Diagnóstico da Alergia Alimentar na Infância

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APLV - O que é a Alergia à
Proteína do Leite de Vaca:
características, sinais e sintomas
Dra. Juliana Praça Valente
Gastropediatra
Reações Adversas a Alimentos
• Imunomediadas:
– Alergia alimentar IgE mediada
– Alergia alimentar não mediada por IgE
– Doença Celíaca
• Não imunomediadas:
– Tóxicas
– Não tóxicas: intolerância (ex. Intolerância à
Lactose)
Intolerância à Lactose
• Deficiência parcial ou total da enzima Lactase do intestino delgado.
• A lactose não digerida em glicose + galactose sobra na luz intestinal
e fermenta com as bactérias presentes no intestino grosso.
• Sintomas dependem da quantidade de lactose ingerida, e são eles:
cólica, diarréia, flatulência, distensão abdominal, vômitos.
• Caráter genético, piora com a idade (a quantidade de enzima ativa
no intestino vai diminuindo com o tempo).
• Raro em bebês, principalmente em menores de 6 meses.
• Não causa sintomas respiratórios ou de pele.
Alergia Alimentar
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É a reação do sistema imune a uma proteína alimentar que resulta em
inflamação, como se fosse combater um agente infeccioso.
O fato de o sistema imune reconhecer a proteína como inofensiva se
chama Tolerância Oral.
Frequência ainda desconhecida na população brasileira. Dados
internacionais são presentes principalmente em Alergia mediada por IgE.
Presente em cerca de 1 em cada 20 bebês menores de 1 ano. Prevalência
de 0,3% de APLV em adultos (habitualmente cura na infância).
A prevalência real da AA comprovada por testes de provocação oral é
significativamente menor do que a relatada pelo paciente ou família (chega
a 20% da população em alguns estudos).
Aumento da Prevalência de Alergia
Alimentar nas Últimas Décadas
• Imaturidade da barreira da mucosa intestinal e alteração da flora
intestinal.
• Maior expressão de genes pró-alergia por fatores ambientais
(Epigenética).
• Teoria da higiene.
Principais Alérgenos Alimentares
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Leite de vaca: 90% dos casos de alergia.alimentar
Ovo
Soja
Trigo
Peixe / Frutos do mar
Amendoim / Outras castanhas
Os principais alérgenos alimentares de cada região variam
conforme o costume local.
Sintomas da Alergia Alimentar
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Mediada por IgE:
– Sintomas imediatos ou em até 1 hora da exposição
– Urticária, angioedema, vômitos, distensão abdominal, diarréia
– Hipotensão, letargia, edema de glote, síndrome da alergia oral
– Anafilaxia: a presença de sintomas de 2 ou mais órgãos/sistemas
Mista:
– Dermatite atópica
– Doenças eosinofílicas do trato gastro-intestinal
Não mediada por IgE:
– Sintomas aparecem em horas ou até dias da exposição
– Diarréia, constipação, refluxo, sangue nas fezes, sintomas respiratórios,
dermatite
Esofagite Eosinofílica
• Doença do trato gastro-intestinal caracterizada pela infiltração de
eosinófilos na parede do esôfago (≥ 15 eosinófilos/CGA).
• É uma doença crônica, imuno-mediada, com sintomas relacionados
a disfunção do esôfago.
• Os primeiros casos descritos são da década de 1970. A incidência
parece estar aumentando ao longo das décadas, em adultos e
crianças. Ocorre mais no sexo masculino e em caucasianos.
• Não há casos descritos na África, e nos EUA a incidência varia
muito conforme a região, sendo mais frequente em estados de
clima mais frio.
Esofagite Eosinofílica
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Crianças: sintomas de refluxo gastro-esofágico, dificuldade alimentar,
vômitos e dor abdominal.
Adultos: disfagia principalmente a alimentos sólidos, dor torácica ou
epigástrica, queimação e impactação alimentar.
Antecedente pessoal de alergia alimentar, asma, rinite e/ou dermatite
atópica.
O diagnóstico é feito com a Endoscopia Digestiva Alta, com biópsias. O
esôfago pode exibir alterações características, como estrias longitudinais,
anéis esofágicos, manchas esbranquiçadas, ou ser aparentemente normal
e o diagnóstico ser feito apenas no exame anátomo-patológico.
Importante descartar a eosinofilia esofágica responsiva a IBP (inibidor de
bomba de prótons) antes de tratar como Esofagite Eosinofílica.
FPIES – Síndrome da Enterocolite
Induzida por Proteína Alimentar
• É um tipo de alergia alimentar não mediada por IgE.
• FPIES aguda: Cerca de 2 horas após a ingestão da proteína
“gatilho”, há vômitos incoercíveis, geralmente seguidos de diarréia,
letargia, desidratação e choque.
• FPIES crônica: diarréia e vômitos intermitentes com baixo ganho
ponderal e desnutrição, geralmente associados a ingestão regular
da proteína gatilho.
• O diagnóstico é clínico, retirando a proteína da dieta com melhora, e
o teste de desencadeamento pode ser indicado. Na suspeita de
FPIES, o teste de provocação deve ser feito em caráter hospitalar.
• Gatilhos mais frequentes: leite, soja, arroz, aveia, outros.
Diagnóstico da Alergia Alimentar
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Anamnese:
– Relação CAUSAL com a ingestão do alimento
– Pode ser difícil de estabelecer em sintomas tardios
– Importância do teste de desencadeamento na maioria dos casos
– A maioria dos lactentes portadores de APLV não mediada por IgE tem
pelo menos 2 sintomas, de pelo menos 2 órgãos / sistemas:
• 50 – 70% tem sintomas cutâneos
• 50 – 60% tem sintomas gastrointestinais
• 20 – 30% tem sintomas respiratórios (porém, sintomas respiratórios
isoladamente são causados por alergia alimentar em apenas 2%
dos casos).
Exame físico
Diagnóstico – Exames Complementares
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Hemograma completo
IgE total e específicas
Pesquisa de sangue oculto nas fezes, leucócitos nas fezes
Endoscopia digestiva alta – sempre com biópsias
Colonoscopia – sempre com biópsias
Prick test
Patch test
Os exames sempre devem ser indicados pelo profissional que
acompanha a criança, e nem sempre definem o diagnóstico – “A
clínica é soberana”.
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