envelhecimento e imunossenescência.

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ENVELHECIMENTO E
IMUNOSSENESCÊNCIA.
Dra. Patricia Savoi P. G. Canineu
Médica Nutróloga
Título de especialista em Nutrologia pela ABRAN
Especialização em Nutrição Clínica e Hospitalar pelo GANEP
Pós-graduada em Nutrologia pelo GANEP
Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo
Durante o processo de envelhecimento, o corpo
humano acumula danos desde os níveis moleculares
e celulares até os órgãos, o que resulta na alteração
de funções e atividades, gerando um aumento no risco
de desenvolvimento de doenças e até a morte. Essas
mudanças relacionadas à idade podem ser vistas no sistema
imunológico, por exemplo, por ser um conjunto complexo
de diferentes células e órgãos. O envelhecimento afeta
a maioria dessas células em diferentes graus, geralmente de
forma prejudicial, o que é referido como imunossenescência.¹
Portanto, o termo imunossenescência refere-se a mudanças
no sistema imunológico relacionadas ao avanço da idade.²
O envelhecimento
é um processo
complexo para os
seres humanos.
A imunossenescência é caracterizada por alterações
quantitativas e/ou qualitativas em componentes celulares
e moleculares, os quais levam a um estado de inadequada
atividade do sistema imunológico. Tal fato propicia uma maior
suscetibilidade a infecções, menor resposta a imunizações
e maior índice de fenômenos autoimunes, neoplásicos
e degenerativos, em comparação a indivíduos mais jovens.³
Ela é evidenciada pela diminuição na resposta celular
e humoral. Algumas divergências existem, mas o consenso
presente é que as respostas das células T são mais afetadas
durante o processo de envelhecimento do que as células B.³
Vale ressaltar que existe uma relação entre
a imunossenescência e a condição nutricional dos idosos.
No envelhecimento, o organismo sofre alterações que podem
afetar a ingestão e a digestão adequadas dos alimentos, bem
como alterar os níveis de absorção de alguns nutrientes para
a manutenção da saúde.³
PROBIÓTICOS NO
ENVELHECIMENTO
DO SISTEMA IMUNE.
A disbiose é um distúrbio caracterizado
por disfunção colônica, ocasionada pela alteração da
microbiota intestinal, na qual ocorre predomínio das
bactérias patogênicas sobre as bactérias benéficas.4
As principais causas dessa alteração são
o uso indiscriminado de antibióticos e anti-inflamatórios
hormonais e não hormonais, abuso de laxantes, consumo
excessivo de alimentos processados, pouca ingestão
de alimentos com fibras, redução no consumo de leite
e derivados e de produtos integrais, tempo de trânsito
e pH intestinal, disponibilidade de material fermentável e
estado imunológico do hospedeiro.4
O trato gastrointestinal é a principal entrada
para as células bacterianas, através de alimentos e
bebidas, e é o local para a apresentação de milhões
de antígenos para o tecido linfoide intestinal, conhecido
como GALT (gut-associated lymphoid tissue), que contém
70% das células produtoras de imunoglobulinas.²
O envelhecimento está associado a uma redução nos
micro-organismos benéficos no intestino, em oposição a um
aumento de bactérias proteolíticas, o que, do ponto de vista do
sistema imunológico, leva a:
• Diminuição da resposta antígeno-específica intestinal
da IgA secretora, importante na imunidade associada
à mucosa, ajudando a proteger o hospedeiro de antígenos
como bactérias, vírus e fungos.
•Redução de tamanho das placas de Peyer (PP)
(= sensores do sistema imunológico do intestino) no
intestino.
• Diminuição da capacidade das células T da lâmina
própria a proliferar e a produzir IL-2.
• Uma resposta das células T deficiente.1,5
Para começarmos a explicar o papel dos probióticos
no envelhecimento, é importante relembrar o conceito de
probióticos como micro-organismos vivos, que, quando
administrados de modo e quantidade adequados, conferem
benefícios à saúde do hospedeiro.
Os probióticos podem ser utilizados para modular
a função imunológica no trato gastrointestinal, através da
interação com células epiteliais intestinais; um crescente
número de informações sugere que os probióticos também
podem impactar positivamente o sistema imunológico
sistêmico. Sendo assim, as mucosas e as funções sistêmicas
imunes que sofrem alterações com o envelhecimento podem
beneficiar-se com o consumo de probióticos.¹
De uma forma geral, pode-se dizer que
os benefícios imunológicos dos probióticos podem
ser causados pela ativação dos macrófagos
locais e pela modulação da produção de IgA local
e sistemicamente, a fim de causar mudanças
nos perfis das citocinas pró/anti-inflamatórias
ou a modulação da resposta com relação aos
antígenos alimentares.6
Um número crescente de pesquisas
indica que algumas cepas probióticas podem
ajudar a manter a saúde em pessoas idosas.
Esses benefícios incluem: estabelecimento do
equilíbrio da microflora intestinal, melhora da
resistência do sistema imune, prevenção da
diarreia por colonização, redução de enzimas
fecais, redução do colesterol sanguíneo,
redução de potenciais agentes mutagênicos,
redução da intolerância à lactose, síntese
ou melhora na absorção de vitaminas e
pré-digestão de proteínas.7
Associar o consumo de vitaminas
e minerais a um probiótico oferece um
benefício ainda maior, pois, além de fornecer
os micronutrientes, garante uma melhor
absorção destes, auxiliando no equilíbrio da
flora intestinal, e uma melhor manutenção
do sistema imune, visto que o probiótico atua
diretamente no GALT, o maior sistema imune
do nosso organismo.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1. Munkyong Pae, Simin Nikbin Meydani, and Dayong
Wu. “The role of nutrition in enhancing immunity
in aging.” Aging and disease 3.1 (2014): 91-129.
2. Fandi Ibrahim, et al. “Probiotics and
immunosenescence: cheese as a carrier.”
FEMS Immunology & Medical Microbiology 59.1
(2010): 53-59.
3. Sâmia Macedo Queiroz Mota, et al.
“Imunossenescência: alterações imunológicas
no idoso.” Rev Bras Med 67.6 (2009): 183-188.
4. Anna Carolina Accioly Lins Santos. “Uso de
probióticos na recuperação da flora intestinal.”
Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro (2010).
5. Yvan Vandenplas, Geert Huys, and Georges Daube.
“Probiotics: an update.” Journal of Pediatrics,
Volume 91, Issue 1, January–February 2015,
Pages 6-21.
6. Camille Jung, Jean-Pierre Hugot, and Frédérick
Barreau. “Peyer’s Patches: the immune sensors of
the intestine.” International Journal of Inflammation,
Volume 2010, Article ID 823710, 12 pages, 2010.
doi:10.4061/2010/823710.
7. Malaguarnera G., et al. “Probiotics in the
gastrointestinal diseases of the elderly.”
The Journal of Nutrition, Health & Aging. April 2012,
Volume 16, Issue 4, pp. 402-410.
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MS. N 4.1077.0305.001-5 • 3317640001
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