Transcrição da Aula IX – Núcleos da Base Hoje nós vamos abordar um novo conjunto de estruturas situadas profundamente no cérebro chamadas Núcleos da Base Os Núcleos da Base são estruturas super-encefálicas que vão organizar movimentos amplos, movimentos de massa... e que fazem um apoio ao funcionamento do córtex pré-motor na área 6 de Broadmann, a principal área do assim chamado Sistema Extrapiramidal, que não passa pelas pirâmides do bulbo e que organiza esses movimentos amplos, nada precisos como aqueles organizados pelo sistema córticoespinhal e córtico-nuclear. Bem! Os Núcleos da Base, eles são compreendidos pelo Corpo Estriado. O corpo estriado é formado pelo Núcleo Caudado e pelo Putâmen. O Putàmen, junto com o Pálido Estriado, que é formado pelo globo Pálido, formam uma estrutura em forma de lente (em Latim, lens). O Núcleo Lenticular, então, ele é uma estrutura formada pelo Putâmen (que em Latim significa casca de noz) e pelo Globo Pálido. O núcleo representado pelo corpo, cabeça e cauda do Núcleo Caudado e pelo Putâmen são mais recentes ... e recebe o nome de neoestriado... são mais recentes na filogénese. E o Globo Pálido é mais antigo. Nessa visão nós podemos ver que na região rostral a cabeça do núcleo caudado se funde com o Putâmem, formando o Núcleo Accumbens. Nesta preparação nós podemos ver que algumas estruturas do Tálamo ventral, o Núcleo subtalâmico ou Corpo de Luys, assim como estruturas do mesencéfalo, a Substância Negra, que possui amplas conexões com o Corpo Estriado, também são estudadas como núcleos da base. A seguir nós vamos ver alguns aspectos tridimensionais de cada uma dessas estruturas para que possamos compreendê-las in situ, dentro do Corpo Branco Medular do Cérebro. Bem! Em princípio, então, vamos abordar o Núcleo Caudado e o Putâmen. Então vejamos, nesta preparação, em verde vítreo situam-se os ventrículos cerebrais: corno anterior, corno posterior e corno inferior do ventrículo lateral, o terceiro ventrículo, o aqueduto cerebral, o quarto ventrículo e aqui, o canal central da medula espinhal. Atrás do tronco encefálico situa-se o cerebelo. Aqui em verde está representado o Núcleo Caudado, com a sua cabeça, o tronco ou corpo e a cauda do núcleos caudado. A seguir, uma nova visão de outras estruturas do corpo estriado. Então nós podemos ver, nesta preparação, um corte representativo, um corte frontal do cérebro, mostrando o núcleos caudado seccionado e aqui nós estamos vendo o putâmen e em profundidade o globo pálido. Então, o putâmen e o globo pálido formam o núcleo lenticular. Lateralmente situa-se o Claustrum, uma outra estrutura muitas vezes estudada dentro dos núcleos da base. A Substância Negra é uma outra estrutura mesencefálica que tem conexões com os núcleos da base. Nós podemos ver aqui a substância negra, num corte frontal do cérebro, passando pelo mesencéfalo e pegando também a ponte. Então, é um corte mais posterior, passando pelo tronco encefálico igualmente. Então nós estamos vendo aqui a substância negra, bilateralmente e, logo acima dela, abaixo do tálamo dorsal, parte do tálamo ventral, representada pelo Núcleo Subtalâmico. A lesão do núcleo subtalâmico causa uma impressionante clínica em neurologia chamada Hemibalismo... E a lesão da substância negra causa as chamadas síndromes parkinsonoides. Uma outra visão de áreas intimamente relacionadas com os núcleos da base, nós podemos ver nesta preparação... Então nós estamos vendo aqui o Núcleo Subtalâmico, em computação gráfica, e a Substância Negra, numa visão frontal e numa visão lateral. Novamente são vistos aqui o tálamo, a substância negra... e aqui, numa outra visão de um corte transversal do mesencéfalo, a base do pedúnclo cerebral, nós temos evidentemente uma parte formada por fibras longitudinais e outra região formada por células, como o Núcleo Rubro... e aqui está a Substância Negra... A parte compacta da substância negra é a que envia conexões ricas em dopamina para o neoestriado. Enquanto que a parte reticular recebe conexões gabaérgicas do neoestriado. Então, a lesão dos neurónios que projectam para a substância negra reticulada gera as chamadas Coréias ou Síndromes Coreiformes... E a lesão dos neurónios dopaminérgicos da parte compacta da substância negra geram as chamadas Síndromes