NOVEMBRO DE 20091 1. SUMÁRIO EXECUTIVO As duas principais economias do mundo (Estados Unidos e China) apresentaram resultados positivos em termos de nível de atividade no terceiro trimestre do ano. Na China, o crescimento do PIB real foi de 8,9% no terceiro trimestre do ano, representando uma aceleração em relação aos 6,1% e 7,9% observados, respectivamente, no primeiro e segundo trimestres de 2009. Nos Estados Unidos, o PIB do terceiro trimestre (3,5%) voltou a mostrar um número positivo, pela primeira vez depois de quatro trimestres consecutivos de desempenho negativo. As indicações das bolsas de valores, que geralmente funcionam como um termômetro das vendas, lucros e atividade econômica futura também são positivas. O Dow Jones, por exemplo, já conseguiu se aproximar do patamar dos 10 mil pontos, retornando ao nível vigente a cerca de um ano atrás. Os problemas específicos dos Estados Unidos, especialmente no que diz respeito aos chamados déficits gêmeos (fiscal e em transações correntes), continuam a pressionar pela desvalorização do dólar. Depois de uma valorização inicial, gerada pelo movimento de fly to quality em direção aos títulos do governo norte-americanos nos meses que se seguiram à falência do Lehman Brothers, o dólar voltou a entrar em trajetória de desvalorização em relação a quase todas as moedas do mundo. O real foi uma das moedas que mais se desvalorizou frente ao dólar no período mais grave da crise financeira e também está entre aquelas que mais têm se valorizado ao longo de 2009, quando a aversão ao risco começou a se reduzir. A política cambial da China, que vinha propiciando uma valorização paulatina do yuan frente ao dólar desde meados de 2005, foi revertida a partir do agravamento da crise econômica. Desde meados de 2008 a China voltou a fixar o yuan em relação ao dólar. A expectativa para os próximos meses é que seja retomada a valorização gradual do yuan. No Brasil, o Copom manteve a taxa de Selic estável em 8,75% em sua reunião do mês de outubro. Esse resultado já era amplamente esperado. O mais significativo dessa reunião foi a ausência de sinais na ata do Copom em relação a possíveis elevações futuras dos juros. A ata transparece que não deve haver elevação dos juros em 2009. O cenário mais provável é que a recuperação da atividade econômica leve o Banco Central a elevar a taxa de juros apenas no segundo trimestre de 2010. Uma elevação mais precoce dos juros, ainda no primeiro trimestre de 2010, estaria condicionada a uma recuperação mais robusta da economia que coloque pressão sobre os recursos produtivos e, consequentemente, sobre a inflação. Os dados de inflação corrente e as expectativas inflacionárias, ambos próximos da meta de 4,5%, apontam para um cenário de elevação paulatina dos juros em 2010, sem a necessidade de precipitação por parte do Banco Central. O mercado de trabalho continua a mostrar recuperação, tanto no que diz respeito à taxa de desemprego, que atingiu em setembro de 2009 um valor igual ao de setembro de 2008 antes do agravamento da crise, quanto no que tange à geração de empregos formais. A expansão do emprego e do salário médio real já proporciona uma elevação de 2,46% na massa de salários nos últimos doze meses até setembro de 2009, o que ajuda a impulsionar a demanda doméstica e a expansão da atividade econômica. A principal preocupação no que diz respeito à política econômica doméstica continua sendo a deterioração das contas públicas. Apesar dos sinais de recuperação do nível de atividade econômica, a arrecadação de impostos federais em setembro último foi 7,4% inferior, em termos nominais, à registrada em setembro de 2009. A queda real no mês atingiu 11,3%. Como a expansão dos gastos públicos deve ser relativamente rígida em um ano eleitoral, o desejo do governo de restabelecer a meta de superávit primário em 3,3% do PIB em 2010 ficará bastante dependente da reversão desse processo de queda de arrecadação nos próximos meses. A introdução abrangente de uma alíquota de 2% de IOF sobre operações cambiais teve efeitos de curto prazo no sentido da desvalorização do real. Contudo, há razões estruturais que explicam a valorização do real que vem sendo observada desde 2003. É provável que essa medida, assim como as compras do banco central no mercado de câmbio, apenas suavize a tendência de valorização do real. 1 Elaborado com informações disponíveis até 30/10/2009. -1- 2. ECONOMIA MUNDIAL Em um sistema de taxa de câmbio flutuante, o valor relativo das moedas dos diferentes países é determinado por oferta e demanda de divisas. Essa oferta e demanda de divisas é, por sua vez, influenciada por fatores de ordem conjuntural e estrutural. Estruturalmente a taxa de câmbio é determinada pelas diferenças de equilíbrio macroeconômico