Influenza aviária - Canal do Produtor

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28ago
2015
Influenza aviária
Por Dra. Tania Maria de Paula Lyra*
1. Introdução
A Influenza aviária é uma doença causada por um vírus, que possui diferentes subtipos.
Até a data atual todos os vírus altamente patogênicos são do tipo- A subtipos H5 e H7.
Existem indicações de que os vírus de baixa patogenicidade podem sofrer mutações e se
tornarem altamente patógenos.
A Influenza aviária é altamente contagiosa e todas as espécies de aves são susceptíveis
à infecção. A transmissão ocorre por contato direto com secreções de aves infectadas,
especialmente fezes, alimentos, água, equipamentos e roupa contaminados.
*Dra. Tania Maria de
Paula Lyra é Médica
veterinária, mestre em
Medicina Veterinária
Preventiva, doutora
em Ciência Animal,
consultora em Defesa
Agropecuária.
Devido ao caráter zoonótico (doenças transmitidas dos animais ao homem), retratado na
ocorrência de casos fatais em humanos na China e à grande variabilidade viral, torna-se
impossível saber se o vírus da influenza aviária altamente patógena poderá ocasionar
uma pandemia de gripe humana. O temor com esta possibilidade ocasionou importantes
avanços tecnológicos. Esses avanços incluíram a descoberta de antibióticos potentes que
controlam as infecções secundárias que foram responsáveis pela mortalidade observada
na gripe espanhola e permitem aferir que tal fato não se repetirá. Os avanços ocorreram
em especial nas vacinas para humanos e animais e em importantes conhecimentos sobre
os vírus. O alerta do momento é derivado do risco que a doença possa ocorrer no Brasil
devido à incidência em vários países, o que determina a pronta necessidade de adoção
de medidas preventivas.
2. Disseminação da doença
Na disseminação da doença, as aves migratórias têm importante papel. Definem-se como
aves migratórias aquelas espécies que se deslocam sazonalmente, associadas aos períodos de reprodução e/ou alimentação. As características da migração são: época definida;
repetição de ciclos; fidelidade aos sítios migratórios.
As aves aquáticas e marinhas clinicamente normais podem introduzir o vírus nas granjas,
sendo considerada a causa primária da introdução da doença, num País. A disseminação
secundária da doença ocorre de forma horizontal (ave a ave). Os vírus altamente patógenos podem continuar viáveis durante longo tempo em fezes infectadas, tecidos e na água.
Não se pode, porém, deixar de considerar que o ingresso da doença num país livre,
pode ocorrer pelo transporte de aves vivas e seus produtos, equipamentos, vestimentas
e calçados do homem, o que justifica a ampliação da fiscalização nos pontos de entrada
no País.
3. Sintomas da doença
Os sintomas são semelhantes aos de outras doenças das aves, tais como: depressão
severa; inapetência; marcada diminuição da produção de ovos; edema facial com cristas
e barbelas tumefeitas e cianóticas; hemorragias petéquias nas superfícies das membra-
nas internas. Alerta-se como principal sinal, a ocorrência de mortes súbitas (mortalidade
pode alcançar 100%). O Ministério da Agricultura considera como um sinal de alerta, a
mortalidade de pelo menos 10% do lote em 72h, para quaisquer categorias de aves,
Pessamilio, (2015).
Para o diagnóstico da doença é necessário o isolamento do vírus em laboratório. Assume
grande importância a detecção de mortalidade que deve induzir a rápida notificação
ao serviço veterinário oficial- SVO. Da rápida notificação depende o pronto atendimento,
essencial para circunscrever a doença numa área ou até mesmo numa propriedade diminuindo as perdas.
4. Medidas preventivas
As medidas preventivas assumem grande importancia numa doença para a qual não
se pode contar com a vacinação. As principais medidas já são adotadas na moderna
avicultura brasileira e se referem à ações compartilhadas entre o governo e os produtores. Como se verifica no quadro abaixo, os produtores têm um papel preponderante na
prevenção da influenza aviária.
Papel do produtor
• Notificar imediatamente qualquer suspeita da doença, em especial mortalidade.
• Acompanhamento sanitário e zootécnico.
• Evitar contato entre aves domésticas e selvagens, em particular aquáticas, para tanto não
instalar granjas próximas do mar, lagoas ou
outras áreas de pouso das aves migratórias.
Papel do governo
• Efetuar o diagnóstico rapidamente das
amostras recebidas.
• Monitorar os locais de acesso das aves
migratórias, com vigilância ativa.
• Aumentar a fiscalização de bagagens nos
aeroportos e portos.
• Não permitir visitas nas explorações avícolas.
• Utilizar métodos adequados de limpeza e
• Orientar sobre o risco.
desinfecção das instalações.
• Vigilância epidemiológica.
• Proteger os aviários com telas anti-pássaros
• Ações de emergência em casos de focos.
nos galpões de criação e cercas de isolamento, ao redor dos núcleos e galpões.
• Separar os lotes por idade.
Fiscalizar a movimentação de aves.
Não transitar com aves vivas
4.1. Profilaxia médica
No passado, se considerava contraproducente o uso da vacina, já que alguns indivíduos
apesar de vacinados podem infectar-se e eliminar vírus virulentos. Porém, nos recentes
focos do Paquistão e México foram utilizadas vacinas inativadas para combater rapidamente a propagação da doença.