Parkinsonoides... Agora vejamos como se apresenta o encéfalo normal em comparação com o encéfalo lesado em algumas patologias neurológicas. Então aqui nós temos um corte transversal do mesencéfalo mostrando a substância negra em um ângulo normal e aqui a substância negra em uma pessoa que morreu com a doença de Parkinson. Vejam que essa estrutura, ela possui menos neurónios pigmentados do que esta. Então, nós temos uma perda dos neurónios dopaminérgicos, nas síndromes parkinsonoides. Em seguida eu me pergunto, como se apresentaria então um corte frontal ou transversal de um cérebro humano de um paciente que morreu com coréia de Huntington. Então, nós estamos vendo aqui uma hidrocefalia ex-vácuo... Um corte frontal do cérebro humano, aqui o corpo caloso e aqui nós estamos vendo o que restou do núcleo caudado. O como esses neurónios, principalmente gabaérgicos, eles se perderam, a sua conformidade, a sua estrutura, devido a lesão... essa estrutura, ela diminuiu, se adelgaçou e isso aumentou, aparentemente o tamanho do ventrículo lateral. Então isso gera a chamada hidrocefalia ex-vácuo. Na verdade não há uma hidrocefalia; na verdade há a perda de massa da cabeça do núcleo caudado. Vejamos agora algumas representações tridimensionais dos Núcleos da Base em movimento... Vamos apresentar uma visão tridimensional do corpo estriado. Então vejamos, o núcleo caudado e o putâmen, numa visão tridimensional e aqui na frente o núcleo acumben. Uma outra visão do núcleo acumben... Nós estamos... desfazendo o córtex até aparecer a parte rostral mostrando a fusão do núcleo caudado com o putâmen, formando então o núcleo acumben, aqui em amarelo. Agora vos apresento uma outra visão dos NB, no caso... o núcleo caudado junto ao ventrículo lateral... Então, fazendo um abaulamento na parede lateral do ventrículo lateral... Portanto, aqui está a cabeça, o corpo e a cauda do núcleo caudado. Aqui nós vamos ver o claustrum. O claustrum... que está lateralmente situado em relação ao núcleo caudado. Aqui nós estamos vendo o claustrum... Então a lâmina de neurónios entre a cápsula extrema e a cápsula externa... Aqui passaria a cápsula externa e aqui a cápsula extrema, aqui deste lado...Posteriormente surge uma parte do telencéfalo chamada Ínsula. Aqui nós estamos vendo em corte a cauda do núcleo caudado. Uma outra visão, agora, mostrando o putâmen... uma visão tridimensional mostrando o putâmen, visto em transparência através do neocórtex. Então aqui está, em verde, o putâmen, ao lado dos ventrículos laterais... Uma outra visão do corpo estriado, bilateralmente representado... o núcleo caudado e núcleo lenticular... Aqui nós estamos vendo, então, o núcleo caudado... uma visão medial do núcleo caudado, cabeça, corpo e cauda... e aqui uma fusão entre o núcleo caudado e o putâmen, formando o núcleo accumbens... E por fim o globo pálido. Então, o putâmen e o núcleo caudado vão formar o neoestriado...mais recente na escala filogenética... O globo pálido vai formar o paleoestriado, mais antigo... Uma lesão do globo pálido gera as chamadas atetoses, que mostram movimentos de reptação... lentos, de flexão, de contracção incontroláveis... A lesão dos núcleos da base gera as chamadas hipercinesias... ao contrário da via da lesão córtico-espinhal ou córtico-nuclear ... o assim chamado sistema piramidal, por alguns autores. Então, enquanto a lesão do chamado sistema piramidal gera as chamadas paralisias... a lesão dos núcleos da base, ou do chamado sistema extrapiramidal, gera as chamadas hipercinesias... que são movimentos incontroláveis, às vezes bastante significativos, como acontece, por exemplo, no hemibalismo... onde os pacientes podem até morrer de exaustão. Então, a lesão do núcleo caudado gera a chamada síndrome coreiforme... A lesão do núcleo lenticular... principalmente considerando o globo pálido... gera as chamadas atetoses. A lesão da substância negra, uma estrutura funcionalmente relacionada aos núcleos da base, gera as chamadas síndromes parkinsonoides... E a lesão do núcleo subtalâmico, ou corpo de Luys, gera o chamado balismo, ou as crises de hemibalismo... Bem! Até à próxima, quando então vamos abordar estruturas corticais e estruturas do tronco encefálico... e assim também alguma divisão anatómica do cerebelo.