entre os países, principalmente no que diz respeito à situação fiscal e das contas externas, às potencialidades de crescimento econômico e aos diferencias de inflação entre países. Por outro lado, conjunturalmente, a determinação da taxa de câmbio é fortemente influenciada por diferencias de taxas de juros e por expectativas quanto à trajetória futura da própria taxa de câmbio. Nos últimos anos, existiram fatores de ordem conjuntural e estrutural que levaram o dólar a perder valor frente a várias outras moedas. Essa tendência estrutural de desvalorização do dólar está associada a quatro fatores. Em primeiro lugar, há um elevado déficit nas contas externas em transações correntes dos Estados Unidos. Como a taxa de câmbio é flutuante, ela tende a se desvalorizar na presença de déficits externos e vice-versa. O déficit em transações correntes de um país representa um excesso de demanda por produtos e serviços externos em relação aos bens e serviços domésticos vendidos no exterior. O preço relativo que gera o ajuste das contas externas é a taxa de câmbio. Na verdade, a tendência pela desvalorização do dólar foi mitigada nos últimos anos pela ação agressiva da China na compra de títulos públicos norte-americanos. Em outras palavras, o déficit em transações correntes dos Estados Unidos era financiado pela China com compras de títulos públicos norte-americanos. Essa ação gerava um saldo positivo na conta de capital e financeira dos Estados Unidos que servia para financiar o déficit em transações correntes e suavizar a desvalorização do dólar. Em segundo lugar, as contas públicas norte-americanas têm sido crescentemente deficitárias desde o final da administração Clinton. O déficit fiscal gera uma necessidade de financiamento via dívida pública que também põe pressão sobre a taxa de câmbio. Em terceiro lugar, surgiu no final do século XX outra moeda, o euro, com capacidade de concorrer com o dólar no papel de unidade de conta e reserva de valor em nível internacional. Por fim, o tamanho relativo da economia norte-americana no mundo foi reduzido com a emergência da China. O euro, ao contrário do yuan chinês, é uma moeda concorrente ao dólar como padrão internacional. Ele preenche as características necessárias para que uma moeda seja utilizada como referência nas transações internacionais e como reserva de valor por parte de agentes privados e Bancos Centrais. Essas condições são: (i) ser uma moeda de um país de economia relativamente grande e integrada comercial e financeiramente com o resto do mundo; (ii) ser uma moeda controlada por um Banco Central com credibilidade no que diz respeito ao combate à inflação, o que impede a corrosão do valor real da moeda como reserva de valor; (iii) ser uma moeda emitida por um governo com credibilidade no que diz respeito à liberdade e estabilidade de regras nos fluxos de capitais; e, por fim, (iv) ser uma moeda em que seu valor (a taxa de câmbio) seja determinado por forças de mercado e não por uma vontade arbitrária do governo. Na medida em que o desenvolvimento do capitalismo continue a ocorrer na China e que ocorra uma maior liberalização da conta de capitais e do mercado cambial chinês, o yuan poderá emergir como mais um contendor, junto com o dólar e o euro, como moeda de referência internacional. Com o aprofundamento da crise financeira internacional após a falência do Lehman Brothres, esse processo estrutural de desvalorização do dólar foi temporariamente revertido. O temor de uma falência generalizada do sistema bancário internacional gerou um movimento de forte aversão ao risco que levou investidores a buscar asilo em compras -2- de títulos públicos norte-americanos. Em outras palavras, houve um excesso de demanda por dólares que eram usados para comprar os títulos públicos. Contudo, na medida em que as condições de solvência do sistema financeiro internacional são restabelecidas, o movimento de aversão ao risco se reduziu e a trajetória do dólar voltou a sua tendência anterior de desvalorização. Na verdade, essa tendência de desvalorização ficou ainda mais forte por conta de dois fatores específicos, um deles de caráter estrutural e outro de caráter conjuntural. O déficit público norte-americano se elevou ainda mais em 2009, reforçando a tendência estrutural de desvalorização do dólar, e as taxas de juros foram reduzidas substancialmente, gerando também uma força conjuntural em favor da desvalorização2. TABELA 1 Desvalorização das Taxas de Câmbio em Relação ao Dólar (%) 31/07/08 (1) 31/12/08 (2) 16/10/09 (3) Var. (%) (2)/(1) Var.