5. Situação Atual da Influenza Aviária altamente patógena (tipo H5 e H7)
No final de 2003 e início de 2004, a Influenza aviária, subtipo H5 N1, ocorreu de forma severa e, desde então, vem ocasionando preocupação à avicultura mundial. Devido
às modificações freqüentes neste tipo de vírus, foram surgindo outros subtipos que, no
momento, estão afetando a avicultura em vários países. A partir de então, a Organização
Mundial de Saúde Animal – OIE criou uma página em seu site, onde as ocorrências da
doença são constantemente atualizadas.
Em 2015, o H5 N1 afetou a avicultura do continente americano, ocorrendo no Canadá,
em plantéis não comerciais, atingindo em seguida os plantéis comerciais. O mesmo subtipo chegou aos Estados Unidos pela “rota migratória do Mississipi”, que acompanha o rio
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Mississipi, pela região central dos Estados Unidos e segue em direção ao sul pelo golfo
do México, com isto, a condição sanitária se complicou devido à elevada densidade avícola atingindo os plantéis comerciais em pelo menos 13 estados. Esta situação ocorreu
apesar do excelente sistema de vigilância ativa que monitora o vírus nas aves migratórias.
Os vírus em circulação contém uma combinação de genes europeus e asiáticos e nos
Estados Unidos foram mais patogênicos do que os que circularam anteriormente, Avisite,
(2015). A detecção do vírus em Belise, no mar do Caribe, demonstrou que a doença vem
descendo no corredor biológico Mesoamericano, o que indica que os avicultores brasileiros precisam adotar medidas para manter o vírus fora de suas instalações. No Mapa da
OIE, verifica-se a difusão da Influenza aviária nos diferentes países e continentes. Esta
difusão demonstra o risco para o Brasil.
Fonte: OIE, Wahis, 2015
Conclusões
O Brasil é o maior exportador mundial de frango. A cadeia produtiva avícola responde por
1,5% do PIB e emprega diretamente cerca de 800 mil trabalhadores. Essa condição o
coloca entre os países que podem sofrer os maiores impactos sócio-econômicos com a
ocorrência da Influenza Aviária.
As organizações internacionais como OMS, OIE e FAO acreditam que o monitoramento
das aves seja a principal medida dos planos nacionais de combate ao vírus. Consideramos, porém, que com o grande fluxo de pessoas de outros países no Brasil, assim
como de brasileiros que chegam de outros países, torna-se imprescindível a adoção das
seguintes medidas:
- monitorar o material genético importado e proibir a importação de aves vivas.
- executar a vigilância ativa no abatedouro em trabalho conjunto entre a Inspeção e a
Defesa.
- aumentar a fiscalização de bagagens nos aeroportos e portos.
- evitar visitas nas propriedades avícolas e utilizar vestimentas apropriadas ao entrar nas
instalações.
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- evitar contato com aves aquáticas e migratórias, com o uso de cercas nas propriedades
e telas nas instalações.
- notificar imediatamente a suspeita da doença - DDG- 0800 704 1995.
- ampliar os inquéritos epidemiológicos.
- buscar a Certificação Sanitária de Compartimentos.
- Ampliar, em trabalho conjunto com o IBAMA, a vigilância nos sítios de aves migratórias.
- vigilância constante pelos órgãos estaduais nos pontos de venda de aves vivas e aglomerações.
- efetuar o controle do trânsito de esterco, cama de aviário, resíduos de incubatórios e
de abatedouros.
O Programa Nacional de Sanidade Avícola- PNSA, desde sua implantação em 1994, tem
como prioridade o monitoramento da Doença de Newcastle e Influenza Aviária, doenças
virais de aspecto clínico semelhante. Este monitoramento é realizado nos sítios de aves
migratórias, na soroepidemiologia dos plantéis e na vigilância ativa no abate. Acresce-se
a este programa de vigilância a medida preventiva de compartimentação de propriedades
avícolas. O Memorando circular nº 64, de 16 de julho de 2015, do Departamento de Saúde Animal, referente à Nota Técnica DAS nº 75/2015, deve ser seguido à risca (anexo).
Para aumentar a vigilância numa pronta detecção, torna-se fundamental implantar uma
rede de laboratórios credenciados para o diagnóstico de doença de Newcastle e Influenza
nas regiões produtoras.
Referências
AviSite nº 92 , ano VIII . Influenza aviária segue em franca disseminação nos E. U. A.
Laboratorios de Referencia, OIE.
Enfermedad de la Lista A de la OIE (A150)
Capítulo 2.1.14. delManual de las Pruebas de Diagnóstico y de las Vacunas para los
Animales Terrestres
Código Sanitário para los Animales Terrestres.
Nota Técnica Departamento de Saúde Animal- MAPA n 75 – 2015 de 15 de julho de
2015- Alerta Sanitário para prevenção da Influenza aviária.
Pessamilio, Bruno. Plano Nacional de Prevenção e Vigilância da Influenza Aviária e Doença de Newcastle. Apresentação no SIAVS, 2015.
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