de DE. Além disso, uma parcela significativa de homens com DE não responde às terapias medicamentosas orais hoje disponíveis. Na verdade, tais terapias não interferem na história natural da DE, uma vez que o tratamento a longo prazo persiste como uma grande lacuna a ser preenchida. Considera-se atualmente que a associação entre DE e disfunção endotelial (identificada por medidas de PCRus) esteja presente em uma parcela significativa de homens. O embasamento para a utilização de estatinas no tratamento desses homens encontra abrigo principalmente nos efeitos pleiotrópicos dessa classe de medicamentos, que apresenta ações anti-inflamatórias, antitrombóticas, vasodilatadoras, bem como possíveis efeitos sobre a angiogênese e a modulação da função endotelial. Com base no levantamento teórico apresentado, parece haver um espaço para pesquisas que avaliem um potencial benefício do uso de estatinas para o tratamento de homens com DE de etiologia baseada em disfunção endotelial. 41 1.11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Solomon H, Man JW, Jackson G. Erectile dysfunction and the cardiovascular patient: endothelial dysfunction is the common denominator. Heart 2003; 89: 251-3. 2. Kaya C, Uslu Z, Karaman I. Is endothelial function impaired in erectile dysfunction patients? Int J Impot Res 2006; 18: 55-60. 3. Imre K, Albert C, Janos T, et al. Correlation between flow-mediated dilation and erectile dysfunction. 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Lancet 2009; 373: 1175-82. 54 2 ARTIGO EM PORTUGÛES EFEITO DA SINVASTATINA NA EREÇÃO PENIANA DE PACIENTES COM PROTEÍNA C REATIVA ALTERADA: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO, DUPLO-CEGO E CONTROLADO POR PLACEBO (SIMVASTATIN TREATMENT FOR ERECTILE DYSFUNCTION – STED TRIAL) NCT00947323 Eduardo T. Mastalir, Gustavo F. Carvalhal, Vera L. Portal 55 2.1 RESUMO Introdução: Evidências recentes têm sugerido que a disfunção erétil (DE) possui uma forte correlação com a presença de disfunção endotelial. As estatinas apresentam um potencial benefício no tratamento de homens com DE através da modulação da função endotelial. Objetivos: Avaliar o efeito da sinvastatina para o tratamento da DE por disfunção endotelial. Pacientes e Métodos: Ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, para avaliar o uso de sinvastatina (20mg/dia) em pacientes portadores de DE e disfunção endotelial definida por níveis de proteína C reativa ultrassensível (PCRus) ≥1,1 mg/l. Os pacientes foram randomizados para receber sinvastatina 20mg diárias (n=21) ou placebo (n=20) por seis meses. Ao final de seis meses, os pacientes de ambos os grupos foram orientados a ingerir vardenafila 10mg duas vezes por semana sob demanda, durante quatro semanas. Os pacientes foram avaliados ao término dos seis meses de sinvastatina ou placebo, bem como após o uso de vardenafila, pelos questionários Índice Internacional de Função Erétil (IIEF) e Índice de Satisfação do Tratamento de DE (EDITS), além de uma pergunta sobre eficácia global. O estudo está registrado no ClinicalTrials.gov sob o número de identificação NCT00947323 (Simvastatin Treatment for Erectile Dysfunction – STED TRIAL). Resultados: A média de idade dos pacientes foi de 57,5 + 8,3 anos, sendo 89% da raça branca. Houve redução significativa nos níveis de colesterol total (20%, P=0,001), de LDL (30%, P<0,001) e de triglicerídeos (25%, P=0,017) no grupo sinvastatina. Não houve alteração do perfil hormonal dos pacientes. A redução dos níveis de PCRus no grupo sinvastatina foi de 32% (P=0,376), enquanto no grupo placebo foi de apenas 8,3% (P=0,266).O IIEF-5 aumentou de 13,33 + 6,33 para 22,77 + 3,68 (P<0,001), porém sem diferença em relação ao placebo (de 11,16 + 7,81 para 22,22 + 4,50, P=0,733). No início do estudo, 26% dos pacientes de ambos os grupos foram classificados como tendo DE de grau leve e 74% como DE moderada a severa. No final de sete meses, todos os pacientes tratados com sinvastatina evoluíram para DE de grau leve, enquanto que no grupo placebo somente 83% tinham evoluído para este grau de disfunção, ainda que sem significância estatística, mas com relevância clínica. Conclusão: A sinvastatina não foi estatisticamente superior ao placebo para melhorar a DE. Entretanto, a mudança observada na severidade da DE sugere que a sinvastatina possa contribuir para a melhora da função erétil de pacientes com DE e disfunção endotelial, embora a realização de estudos com maior número de pacientes seja necessária para detectar menores diferenças de variação da função erétil em relação ao placebo. Palavras chaves: disfunção erétil; proteína C reativa; estatina; sinvastatina; disfunção endotelial; vardenafila. 56 2.2 INTRODUÇÃO Evidências recentes têm sugerido que a disfunção erétil (DE) possui uma forte correlação com a presença de disfunção endotelial1-4. Obesidade, dislipidemia, tabagismo, sedentarismo, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes melito (DM) são fatores de risco para o desenvolvimento de disfunção vascular e consequente aterosclerose, frequentemente presentes em homens com DE5. Segundo Thompson et al., em algumas situações a DE pode inclusive antecipar o surgimento de doença vascular clinicamente manifesta4. Do ponto de vista fisiopatológico, a disfunção endotelial contribui para a DE principalmente por intermédio de alteração no metabolismo do óxido nítrico (NO)3. Frente a tal alteração, há deficiência progressiva no relaxamento da musculatura lisa do corpo cavernoso dependente do NO endotelial, diminuição do fluxo arterial peniano e consequente fibrose e degeneração da musculatura lisa do corpo cavernoso, resultando em graus variáveis de DE6-9. Estudos apontam que, em tais pacientes, níveis elevados de proteína C reativa ultrassensível (PCRus) indicam a presença de disfunção endotelial, estando inclusive seus níveis correlacionados com o escore de risco cardiovascular de Framingham10-15. As estatinas, por outro lado, apresentam efeitos além daqueles primariamente descritos para o tratamento da hipercolesterolemia, denominados de pleiotrópicos, tais como redução do risco de eventos cardiovasculares, bem como da mortalidade cardiovascular e geral, provavelmente através da atenuação da atividade inflamatória endotelial sistêmica e da regulação do metabolismo do NO16-19. Com base no entendimento atual da fisiopatogenia da DE e dos efeitos pleiotrópicos das estatinas, é que se torna racional o desenvolvimento de ensaios clínicos envolvendo o uso de tais medicamentos em homens com DE. Entretanto, 57 dados conflitantes da literatura têm sido publicados esparsamente a respeito da interação entre DE e estatinas. Estudos pioneiros sugeriam o desenvolvimento de DE em homens sob o uso de tais medicamentos20-23, enquanto outros não demonstraram associação19, 24-26. Mais recentemente, algumas pesquisas sugerem a possibilidade de melhora da DE em homens com disfunção endotelial tratados com estatinas27-36. Estudo-piloto randomizado, duplo-cego e controlado por placebo identificou pacientes que inicialmente não respondiam aos inibidores da 5-fosfodiesterase (iPDE5) e que após fazerem uso de estatina passaram a responder aos mesmos, sugerindo que o uso prévio de estatina possa determinar uma modulação endotelial, potencializando a resposta aos iPDE530. Assim sendo, parece haver espaço para pesquisas que avaliem o potencial benefício do uso de estatinas para tratamento de homens com DE por disfunção endotelial, principalmente no que diz respeito aos efeitos pleiotrópicos desta classe de medicamentos. O objetivo deste estudo é avaliar o efeito da sinvastatina na DE por disfunção endotelial através do Índice Internacional de Função Erétil (IIEF) e do Índice de Satisfação do Tratamento de DE (EDITS). 58 2.3 PACIENTES E MÉTODOS Ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, para avaliar o uso de sinvastatina (20mg/dia) em pacientes portadores de DE e disfunção endotelial. O estudo foi realizado em pacientes selecionados a partir do ambulatório de andrologia do Serviço de Urologia da Santa Casa de Porto Alegre, no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2007. O estudo está registrado no ClinicalTrials.gov sob o número de identificação NCT00947323 (Sinvastatin Treatment for Erectile Dysfunction – STED TRIAL). Após consulta de rastreamento no referido ambulatório, os pacientes préselecionados foram encaminhados para atendimento exclusivo com apenas um pesquisador. 2.3.1 Tamanho da Amostra A amostra foi calculada baseando-se em P alfa menor do 0,05 e P beta menor do 0,2, com diferença de resposta de 40% no IIEF entre os grupos, sendo necessário um total de 34 pacientes. 2.3.2 Critérios de Inclusão Foram incluídos todos os pacientes atendidos no ambulatório de andrologia da Santa Casa de Porto Alegre, entre 35 e 75 anos de idade, portadores de DE com níveis de PCRus ≥1,1 mg/l e que não tinham indicação médica de uso de estatina ou contraindicação para o uso da mesma. 2.3.3 Critérios de Exclusão Foram excluídos do estudo todos os pacientes com contra-indicação ao uso de estatinas, com infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral, DM, bem como qualquer doença inflamatória ou infecciosa diagnosticada e em atividade. Também foram excluídos aqueles submetidos à prostatectomia radical, à cirurgia ou à 59 radioterapia pélvicas e os abusadores de bebida alcoólica. Os pacientes não poderiam fazer uso de iPDE5 durante os primeiros seis meses do estudo. Caso isso ocorresse, o paciente seria excluído. 2.3.4 Ética em Pesquisa Médica Todos os pacientes foram orientados verbalmente e por escrito sobre o estudo e todos que concordaram em participar assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. O estudo foi avaliado, aprovado e acompanhado pelo comitê de ética em pesquisa da Santa Casa de Porto Alegre e do Instituto de Cardiologia / Fundação Universitária de Cardiologia. 2.3.5 Avaliação da Função Erétil A função erétil dos pacientes foi avaliada mediante resposta de questionários validados para tal fim, inclusive em língua portuguesa, IIEF e EDITS9, 37, 38 . Os pacientes foram avaliados antes e após seis meses do tratamento com sinvastatina ou placebo, bem como um mês após o uso sob demanda de vardenafila, através do IIEF e do EDITS; suas parceiras foram avaliadas com o EDITS após o uso de sinvastatina ou placebo e após o uso sob demanda da vardenafila. Ao término do estudo, os pacientes responderam à questão de eficácia global “o tratamento que você fez melhorou suas ereções?”. 2.3.6 Randomização dos Pacientes Após definida a inclusão no estudo, os pacientes foram randomizados através de sorteio, por uma pessoa externa ao estudo, para receber sinvastatina 20mg por via oral ou placebo. 