(%) (3)/(2) Yuan 6,83 6,83 6,83 0,00 0,00 Iene 108,1 90,79 90,73 -16,01 -0,07 Libra 0,5 0,68 0,61 36,00 -10,29 Euro 0,64 0,72 0,67 12,50 -6,94 Real 1,57 2,31 1,71 47,13 -25,97 502,78 629,11 549,21 25,13 -12,70 Peso (ARG) 3,03 3,45 3,82 13,86 10,72 Dólar (AUS) 1,06 1,43 1,09 34,91 -23,78 Peso (CHI) Won (Coréia) 1011,5 1262 1155 24,77 -8,48 Rúpia (Índia) 42,47 48,58 46,2 14,39 -4,90 Fonte: Yahoo Finance Em resumo, há razões estruturais e conjunturais que explicam a desvalorização do dólar em relação a várias moedas do mundo. Como mostra a tabela 1, no período que vai do agravamento da crise internacional até o final de 2008, o dólar se valorizou em relação à maioria das moedas do mundo. A única exceção na tabela 1 é o iene, que em função do desmonte das operações de carry trade que vinham sendo feitas apresentou uma valorização de 16,01% em relação ao dólar. O real foi das moedas que mais desvalorizou frente ao dólar nesse período (47,13%). Contudo, na medida em que a crise financeira começou a ser superada as moedas dos diferentes países voltaram a se valorizar frente ao dólar. Entre o final de 2008 e meados de outubro quase todas as moedas apresentam valorização em relação ao dólar. Uma exceção notável é a Argentina, que em função dos seus problemas macroeconômicos domésticos, continuou a ter sua moeda se desvalorizando em relação ao dólar. O real foi, novamente, a moeda com maior variação, apresentando uma valorização de quase 26%. Cabe destacar que, nos últimos meses, essa desvalorização do dólar ocorreu a despeito da ação coordenada dos Bancos Centrais de vários países do mundo no sentido de promover maciças compras de dólar nos seus mercados de câmbio domésticos.3 A tabela 1 mostra também um aspecto interessante em relação à China. A política cambial chinesa continua a ser de forte intervenção no mercado de câmbio, mas foi 2 Como o mais provável é que a taxa de juros norte-americana seja elevada apenas em 2010, o diferencial de juros continuará a pressionar pela desvalorização do dólar até o final de 2009. 3 As reservas chinesas, por exemplo, já somam US$ 2,273 trilhões. -3- alterada em meados de 2005 de forma a permitir uma valorização gradual do yuan em relação ao dólar. Abandonou-se, portanto, o sistema de câmbio fixo. A partir de então o yuan se valorizou em 21% em relação ao dólar até meados de 2008. 4 Contudo, após o agravamento da crise, a política cambial chinesa voltou a buscar uma certa paridade com o dólar, fazendo com que o yuan acompanhasse a desvalorização recente do dólar. Dessa forma, na medida em que as moedas dos demais países se valorizam frente ao dólar, as exportações chinesas ganham competitividade nos mercados mundiais. GRÁFICO 1 PIB (%) – Estados Unidos 8,0 8,0 6,9 5,4 6,0 4,0 2,0 2,4 1,1 3,5 2,6 1,4 3,2 2,1 3,6 2,0 0,3 1,6 0,1 4,1 2,9 3,5 2,8 3,0 3,1 1,7 2,1 3,0 3,2 1,4 1,2 3,6 3,5 2,1 1,5 0,1 0,0 -2,0 -0,7 -1,3 -1,1 -0,7 -2,7 -4,0 -6,0 -5,4 jul/09 jul/08 jan/08 jul/07 jan/07 jul/06 jan/06 jul/05 jan/05 jul/04 jan/04 jul/03 jan/03 jul/02 jan/02 jul/01 jan/01 jul/00 jan/00 jan/09 -6,4 -8,0 Fonte: Federal Reserve Depois de quatro trimestres com desempenho negativo, o PIB dos Estados Unidos apresentou um crescimento de 3,5% no terceiro trimestre de 2009 (gráfico 1). Os gastos em consumo, um dos elementos mais importantes na determinação do PIB norte-americano, apresentou uma expansão de 3,4%5, o que representa o melhor desempenho desse item desde o primeiro trimestre de 2007. No que diz respeito aos gastos em investimentos privados, houve também um desempenho positivo (11,5%), somente superado pelo resultado obtido nesse item no quarto trimestre de 2005. Nesse caso, a retomada dos investimentos no setor de construção civil residencial foi o elemento mais relevante. Embora um crescimento positivo e relativamente elevado seja um sinal promissor, ainda há incertezas quanto ao fim da recessão norte-americana. O crescimento no terceiro trimestre do ano ocorre em relação a uma base de comparação bastante deprimida por vários trimestres seguidos de queda no PIB. Nesse sentido, a política monetária do FED deverá continuar a ser relativamente expansionista nos próximos meses. Os bons resultados em termos de PIB no terceiro trimestre do ano não ficaram restritos aos Estados Unidos. O PIB chinês cresceu 8,9% no terceiro trimestre, 4 A política cambial chinesa desde meados de 2005 é similar àquela usada no Brasil nos tempos do plano real, de 1995 a 1998. Em ambos os casos a taxa de câmbio é gerenciada para corrigir seu desalinhamento de forma gradual no tempo. A diferença está apenas na direção da correção do desalinhamento. No caso do Brasil, nossa moeda estava valorizada e a intervenção do Banco central ocorria no sentido de gerar uma desvalorização gradual e previsível da taxa de câmbio. No caso chinês a ação é a mesma, mas ocorre para permitir uma valorização gradual e previsível da yuan. 5 A influência maior no consumo veio dos bens duráveis, com expansão gastos de 