VI ERMAC-R3 6o Encontro Regional de Matemática Aplicada e Computacional 08 a 10-Novembro-2006 Universidade Federal da Paraı́ba - João Pessoa/RN Comparando os teoremas que tratam sobre o limite dos zeros de um polinômio Flaulles Boone Bergamaschi Depto. de Ciências Exatas, UESB, 45083-900, Vitória da Conquista, BA E-mail: [email protected] Resumo em [1] nos dá L Em [1] apresentamos uma forma de limitar as raı́zes reais ou complexas de um polinômio. Esse limite foi dado por um disco em R2 uma vez que temos o isomorfismo C ' R2 que associa cada número complexo a + bi com o par (a, b). A importância de se estudar esses limites se faz no fato de que determinando uma região limitada, podemos iniciar nossos métodos numéricos para encontrar zeros dentro dessas regiões e assim reduzindo consideravelmente o tempo que um algoritmo numérico leva para encontrar uma aproximação. Neste texto vamos comparar dois resultados que tratam sobre o limite dos zeros de um polinômio analisando algumas classes de polinômios. Palavras-chave = 2 max {|ai |1/(n−i) } 0≤i≤n−1 com as mesmas hipóteses. Isso melhora consideravelmente o resultado, fornecendo um disco um pouco menor. Consideremos agora um resultado derivado dos trabalhos de Lagrange no Século XVIII em “Traité de Résolution des Équations Numériques de Tous Degrés”: Teorema 2. Seja p(x) = xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 um polinômio de grau n e a0 6= 0. Se x é um zero de p, então |x| ≤ Lg , √ onde Lg = 1 + n−k B, 0 ≤ k ≤ (n − 1) é o maior ı́ndice dos coeficientes negativos e B = max{|ai | ; 0 ≤ i ≤ (n − 1) e ai < 0}. Observação: Caso o polinômio não possua coeficientes negativos basta tomar −p(x). Em [3] encontramos uma outra forma de enunciar o teorema de Lagrange. Introdução Vamos manter neste texto as letras k, B do teorema acima. Dessa forma, sempre que aparecer k Em [1] apresentamos o seguinte resultado: ou B estamos falando dos elementos do Teorema de Teorema 1. Seja p(x) = xn + an−1 xn−1 + · · · + Lagrange. a1 x + a0 um polinômio de grau n e a0 6= 0. Se x é Nosso trabalho agora será comparar esses dois reum zero de p, então sultados. Começamos com os exemplos abaixo: Zeros, raı́zes, polinômios, Lagrange. Exemplo 1. Seja p(x) = x3 − 2x2 − 5x + 1. Aplicando o resultado de Lagrange√temos k = 2, 1 B = 5 e portanto Lg = 1 + 3−2 5 = 6. Por onde Lf = max {|ai |1/(n−i) } log(2) 0≤i≤n−1 outro lado aplicamos o Teorema 1 temos √ Lf = Não demonstraremos aqui, mas uma pe- 2√ max{|a0 |1/3 , |a1 |1/2 , |a2 |} = 2 max{1, 5, 2} = quena modificação na demonstração dada 2 5 ∼ = 4.47. |x| ≤ Lf , Neste exemplo podemos observar que Lf < Lg , ou seja, podemos dizer que Lf é mais apropriado, pois fornece um limite menor. Reduzindo nossa região de busca. Teorema 4. Seja p(x) = xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 um polinômio de grau n com coeficientes inteiros e a0 6= 0. Seja B = |ai0 |. Se k < i0 , então Lg < L f . Exemplo 2. Seja p(x) = x4 − 5x3 − 7x2 + 29x + 30. demonstração Temos então Lg = 8 e Lf = 10. Lg Agora temos exatamente o contrário do exemplo anterior, ou seja, Lf > Lg . Diante dos dois exemplos acima, uma pergunta surge: Será que existem classes de polinômios onde ocorre Lf ≤ Lg ou ˙ Lf > Lg ? Vamos