CÁLCULO FUNCIONAL DE MATRIZES Equipe de Cálculo IV do Departamento de Matemática 24 de Setembro de 2009 Vamos resolver os problemas discreto e contı́nuo v 0 (t) = Av(t), v(0) dado un+1 = Aun , u0 dado onde A é uma matriz d × d fixa e u e v são vetores com d coordenadas. Abstratamente, pelo menos, as soluções são fáceis de escrever: un = An u0 e v(t) = etA v(0) (confira!). Queremos agora mostrar receitas para calcular funções f (A) de uma matriz A (os exemplos que nos interessam são f (x) = xn e f (x) = etx ). Receita: Calcule os autovalores λ1 , λ2 , . . . , λk de A, (isto é, as soluções de det(A − λI) = 0) junto com as multiplicidades m1 , m2 , . . . , mk . Agora, você deve procurar um polinômio p tal que p(λ1 ) = f (λ1 ), p0 (λ1 ) = f 0 (λ1 ), . . . , p(m1 −1) (λ1 ) = f (m1 −1) (λ1 ), .. . p(λk ) = f (λk ), p0 (λk ) = f 0 (λk ), . . . , p(mk −1) (λk ) = f (mk −1) (λk ). A matriz procurada, f (A), é simplesmente p(A). Exemplo: Se 3 −4 −1 1 , A = −3 5 21 −32 −7 λ1 = 1, m1 = 1, λ2 = 0, m2 = 2. Para calcular etA , basta obter p tal que p(1) = et1 , p(0) = et·0 , p0 (0) = tet·0 . Para satisfazer três pedidos, um polinômio de grau dois, ax2 + bx + c, é suficiente. De fato, faça c = 1, b = t, a = et − t − 1. Moral: etA = (et − t − 1)A2 + tA + 1 · I. 1 1o Atalho: Se a matriz for diagonalizável, calcule os autovalores λ1 , λ2 , . . . , λk e procure um polinômio p tal que p(λ1 ) = f (λ1 ), . . . , p(λk ) = f (λk ) De novo f (A) = p(A). Aliás, matrizes simétricas são diagonalizáveis, assim como matrizes com todos seus autovalores diferentes entre si. Exemplo: Se 2 2 3 A = 2 5 6 , 3 6 10 seus autovalores são 1 e 15 (confira: qual é o autovalor duplo?). Como A é simétrica, é diagonalizável. Para calcular A1000 , procure um polinômio levando 1 a 11000 = 1 e 15 a 151000 . Uma mera reta faz isto: p(x) = e 151000 − 1 15 − 151000 x+ . 14 14 A1000 2α + β 2α 3α 5α + β 6α = p(A) = 2α 3α 6α 10α + β onde 151000 − 1 15 − 151000 , β= . 14 14 Note que se tivéssemos seguido a receita principal terı́amos que achar um polinômio de grau dois enquanto no presente caso um de primeiro grau é suficiente. 2o atalho: Suponha que saibamos o polinômio minimal de A e que suas raı́zes sejam λ1 , λ2 , . . . , λk com multiplicidades m1 , m2 , . . . , mk . Procedemos agora com estes dados exatamente como na receita principal. A vantagem é que a multiplicidade de uma raiz do polinômio minimal pode ser menor que a multiplicidade de uma raiz do polinômio caracterı́stico. Assim o grau do polinômio procurado poderia ser menor do que seria dado pela receita principal. Alias, o primeiro atalho é um caso particular deste pois o polinômio minimal de uma matriz diagonalizável é (λ − λ1 )(λ − λ2 ) · · · (λ − λk ) onde λ1 , λ2 , . . . , λk são os autovalores. Exemplo: Se 1 0 1 0 0 2 0 0 A= 0 0 1 0 , 0 0 0 2 α= o polinômio minimal é (λ − 1)2 (λ − 2). Para calcular etA devemos achar um polinômio de grau dois p(x) = ax2 + bx + c tal que p(1) = et , p0 (1) = tet e 2 p(2) = e2t . Uma conta revela: a = e2t − et (t + 1) b = et (3t + 2) − 2e2t c = e2t − 2tet e assim etA = aA2 + bA + cI. 3