2.3.7 Modo de Administração da Sinvastatina ou do Placebo Após a randomização, os pacientes foram orientados a ingerir uma cápsula de sinvastatina 20mg ou placebo por via oral em dose única noturna, por seis meses. A 60 medicação foi administrada por técnica de duplo-cego, através de frascos rotulados por uma farmacêutica responsável, sendo que nem o médico, nem o paciente sabiam qual medicamento estava em uso. O controle e a liberação dos medicamentos foram executados por farmacêutica externa ao estudo. A revelação da substância em uso somente ocorreu após análise estatística dos dados. 2.3.8 Administração de Vardenafila Todos os pacientes foram orientados a ingerir vardenafila 10mg uma hora antes da relação sexual, duas vezes por semana, durante quatro semanas, após os seis meses iniciais de sinvastatina ou de placebo. 2.3.9 Acompanhamento dos Pacientes Os pacientes foram reavaliados a cada dois meses, durante seis meses. Transcorrido este período, responderam ao IIEF e ao EDITS. A seguir, receberam vardenafila durante um mês, quando então foram avaliados novamente pelo IIEF e pelo EDITS. A avaliação do último paciente em estudo foi realizada em junho de 2008. Concluídos os sete meses de tratamento, os pacientes permaneceram em acompanhamento ambulatorial, recebendo tratamento padrão para DE. O acompanhamento e o monitoramento do estudo foram realizados por comitê externo, sem vínculo à pesquisa. Os efeitos adversos foram avaliados como qualquer evento relatado pelo paciente após o início da medicação em uso. 2.3.10 Avaliação dos Dados Os resultados foram analisados através do programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 17.0. A análise foi feita por intenção de tratamento, sem haver a revelação de qual medicamento o paciente recebeu. Os testes estatísticos aplicados foram: teste t de Student, Mann-Whitney, Wilcoxon Signed Rank, Qui-quadrado e ANOVA para medidas repetidas. 61 2.3.11 Amostra em Estudo Foram avaliados 263 pacientes, sendo randomizados 43 que obedeciam aos critérios de inclusão, não apresentaram critérios de exclusão e concordaram em assinar o termo de consentimento informado. Dois pacientes foram perdidos, um de cada grupo, por abandonarem o estudo, sem causa aparente. 62 2.4 RESULTADOS Foram acompanhados 41 pacientes com média de idade de 57,5 + 8,3 anos, sendo 89% da raça branca. As características basais dos pacientes randomizados estão apresentadas na Tabela 1, que demonstra não haver diferença entre os grupos após a randomização. O IMC não variou significativamente, passando de 28,44 para 28,41 no grupo de placebo e de 27,40 para 27,68 no de sinvastatina (P=0,556). A Tabela 2 e a Figura 1 demonstram que, embora não significativa, a queda dos níveis de PCRus no grupo sinvastatina foi de 32%, enquanto no grupo placebo tal redução foi de apenas 8,3%. A Tabela 2 demonstra que houve redução significativa nos níveis de colesterol total, LDL e triglicerídios no grupo sinvastatina. Quanto ao colesterol total, houve aumento de 1,2% no grupo placebo, enquanto o grupo sinvastatina apresentou diminuição de 20,1%. Já os níveis de colesterol LDL reduziram apenas 1% no grupo placebo, mas 30% no grupo sinvastatina, enquanto os triglicerídeos decresceram 13% no grupo placebo e 25% no grupo sinvastatina. Não houve diferença entre os grupos após seis meses de tratamento quanto aos níveis de testosterona, LH, FSH, prolactina e estradiol. Houve melhora da função erétil após seis meses de tratamento com sinvastatina 20mg e com placebo, bem como após vardenafila, mas não houve diferença entre os dois grupos, conforme visualizado na Tabela 3. A Figura 2 demonstra a evolução do IIEF Ereção ao longo do tempo em ambos os grupos. A tabela 4 demonstra que, embora não tenha havido diferença significativa entre os grupos, no início do estudo, 73,6% e 73,7% dos pacientes do grupo 63 sinvastatina e placebo, respectivamente, tinham DE moderada a severa. Após seis meses de tratamento com sinvastatina, 100% dos pacientes tinham evoluído para DE leve em comparação a 83,3% do grupo placebo. Em relação aos efeitos adversos, dois pacientes do grupo placebo relataram eventos (um caso insônia e outro dispepsia). Um paciente no grupo da sinvastatina referiu insônia. 64 Tabela 1 - Características basais dos pacientes randomizados Placebo (n=20) 56,45 + 6,88 Sinvastatina 20mg (n=21) 58,43 + 9,72 0,221 17,00 (9,00-24,00) 2,89 (1,98-4,93) 24,00 (10,00-24,00) 3,81 (2,08-7,76) 0,504 0,584 27,87 + 3,33 10,00 (50%) 14,00 (70%) 27,63+ 4,22 11,00 (52,40%) 12,00 (57,10%) 0,138 0,563 0,299 CTa (mg/dl) LDL-Ca (mg/dl) HDL-Ca (mg/dl) Triglicerídeosb (mg/dl) 194,26 + 43,12 117,20 + 31,48 46,21 + 11,85 129,00 (74-158) 220,33 + 56,21 140,80 + 45,56 48,38 + 8,87 128,00 (102-199) 0,550 0,484 0,356 0,540 Testosterona totala (ng/dl) Estradiola (pg/ml) FSHb (mIU/ml) LHb (mIU/ml) Prolactinaa (ng/ml) 432,20 + 109,41 470,90 + 171,30 0,208 22,16 + 9,98 5,10 (3,5-6,6) 3,55 (2,85-5,45) 6,47 + 3,78 23,55 + 8,87 4,40 (3,0-8,0) 3,75 (2,53-5,78) 5,52 + 1,97 0,728 0,670 0,946 0,188 Idadea (anos) Tempo de DEb (meses) PCRusb (mg/l) IMCa HASc (n;%) Tabagismoc (n;%) P IIEF15a 31,47 + 17,43 35,31+ 13,38 0,173 IIEF – 5 (ereção) a 10,73 + 7,82 12,73 + 6,68 0,476 a IIEF (intercurso) 5,52 + 3,92 6,26 + 3,75 0,552 IIEF(orgasmo) a 5,00 + 3,17 5,42 + 3,07 0,440 a IIEF(desejo) 5,42 + 2,58 6,05 + 1,98 0,226 IIEF(satisfação geral) a 4,78 + 2,52 4,84 + 2,11 0,471 Tempo de DE= Tempo de Disfunção Erétil; PCRus= Proteína C Reativa Ultrassensível; IMC= Índice de Massa Corporal; HAS= Hipertensão Arterial Sistêmica; CT= Colesterol Total; LDL-C= LDL colesterol; HDL-C= HDL colesterol; FSH= Hormônio Folículo Estimulante; LH= Hormônio Luteinizante; IIEF= Índice Internacional de Função Erétil a – valores expressos em média + desvio-padrão; b – valores expressos em mediana (valores de percentil 25-75); c – valores expressos em número absoluto (percentagem). 65 Tabela 2 - Perfil inflamatório, lipídico e hormonal após seis meses de tratamento com sinvastatina Placebo (n=20) Sinvastatina 20mg (n=21) PCRusa (mg/l) Basal Após 06 meses 2,89 (1,98-4,93) 2,65 (1,82-4,56) 3,81 (2,08-7,76) 2,59 (1,50-5,30) Placebo – 0,266 Sinvastatina – 0,376 CTb (mg/dl) Basal Após 06 meses 196,76 + 44,48 199,29 + 50,87 215,83 + 53,55 172,28 + 49,73 Placebo – 0,801 Sinvastatina – 0,001 LDL-Cb (mg/dl) Basal Após 06 meses 119,47 + 32,65 118,24 + 31,87 142,00 + 46,96 100,06 + 44,25 Placebo – 0,861 HDL-Cb (mg/dl) Basal Após 06 meses 46,60 + 12,86 49,07+ 15,30 48,31+ 7,99 51,63 + 8,44 129,00 (74-158) 112,00 (85-169) 128,00 (102-199) 96,00 (72-127) 443,81+ 114,60 441,19+ 112,63 487,76+ 179,08 420,00+ 118,76 0,781 21,80 + 8,75 25,55 + 8,01 24,86 + 8,73 26,86 + 12,36 0,684 5,10 (3,5-6,60) 5,60 (3,8-6,60) 4,40 (3,0-8,0) 3,70 (2,50-7,90) Placebo – 0,178 Sinvastatina – 0,758 3,55 (2,85-5,45) 4,00 (3,00-5,00) 3,75 (2,53-5,78) 4,00 (3,00-5,00) Placebo – 0,840 Sinvastatina – 0,538 6,57 + 3,98 6,55 + 3,69 5,41 + 1,91 5,54 + 2,07 Triglicerídeosa (mg/dl) Basal Após 06 meses Testosteronab (ng/dl) Basal Após 06 meses Estradiolb (pg/ml) Basal Após 06 meses FSHa (mIU/ml) Basal Após 06 meses LHa (mIU/ml) Basal Após 06 meses Prolactinab (ng/ml) Basal Após 06 meses P Sinvastatina – <0,001 0,109 Placebo – 0,811 Sinvastatina - 0,017 0,870 PCRus= Proteína C Reativa Ultrassensível; CT= Colesterol Total; LDL-C= LDL colesterol; HDL-C= HDL colesterol; FSH= Hormônio Folículo Estimulante; LH= Hormônio Luteinizante a - valores expressos em mediana (valores de percentil 25-75); b – valores expressos em média + desvio-padrão. 66 Tabela 3 - Função Erétil de acordo com os questionários aplicados e o tempo de avaliação Placebo (n=20) Sinvastatina 20mg (n=21) P IIEF15a Basal Após 06 meses Após Vardenafila 32,72 + 17,04 40,05 + 20,17(+22%)c 54,55 + 12,36 (+66%) c 36,22 + 13,15 41,50 + 16,81 (+14%) c 56,61 + 7,87(+56%) c Tempo: <0,001 Grupo: 0,581 Tempo*Grupo: 0,890 IIEF – 5 (Ereção) a Basal Após 06 meses Após Vardenafila 11,16 + 7,81 15,00 + 8,76 (+34%) c 22,22 + 4,50 (+99%) c 13,33 + 6,33 15,66 + 7,07 (+17%) c 22,77 + 3,68 (+70%) c Tempo: <0,001 Grupo: 0,515 Tempo*Grupo: 0,733 IIEF (Intercurso) a Basal Após 06 meses Após Vardenafila 5,77 + 3,87 7,27 + 4,59 (+25%) 10,55 + 2,54 (82%) 6,44 + 3,77 7,38 + 4,01 (+14%) 10,22 2,04(+58%) Tempo: <0,001 Grupo: 0,883 Tempo*Grupo: 0,665 IIEF(Orgasmo) a Basal Após 06 meses Após Vardenafila 5,27 + 3,02 6,00 + 3,77 (+13%) c 7,44 2,61 (+41%) c 5,50 + 3,14 5,94 + 3,24 (8%) c 8,22 1,35 (+49%) c Tempo: <0,001 Grupo: 0,697 Tempo*Grupo: 0,701 IIEF(Desejo) a Basal Após 06 meses Após Vardenafila 5,55 + 2,59 5,55 + 2,63 (0) c 6,77 + 2,21 (+21%) c 5,94 + 1,98 6,44 + 2,00(8%) c 7,22 + 1,43 (+21%) c Tempo: 0,003 Grupo: 0,355 Tempo*Grupo: 0,680 4,94 + 2,50 6,22 + 2,98 (+25%) c 7,55 + 2,53 (+52%) c 5,00 + 2,05 6,05 + 2,68 (+21%) c 8,16 + 1,61 (+63%) c Tempo: <0,001 Grupo: 0,768 Tempo*Grupo: 0,715 EDITS PACIENTE a Após 06 meses Após Vardenafila 63,23 + 24,66 82,63 + 13,83 (+30%) c 71,89 + 14,30 80,97 + 16,76 (+12%) c Tempo: <0,001 Grupo: 0,463 Tempo*Grupo: 0,170 EDITS PARCEIRA a Após 06 meses Após Vardenafila 58,57 + 29,05 77,85 + 25,16 (+33%) c 70,00 + 17,54 79,73 + 13,37 (+14%) c Tempo: 0,016 Grupo: 0,295 Tempo*Grupo: 0,402 8,00 (40%) 8,00 (38%) IIEF(Satisfação geral) a Basal Após 06 meses Após Vardenafila Satisfação globalb (06 meses) Houve melhora? Sim 0,631 IIEF= Índice Internacional de Função Erétil; EDITS= Índice de Satisfação do Tratamento de Disfunção Erétil a – valores expressos em média + desvio-padrão; b – valores absolutos (percentual); c – variação percentual dos valores em relação tempo basal. 67 Tabela 4 - Severidade da DE, estratificada pelo IIEF, de acordo com o momento de avaliação IIEF basal Severo Moderado Leve Placebo (n=20) Sinvastatina 20mg (n=21) 52,6% 21,1% 26,3% 36,8% 36,8% 26,3% 0,510 16,7% 38,9% 44,4% 0,330 0 0 100% 0,228 IIEF 06 meses Severo 38,9% Moderado 27,8% Leve 33,3% IIEF Vardenafila Severo 0 Moderado 16,7% Leve 83,3% IIEF= Índice Internacional de Função Erétil. P 68 4,5 P= 0,376 4 PCRus (mg/l) 3,5 3 2,5 Placebo P= 0,266 Sinvastatina 2 1,5 1 0,5 0 Basal 06 meses Tempo de avaliação Figura 1 - Evolução dos níveis de PCRus ao longo do tempo, de acordo com grupo sinvastatina ou placebo 69 25 P=0,733 IIEF Ereção 20 15 Placebo 10 Sinvastatina 5 0 Basal 06 meses Vardenafila Tempo de avaliação Figura 2 - Evolução do Índice Internacional de Função Erétil domínio Ereção ao longo do tempo, de acordo com grupo sinvastatina ou placebo 70 2.5 DISCUSSÃO Os resultados deste estudo demonstram que a sinvastatina não determinou melhora estatisticamente significativa da função erétil em relação ao placebo. Podemos observar, entretanto, que no início do estudo, 26% dos pacientes de ambos os grupos foram classificados como tendo DE de grau leve e 74%, aproximadamente, como portadores de DE moderada a severa. No final de sete meses, todos os pacientes tratados com sinvastatina tinham evoluído para DE de grau leve, enquanto que no grupo placebo somente 83% tinham evoluído para este grau de disfunção, ainda que sem significância estatística, mas com relevância clínica. Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos com relação à redução nos níveis de PCRus. No entanto, o grupo tratado com sinvastatina 20mg apresentou uma queda de 32% da PCRus, enquanto no grupo placebo a redução foi de apenas 8%. Porém, esta diminuição parece não ter sido suficiente para determinar diferença significativa entre os grupos em relação à função erétil. Quanto à modificação no perfil lipídico, entretanto, ficou bem evidente que a sinvastatina reduziu significativamente os níveis de colesterol total, de LDL e de triglicerídeos. Em relação à função erétil, nossos resultados são contrários às hipóteses de trabalhos anteriores que aventaram a possibilidade de as estatinas desencadearem DE. Na verdade, nestes estudos, a maioria relatos de casos ou pequenas séries históricas, havia seleção de pacientes muito doentes e com inúmeras morbidades associadas, confundindo uma criteriosa avaliação da DE20-23. Em outras publicações, considerouse que a relação entre o uso de estatinas e o desenvolvimento de DE fosse na verdade um tema indefinido19, 24-26 . No nosso estudo, com pacientes sem doença vascular 71 clinicamente manifesta e sem comorbidades associadas, a sinvastatina demonstrou ser segura, eficaz em reduzir os níveis de colesterol e ocasionou a melhora da DE, embora não estatisticamente superior ao observado no grupo placebo, sem determinar alteração dos níveis de testosterona e demais hormônios avaliados. Em relação à manutenção dos níveis hormonais, nossos resultados encontram substrato fisiológico nos estudos de Dobs et al.26, no qual os autores identificaram que pacientes tratados com pravastatina 40mg, sinvastatina 20 e 40mg ou placebo não apresentaram diferenças nas medidas de testosterona total e livre. A DE atualmente é muito discutida sob o enfoque da disfunção endotelial. Sabe-se que em cerca de 50% dos homens com DE acima de 50 anos existe associação com doença vascular5. Entende-se que a ereção peniana ocorra como resultante do aumento da pressão sanguínea dentro do corpo cavernoso, dependente de um mecanismo central e outro periférico39-41. Ao nível central, os principais neurotransmissores excitatórios são dopamina, acetilcolina, prostanóides, ocitocina e o peptídeo intestinal vasoativo, enquanto os inibitórios são a noradrenalina, os opióides e as endotelinas42. Ao nível peniano, a ereção é obtida por vasodilatação arteriolar e relaxamento do músculo liso cavernoso, mediados pelas vias da adenilato ciclase (AMPc) e da guanilato ciclase (GMPc), a partir da L-arginina endógena, através de reação catalizada pela NO sintase, resultando na liberação e ação do NO neurogênico e endotelial43. A elevação intracelular de AMPc e GMPc na musculatura lisa determina o movimento do cálcio para o interior do retículo sarcoplasmático, causando diminuição do cálcio citoplasmático e consequente relaxamento da musculatura lisa peniana e vasodilatação arterial, resultando em ereção peniana39. 72 Alguns autores demonstram a correlação de DE e disfunção endotelial pela presença de fatores de risco em comum com doenças cardiovasculares, por desfechos clínicos vasculares presentes em parcela significativa destes pacientes, por achados ecográficos com Doppler arterial, por marcadores de função endotelial tais como PCRus e por escores de risco, tais como o de Framingham10-15. Postula-se, que na presença de fatores de risco, ocorra a disfunção endotelial e suas consequências sejam sentidas sobre todo o leito endotelial vascular, inclusive no pênis. Com tal disfunção, há alteração do metabolismo do NO no corpo cavernoso peniano, determinando estado de vasoconstrição arteriolar, com diminuição do aporte sanguíneo e consequente deficiência de ereção peniana. Neste sentido é que a utilização das estatinas e a obtenção de seus efeitos pleiotrópicos, principalmente sobre o leito endotelial vascular, possa ser relevante para o manejo de pacientes com DE e disfunção endotelial. Nosso estudo abordou o uso de estatina em pacientes potencialmente saudáveis, sendo a alteração existente baseada na disfunção endotelial identificada pela elevação de PCRus. O estudo JUPITER demonstrou a segurança e a eficácia do uso de estatina em prevenção primária, selecionando pacientes pelos níveis de PCRus44. Neste estudo, os autores concluíram que a redução de LDL e de PCRus com rosuvastatina 20mg diárias determinou uma diminuição significativa em relação ao placebo de desfechos cardiovasculares em homens e mulheres saudáveis. Conhecendo os resultados do estudo JUPITER, pode-se pensar que o ponto de corte adotado para o nível de PCRus (> 1,1 mg/l) tenha sido baixo. No entanto, a PCRus média basal, no nosso estudo, foi de 5,41 mg/l. Alguns autores demonstraram que o tratamento de dislipidemia com estatinas pode determinar melhora da DE em pacientes selecionados27, 29-33 36. As explicações 73 de como as estatinas poderiam melhorar a DE baseiam-se principalmente nos efeitos pleiotrópicos desta classe de medicamentos8, 16, 43, 45. Dentre tais efeitos são destacadas a estabilização e a posterior diminuição da placa aterosclerótica, a melhora da função endotelial e a regulação da produção de NO com consequente vasodilatação arteriolar, diminuição da atividade inflamatória, estresse oxidativo e eventos trombóticos. A literatura sugere que o uso de estatina possa modular a resposta aos iPDE5, fazendo com que pacientes inicialmente não responsivos aos iPDE5 se beneficiem destas medicações, principalmente através de mecanismo mediado pelo NO29–32, 36. Nossos resultados não apontam para este efeito de melhor resposta aos iPDE5 após o uso de sinvastatina, embora os estudos que sinalizam para esta modulação endotelial tenham utilizado atorvastatina27, 29, 30, 32, 33, 36 . Dois estudos randomizados e controlados por placebo, utilizando atorvastatina 40 e 80mg30, 36 identificaram que os homens inicialmente não responsivos aos iPDE5 passaram a responder a tal medicação após o uso da estatina. Este último 36 demonstrou que os pacientes que receberam atorvastatina apresentaram diferença significativa no domínio ereção do IIEF (13,9 contra 10,5 do grupo placebo, P=0,001). Outro estudo 31 randomizou 35 homens sem resposta satisfatória à sildenafila para receberem atorvastatina 40mg, quinaprila 10mg ou placebo. Os resultados mostraram uma forte tendência de melhora da DE com o uso da atorvastatina. É possível que o efeito principal sobre DE e modulação endotelial para melhor resposta aos iPDE5 seja um benefício específico relacionado à potência da estatina utilizada. Isto pode ser sugerido por três ensaios clínicos randomizados utilizando atorvastatina (de 40 a 80 mg diárias) que demonstraram, após menos de seis meses do uso da medicação, melhora da DE significativa em relação ao placebo30, 31, 36 . Um estudo33 avaliou 50 homens sem DE prévia e sem dislipidemia submetidos à 74 prostatectomia radical, randomizados para receber sildenafila sob demanda ou sildenafila sob demanda mais atorvastatina 10mg diárias por 90 dias. Os pacientes que receberam atorvastatina apresentaram um aumento significativo no IIEF-5 (13,5 contra 10,6 nos pacientes que não receberam atorvastatina, P=0,003), sugerindo que o uso desse medicamento após a prostatectomia radical com preservação nervosa possa contribuir para melhor recuperação da função erétil. Entretanto, nesse estudo não houve grupo placebo, o que pode limitar a interpretação dos resultados. Outro ponto a ser considerado é que os benefícios mais significativos para DE com sinvastatina possam ser atingidos com doses maiores, tais como 40mg, ou ainda que a diferença entre os grupos possa ser menor do que 40%, o que determina a necessidade de um maior número de pacientes para avaliação. É possível que, com a dose de sinvastatina administrada, não tenhamos atingido efeito robusto de melhora da função endotelial para determinar diferença na função erétil em relação ao placebo. Tais questões poderiam ser melhor elucidadas com ensaios clínicos avaliando sinvastatina em doses maiores ou outra estatina mais potente. Assim, a sinvastatina não foi estatisticamente superior ao placebo para melhorar a DE. Entretanto, a mudança observada na severidade da DE sugere que a sinvastatina possa contribuir para a melhora da função erétil de pacientes com DE e disfunção endotelial, embora a realização de estudos com maior número de pacientes seja necessária para detectar menores diferenças de variação da função erétil em relação ao placebo. 75 2.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Solomon H, Man JW, Jackson G. Erectile dysfunction and the cardiovascular patient: endothelial dysfunction is the common denominator. Heart 2003; 89: 251-3. 2. Kaya C, Uslu Z, Karaman I. Is endothelial function impaired in erectile dysfunction patients? Int J Impot Res 2006; 18: 55-60. 3. Imre K, Albert C, Janos T, et al. Correlation between flow-mediated dilation and erectile dysfunction. 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N Engl J Med 2005; 352: 29-38. 81 3 ARTIGO EM INGLÊS – (The Journal of Urology® - Fator de Impacto 3.952) THE EFFECT OF SIMVASTATIN ON PENILE ERECTION IN PATIENTS WITH ALTERED C-REACTIVE PROTEIN: RANDOMIZED, DOUBLE BLIND, PLACEBO CONTROLLED CLINICAL TRIAL (SIMVASTATIN TREATMENT FOR ERECTILE DYSFUNCTION) NCT00947323 Eduardo T. Mastalir1, Gustavo F. Carvalhal 2, Vera L. Portal 3 1 Urology Division from Santa Casa de Porto Alegre and Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia Rio Grande do Sul, Brazil 2 Urology Division from PUCRS and Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia, Brazil 3 Cardiology Division from Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia, Brazil Key words: erectile dysfunction; C-reactive protein; statin; simvastatin; endothelial dysfunction; vardenafil. 82 Abstract Purpose: Evaluate the effect of simvastatin in erectile dysfunction (ED) resulting from endothelial dysfunction. Materials and Methods: Double blind, randomized, placebo-controlled clinical trial to evaluate the use of simvastatin (20mg/day) in patients with ED and endothelial dysfunction defined by ultrasensitive C-reactive protein (usCRP) levels ≥1.1 mg/L. The patients were randomized by a random drawing of lots to receive simvastatin (n=21) or placebo (n=20) orally for six months. After the six months, the patients of both groups were oriented to intake 10mg of vardenafil orally under demand for four weeks. The patients were evaluated through the questionnaires International Index of Erectile Dysfunction (IIEF) and the ED Index of Treatment Satisfaction (EDITS). Results: There was a significant reduction in the simvastatin group of the total cholesterol. The hormonal profile remained unaltered. The reduction of the usCRP levels in the simvastatin group was 32% (P=0.376), while in the placebo group this reduction was 8.3% (P=0.266). The IIEF-5 improved significantly from 13,33 + 6,33 to 22,77 + 3,68 (P<0,001), although without difference to placebo (from 11,16 + 7,81 to 22,22 + 4,50, P=0,733). In the beginning, 26% of the patients of both groups presented with mild ED and 74% with moderate to severe ED; at the end of the seventh month, all of the patients from simvastatin group evaluated to mild ED, while only 83% in the placebo group evaluated so. Conclusion: The simvastatin did not determine a statistically significant improvement of erectile function compared to the placebo. However, the evolution observed in the severity of ED suggests that simvastatin may help improve the erectile function of patients with ED and endothelial dysfunction. Additional studies with more patients will be necessary. 