22,3%. -4- representando uma aceleração em relação aos 6,1% e 7,9% observados, respectivamente, no primeiro e segundo trimestres de 2009. No acumulado dos nove primeiros meses de 2009 a economia chinesa expandiu-se em 7,7%. Cabe destacar, contudo, que parte significativa desse crescimento está associada à deflação dos preços, pois o crescimento nominal acumulado no ano foi de apenas 4,7%. A deflação é, por outro lado, um sinal positivo de que os pacotes de estímulo fiscal e monetário que vem sendo implementados não precisaram ser revertidos no curto prazo, garantindo uma boa perspectiva de crescimento para o quarto trimestre do ano. Depois das elevações de juros implementadas recentemente pelos Bancos Centrais de Israel e da Austrália, em novembro, foi a vez do Banco Central do Japão anunciar medidas de reversão da política monetária expansionista. Embora a taxa de juros tenha sido mantida constante, o Banco do Japão (BoJ) anunciou que suspenderá ações de compras de bônus corporativos e commercial papers no final do ano corrente. A redução da taxa de desemprego, de 5,6% para 5,3% contribuiu para essa decisão. Assim como no caso do FED, o BoJ parece ter preferido iniciar o desmonte da política monetária acomodatícia de forma bastante lenta e começando pela retirada das medidas de quantitative easing. GRÁFICO 2 Índice de Fechamento Diário – Dow Jones – Pontos Base 03/09/2009 03/07/2009 03/05/2009 03/03/2009 03/01/2009 03/11/2008 03/09/2008 03/07/2008 03/05/2008 03/03/2008 03/01/2008 03/11/2007 03/09/2007 03/07/2007 03/05/2007 03/03/2007 03/01/2007 15000 14000 13000 12000 11000 10000 9000 8000 7000 6000 Fonte: Yahoo Finance Outro fator relevante a ser notado é a recuperação do valor das ações. Até mesmo nos Estados Unidos, país mais diretamente afetado pela crise econômica, continua a ocorrer uma recuperação significativa. Como mostra o gráfico 2, o índice Dow Jones voltou a oscilar próximo do patamar dos 10 mil pontos, recuperando a marca de cerca de um ano atrás. Embora esse nível ainda esteja muito abaixo dos 14 mil pontos atingidos antes do agravamento da crise, ele representa uma grande evolução em comparação ao vale de 6.500 pontos atingido em março de 2009. -5- 3. POLÍTICA ECONÔMICA, INFLAÇÃO E NÍVEL DE ATIVIDADE Em sua reunião de outubro o Copom manteve constante a taxa de juros em 8,75% ao ano. Esse era um resultado já amplamente esperado por todos. O mais relevante no que diz respeito a essa reunião do Copom é a falta de informações novas no comunicado à imprensa, que repetiu aquele divulgado na reunião anterior, e na ata divulgada anteriormente. Essa ausência de novas informações indica que, na percepção do Banco Central, o cenário macroeconômico que justificou a colocação da taxa de juros no patamar de 8,75% continua em vigor, de forma que elevações da taxa de juros não devem ser esperadas para um futuro muito próximo. O cenário apresentado pelo Banco Central continuou a ser o de uma recuperação paulatina do nível de utilização dos recursos produtivos da economia sem que isso coloque pressão iminente sobre a inflação. Nesse sentido, é possível avaliar que a taxa de juros não deverá ser elevada em 2009. Além disso, a probabilidade de uma elevação já na primeira reunião de 2010 continua muito baixa. Em função do cenário relativamente controlado das expectativas de inflação e da inflação corrente, parece improvável que o Copom inicie um processo de elevação da taxa de juros sem antes dar alguma indicação nesse sentido na ata de uma de suas reuniões. As informações sobre projeções de inflação apresentadas na ata da reunião do Copom não indicam uma alteração significativa em relação àquelas apresentadas no último número do Relatório de Inflação. Diz a ata que: “Para 2010, no cenário de referência, a projeção se manteve estável em relação ao valor considerado na reunião do Copom de setembro, portanto, em torno do valor central da meta, ao passo que no cenário de mercado a projeção aumentou, mas permaneceu em torno de 4,50%.” GRÁFICO 3 Expectativas Medianas de Inflação (IPCA) – (%) Fim do Período 5,1 5 4,9 4,8 4,7 4,6 4,5 4,4 4,3 4,2 2009 set/09 set/09 out/09 out/09 jul/09 jul/09 jul/09 ago/09 ago/09 abr/09 abr/09 mai/09 mai/09 jun/09 jun/09 jan/09 jan/09 fev/09 fev/09 mar/09 mar/09 jan/09 Elevação das expectativas de inflação para 2010 2010 Fonte: Banco Central do Brasil A recuperação da atividade econômica em 2009 e a elevação das perspectivas de crescimento em 2010 começaram a gerar impactos sobre as expectativas de inflação para o próximo ano. Como pode ser visto no gráfico 3, embora as expectativas de inflação para 2009 continuem estabilizadas abaixo da meta de inflação, as expectativas inflacionárias para 2010 começaram a se elevar e já atingiram a meta de 4,5%. A trajetória