tentar responder parcialmente essa pergunta com alguns resultados que apresentaremos agora. n−k < 1+ n−io |ai0 | p | |ai | {z 0} ≥1 ≤ p |ai0 | + n−io p n−io |ai0 | p ≤ 2 n−io |ai0 | ≤ 2 Comparando os Limites Começamos com o seguinte resultado: n p = 1+ q max { n−j |aj |} 0≤j≤n−1 ≤ Lf n−1 Teorema 3. Seja p(x) = x + an−1 x + ··· + a1 x + a0 um polinômio de grau n com coeficientes Veja que neste caso temos um polinômio mônico inteiros e a0 6= 0. Se p(x) possui um único coeficom coeficientes inteiros qualquer (a0 6= 0) com apeciente negativo, então Lg ≤ Lf . nas k menor que i0 . No caso k > i0 não podemos afirmar nada. Isto decorre dos exemplos já citados demonstração anteriormente. Seja ai0 o coeficiente negativo. Neste caso k = i0 Teorema 5. Seja p(x) = xn + an−1 xn−1 + · · · + e B = |ai0 | logo a1 x + a0 um polinômio de grau n tal que |ai | ≤ 0.5. Então Lf < Lg p demonstração Lg = 1 + n−i0 |ai0 | ≤ 1+ q max { n−j |aj |} 0≤j≤n−1 | {z } Pelo Teorema de Lagrange temos que Lg > 1 para qualquer polinômio. Observe p que por hipótese temos |ai | ≤ 0.5 o que implica em i |ai | ≤ 0.5 para i = 1, 2, . . .. Veja que neste caso temos: ≥1 ≤ q max { n−j |aj |} + 0≤j≤n−1 ≤ 2 q max { n−j |aj |} q max { n−j |aj |} 0≤j≤n−1 Lf √ = 2 max{ n−0 a0 , ≤ √ n−1 a1 , . . . , √ n−(n−1) an−1 } 1 0≤j≤n−1 ≤ Lf < Lg Teorema 6. Seja p(x) = xn + an−1 xn−1 + · · · + Assim podemos observar que para polinômios a1 x + a0 um polinômio de grau n com coeficientes mônicos com coeficientes inteiros e apenas um coefi- inteiros e a0 6= 0. Seja B = |ai0 |. Se k = n − 1 e ciente negativo, temos que o resultado de Lagrange |ai0 | ≥ max {|ai |}, então Lf ≤ Lg . é melhor. Vejamos um outro caso agora: 0≤i≤n−1,i6=i0 2 Referências demonstração [1] Boone, Flaulles B.,“Limite dos Zeros de um Polinômio”,V Ermac-R3, (2005). Veja que Lf = 2 max{|a0 |1/n , |a1 |1/(n−1) , . . . , |an−1 |} ≤ 2 max{| ≤ |ai0 | ai0 1/n ai0 1/(n−1) ai | ,| | , . . . , | 0 |} 2 2 2 Portanto Lf ≤ |ai0 | (∗). [3] Andrade, L. N., “Cotas das Raı́zes de um Polinômio”,Revista do Professor de Matemática 42, págs 40-43, (2000). [4] I.N. Hernstein, “Tópicos de Álgebra”, Ed. Polı́gono, (1970). Continuando temos: Lg J.L.,“Traité de Résolution [2] Lagrange, des Équations Numériques de Tous Degrés”,www.gallica.bnf.fr,(XVIII). p = 1+ n−k |ai0 | = 1+ n−(n−1) p |ai0 | = 1 + |ai0 | ≥ 1 + Lf ≥ Lf Como aplicação do Teorema acima façamos o Exemplo 3. Seja p(x) = x5 −2x4 −5x3 +x2 +x+1, observe que k = 4, i0 = 3, B = 5. Assim temos |ai0 | 5 = ≥ max {|ai |} = 2.Veja que Lg = 6 2 2 √ 0≤i≤n−1,i6=i0 e Lf = 2 5, como previsto pelo Teorema acima Lf ≤ Lg . Com isto, temos algumas classes de polinômios onde podemos observar a aplicação dos teoremas para limitar os zeros. Na verdade tentamos comparar esses teoremas com o objetivo de encontrar a região mı́nima onde todos os zeros estão. Essa região mı́nima ainda não foi encontrada e não sabemos se é possı́vel determina-lá. Mas a fortes justificativas de que essa região minimal exista e dependa apenas dos coeficientes do polinômio para ser calculada. Agradecimentos Gostaria de agradecer ao professor Júlio César dos Reis por conversas valiosas. [5] Walter Rudin, “Princı́pios de Análise Matemática”, Ed. Ao Livro Técnico, (1971).