83 Introduction Recent evidence has suggested that erectile dysfunction (ED) is strongly correlated with the presence of endothelial dysfunction1, 2, such as coronary atherosclerotic disease. Obesity, dyslipidemia, smoking, sedentarism, systemic arterial hypertension (SAH) and diabetes (DM) are risk factors for the development of vascular dysfunction and consequently atherosclerosis, often present in men with ED3. According to Thompson et al., in some situations ED can even precede the onset of clinically manifested vascular disease2. The endothelial dysfunction contributes to ED mainly through a change in the nitric oxide (NO) metabolism. When such a change occurs, there is progressive deficiency in the relaxation of the smooth muscles of the corpus cavernosum that depends on endothelial NO, reduction of penile arterial flow and consequently fibrosis and degeneration of the smooth muscles of the corpus cavernosum, resulting in variable degrees of ED. According to some studies, in these patients high levels of ultrasensitive C-reactive protein (usCRP) indicate the presence of endothelial dysfunction, and their levels are even correlated with the Framingham cardiovascular risk score4-6. Statins, on the other hand, have effects beyond those primarily described for the treatment of hypercholesterolemia, called pleiotropic, such as reduction of the risk of cardiovascular events, as well as of cardiovascular and general mortality, probably by up-regulation of the systemic vascular endothelial activity and the NO metabolism7, 8. The current knowledge of the physiopathogeny of ED and of the pleiotropic effects of statins is the base to develop clinical trials involving the use of such medications in men with ED. However, conflicting data in the literature have been sparsely published about the interaction between ED and statins. More remote studies 84 would suggest that ED develops in men using statins9-12, while others did not demonstrate an association8, 13-15 . Recently, some studies suggest the possibility of improving ED in men with endothelial dysfunction using these medications16-26. In this way, there appears to be space for research evaluating a potential benefit of statin use in the treatment of men with ED determined by endothelial dysfunction, especially as regards the pleiotropic effects of this class of medications. The objective of this study is to evaluate the effect of simvastatin in ED resulting from endothelial dysfunction applying the questionnaires International Index of Erectile Dysfunction (IIEF), and the ED Index of Treatment Satisfaction (EDITS). 85 Materials and Methods A double blind, randomized, placebo-controlled clinical trial to evaluate the use of simvastatin (20mg/day) in patients with ED and endothelial dysfunction. The study was performed in patients selected at an andrology outpatient clinic of the Urology Division of Santa Casa de Porto Alegre, during the period from January 2006 to December 2007. The study is registered at ClinicalTrials.gov under identification number NCT00947323 (Simvastatin Treatment for Erectile Dysfunction – STED TRIAL). After a screening visit to the outpatient clinic, the pre-selected patients were referred for exclusive attention to a single researcher. Sample size The sample size was calculated based on a P alpha smaller than 0.05 and P beta smaller than 0.2 with a response difference of 40% in the IIEF between the groups; a total of 34 patients were needed. Inclusion criteria We included all of the patients with ED seen at the andrology outpatient clinic at Santa Casa de Porto Alegre aged 35 to 75 years, with levels of PCRus ≥1.1 mg/L and no medical indication for the use of statin or contraindication for its use. Exclusion criteria All of the patients who had acute myocardial infarction or stroke, DM, Peyronie’s disease, hypogonadism and any inflammatory or infectious disease diagnosed and active were excluded, as well as those who had undergone radical prostatectomy, pelvic surgery or radiation therapy and alcohol abusers. The patients could not use iPDE5 during the first six months of the study. Those who did were excluded. 86 Ethics in medical research All of the patients were oriented about the study verbally and in writing, and all those who agreed to participate signed the free and informed letter of consent. The study was evaluated, approved and followed by the committee on ethics in research at Santa Casa de Porto Alegre and at the Instituto de Cardiologia / Fundação Universitária de Cardiologia. Evaluation of erectile function The patients’ erectile function was evaluated by IIEF and EDITS before and after six months of treatment with simvastatin or placebo and after using vardenafil under demand. At the end of the study, the patients answered the question about overall efficacy “Did the treatment you underwent improve your erections?” Randomization of the patients After inclusion in the study was defined, the patients were randomized by a random drawing of lots, by a person outside the study, to receive simvastatin 20mg or placebo orally. Mode of administration of simvastatin or placebo After randomization, the patients were told to intake 20mg simvastatin capsule or placebo orally, in a single dose at night for six months. The medication was administered by double blind technique, using flasks labeled by a pharmacist responsible for this, and neither the doctor nor the patient knew which medication was being used. Control and release of medications were performed by a pharmacist who was not part of the study. The substance used was only revealed after statistical analysis of the data. Administration of Vardenafil 87 All of the patients were oriented to intake 10mg of vardenafil one hour before sexual intercourse, twice a week, for four weeks, after the initial six months of simvastatin or placebo. Patient follow-up The patients were reevaluated every two months, for six months. After this period, they answered the IIEF and EDITS. Then they received vardenafil for one month, after which they were evaluated again by IIEF and EDITS. The evaluation of the last patient in the study was performed in June 2008. Once the seven months of treatment were over, the patients remained under out-patient follow-up, receiving standard treatment for ED. The follow up and monitoring of the study was performed by an external committee, unconnected to the research study. The adverse effects were evaluated like any event reported by the patient after the medication began to be used. Data evaluation The results were analyzed by the statistical software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), version 17.0. Analysis was performed by intention to treat, without revealing which medication the patient had received. The statistical tests applied were: Student t test, Mann-Whitney test, Wilcoxon Signed Rank, Chi-square and ANOVA for repeated measures. Sample studied Two hundred and sixty-three patients were evaluated, and 43 were randomized who obeyed the inclusion criteria, did not present exclusion criteria and agreed to sign the letter of informed consent. Two patients were lost, one from each group, because they dropped out of the study without an apparent cause. 88 Results Forty-one patients were followed. Their mean age was 57.5 + 8.3 years, 89% of them Caucasian. The baseline characteristics of the randomized patients are shown in Table 1, which demonstrates that there were no differences among the groups after randomization. Table 2 and Figure 1 show that, although non-significant, the reduction of the usCRP levels in the simvastatin group was 32%, while in the placebo group this reduction was 8.3%. Table 2 also shows that there was a significant reduction in the total cholesterol, LDL and triglycerides levels in the simvastatin group. There was no difference between the groups after six months of treatment as to the levels of testosterone, LH, FSH, prolactin and estradiol. The BMI did not vary significantly, going from 28.44 to 28.41 in the placebo group and from 27.40 to 27.68 in the simvastatin group (P=0.556). Erectile function improved after six months of treatment with simvastatin 20mg and with placebo, and also after vardenafil, but there was no difference between the two groups, according to IIEF and EDITS, as seen in Table 3. Figure 2 shows the evolution of IIEF Erection over time in both groups Table 4 shows that, although there was no significant difference between the groups at the beginning of the study, 73.6% and 73.7% of the patients in the simvastatin and placebo group, respectively, had moderate to severe ED. After six months of treatment with simvastatin, 100% of the patients had evolved to mild ED compared to 83.3% of the placebo group. 89 As to adverse effects, two patients in the placebo group reported events (one case of insomnia and the other dyspepsia). A patient in the simvastatin group mentioned insomnia. 