mais provável é que essas expectativas para 2010 se ancorem na meta nos próximos meses. Apesar da -6- recuperação dos níveis de produção e vendas correntes, ainda há muita capacidade ociosa na economia, a taxa de câmbio continua a ajudar no combate à inflação e a parcela inercial da inflação (persistência inflacionária) deverá ser relativamente baixa em 2010. Assim, será possível combinar uma retomada de crescimento com inflação e expectativas de inflação relativamente controladas, dispensando a necessidade de uma elevação de juros nos próximos meses. Nesse cenário, é provável que uma elevação de juros ocorra apenas após o final do primeiro trimestre de 2010. Os dados de mercado de trabalho continuam a mostrar uma recuperação em relação ao final de 2008. Em setembro, os dados de geração de emprego formal (CAGED) apontaram para a criação líquida de 252 mil empregos, gerando um saldo positivo de 933 mil postos de trabalho nos primeiros nove meses do ano. Embora o número de postos de trabalho formal gerados até setembro de 2009 seja 55% menor em relação a igual período de 2008, é significativo que o mercado de trabalho ainda consiga gerar um número relativamente grande de postos de trabalho. É possível também observar uma melhoria no mercado de trabalho através dos dados de desemprego. A taxa de desocupação caiu para 7,7%, um valor igual ao observado em 2008 antes do início do agravamento da crise econômica internacional. A expansão do emprego e do salário médio real já proporciona uma elevação de 2,46% na massa de salários nos últimos doze meses até setembro de 2009. Em resumo, embora o mercado de trabalho esteja se expandindo, em termos de emprego e salários em um ritmo inferior àquele observado entre 2006 e 2008, ainda há uma expansão significativa que ajuda a impulsionar a demanda doméstica e a expansão da atividade econômica6. TABELA 2 Arrecadação das Receitas Federais (R$ Milhões) Arrecadação Receita 2009 Set Jan-Set Variação (%) 2008 Set Jan-Set Set/Set Jan-Set / Jan-Set -7,44% -3,12% Nominal 51.520 483.636 55.663 499.225 Previdenciária 15.660 139.262 14.851 126.532 5,44% 10,06% Tributária e outras 35.861 344.374 40.812 372.693 -12,13% -7,60% Real (IPCA) 51.520 489.361 58.080 530.912 -11,29% -7,83% Previdenciária 15.660 140.870 15.496 134.510 1,06% 4,73% Tributária e outras 35.861 348.491 42.584 396.402 -15,79% -12,09% Real (IGP-DI) 51.520 481.625 55.300 512.110 -6,84% -5,95% Previdenciária 15.660 138.696 14.754 129.720 6,14% 6,92% Tributária e outras 35.861 342.930 40.546 382.390 -11,56% -10,32% Fonte: Receita Federal do Brasil Apesar dos sinais de melhoria na atividade econômica e no mercado de trabalho, a arrecadação de tributos federais continuou a mostrar resultados negativos em setembro. A arrecadação total atingiu R$ 51,5 bilhões em setembro de 2009, um valor nominalmente inferior em R$ 4,2 bilhões ao que foi arrecadado em igual mês de 2008. A queda nominal de arrecadação em setembro foi de 7,4% e a redução real (IPCA) atingiu 11,3% (tabela 2). 6 É possível notar, contudo, uma redução na taxa de formalização do mercado de trabalho. A expansão mais acelerada das ocupações informais tem reduzido a taxa de formalização da força de trabalho ao longo de 2009. -7- Em termos acumulados nos nove primeiros meses do ano, a arrecadação federal apresenta queda nominal de 3,12% e real de 7,83%. Em função da dificuldade de cortar gastos em um ano eleitoral, a elevação do superávit primário projetada pelo governo para 2010 estará fortemente dependente da reversão dessa tendência de queda de arrecadação no próximo ano. Apenas uma elevação de receita acima da elevação de gastos poderá garantir o aumento do superávit primário em 2010. Depois da divulgação do déficit de setembro nas contas do governo central (R$ 7,63 bilhões) até mesmo alguns membros do governo já começam a por em dúvida a meta fiscal de 2009. Já é certo que, pela primeira vez, o governo precisará abater da meta fiscal de 2,5% do PIB os gastos do Projeto Piloto de Investimentos (PPI), cujo teto é de R$ 28,5 bilhões. O governo central deveria contribuir com R$ 42,7 bilhões para a meta agregada de superávit primário de 2009, porém, até setembro, acumulou apenas R$ 16,37 bilhões. Apesar da redução real e nominal da arrecadação de tributos federais, o governo central expandiu seus gastos em 16,5% nos nove primeiros meses do ano em relação à igual período de 2008, com concentração em gastos de custeio (20,2%) 7 , muitos deles de caráter permanente. A deterioração fiscal não será ainda mais grave pois começa a ficar clara a intenção do governo central em usar de expedientes contábeis heterodoxos para elevar o superávit primário, como, por exemplo, saques no Fundo Soberano do Brasil (R$ 16,02 bilhões) e a utilização de