90 Discussion The results of this study show that simvastatin did not determine a statistically significant improvement of erectile function compared to the placebo. We can see, however, that at the beginning of the study, 26% of the patients in both groups were classified as having mild ED and 74% approximately as having moderate to severe ED. At the end of seven months, all of the patients treated with simvastatin had evolved to mild ED, while in the placebo group only 83% had evolved to this degree of dysfunction, even though without statistical significance. There was no statistically significant difference between the groups as regards reduction in the usCRP levels. However, the group treated with simvastatin 20mg presented a 32% reduction, while the placebo group presented a reduction of only 8%. This reduction appears not to have been enough to determine a significant difference in erectile dysfunction between the groups. As to change in the lipid profile it became very clear that simvastatin at the 20mg dose significantly lowered the total cholesterol, LDL and triglyceride levels. As to erectile dysfunction, our results are the opposite of previous working assumptions which suggested the possibility that the statins could trigger ED. Actually, in these studies, most of which were case reports or small historical series, there was a selection of very ill patients, and with many associated morbidities, confounding a careful evaluation of ED9-12. In other publications, it was considered that the relationship between the use of statins and the development of ED is actually an undefined topic8, 13-15. In our study, with patients without a clinical manifestation of vascular disease and no associated comorbidities, simvastatin proved safe and effective to reduce the cholesterol levels. It led to the improvement of ED, although 91 not statistically superior to that observed in the placebo group, without determining a reduction in the levels of testosterone and the other hormones evaluated. As to maintaining the hormone levels, our results find a physiological substrate in the studies by Dobs et al.15, in which patients treated with pravastatin 40 mg, simvastatin 20 and 40 mg or placebo did not present differences in the measures of total and free testosterone. ED is currently much discussed from the perspective of endothelial dysfunction. It is known that in about 50% of men with ED above the age of 50 years, there is an association with vascular disease. At the level of the penis, erection is obtained by arteriolar vasodilation and relaxation of cavernous smooth muscle, mediated by the pathways of adenilate cyclase (AMPc) and guanilate cyclase (GMPc) from endogenous L-arginine, through a reaction catalysed by NO synthase, resulting in the release and action of neurogenic and endothelial NO. The intracellular elevation of cAMP and cGMP in the smooth muscles determines the movement of calcium into the sarcoplasmatic reticulum, causing the reduction of cytoplasmatic calcium and consequent relaxation of the penile smooth muscles and arterial vasodilation, resulting in penile erection3. Many authors show the correlation of ED and endothelial dysfunction by the presence of risk factors in common with cardiovascular diseases, by vascular clinical outcomes present in a significant number of these patients, by ultrasound findings with arterial Doppler, by endothelial function markers such as usCRP and by risk scores, such as the Framingham4-6. It is postulated that endothelial dysfunction occurs in the presence of risk factors, and its consequences are felt throughout the vascular endothelial bed, including the penis. In this dysfunction, there is a change in the NO 92 metabolism in the penile corpus cavernosum, determining a state of arteriolar vasoconstriction, with a reduction of the blood inflow and consequent deficiency in penile erection. In this sense, the use of statins and obtaining their pleiotropic effects may be relevant for the management of patients with ED and endothelial dysfunction. Our study looked at the use of statin in potentially healthy patients, and the existing change is based on the endothelial dysfunction identified by the elevation of usCRP. The JUPITER study showed the safety and efficacy of the use of statin in primary prevention, selecting patients according to the usCRP levels27. In this study, the authors concluded that the reduction of LDL and PCRus with rosuvastatin 20 mg daily determined a significant reduction, compared to the placebo, of cardiovascular outcomes in healthy men and women. Knowing the results of the JUPITER study, one might think that the cutoff point adopted for the usCRP level (above 1.1 mg/L) was low. However, the mean baseline usCRP in our study was 5.41 mg/L. Some authors showed that the treatment of dyslipidemia with statins can determine the improvement of ED in selected patients16, 18, 19, 21-23, 26. The explanations of how statins could improve ED are based mainly on the pleiotropic effects of this class of medications, i.e., effects that go beyond simply lowering the cholesterol levels7, 8. Outstanding among these effects are stabilization and posterior reduction of the atherosclerotic plaque, improved endothelial function and regulation of NO production, with consequent arteriolar vasodilation, diminished inflammatory activity, oxidative stress and thrombotic events. Another point discussed in the literature is that the use of statin may modulate the response to the iPDE5, so that the patients who are initially non-responsive to the iPDE5 benefit from these medications, especially through the mechanism mediated by NO18, 19, 21, 22, 26 . Our results do not point to this effect of the best response to the 93 iPDE5 after the use of simvastatin, although the studies that signal this endothelial modulation used atorvastatin16, 18, 19, 22, 23, 26, . Two randomized, placebo-controlled studies using atorvastatin 40 or 80 mg, one with 1219 and another with 131 patients26, found that the men who were initially non-responsive to iPDE5 began to respond to this medication after using statin. The last26 showed that the patients who received atorvastatin presented a significant difference in the erection domain of IIEF (13.9 against 10.5 of the placebo group, P=0.001). Another study21 randomized 35 men without a satisfactory response to sildenafil, to receive atorvastatin 40 mg, quinapryl 10 mg or placebo. The results showed a strong tendency to ED improvement using atorvastatin. Possibly the main effect on ED and endothelial modulation for the best response to the iPDE5s is a specific benefit related to the potency of the statin used. This may be suggested by three randomized clinical trials using atorvastatin (from 40 to 80 mg daily), that showed a significant improvement of ED compared to the placebo19, 21, 26 after less than six months using the medication. A study evaluated 50 men without previous ED and without dyslipidemia submitted to radical prostatectomy, randomized to receive sildenafil on demand or sildenafil on demand plus atorvastatin 10 mg daily for 90 days, after discharge from hospital. The patients who received atorvastatin presented a significant increase in IIEF-5 (13.5 against 10.6 in the patients who did not receive atorvastatin P=0.003), suggesting that the use of atorvastatin after radical prostatectomy with nerve preservation may contribute to a better recovery of erectile function. However, in this study there was no placebo group, which may limit the interpretation of the results. Another point to be considered is that the most significant benefits for ED with simvastatin may be reached at higher doses, such as 40 mg, or else, and that the 94 difference between groups may be less than 40%, which determines the need for a greater number of patients for evaluation. It is possible that with the simvastatin dose administered, we did not achieve a robust effect of improved endothelial function to provoke modification in the ED. These questions could be better answered with clinical tests evaluating simvastatin at larger doses or another more potent statin. 95 Conclusion The results of this study evidenced that simvastatin did not determine a statistically significant improvement of erectile function compared to the placebo. However, the evolution observed in the severity of ED suggests that simvastatin may help improve the erectile function of patients with ED and endothelial dysfunction. Additional studies with more patients will be necessary to detect smaller differences of responses in relation to the placebo. 96 References 1. Kaya C, Uslu Z, Karaman I. Is endothelial function impaired in erectile dysfunction patients? Int J Impot Res 2006; 18: 55-60. 2. Thompson IM, Tangen CM, Goodman PJ, et al. Erectile Dysfunction and Subsequent Cardiovascular Disease. JAMA 2005; 294: 2996-3002. 3. Müller A, Mulhall JP. Cardiovascular disease, metabolic syndrome and erectile dysfunction. 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Lancet 2009; 373: 1175-82. 100 Table 1 - Baseline characteristics of the randomized patients Placebo (n=20) 56.45 + 6.88 Simvastatin 20mg (n=21) 58.43 + 9.72 0.221 17.00 (9.00-24.00) 2.89 (1.98-4.93) 24.00 (10.00-24.00) 3.81 (2.08-7.76) 0.504 0.584 27.87 + 3.33 10.00 (50%) 14.00 (70%) 27.63+ 4.22 11.00 (52.40%) 12.00 (57.10%) 0.138 0.563 0.299 TC (mg/dL) LDLa (mg/dL) HDLa (mg/dL) Triglyceridesb (mg/dL) 194.26 + 43.12 117.20 + 31.48 46.21 + 11.85 129.00 (74-158) 220.33 + 56.21 140.80 + 45.56 48.38 + 8.87 128.00 (102-199) 0.550 0.484 0.356 0.540 Total testosteronea (ng/dL) Estradiola (pg/mL) FSHb (mIU/mL) LHb (mIU/mL) Prolactina (ng/mL) 432.20 + 109.41 470.90 + 171.30 0.208 22.16 + 9.98 5.10 (3.5-6.6) 3.55 (2.85-5.45) 6.47 + 3.78 23.55 + 8.87 4.40 (3.0-8.0) 3.75 (2.53-5.78) 5.52 + 1.97 0.728 0.670 0.946 0.188 Agea (years) ED durationb (months) usCRPb (mg/L) BMIa SAHc (n;%) Tabagism (n;%) P IIEF15a 31.47 + 17.43 35.31+ 13.38 0.173 IIEF–5 (erection) a 10.73 + 7.82 12.73 + 6.68 0.476 a IIEF (intercourse) 5.52 + 3.92 6.26 + 3.75 0.552 IIEF(orgasm) a 5.00 + 3.17 5.42 + 3.07 0.440 a IIEF(desire) 5.42 + 2.58 6.05 + 1.98 0.226 IIEF(general 4.78 + 2.52 4.84 + 2.11 0.471 a satisfaction) ED duration= duration of the erectile dysfunction; usCRP= ultrasensitive C-reactive protein; BMI= body mass index; SAH= systemic arterial hypertension; TC= total cholesterol; LDL= LDL cholesterol; HDL= HDL cholesterol; FSH= folliclestimulating hormone; LH= luteinizing hormone; IIEF= International Index of Erectile Dysfunction. a – values expressed in means + SD; b – values expressed in median (percentile 2575); c – values expressed in absolute numbers (percentage). 101 Table 2 - Inflammatory, lipidic and hormonal profiles after six months of treatment with simvastatin Placebo (n=20) Simvastatin 20mg (n=21) usCRPa (mg/L) Baseline After six months 2.89 (1.98-4.93) 2.65 (1.82-4.56) 3.81 (2.08-7.76) 2.59 (1.50-5.30) Placebo – 0.266 Simvastatin – 0.376 CTb (mg/dL) Baseline After six months 196.76 + 44.48 199.29 + 50.87 215.83 + 53.55 172.28 + 49.73 Placebo – 0.801 Simvastatin – 0.001 LDLb (mg/dL) Baseline After six months 119.47 + 32.65 118.24 + 31.87 142.00 + 46.96 100.06 + 44.25 Placebo – 0.861 Simvastatin – <0.001 HDLb (mg/dL) Baseline After six months 46.60 + 12.86 49.07+ 15.30 48.31+ 7.99 51.63 + 8.44 129.00 (74-158) 112.00 (85-169) 128.00 (102-199) 96.00 (72-127) 443.81+ 114.60 441.19+ 112.63 487.76+ 179.08 420.00+ 118.76 0.781 21.80 + 8.75 25.55 + 8.01 24.86 + 8.73 26.86 + 12.36 0.684 5.10 (3.5-6.60) 5.60 (3.8-6.60) 4.40 (3.0-8.0) 3.70 (2.50-7.90) Placebo – 0.178 Simvastatin – 0.758 3.55 (2.85-5.45) 4.00 (3.00-5.00) 3.75 (2.53-5.78) 4.00 (3.00-5.00) Placebo – 0.840 Simvastatin – 0.538 6.57 + 3.98 6.55 + 3.69 5.41 + 1.91 5.54 + 2.07 Triglyceridesa (mg/dL) Baseline After six months Testosteroneb (ng/dL) Baseline After six months Estradiolb (pg/mL) Baseline After six months FSHa (mIU/mL) Baseline After six months LHa (mIU/mL) Baseline After six months Prolactinb (ng/mL) Baseline After six months P 0.109 Placebo – 0.811 Simvastatin - 0.017 0.870 usCRP= ultrasensitive C-reactive protein; TC= total cholesterol; LDL= LDL cholesterol; HDL= HDL cholesterol; FSH= follicle-stimulating hormone; LH= luteinizing hormone. a - values expressed in median (percentile 25-75); b – values expressed in means + SD. 102 Table 3 – Erectile function according to the questionnaires applied and the period of evaluation Placebo (n=20) Simvastatin 20mg (n=21) 32.72 + 17.04 40.05 + 20.17(+22%)c 54.55 + 12.36(+66%) c 36.22 + 13.15 41.50 + 16.81(+14%)c 56.61 + 7.87(+56%) c Time: <0.001 Group: 0.581 Time*Group: 0.890 11.16 + 7.81 15.00 + 8.76 (+34%) c 22.22 + 4.50 (+99%) c 13.33 + 6.33 15.66 + 7.07 (+17%) c 22.77 + 3.68 (+70%) c Time: <0.001 Group: 0.515 Time*Group: 0.733 5.77 + 3.87 7.27 + 4.59 (+25%) 10.55 + 2.54 (+82%) 6.44 + 3.77 7.38 + 4.01 (+14%) 10.22 2.04(+58%) Time: <0.001 Group: 0.883 Time*Group: 0.665 IIEF(orgasm) a Baseline After six months After vardenafil 5.27 + 3.02 6.00 + 3.77 (+13%) c 7.44 2.61 (+41%) c 5.50 + 3.14 5.94 + 3.24 (+8%) c 8.22 1.35 (+49%) c Time: <0.001 Group: 0.697 Time*Group: 0.701 IIEF(desire) a Baseline After six months After vardenafil 5.55 + 2.59 5.55 + 2.63 (0) c 6.77 + 2.21 (+21%) c 5.94 + 1.98 6.44 + 2.00(+8%) c 7.22 + 1.43 (+21%) c Time: 0.003 Group: 0.355 Time*Group: 0.680 IIEF(general satisfaction) a Baseline After six months After vardenafil 4.94 + 2.50 6.22 + 2.98 (+25%) c 7.55 + 2.53 (+52%) c 5.00 + 2.05 6.05 + 2.68 (+21%) c 8.16 + 1.61 (+63%) c Time: <0.001 Group: 0.768 Time*Group: 0.715 EDITS PATIENT a After six months After vardenafil 63.23 + 24.66 82.63 + 13.83(+30%) c 71.89 + 14.30 80.97 + 16.76(+12%)c Time: <0.001 Group: 0.463 Time*Group: 0.170 EDITS PARTNER a After six months After vardenafil 58.57 + 29.05 77.85 + 25.16(+33%) c 70.00 + 17.54 79.73 + 13.37(+14%)c Time: 0.016 Group: 0.295 Time* Group: 0.402 8.00 (40%) 8.00 (38%) IIEF15a Baseline After six months After vardenafil IIEF–5 (erection) a Baseline After six months After vardenafil IIEF (intercourse) a Baseline After six months After vardenafil Overall satisfactionb (after six months) Got better? yes P 0.631 IIEF= International Index of Erectile Dysfunction; EDITS= ED Index of Treatment Satisfaction. a – values expressed in means + SD; b – absolute values (percentage); c – variation of the values related to the baseline. 103 Table 4 – Severity of ED, stratified by IIEF, according to the period of evaluation IIEF baseline Severe Moderate Mild Placebo (n=20) Simvastatin 20mg (n=21) 52.6% 21.1% 26.3% 36.8% 36.8% 26.3% 0.510 16.7% 38.9% 44.4% 0.330 0 0 100% 0.228 IIEF after six months Severe 38.9% Moderate 27.8% Mild 33.3% IIEF vardenafil Severe 0 Moderate 16.7% Mild 83.3% IIEF= International Index of Erectile Dysfunction. P 104 4,5 P= 0.376 usCRP (mg/L) 4 3,5 3 Placebo 2,5 P= 0.266 2 Simvastatin 1,5 1 0,5 0 Baseline Six months Period of evaluation Figure 1 – Levels of ultrasensitive C-reactive protein at the baseline and after six months of treatment, according to the group Simvastatin or Placebo 105 25 P=0.733 IIEF-5 (erection) 20 15 Placebo Simvastatin 10 5 0 Baseline Six months Vardenafil Period of evaluation Figure 2 - International Index of Erectile Dysfunction according to the group Simvastatin or Placebo and the period of evaluation 106 4 APÊNDICES 107 4.1 TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO LIVRE E ESCLARECIDO 108 TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO LIVRE E ESCLARECIDO TÍTULO: Papel da estatina no Tratamento da Disfunção Erétil de Indivíduos com Disfunção Endotelial: Ensaio Clínico Randomizado e DuploCego PROTOCOLO N°: PATROCINADOR: INVESTIGADOR PRINCIPAL: Eduardo T. Mastalir INSTITUIÇÕES: Irmandade Hospital Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e Instituto de Cardiologia do RS/Fundação Universitária de Cardiologia ENDEREÇO: Rua Prof. Annes Dias, 285 Porto Alegre CEP: 90020-090 Porto Alegre – RS TELEFONE: 51- 3214-8083 (comercial) 51 – 99746305 (Dr. Eduardo T. Mastalir) INTRODUÇÃO Antes de concordar em participar neste estudo, é importante que você leia e compreenda a explicação apresentada aqui sobre os procedimentos propostos. Este termo descreve a finalidade, os procedimentos, os benefícios, os riscos, os desconfortos e as precauções do estudo. Também são abordados os procedimentos alternativos disponíveis para você, bem como o seu direito de desistir do estudo qualquer momento. Nenhuma garantia ou promessa poderá ser feita com relação aos resultados deste estudo. Este estudo está sendo patrocinado pela Medley Indústria Farmacêutica . Por favor, solicite ao seu médico que está desenvolvendo este estudo, para fornecer informações adicionais sobre algum aspecto do estudo que não tenha ficado claro. Você poderá fazer quantas perguntas desejar antes de decidir participar deste estudo. HISTÓRICO E OBJETIVO DO ESTUDO Você está sendo convidado a participar deste estudo porque o seu médico avaliou que você tem disfunção erétil – DE - (impotência sexual). A DE (impotência sexual) é uma alteração comum e muito freqüente no nosso meio, envolvendo muitos homens. A finalidade deste estudo é avaliar se uma medicação chamada estatina, quando comparada a um placebo (substância inativa), para tratamento de DE (impotência sexual) em pacientes com disfunção endotelial, melhora a ereção peniana (potência sexual). As estatinas já foram aprovadas pela Agência Norte Americana Reguladora de Medicamentos e Alimentos (FDA) para o tratamento da dislipidemia (colesterol alto). A utilização da estatina no tratamento da DE em pacientes com disfunção endotelial está em investigação. Este estudo também avaliará a resposta ao vardenafil após o tratamento com estatina ou placebo. A proteína C reativa é uma proteína que se encontra aumentada em situações de inflamação. Como parte deste estudo, amostras de sangue de seu braço (03 colheres de sopa) serão colhidos para utilização neste estudo. Embora ninguém que esteja 109 participando deste estudo vá se beneficiar diretamente da investigação nos elementos do sangue que serão colhidos, esperamos que tal avaliação venha a fornecer informações importantes que nos auxiliarão a compreender melhor como tratar a DE. TEMPO DE DURAÇÃO DO ESTUDO E NÚMERO DE PARTICIPANTES Aproximadamente 34 homens participarão deste estudo. A sua participação neste estudo terá a duração de até 07 meses e incluirá no mínimo 05 visitas. DESCRIÇÃO DO ESTUDO Para participar deste estudo, você deverá ser submetido à consulta clínica e exame físico completo, bem como exames de seu sangue do braço para pré-seleção (03 colheres de sopa). Tais exames iniciais servirão para verificar se você preenche todos os requisitos necessários para participar deste estudo. Se você for qualificado para participar do estudo, você receberá através de uma escolha aleatória (tipo “cara ou coroa”), um dos seguintes tratamentos abaixo: • Estatina 20 mg todas as noites por seis meses. • Placebo (substância inativa) todas as noites por seis meses. • Vardenafil 10 mg 02 vezes por semana por 04 semanas. • Você terá uma chance de cinqüenta por cento de receber qualquer um dos tratamentos do estudo. Este estudo seguirá o sistema “duplo-cego”, o que significa que nem você e nem o seu médico responsável por este estudo, saberão qual dentre os dois tratamentos do estudo você estará recebendo. Entretanto, esta informação estará disponível para o seu médico, se for necessária em caso de emergência. • Consulta clínica, exame físico e exames de sangue de seu braço serão necessários no início e após 2, 4 e 6 meses de tratamento. RISCOS E DESCONFORTOS As estatinas são medicações cuja administração é comprovadamente segura. Entretanto, como qualquer medicação, podem ocorrer efeitos adversos (efeitos indesejáveis). Os efeitos adversos das estatinas são raros, mas incluem distúrbios gastrintestinais (sintomas como náusea, vômitos, diarréia, constipação, cólicas, etc), insônia, erupções cutâneas (elevação da pele), angioedema (edema da pele devido a alteração nos vasos sangüíneos), miosite (inflamação dos músculos) e elevação de enzimas hepáticas. Seu uso será suspenso e você será excluído do estudo caso haja elevação da alanina-aminotransferase – enzima do fígado - (TGP) em três vezes em relação ao valor normal, dor muscular importante ou elevação de dez vezes da creatinoquinase - enzima dos músculos - (CPK) em relação ao seu valor normal. Caso algum desses efeitos adversos ocorra, você será excluído do estudo, mas de maneira nenhuma perderá as consultas médicas, sendo inclusive encaminhado para especialista caso seu médico envolvido no estudo ache necessário. 110 A estatina, como qualquer outro medicamento, poderá causar reações alérgicas em um pequeno número de pacientes. Caso você tenha alergia a algum outro medicamento, produtos alimentícios, elementos ambientais ou for portador de asma, você deverá informar isto ao seu médico do estudo. Discuta com seu médico caso isso ocorra. A descontinuação da medicação resolverá o problema. Os possíveis efeitos adversos do Vardenafil incluem cefaléia, congestão nasal, visão em tom azulado, hipotensão arterial, náuseas e vômitos. Os possíveis efeitos colaterais da coleta de amostras de sangue incluem desmaios, inflamações das veias, dor, marcas roxas ou sangramento no local da picada. Existe ainda uma pequena possibilidade de infecção. A quantidade total de sangue colhido para as amostras durante os seis meses do estudo será menor do que o volume de uma doação de sangue típica (de 350 a 500 ml). BENEFÍCIOS Não existem garantias de que você vá se beneficiar da participação neste estudo. As informações obtidas a partir deste estudo poderão, no futuro, beneficiar outros pacientes ou até mesmo você. TRATAMENTOS ALTERNATIVOS Até o presente momento, não existe nenhum tratamento curativo para a DE (impotência) registrado no Brasil, existem apenas medicações que momentaneamente podem oferecer melhor ereção, tais como Viagra ®, Cialis ® ou Levitra ®. Tais medicações não poderão ser tomadas durante o tempo em que você estiver fazendo parte do estudo (seis meses), fato que determinará seu afastamento imediato do estudo caso isso ocorra. NOVAS INFORMAÇÕES O seu médico do estudo irá informá-lo de toda nova descoberta significativa que possa afetar a sua vontade de continuar a participar do estudo. REMUNERAÇÃO PELA PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO Você NÃO receberá nenhum pagamento para participar deste estudo. CUSTOS PELA SUA PARTICIPAÇÃO Não haverá nenhum custo pela sua participação neste estudo. O medicamento do estudo, os procedimentos relacionados, bem como as consultas relacionadas ao estudo serão fornecidas sem nenhum custo para você ou para o seu seguro ou plano de saúde. CONTATO DE EMERGÊNCIA / CONTATO COM O COMITÊ DE ÉTICA Se você acreditar que sofreu algum tipo de doença ou dano relacionado com este estudo, teve alguma reação ao medicamento deste estudo ou tem alguma pergunta a respeito, você deverá entrar em contato com o médico do estudo, no telefone apresentado na primeira página deste termo. 