recursos provenientes de depósitos judiciais (5 bilhões)8. O resultado primário negativo do governo central em setembro gerou um déficit primário para o setor público consolidado de R$ 5,8 bilhões, o que representa o pior resultado para um mês de setembro desde 1991. Dessa forma, as contas públicas aprofundaram sua trajetória de deterioração. No acumulado em doze meses, o superávit primário alcançou R$ 34,7 bilhões (1,17% do PIB), um valor abaixo da meta oficial de 2,5% do PIB e da meta corrigida pelo PPI e PCA de 1,56% do PIB. A redução do primário elevou o déficit nominal, que nos últimos doze meses até setembro atingiu R$ 127,4 bilhões (4,29% do PIB). Em outros tempos, esse tamanho de déficit público já teria trazido problemas de financiamento para a dívida pública. O ganho de credibilidade atingido depois de 15 anos de política monetária e fiscal prudente tem permitido que essa deterioração das contas públicas ocorra sem crises de financiamento da dívida pública. Contudo, a trajetória de deterioração está muito elevada e medidas precisam ser tomadas para reverter essa tendência. A meta de superávit primário para 2010 é de 3,3% do PIB, com possibilidade de desconto, segundo a LDO, de 0,65% do PIB referentes ao PPI e PAC, o que geraria uma meta ajustada de 2,65% do PIB. É preciso, portanto, que sejam anunciadas medidas fiscais capazes de fazer com que o superávit primário de 1,17% do PIB registrado em setembro de 2009 se eleve para 2,65% do PIB em dezembro de 2010. Apostar simplesmente em uma expansão da arrecadação ao longo de 2010 como forma de gerar essa melhoria no superávit primário parece por em risco a meta fiscal de 2010, principalmente porque, até setembro, a arrecadação federal ainda não deu qualquer sinal de melhoria. O resultado final da deterioração fiscal é a elevação da relação percentual entre a dívida líquida do setor 7 Os gastos em despesas de capital do governo central expandiram-se em 12,7% nos nove primeiro meses do ano. 8 A MP 468 já aprovada na Câmara permite a utilização dos depósitos judiciais referentes a processos ainda em litígio como receita do governo central. Além dessas medidas heterodoxas, o governo central tem utilizado também de medidas pontuais para melhorar as contas públicas em certos meses específicos. Esse foi o caso da transferência de dividendos das estatais para o governo federal, que somou R$ 7,8 bilhões em agosto. Essa transferência ajudou a melhorar as contas do governo central em agosto de 2009, mas não representa uma possibilidade recorrente. Em setembro, o pagamento de dividendos das estatais caiu para R$ 37,9 milhões. -8- público e o PIB, que atingiu 44,9% em setembro, representando o maior valor para essa relação desde junho de 2007. 4. SETOR EXTERNO E TAXA DE CÂMBIO A já costumeira combinação de déficit em transações correntes com superávit na conta de capital e financeira gerou, em setembro, um superávit de US$ 4,9 bilhões no balanço de pagamentos. Com esse resultado o superávit acumulado nos primeiros nove meses do ano somou US$ 29,1 bilhões, representando uma elevação de 21,5% em relação a igual período de 2008. A conta financeira apresenta resultados expressivos, contribuindo significativamente para o superávit no balanço de pagamentos global. Nos nove primeiros meses do ano o fluxo de investimentos diretos líquido atingiu US$ 22,9 bilhões, enquanto os investimentos em carteira (renda fixa e variável) somaram US$ 21,7 bilhões. TABELA 3 Balanço de Pagamentos - US$ Milhões 2008 Set Balança Comercial (FOB) 2009 Jan-Set (1) Ano Set Var. % Jan-Set (2) (2)/(1) 2.732 19.658 24.836 1.329 21.312 8,42% Exportações 20.017 150.860 197.942 13.863 111.783 -25,90% Importações 17.285 131.202 173.107 12.534 90.470 -31,05% - 5.816 - 45.413 - 57.252 - 3.969 - 35.632 21,54% Serviços e rendas Transferências Unilaterais 328 2.443 -14,91% - 22.884 4.224 28.192 - 2.311 - 11.876 48,10% 5.274 54.099 29.352 7.192 40.555 -25,03% 102 698 1.055 72 786 12,54% 5.172 53.400 28.297 7.120 39.769 -25,53% Investimento direto (líq.) 3.208 15.448 24.601 945 22.859 47,98% Investimento em carteira - 1.809 17.087 1.133 6.553 21.722 27,13% 10 - 401 - 312 - 36 169 -142,17% 3.763 21.267 2.875 - 342 - 4.981 -123,42% - 2.040 - 7.256 1.809 2 436 106,01% - 473 - 23.959 - 2.969 - 4.882 - 29.115 21,52% Transações correntes 323 2.871 - 2.761 Conta capital e financeira Conta Capital Conta Financeira Derivativos Outros Investimentos Erros e Omissões Variação de reservas Fonte: Banco Central do Brasil A combinação de um constante superávit no balanço de pagamentos com um diferencial de juros ainda atrativo, com a melhoria das perspectivas para o PIB brasileiro e com a elevação da credibilidade da política econômica doméstica, continuou a contribuir para a valorização do real. Além desses fatores próprios ao Brasil, a desvalorização do dólar em escala global também vem influenciando a valorização do real. Em um sistema de metas para a inflação com taxa de câmbio flutuante, a atuação da política cambial não pode determinar a tendência da taxa de câmbio. Os instrumentos tradicionais de política cambial podem e devem ser usados apenas no sentido de suavizar a tendência cambial gerada pelo equilíbrio macroeconômico da economia. -9- O gráfico 4 mostra claramente que, em função da combinação de razões levantadas no parágrafo anterior, há “sobra” de dólares no mercado doméstico de câmbio, o que gera a tendência de apreciação do real. Após o mês de abril de 2009, as sobras têm sido sempre positivas, tendo se elevado bruscamente em outubro em função de operações específicas de abertura de capital. O Banco Central tem continuado em sua política de compras de dólares para elevar o volume de reservas, que já atingiu US$ 232 bilhões na última semana de outubro. De forma adicional as compras no mercado de câmbio o governo reeditou em outubro a imposição de uma alíquota de IOF, no valor de 2%, sobre as operações cambiais. Esse expediente já havia sido utilizado no passado recente, com alíquota de 1,5%, mas foi eliminado no período imediatamente posterior ao agravamento da crise econômica que se seguiu à falência do Lehman Brothers. Ao contrário do que havia sido feito anteriormente, quando o IOF foi destinado apenas às operações cambiais com títulos de renda fixa, no caso atual a cobrança também incide sobre os investimentos na bolsa de valores. GRÁFICO 4 Movimento de Câmbio Contratado – US$ Milhões 15.000 12.842 10.000 5.000 1.944 3.134 2.803 1.430 841 2.957 1.076 1.365 1.270 0 -797 -5.000 -3.018 -4.639 out/09 set/09 ago/09 jul/09 jun/09 mai/09 abr/09 mar/09 fev/09 jan/09 dez/08 out/08 set/08 ago/08 nov/08 -6.373 -7.159 -10.000 Fonte: Banco Central do Brasil Nota: Out/09 até o dia 23 A alteração das regras do IOF para o câmbio reacendeu o debate sobre a necessidade, eficiência e forma dos instrumentos de controles de capital externo na economia brasileira. O debate é muito amplo, mas sobre alguns pontos parece haver convergência. A experiência mostra que os controles de capitais são melhores quando aplicados na entrada e não na saída dos recursos. Mostra ainda que tais controles, quando impostos, devem ser pré-anunciados, não muito abrangentes e devem ser, preferencialmente, feitos nos preços e não nas quantidades. Obviamente, controles de capital muito abrangentes são mais efetivos para determinar a taxa de câmbio, mas em um regime de taxa de câmbio flutuante, em princípio, é exatamente isso que não se deseja fazer. No limite, se o controle de capitais é total, é a autoridade monetária que determina a taxa de câmbio.9 A elevação do IOF corresponde a uma atuação sobre os “preços” (eleva o custo das transações cambiais) que é feita na entrada dos capitais e sua abrangência, embora 9 Até a década de 1990, esse era o caso do Brasil. Diariamente o Banco central estipulava a taxa de câmbio “oficial”. - 10 - elevada, não é total. Dessa forma, pode-se avaliar que, embora do ponto de vista de sinalização a opção não tenha sido correta, ela não corresponde a um rompimento do compromisso com um regime de câmbio flutuante. Embora os efeitos de curto prazo tenham sido significativos, provocando uma desvalorização do real, é pouco provável que os efeitos de longo prazo sejam também efetivos. Operações financeiras alternativas podem ser montadas para reduzir o impacto do IOF e manter a tendência de valorização do real.10 Uma forma alternativa de intervenção no mercado de câmbio que começou a ser veiculada na imprensa especializada é a compra de dólares pelo Ministério da Fazenda com a utilização de recursos do Fundo Soberano do Brasil (FSB), que foi criado no final de 2008 com recursos referentes a 0,5% do PIB. Essa parece ser uma idéia bastante negativa, pois implica na existência de um “cabo de guerra” entre o Banco Central e o Ministério da Fazenda no que diz respeito à política cambial. A compra de dólares para a recomposição das reservas é tarefa do Banco Central, de modo que a utilização dos recursos do FSB implicaria em uma divergência importante na condução da política econômica dentro do governo. O Banco Central ficaria passivo a essa intromissão da fazenda na política cambial, ou reagiria reduzindo suas próprias compras para recomposição de reservas? A instabilidade de regras que poderia ser gerada não seria positiva para condução da política econômica.11 Talvez a melhor forma de enfrentar o “problema” cambial seja reconhecer que a realidade brasileira mudou, de uma situação de escassez de dólares, que vigorou desde 1930, para uma situação de abundância de financiamento externo, que se mostra uma realidade para o Brasil desde 2003. Ao aceitar que os temos de escassez no mercado de câmbio ficaram no passado, cabe modificar a nossa arcaica legislação cambial, que foi criada para conviver com a escassez e não a abundância de divisas. A retomada da discussão do projeto de Lei Complementar 32/2006 seria um bom começo nesse sentido. Um ponto negativo que é recorrentemente levantado contra a valorização do real são seus efeitos indesejados sobre as exportações, especialmente no que diz respeito às exportações de produtos industrializados. O gráfico 5 mostra que a correlação simples entre taxa de câmbio real e exportações de produtos industrializados não é constante no tempo. É óbvio que uma valorização da taxa de câmbio real tende, isoladamente, a gerar uma redução das exportações de bens industrializados, que ficam menos competitivos no mercado externo. Contudo, há outros fatores que também estão sempre atuando. Note que no gráfico 5 temos um período de câmbio real valorizado entre 1994 e 1998, outro de câmbio desvalorizado entre 1999 e 2002, mas em ambos os períodos a exportação mensal de produtos industrializados é relativamente constante. Por outro lado, entre 2003 e 2008, o câmbio real está em contínua valorização, mas as exportações de produtos industrializados crescem de maneira muito significativa. 10 O que poderia ser realmente negativo para a política econômica seria uma nova elevação da alíquota do IOF no futuro ou a imposição de novas barreiras ao fluxo de capitais. 11 Esse tipo de problema de descoordenação entre instâncias do governo pode ser particularmente negativo em um momento em que há possibilidade de saída do presidente do Banco Central em função das eleições gerais de 2010. - 11 - GRÁFICO 5 Taxa de Câmbio Real¹ e Exportações de Industrializados (US$ Milhões) 5 4,5 4 Real desvalorizado 14.000 Real se valorizando 12.000 Real valorizado 10.000 3,5 3 2,5 8.000 6.000 4.000 2 1,5 Taxa de Câmbio Real jun/09 out/07 ago/08 dez/06 fev/06 abr/05 jun/04 ago/03 out/02 dez/01 fev/01 jun/99 abr/00 ago/98 out/97 dez/96 fev/96 jun/94 abr/95 2.000 Exportações (Industrializados) Fonte: Banco Central do Brasil Nota: (1) R$/US$ de Setembro de 2009 Em uma economia integrada comercialmente, em que parte significativa das importações é composta de produtos intermediários, utilizados na produção industrial como insumos, a valorização cambial gera efeitos positivos de redução de parte dos custos. Por outro lado, as indústrias têm formas de tentar compensar a valorização cambial através, por exemplo, da elevação dos preços dos produtos em dólar, da busca de instrumentos de hedge cambial, da negociação com o governo para a redução da carga tributária, da redução dos custos denominados em reais, etc. O gráfico 5 mostra que a criatividade da indústria nacional tem sido grande e que as exportações de produtos industrializados continuou em expansão até o agravamento da crise. Note-se ainda que, embora possa ser observada uma queda significativa das exportações de bens industrializados após o agravamento da crise, foi retomada recentemente a tendência de ampliação das exportações. A exportação de produtos industrializados caiu até o patamar mensal de US$ 6 bilhões em janeiro e fevereiro de 2009, mas começou um movimento de recuperação até atingir o patamar mensal atual, de cerca de US$ 8 bilhões. - 12 - 5. DADOS E PROJEÇÕES ECONÔMICAS Cenário Básico 2007 2008 2009 2010 PIB PIB VA - crescimento real (%) 5,7 5,1 0,0 4,0 Agropecuária 5,3 5,8 (0,5) 4,0 Indústria 4,9 4,3 (4,9) 4,5 Serviços 4,7 4,8 2,5 3,5 Preços IPCA - IBGE (%) 4,5 5,9 4,4 4,4 IGP-M - FGV (%) 7,7 9,8 (0,9) 3,5 Setor Público Resultado Nominal (% do PIB) (2,3) (1,5) (3,3) (2,5) Resultado Primário (% do PIB) 4,0 4,1 1,6 2,7 Juros Nominais (% do PIB) 6,3 5,6 4,9 5,2 Dívida Líquida do Setor Público (% do PIB) 42,8 36,0 43,0 42,3 Câmbio e Juros Taxa de Câmbio R$/US$ (final de período) 1,77 2,34 1,68 1,75 Taxa de Juros Nominal (final de período) 11,25 13,75 8,75 10,50 Taxa de Juros Real - deflator IPCA (média do ano) 8,2 6,5 4,9 5,1 Juro Nominal - média de período 12,05 12,46 10,07 9,68 Balanço de Pagamentos Exportações (US$ bilhões) 160,6 197,9 160,0 179,0 Importações (US$ bilhões) 120,6 173,2 135,0 162,0 Balança Comercial (US$ bilhões) 40,0 24,7 25,0 17,0 Conta Corrente (US$ bilhões) 1,5 (28,3) (15,0) (26,0) Conta Corrente (% do PIB) 0,1 (2,0) (1,0) (1,4) 34,6 45,1 26,0 32,0 Investimento Estrangeiro Direto (US$ bilhões) 181 207 240 250 Reservas Internacionais (US$ bilhões) Fontes: Banco Central do Brasil, IPEA Data, IBGE e MDIC Projeções: Gerência de Análise Econômica e Riscos de Mercado- Banco Cooperativo SICREDI S/A Consultor Responsável: Marcelo S. 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