111 VOCÊ PODE ENTRAR EM CONTATO COM O COMITÊ DE ÉTICA DA INSTITUIÇÃO E PEDIR PARA FALAR COM UM DOS SEUS REPRESENTANTES, SE TIVER PERGUNTAS SOBRE SEUS DIREITOS COMO PARTICIPANTE DO ESTUDO OU UMA QUEIXA SOBRE SUA PARTICIPAÇÃO. COMITÊ DE ÉTICA: CONTATOS : Joelma Freitas TELEFONE: 51 3214-8571 PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA / RETIRADA DO ESTUDO A sua participação neste estudo é voluntária. Você poderá escolher não participar ou poderá desistir deste estudo a qualquer momento, sem sofrer nenhuma penalidade ou perda de benefícios aos quais já esteja habilitado e sem perda dos futuros cuidados médicos. Se você decidir interromper o uso do medicamento do estudo ou se desenvolver outras doenças, você não receberá mais a medicação deste estudo, nem será solicitado que volte à clínica para consultas relacionadas ao estudo ou qualquer outra avaliação. Se decidir não participar ou interromper a sua participação, você deverá notificar esta sua decisão ao seu médico do estudo. Deverá também devolver todos os medicamentos não utilizados. Receberá instruções sobre a maneira apropriada para retirada do estudo e será solicitado a retornar à clínica para uma visita de acompanhamento, para a sua segurança. Seu médico do estudo ou a Medley poderão interromper a sua participação no estudo a qualquer momento e sem o seu consentimento, pelas seguintes razões: se o estudo aparentar ser clinicamente nocivo a você; se você deixar de seguir as instruções dadas aos participantes do estudo; se for descoberto que você não se enquadra nos requisitos do estudo a critério do médico do estudo; se o estudo for cancelado; por razões administrativas, incluindo o recrutamento competitivo (se o número planejado de participantes já tiver entrado na fase de tratamento). O CEP será comunicado e deverá estar de acordo com o término precoce do estudo. AUTORIZAÇÃO A sua assinatura abaixo significa que você leu este termo de consentimento, que o compreendeu, teve a oportunidade de fazer perguntas e ainda que concorda voluntariamente em participar como paciente neste estudo. Você receberá uma cópia deste termo, assinada e datada, para levar para casa. 112 Nome do participante (letra de fôrma) Assinatura do Participante Data Nome da Pessoa que conduziu as Discussões sobre este termo (letra de fôrma) Assinatura da Pessoa que conduziu as Discussões sobre este termo Data Nome do Pesquisador * (letra de fôrma) Assinatura do Pesquisador* * Se for diferente do nome escrito acima Data 113 4.2 QUESTIONÁRIO IIEF 114 IIEF 15 1. Nas últimas 4 semanas, com que freqüência você conseguiu obter uma ereção durante atividade sexual? 0 – Não tive atividade sexual 1 – Quase nunca/nunca 2 – Poucas vezes (menos da metade) 3 – Algumas vezes (metade) 4 – Na maioria das vezes (mais da metade) 5 – Quase sempre/sempre 2. Nas últimas 4 semanas, quando você teve ereções com estímulo sexual, com que freqüência suas ereções foram rígidas o suficiente para penetração? 0 – Não tive atividade sexual 1 – Quase nunca/nunca 2 – Poucas vezes (menos da metade) 3 – Algumas vezes (metade) 4 – Na maioria das vezes (mais da metade) 5 – Quase sempre/sempre 3. Nas últimas 4 semanas, quando você teve relação sexual, com que freqüência você conseguiu penetrar na sua parceira? 0 – Não tentei ter relação sexual 1 – Quase nunca/nunca 2 - Poucas vezes (menos da metade) 3 – Algumas vezes (metade) 4 – Na maioria das vezes (mais da metade) 5 – Quase sempre/sempre 4. Nas últimas 4 semanas, durante a relação sexual, com que freqüência você conseguiu manter sua ereção após penetrar sua parceira? 0 – Não tentei ter relação sexual 1 – Quase nunca/nunca 2 - Poucas vezes (menos da metade) 3 – Algumas vezes (metade) 4 – Na maioria das vezes (mais da metade) 5 – Quase sempre/sempre 5. Nas últimas 4 semanas, durante relação sexual, quão difícil foi manter a ereção suficiente para penetração? 0 – Não tentei ter relação sexual 1 – Extremamente difícil 2 – Muito difícil 3 – Difícil 4 – Pouco difícil 5 – Não foi difícil 115 6. Nas últimas 4 semanas, quantas vezes você tentou ter relação sexual? 0 – Não tentei ter relação sexual 1 – 1-2 vezes 2 – 3-4 vezes 3 – 5-6 vezes 4 – 7-10 vezes 5 – 11 ou mais vezes 7. Nas últimas 4 semanas, quando você tentou ter relação sexual, quantas vezes foi satisfatório para você? 0 – Não tentei ter relação sexual 1 – Quase nunca/nunca 2 – Poucas vezes (menos da metade) 3 – Algumas vezes (metade) 4 – Na maioria das vezes (mais da metade) 5 – Quase sempre/sempre 8. Nas últimas 4 semanas, quanto você gostou da relação sexual? 0 – Não tive relação sexual 1 – Não gostei 2 – Não muito agradável 3 - Pouco agradável 4 – Agradável 5 – Muito agradável 9. Nas últimas 4 semanas, quando você teve estímulo sexual ou relação sexual, com que freqüência você ejaculou? 0 – Não tive estímulo ou relação sexual 1 – Quase nunca/nunca 2 – Poucas vezes (menos da metade) 3 – Algumas vezes (metade) 4 – Na maioria das vezes (mais da metade) 5 – Quase sempre/sempre 10. Nas últimas 4 semanas, quando você teve estímulo sexual ou relação sexual, com que freqüência você atingiu o orgasmo? 0 – Não tive estímulo ou relação sexual 1 – Quase nunca/nunca 2 – Poucas vezes (menos da metade) 3 – Algumas vezes (metade) 4 – Na maioria das vezes (mais da metade) 5 – Quase sempre/sempre 11. Nas últimas 4 semanas, com que freqüência você teve desejo sexual? 1 – Quase nunca/nunca 2 – Poucas vezes (menos da metade) 3 – Algumas vezes (metade) 4 – Na maioria das vezes (mais da metade) 5 – Quase sempre/sempre 116 12. Nas últimas 4 semanas, qual a intensidade de seu desejo sexual? 1 – Muito baixo/nenhum 2 – Baixo 3 – Moderado 4 – Alto 5 – Muito alto 13. Nas últimas 4 semanas, qual sua satisfação com sua vida sexual? 1 – Muito insatisfeito 2 – Moderadamente insatisfeito 3 – Indiferente 4 – Moderadamente satisfeito 5 – Muito satisfeito 14. Nas últimas 4 semanas, qual sua satisfação com o relacionamento com sua esposa? 1 – Muito insatisfeito 2 – Moderadamente insatisfeito 3 – Indiferente 4 – Moderadamente satisfeito 5 – Muito satisfeito 15. Nas últimas 4 semanas, qual sua confiança em obter e manter uma ereção? 1 – Muito baixo 2 – Baixo 3 – Moderado 4 – Alto 5 – Muito alto 117 4.3 QUESTIONÁRIO EDITS 118 EDITS - PACIENTE 1. De uma maneira geral, o quanto você está satisfeito com este tratamento? 4. Muito satisfeito 3. Um pouco satisfeito 2. Nem satisfeito, nem insatisfeito 1. Um pouco insatisfeito 0. Muito insatisfeito 2. Durante as últimas 4 semanas, o quanto este tratamento correspondeu às suas expectativas? 4. Completamente 3. Bastante 2. Meio termo 1. Um pouco 0. Nada 3. Qual a chance de você continuar este tratamento? (se fosse possível) 4. Muito alta 3. Moderadamente alta 2. Nem alta nem baixa 1. Moderadamente baixa 0. Muito baixa 4. Durante as últimas 4 semanas, o quanto fácil foi fazer este tratamento? 4. Muito fácil 3. Moderadamente fácil 2. Nem fácil nem difícil 1. Moderadamente difícil 0. Muito difícil 5. Durante as últimas 4 semanas, o quanto satisfeito você ficou com a rapidez do tratamento? 4. Muito satisfeito 3. Um pouco satisfeito 2. Nem satisfeito nem insatisfeito 1. Um pouco insatisfeito 0. Muito insatisfeito 119 6. Durante as últimas 4 semanas, o quanto satisfeito você ficou com a duração do tratamento? 4. Muito satisfeito 3. Um pouco satisfeito 2. Nem satisfeito nem insatisfeito 1. Um pouco insatisfeito 0. Muito insatisfeito 7. O quanto confiante você ficou com este tratamento na sua habilidade sexual? 4. Muito confiante 3. Um pouco confiante 2. Não alterou minha confiança 1. Um pouco menos confiante 0. Muito menos confiante 8. De uma maneira geral, o quanto satisfeita você acha que sua parceira está com seu tratamento? 4. Muito satisfeita 3. Um pouco satisfeita 2. Nem satisfeita nem insatisfeita 1. Um pouco insatisfeita 0. Muito insatisfeita 9. Como sua parceira se sente sobre você continuar este tratamento? 4. Minha parceira quer muito que eu continue 3. Minha parceira gostaria que eu continuasse 2. Para ela é indiferente 1. Minha parceira gostaria que eu parasse 0. Minha parceira quer muito que eu pare 10. O quanto natural você se sentiu obtendo uma ereção com este tratamento nas últimas 4 semanas? 4. Muito natural 3. Um pouco natural 2. Não mudou 1. Pouco à vontade 0. Muito pouco à vontade 120 11. Comparado com antes de você ter este problema de ereção, após fazer este tratamento nas últimas 4 semanas como ficou a rigidez de sua ereção? 4. Muito mais duro 3. Um pouco mais duro 2. Não mudou 1. Um pouco menos duro 0. Muito menos duro EDITS – PARCEIRA 1. De uma maneira geral, o quanto você está satisfeita com o tratamento da impotência de seu parceiro? 4. Muito satisfeita 3. Um pouco satisfeita 2. Nem satisfeita nem insatisfeita 1. Um pouco insatisfeita 0. Muito insatisfeita 2. Durante as últimas 4 semanas, o quanto este tratamento correspondeu às suas expectativas? 4. Completamente 3. Bastante 2. Meio termo 1. Um pouco 0. Nada 3. Durante as últimas 4 semanas, como este tratamento afetou se senso de estar sexualmente atraente? 4. Fez-me sentir muito mais sexualmente atraente 3. Fez-me sentir um pouco mais sexualmente atraente 2. Não me senti nem mais nem menos sexualmente atraente 1. Fez-me sentir um pouco menos sexualmente atraente 0. Fez-me sentir menos sexualmente atraente 4. Durante as últimas 4 semanas, o quanto você ficou satisfeita com o tempo que este tratamento levou para melhorar a habilidade de seu parceiro em ter uma ereção? 4. Muito satisfeita 3. Um pouco satisfeita 2. Nem satisfeita nem insatisfeita 1. Um pouco insatisfeita 0. Muito insatisfeita 121 5. Como você acha que seu parceiro se sente em continuar este tratamento? (se fosse possível) 4. Eu acho que ele quer muito continuar usando este tratamento 3. Eu acho que ele talvez queira continuar este tratamento 2. Eu acho que para ele é indiferente 1. Eu acho que ele quer parar com o tratamento 0. Eu acho que ele quer muito parar com tratamento 122 4.4 FICHA DE COLETA DE DADOS 123 ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO, DUPLO-CEGO E CONTROLADO POR PLACEBO PARA O TRATAMENTO DE DISFUNÇÃO ERÉTIL EM DISLIPIDÊMICOS COM ESTATINA (00) PRÉ-RANDOMIZAÇÃO – CONSULTA MÊS ZERO 1. PACIENTE NÚMERO: 00___ 2. DATA: ____/____/______ 3.NOME:_________________________________________________________________________ 4. ENDEREÇO:_____________________________________________________________________ 5. CIDADE:_____________________________________ 6. CEP: - 7. TELEFONE: 8. IDADE: _______ 9. COR: ( ) BRANCO ( ) NEGRO ( ) MORENO ( ) OUTRA_____________________ 10. PESO: _______ Kg 11. ALTURA: _______ cm PA: _____X_____ 12. TEMPO DE DE: _______ 13. TABAGISMO: ( ) ATUAL _______C/D________ANOS ( ) NUNCA FUMOU ( ) PASSADO _______C/D________ANOS 14. ETILISMO: ( ) SIM ( ) NÃO 15. HAS: ( ) SIM ( ) NÃO 16. TRATAMENTO PARA HAS: ( ) SIM ( ) NÃO 17. HEPATOPATIA: ( ) SIM ( ) NÃO 18. DOENÇA VASCULAR PERIFÉRICA: ( ) SIM ( ) NÃO 19. CAUSA APARENTE PARA DE: ( ) SIM _________________________________________ ( ) NÃO 20. RISCO DE EVENTO CV: ( ) BAIXO ( ) MÉDIO ( ) ALTO 21. IAM PRÉVIO: ( ) SIM ( ) NÃO 22. DIABETE MELITO: ( ) SIM ( ) NÃO 23. PROSTATECTOMIA RADICAL: ( ) SIM ( ) NÃO 24. CIR PÉLVICA: ( ) SIM ( ) NÃO 25. RXTX PÉLVICA: ( ) SIM ( ) NÃO 26. HBP: ( ) SIM ( ) NÃO 27. CA DE PRÓSTATA: ( ) SIM ( ) NÃO 28. HIPOGONADISMO: ( ) SIM ( ) NÃO 29. HIPERPROLACTINEMIA: ( ) SIM ( ) NÃO 30. DOENÇA DE PEYRONIE: ( ) SIM ( ) NÃO 31.OUTRO DIAGNÓSTICO ASSOCIADO: ____________________________________________ 32.MEDICAÇÕES EM USO:___________________________________________________________ 124 33. CT: _______ 34. LDL – C: _______ 35. HDL-C:_______ 36. TG: _______ 37: TGP: _______ 38. CPK: ______ 39. PCR: _______ 40. PSA: _______ 41. GLICEMIA JEJUM: _______ 42. ENCAMINHAR PARA AVALIAÇÃO COM NUTRICIONISTA ( ) 43. ORIENTAÇÃO PARA SUSPENDER TABAGISMO E DESENVOLVER ATIVIDADE FÍSICA ( ) 44. RANDOMIZAÇÃO: ( ) DROGA 1 ( ) DROGA 2 125 ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO, DUPLO-CEGO E CONTROLADO POR PLACEBO PARA O TRATAMENTO DE DISFUNÇÃO ERÉTIL EM DISLIPIDÊMICOS COM ESTATINA PÓS-RANDOMIZAÇÃO – CONSULTA MÊS DOIS 1. PACIENTE NÚMERO: 02____ (02) 2. DATA: ____/____/______ 3. DROGA: ( ) 1 ( ) 2 4. NOME:__________________________________________________________________________ 5. ENDEREÇO:_____________________________________________________________________ 6. CIDADE:______________________________________ 7. CEP: - 8. TELEFONE: 9. PESO: _______ Kg 10. ALTURA: _______ cm PA: _____X_____ 11. CT: _______ 12. LDL – C: _______ 13. HDL-C:_______ 14. TG: _______ 15: TGP: _______ 16. CPK: ______ 17. IIEF: _______ 18. EDITS: ______ 19. O PACIENTE TEVE EFEITO ADVERSO? ( ) SIM ( ) NÃO 20.SINTOMAS TGI: ( ) SIM ( ) NÃO 21. INSÔNIA: ( ) SIM ( ) NÃO 22. ERUPÇÕES CUTÂNEAS: ( ) SIM ( ) NÃO 23. ANGIOEDEMA: ( ) SIM ( ) NÃO 24. OUTRO EFEITO ADVERSO: _________________________________________________ 25. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:_________________________________________ 126 ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO, DUPLO-CEGO E CONTROLADO POR PLACEBO PARA O TRATAMENTO DE DISFUNÇÃO ERÉTIL EM DISLIPIDÊMICOS COM ESTATINA PÓS-RANDOMIZAÇÃO – CONSULTA MÊS SEIS 1. PACIENTE NÚMERO: 04____ (04) 2. DATA: ____/____/______ 3. DROGA: ( ) 1 ( ) 2 4. NOME:__________________________________________________________________________ 5. ENDEREÇO:_____________________________________________________________________ 6. CIDADE:_________________________________ 7. CEP: - 8. TELEFONE: 9. PESO: _______ Kg 10. ALTURA: _______ cm PA: _____X_____ 11. CT: _______ 12. LDL – C: _______ 13. HDL-C:_______ 14. TG: _______ 15: TGP: _______ 16. CPK: ______ 17. IIEF: _______ 18. EDITS: ______ 19. O PACIENTE TEVE EFEITO ADVERSO? ( ) SIM ( ) NÃO 20.SINTOMAS TGI: ( ) SIM ( ) NÃO 21. INSÔNIA: ( ) SIM ( ) NÃO 22. ERUPÇÕES CUTÂNEAS: ( ) SIM ( ) NÃO 23. ANGIOEDEMA: ( ) SIM ( ) NÃO 24. OUTRO EFEITO ADVERSO: _____________________________________________________ 25. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: ___________________________________________________ 127 ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO, DUPLO-CEGO E CONTROLADO POR PLACEBO PARA O TRATAMENTO DE DISFUNÇÃO ERÉTIL EM DISLIPIDÊMICOS COM ESTATINA PÓS-RANDOMIZAÇÃO – CONSULTA MÊS SEIS 1. PACIENTE NÚMERO: 06____ (06) 2. DATA: ____/____/______ 3. DROGA: ( ) 1 ( ) 2 4. NOME:__________________________________________________________________________ 5. ENDEREÇO:_____________________________________________________________________ 6. CIDADE:__________________________________ 7. CEP: - 8. TELEFONE: 9. PESO: _______ Kg 10. ALTURA: _______ cm PA: _____X_____ 11. CT: _______ 12. LDL – C: _______ 13. HDL-C:_______ 14. TG: _______ 15: TGP: _______ 16. CPK: ______ 17. IIEF: _______ 18. EDITS: ______ 19. PCR: _______ 20. PSA: ______ 21. O PACIENTE TEVE EFEITO ADVERSO? ( ) SIM ( ) NÃO 22. SINTOMAS TGI: ( ) SIM ( ) NÃO 23. INSÔNIA: ( ) SIM ( ) NÃO 24. ERUPÇÕES CUTÂNEAS: ( ) SIM ( ) NÃO 25. ANGIOEDEMA: ( ) SIM ( ) NÃO 26. OUTRO EFEITO ADVERSO: _____________________________________________________ 27. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: __________________________________________ 28. EM SUA AVALIAÇÃO, O SR. MELHOROU SEU DESEMPENHO SEXUAL COM O TRATAMENTO QUE RECEBEU? ( ) SIM ( ) NÃO 128 4.5 CONTROLE DAS MEDICAÇÕES 129 CONTROLE DAS MEDICAÇÕES NOME__________________________________________________ N°°:__________ VISITA DATA SAÍDA N° VIDRO N° CÁPS. DOSE SOBRA 130 4.6 RESULTADOS SEM PACIENTES DE ALTO RISCO 131 RESULTADOS E TABELAS SEM ALTO RISCO Tabela 1 - Características basais dos pacientes randomizados Idadea (anos) Tempo de DEb (meses) PCRusb (mg/l) IMCa HASc (n;%) Tabagismoc (n;%) CT (mg/dl) LDL-Ca (mg/dl) HDL-Ca (mg/dl) Triglicerídeosb (mg/dl) Testosterona totala (ng/dl) Estradiola (pg/ml) FSHb (mIU/ml) LHb (mIU/ml) Prolactinaa (ng/ml) Placebo (n=15) 56,67 + 7,92 Sinvastatina 20mg (n=21) 58,43 + 9,72 P 0,567 16,00 (8,00-24,00) 2,44 (1,92-4,62) 24 (10,00-24,00) 3,81 (2,08-7,75) 0,446 0,340 27,96 + 3,13 5 (33%) 9 (60%) 27,63 + 4,22 11 (52%) 12 (57%) 0,797 0,320 0,569 188,29 + 39,26 114,71 + 33,89 48,71 + 12,57 128,00 (75,00-152,00) 220,33 + 56,21 140,89 + 45,56 48,38 + 8,87 128,00 (102,00198,50) 0,073 0,079 0,927 0,374 437,07 + 114,67 470,90 + 171,31 0,511 22,94 + 10,85 5,10 (3,27-6,67) 3,40 (3,30-6,00) 6,28 + 4,01 23,55 + 8,88 4,40 (3,00-8,00) 3,75 (2,52-5,77) 5,53 + 1,97 0,864 0,733 0,882 0,464 IIEF15a 31,93 + 19,26 36,24 + 13,40 0,434 a IIEF – 5 (ereção) 10,73 + 8,35 13,29 + 6,62 0,314 IIEF (intercurso) a 6,07 + 4,18 6,67 + 3,81 0,658 a IIEF(orgasmo) 4,73 + 3,20 5,43 + 3,12 0,519 IIEF(desejo) a 5,20 + 2,83 5,95 + 2,01 0,357 a IIEF(satisfação geral) 5,20 + 2,62 4,90 + 2,02 0,705 Tempo de DE= Tempo de Disfunção Erétil; PCRus= Proteína C Reativa Ultrassensível; IMC= Índice de Massa Corporal; HAS= Hipertensão Arterial Sistêmica; CT= Colesterol Total; LDL-C= LDL colesterol; HDL-C= HDL colesterol; FSH= Hormônio Folículo Estimulante; LH= Hormônio Luteinizante; IIEF= Índice Internacional de Função Erétil a – valores expressos em média + desvio-padrão; b – valores expressos em mediana (valores de percentil 25-75); c – valores expressos em número absoluto (percentagem). 132 Tabela 2 - Perfil inflamatório, lipídico e hormonal após seis meses de tratamento com sinvastatina PCRusa (mg/l) Basal Após 06 meses Placebo (n=15) Sinvastatina 20mg (n=21) 2,44 (1,92-4,62) 2,61 (1,74-3,66) 3,81 (2,08-7,75) 2,59 (1,50-5,30) P 0,812 CTb (mg/dl) Basal Após 06 meses 190,83 + 41,22 187,85 + 33,87 215,83 + 53,55 172,28 + 49,73 Tempo: 0,003 Grupo: 0,754 Tempo*Grupo: 0,01 (sinvastatina) LDL-Cb (mg/dl) Basal Após 06 meses 117,42 + 36,08 115,42 + 32,68 142,00 + 46,96 100,06 + 44,25 Tempo: 0,001 Grupo: 0,748 Tempo*Grupo: 0,003 (sinvastatina) HDL-Cb (mg/dl) Basal Após 06 meses 49,36 + 13,63 51,45 + 16,90 48,00 + 7,79 51,83 + 9,76 128,00 (75,00152,00) 106,00 (84,00160,50) 128,00 (102,00198,50) 96,00 (72,25-126,50) Triglicerídeosa (mg/dl) Basal Após 06 meses Testosteronab (ng/dl) Basal Após 06 meses Tempo: 0,104 Grupo: 0,906 Tempo*Grupo: 0,624 Tempo: 0,281 Grupo: 0,696 Tempo*Grupo: 0,079 444,62 + 119,23 462,62 + 129,21 484,05 + 174,54 434,95 + 141,13 Tempo: 0,486 Grupo: 0,903 Tempo*Grupo: 0,139 Estradiolb (pg/ml) Basal Após 06 meses 21,46 + 9,86 28,72 + 8,95 24.08 + 8,99 26,94 + 11,94 Tempo: 0,066 Grupo: 0,881 Tempo*Grupo: 0,411 FSHa (mIU/ml) Basal Após 06 meses 5,10 (3,27-6,67) 5,70 (4,00-6,65) 4,40 (3,00-8,00) 3,70 (2,50-7,90) LHa (mIU/ml) Basal Após 06 meses 3,40 (2,30-6,00) 3,40 (2,58-5,48) 3,75 (2,52-5,77) 3,95 (2,93-5,13) 6,41 + 4,12 8,02 + 5,88 5,52 + 2,04 5,73 + 2,54 Prolactinab (ng/ml) Basal Após 06 meses Tempo: 0,896 Grupo: 0,739 Tempo*Grupo: 0,449 Tempo: 0,869 Grupo: 0,509 Tempo*Grupo: 0,280 Tempo: 0,162 Grupo: 0,177 Tempo*Grupo: 0,279 133 PCRus= Proteína C Reativa Ultrassensível; CT= Colesterol Total; LDL-C= LDL colesterol; HDL-C= HDL colesterol; FSH= Hormônio Folículo Estimulante; LH= Hormônio Luteinizante a - valores expressos em mediana (valores de percentil 25-75); b – valores expressos em média + desvio-padrão. 134 Tabela 3 - Função Erétil de acordo com os questionários aplicados e o tempo de avaliação Placebo (n=15) Sinvastatina 20mg (n=21) IIEF15a Basal Após 06 meses Após Vardenafila 33,57 + 18,87 37,21 + 19,96 54,35 + 12,36 36,15 + 12,79 42,52 + 16,94 56,15 + 7,90 Tempo: <0,001 Grupo: 0,464 Tempo*Grupo: 0,798 IIEF – 5 (Ereção) a Basal Após 06 meses Após Vardenafila 11,28 + 8,37 13,71 + 8,52 22,21 + 4,35 13,47 + 6,18 16,05 + 7,07 22,57 + 3,68 Tempo: <0,001 Grupo: 0,358 Tempo*Grupo: 0,753 IIEF (Intercurso) a Basal Após 06 meses Após Vardenafila 6,42 + 4,08 6,92 + 4,64 10,50 + 2,53 6,57 + 3,71 7,68 + 4,11 10,10 + 2,05 Tempo basal e 06 meses: 0,179 Tempo basal+06 meses e vardenafila: <0,001 Grupo: 0,874 Tempo*Grupo: 0,689 IIEF(Orgasmo) a Basal Após 06 meses Após Vardenafila 5,07 + 3,02 5,28 + 3,75 7,28 + 2,78 5,31 +3,16 6,10 + 3,22 8,15 + 1,34 Tempo basal e 06 meses: 0,386 Tempo basal+06 meses e vardenafila: <0,001 Grupo: 0,439 Tempo*Grupo: 0,805 IIEF(Desejo) a Basal Após 06 meses Após Vardenafila 5,35 + 2,87 5,07 +2,61 6,64 + 2,37 5,78 + 2,04 6,52 + 1,98 7,15 + 1,42 Tempo basal e 06 meses: 0,543 Tempo basal+06 meses e vardenafila: <0,001 Grupo: 0,230 Tempo*Grupo: 0,214 IIEF(Satisfação geral) a Basal Após 06 meses Após Vardenafila 5,42 + 2,56 6,21 + 2,96 7,71 + 1,89 5,00 + 2,00 6,15 + 2,65 8,15 + 1,57 Tempo basal e 06 meses: 0,065 Tempo basal+06 meses e vardenafila: <0,001 Grupo: 0,981 Tempo*Grupo: 0,641 EDITS PACIENTE a Após 06 meses Após Vardenafila 59,54 + 23,78 81,89 + 12,41 72,05 + 13,92 81,49 + 16,45 Tempo: <0,001 Grupo: 0,221 Tempo*Grupo: 0,072 EDITS PARCEIRA a Após 06 meses Após Vardenafila 53,50 + 27,99 75,00 + 29,62 70,66 + 17,09 80,08 + 12,95 Tempo: <0,001 Grupo: 0,101 Tempo*Grupo: 0,319 7 (50%) 9 (45%) Satisfação globalb (06 meses) Houve melhora? Sim P 0,774 IIEF= Índice Internacional de Função Erétil; EDITS= Índice de Satisfação do Tratamento de Disfunção Erétil. a – valores expressos em média + desvio-padrão; b – valores absolutos (percentual); c – variação percentual dos valores em relação tempo basal. 135 4.7 LISTA DE SIGLAS 136 LISTA DE SIGLAS AKT – serina-treonina quinase AMP-c – adenilato ciclase AUA – American Urological Association AVC – acidente vascular cerebral DE – disfunção erétil DM – diabetes melito DVP – doença vascular periférica EDITS – índice de satisfação do tratamento de disfunção erétil eNO – óxido nítrico endotelial eNOS – óxido nítrico sintase endotelial GMP-c – guanilato ciclase HAS – hipertensão arterial sistêmica HDL - lipoproteína de alta densidade HMG-CoA – inibidores da 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A IAM – infarto agudo do miocárdio IDL – lipoproteína de densidade intermediária IIEF – índice internacional de função erétil iPDE5 – inibidores da fosfodiesterase 5 LDL – lipoproteína de baixa densidade MMAS – Massachusetts Male Aging Study nNOS – óxido nítrico sintase neurogênica NO – óxido nítrico PCR – proteína C reativa PCRus – proteína C reativa ultrassensível SHIM – Sexual Health Inventory for Men SLQQ – Sexual Life Quality Questionnaires SM – síndrome metabólica TEFI – teste de ereção fármaco-induzido TSS – Treatment Satisfaction Scale VLDL – lipoproteína de muito baixa densidade Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo