Tese

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Ricardo José Morello
EFEITO DO PRECONDICIONAMENTO ISQUÊMICO REMOTO
NO TRANSPLANTE DE INTESTINO FETAL EM
CAMUNDONGOS
Tese apresentada à Universidade Federal
de São Paulo – Escola Paulista de
Medicina para obtenção do Titulo de
Doutor em Ciências.
SÃO PAULO
2009
Ricardo José Morello
EFEITO DO PRECONDICIONAMENTO ISQUÊMICO REMOTO
NO TRANSPLANTE DE INTESTINO FETAL EM
CAMUNDONGOS
Tese apresentada à Universidade Federal
de São Paulo – Escola Paulista de
Medicina para obtenção do Título de
Doutor em Ciências.
Orientadora: Profa. Dra. Edna Frasson de
Souza Montero
Co - Orientadora: Profa. Dra. Márcia K.
Koike
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE CIRURGIA
Chefe do Departamento: Profa Dra. Lydia Massako Ferreira
Coordenador do Programa de Pós-Graduação: Prof. Dr. José Luiz Martins
iii
Ricardo José Morello
EFEITO DO PRECONDICIONAMENTO ISQUÊMICO REMOTO
NO TRANSPLANTE DE INTESTINO FETAL EM
CAMUNDONGOS
BANCA EXAMINADORA
PRESIDENTE DA BANCA:
Profa. Dra. Edna Frasson de Souza Montero
Professora Afiliada e Livre Docente da Disciplina de Técnica Operatória e
Cirurgia Experimental da UNIFESP
MEMBROS EFETIVOS:
Prof. Dr. José Luiz Martins Professor Livre-Docente e Titular da Disciplina de
Cirurgia Pediátrica da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP.
Prof. Dr. Manuel de Jesus Simões
Professor Associado do Departamento de Morfologia da Universidade Federal
de São Paulo – UNIFESP.
Prof. Dr. José Lúcio Martins Machado
Professor do Departamento de Cirurgia e ortopedia da Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP e Diretor do Curso de Medicina da
Universidade Cidade de São Paulo – UNICID.
Profa. Dra. Márcia Bento Moreira
Professora Adjunta da Fundação Universidade Federal do Vale do São
Francisco UNIVASF.
MEMBROS SUPLENTES:
Profa. Dra. Maria Aparecida Galhardo de Souza
Professora Adjunta da Universidade Federal Fluminense - UFF.
Profa Dra. Susi Heliene Lauz Medeiros
Professora Adjunta da Universidade Federal do Rio Grande - FURG.
iv
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, pela dedicação, amor e educação que deram a mim e aos
meus irmãos, nos apoiando e incentivando em todos os momentos de
nossas vidas.
v
DEDICATÓRIA
À minha amada esposa Tatiana, que ilumina meus dias com muito amor e
carinho.
.
vi
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Profa. Dra. Edna Frasson de Souza Montero, Professora Afiliada e Livre
Docente da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da
Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, minha eterna gratidão pela sua
competência, dedicação e paciência na orientação desta obra, proporcionando
meu desenvolvimento na vida acadêmica e pessoal.
Profa. Dra. Márcia Kiyomi Koike, Professora dos cursos de Medicina e
Biomedicina da Universidade Cidade de São Paulo - UNICID, minha coorientadora, exemplo de perseverança e obstinação em busca de seus
objetivos, e que contribuiu impecavelmente em todas as etapas desta obra,
sempre disponível e paciente, agradeço pelo apoio e confiança.
vii
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. José Luiz Martins, Coordenador do Programa de Pós-Graduação
em Cirurgia e Experimentação, Professor Titular da Disciplina de Cirurgia
Pediátrica da UNIFESP, pelas oportunidades, ensinamentos e constante apoio.
À Profa. Dra. Celina Tizuko Fujitama Oshima, Professora do Departamento
de Patologia da UNIFESP-EPM, que prontamente abriu as portas do
laboratório para realização da imunohistoquímica.
Ao Prof. Dr. Manuel de Jesus Simões, Professor Livre Docente da Disciplina
de Histologia e Biologia Estrutural da UNIFESP, pelos ensinamentos
transmitidos sempre com capacidade e gentileza.
Ao colega de Pós-Graduação Dr. Ricardo Camelo, do Programa de PósGraduação em Cirurgia e Experimentação da UNIFESP, pela ajuda inestimável
durante a realização deste projeto.
À colega de Pós-Graduação Dra. Luciana Lamarão Damous, do Programa de
Pós-Graduação em Cirurgia e Experimentação da UNIFESP, pelas palavras de
apoio, sempre em boa hora.
Ao colega de Pós-Graduação Dr. Marcos de Souza Abrahão, do Programa de
Pós-Graduação em Cirurgia e Experimentação da UNIFESP, pela amizade e
companheirismo.
À colega de Pós-Graduação Sônia Maria da Silva, do Programa de PósGraduação em Cirurgia e Experimentação da UNIFESP, pelo companheirismo
em todas atividades realizadas durante este período.
Aos Colegas do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia e Experimentação
da UNIFESP, pela boa convivência.
viii
Aos técnicos Antonio Carlos de Sousa, Marcelo Silva e Joaquim Soares de
Almeida, do Departamento de Patologia da UNIFESP, pelo processamento e
coloração das lâminas de histoquímica e imunohistoquímica.
Ao Carlos Eduardo Saldanha de Almeida, médico residente do Hospital São
Paulo, que trabalhou com esse modelo experimental durante o PIBIC, pela
grande colaboração durante a fase experimental deste trabalho.
Ao biomédico Carlos Eduardo Benetti Ramalho da Disciplina de Técnica
Operatória e Cirurgia Experimental, pela amizade.
À todos os Professores do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia e
Experimentação da UNIFESP-EPM, pelos ensinamentos transmitidos.
À secretária do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia e Experimentação
Valdelice Justiano Soares, pela competência e eficiência e bom humor
durante esse período.
À Elaine Maria Alves Bazzi Dantas e Adriana Bazzi Pedreira, Benedita
Salete Costa Lima Valverde e Rita de Cássia Almeida Bonfim secretárias
do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia e Experimentação, pela amizade
e apoio durante esse período.
Aos meus queridos irmãos Rosana, Sergio, pelo companheirismo e carinho
demonstrado durante toda minha vida.
À minha querida irmã Vera, que nos deixou muito cedo, mas está presente em
nossos corações e pensamentos.
À UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – ESCOLA PAULISTA DE
MEDICINA – UNIFESP-EPM, por me receber como aluno do Programa de
Pós-Graduação em Cirurgia e Experimentação, possibilitando minha titulação.
ix
À FUNDAÇÃO COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL
DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES) pela concessão da bolsa de doutorado.
Aos animais de experimentação, meu profundo respeito e gratidão, sem os
quais essa pesquisa não seria possível.
x
"Sê humilde para evitar o orgulho, mas
voa alto para alcançar a sabedoria”.
(Santo Agostinho)
xi
SUMÁRIO
Dedicatória...........................................................................................................
v
Agradecimentos especiais..................................................................................
vii
Agradecimentos..................................................................................................
viii
Lista de Figuras...................................................................................................
xiv
Lista de Quadros..................................................................................................
xvii
Lista de abreviaturas e símbolos.........................................................................
xviii
Resumo...............................................................................................................
xix
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 1
1.1. OBJETIVOS................................................................................................... 4
2 . MÉTODOS....................................................................................................... 5
Animais de experimentação................................................................................
5
Procedimentos operatórios..................................................................................
8
Anestesia............................................................................................
8
Ato operatório no doador....................................................................
10
Ato operatório no receptor...................................................................
13
Protocolo da imunossupressão ..........................................................
13
Avaliação histológica do enxerto transplantado .................................
14
Imunohistoquímica do enxerto transplantado...................................... 17
Análise estatística................................................................................................. 20
3. RESULTADOS.................................................................................................
21
Desenvolvimento do enxerto de intestino fetal ..................................
21
Proliferação celular por expressão de PCNA......................................
29
Apoptose por expressão de Caspase-3 clivada..................................
35
Rejeição do enxerto de intestino fetal ................................................
38
xii
4. DISCUSSÃO....................................................................................................
39
5. CONCLUSÕES................................................................................................. 46
6. REFERÊNCIAS................................................................................................
47
Abstract................................................................................................................. 54
Apêndices.............................................................................................................
55
Anexos.................................................................................................................. 59
Normas adotadas.................................................................................................
xiii
61
Lista de Figuras
Figura 1
Distribuição dos grupos estudados. ISO, transplante isogênico;
ALO, transplante alogênico; PCI-R, precondicionamento remoto;
Tx, grupo controle do transplante; FK, grupo tratado com
Tacrolimo; PCI, grupo que recebeu enxerto submetido ao PCI-R;
PCI-FK, grupo que recebeu enxerto submetido ao PCI-R e
tratamento de Tacrolimo....................................................................
7
Figura 2
Fotografia dos materiais utilizados no transplante de intestino fetal:
observar o microscópio cirúrgico e o colchão térmico.......................
9
Figura 3
Fotografia destacando o instrumental microcirúrgico requerido na
técnica de transplante de intestino fetal. ...........................................
9
Fotografias ilustrativas da obtenção do enxerto intestinal fetal. Em
A, laparotomia mediana na prenhe; em B, corno uterino retirado do
interior da cavidade abdominal, contendo os fetos; em C, feto de
camundongo retirado do corno uterino; e em D, intestino exposto
via laparotomia transversa, pronto para remoção cirúrgica do
intestino. ............................................................................................
11
Fotografias do intestino fetal e seu transplante no receptor. Em A,
intestino com mesentério; em B, enxerto de intestino fetal
desvascularizado e livre de mesentério; em C, abertura do espaço
entre a parede posterior do músculo reto abdominal e o peritônio
parietal, a seta mostra a cavidade pronta para o implante; e em D,
o enxerto sendo posicionado no espaço do receptor. ......................
12
Fotomacrografias do enxerto fetal transplantado. Em A, enxerto
localizado no músculo reto abdominal após sete dias e, em B,
enxerto removido e isolado. ..............................................................
14
Desenvolvimento do enxerto de intestino fetal no transplante
isogênico (ISO) após sete dias de seguimento, avaliados segundo
os critérios de Auber et al. (26). ISO-Tx: transplantado sem
tratamento; PCI, transplantado submetido ao precondicionamento
isquêmico remoto prévio; FK, transplantado tratado com Tacrolimo.
*, P<0,05 vs. ISO-Tx; #, P<0,05 vs ISO-PCI. ....................................
21
Fotomicrografia de enxerto de intestino fetal no transplante
isogênico após sete dias de seguimento. Em A, enxerto do grupo
ISO-Tx; em B, enxerto do grupo ISO-PCI; em C, enxerto do grupo
ISO-FK; e em D, enxerto do grupo ISO-PCI-FK. Pode-se observar
vilosidades e criptas desenvolvidas e células caliciformes na
parede do intestino (setas pretas). A camada muscular está
indicada pelas setas brancas. HE......................................................
22
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Desenvolvimento do enxerto de intestino fetal no transplante
alogênico (ALO) após sete dias de seguimento, avaliados segundo
xiv
Figura 10
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Figura 15
Figura 16
os critérios de Auber et al. (26). ALO-Tx, transplantado sem
tratamento; PCI, transplantado submetido ao precondicionamento
isquêmico remoto prévio; FK, transplantado tratado com Tacrolimo.
*, P<0,05 vs. ALO-Tx; #, P<0,05 vs ALO-PCI. ..................................
23
Fotomicrografia de enxerto intestinal fetal alogênico após sete
dias de seguimento. Em A, enxerto do grupo ALO-Tx com intenso
infiltrado inflamatório; em B, enxerto do grupo ALO-PCI; em C,
enxerto do grupo ALO-FK; e em D, enxerto do grupo ALO-PCI-FK.
Setas amarelas indicam intenso infiltrado inflamatório; Nas setas
brancas observamos a camada muscular. A setas azuis mostram
a presença de epitélio sem vilosidades em avançado estágio de
rejeição. HE (100X)...........................................................................
24
Contagem de células caliciformes ao longo do epitélio do intestino
após sete dias de seguimento de transplante isogênico. ISO-Tx,
grupo submetido ao transplante isogênico; PCI, grupo com
tratamento prévio de PCI-R; FK, grupo com tratamento de
Tacrolimo. *, P<0,05 vs ISO-Tx. .......................................................
25
Fotomicrografia representativa do enxerto de intestino fetal
isogênico após sete dias de seguimento. Em A, enxerto do grupo
ISO-Tx; em B, enxerto do grupo ISO-PCI; em C, enxerto do grupo
ISO-FK; e em D, enxerto do grupo ISO-PCI-FK. Setas pretas
mostram células caliciformes na parede do intestino. PAS/Alcian
Blue (100X). ......................................................................................
26
Quantificação de células caliciformes ao longo do epitélio intestinal
em desenvolvimento no transplante alogênico (ALO). PCI,
tratamento prévio de PCI-R; FK, tratamento com Tacrolimo. *.
P<0,05 vs ALO-FK.............................................................................
27
Fotomicrografia representativa do enxerto de intestino fetal
isogênico após sete dias de seguimento. Em A, enxerto do grupo
ALO-FK; em B, enxerto do grupo ALO-PCI-FK. Setas pretas
mostram células caliciformes na parede do intestino. PAS/Alcian
Blue (100X)........................................................................................
28
Proliferação celular avaliada por marcação com anticorpo antiPCNA em enxerto de intestino fetal no transplante isogênico (ISO).
ISO-Tx, grupo sem tratamento; PCI, tratamento prévio de PCI-R;
FK, tratamento com Tacrolimo. *, p<0,05 vs ISO-Tx; #, p<0,05 vs
ISO-PCI; $, p<0,05 vs ISO-FK...........................................................
29
Fotomicrografia representativa do enxerto de intestino fetal
isogênico após sete dias de seguimento marcados por
imunohistoquímica com anticorpo anti-PCNA. Em A, grupo ISOTx; em B: grupo ISO-PCI; em C: grupo ISO-FK; e em D: grupo
ISO-FK-PCI. Podem-se observar inúmeras células criptais
marcadas positivamente coradas em marrom (100X)....
30
xv
Figura 17
Figura 18
Figura 19
Figura 20
Figura 21
Figura 22
Figura 23
Figura 24
.................
Fotomicrografia representativa do enxerto de intestino fetal
isogênico após sete dias de seguimento marcados por
imunohistoquímica com anticorpo anti-PCNA. Em A, grupo ISO-Tx;
em B: grupo ISO-PCI; em C: grupo ISO-FK; e em D: grupo ISO-FKPCI. Podem-se observar inúmeras células criptais marcadas
positivamente coradas em marrom (400X)........................................
31
Proliferação celular avaliada por marcação com anticorpo antiPCNA em enxerto de intestino fetal no transplante alogênico
(ALO). PCI, tratamento prévio de PCI-R; FK, tratamento com
Tacrolimo. ..........................................................................................
32
Comparação entre os grupos de transplante isogênico (ISO) e
alogênico (ALO) quanto aos efeitos do PCI-R (PCI) e/ou tratamento
com Tacrolimo (FK) na proliferação celular em cortes do enxerto
marcados com anticorpo anti-PCNA..................................................
33
Proliferação celular avaliada por marcação com anticorpo antiPCNA em enxerto de intestino fetal nos transplantes isogênicos
(ISO) e alogênicos (ALO). PCI, tratamento prévio de PCI-R; FK,
tratamento com Tacrolimo. Em A, grupo ISO-FK; em B: grupo ALOFK; em C: grupo ISO-FK-PCI; e em D: grupo ALO-FK-PCI. Podemse observar inúmeras células criptais marcadas positivamente
coradas em marrom. (100x) ..............................................................
34
Apoptose do enxerto avaliada por marcação com anticorpo anticaspase-3 clivada em enxerto de intestino fetal no transplante
isogênico (ISO). ISO-Tx, grupo sem tratamento; PCI, tratamento
prévio de PCI-R; FK, tratamento com Tacrolimo. *, p<0,05 vs ISOTx.......................................................................................................
35
Fotomicrografia representativa do enxerto de intestino fetal no
transplante isogênico (ISO) após sete dias de seguimento: em A,
grupo ISO-Tx; em B, grupo tratado com Tacrolimo, C: grupo
submetido ao PCI-R e D: grupo com ambos tratamentos. Podemse observar inúmeras células da vilosidade marcadas
positivamente para caspase-3 clivada. (100X). ................................
36
Fotomicrografia representativa do enxerto de intestino fetal no
transplante isogênico (ISO) após sete dias de seguimento: em A,
grupo ISO-Tx; em B, grupo tratado com Tacrolimo, C: grupo
submetido ao PCI-R e D: grupo com ambos tratamentos. Podemse observar inúmeras células da vilosidade marcadas
positivamente para caspase-3 clivada. (400X).................................
37
Rejeição do enxerto de intestino fetal no transplante alogênico
(ALO) após sete dias de seguimento, avaliados segundo os critérios
de Auber et al. (26). ALO-Tx, transplantado sem tratamento; PCI,
transplantado submetido ao PCI-R prévio; FK, transplantado tratado
xvi
com Tacrolimo.*, P<0,05 vs. ALO-Tx; #, P<0,05 vs ALO-PCI.............
Lista de Quadros
Quadro 1
Critérios de classificação do grau de desenvolvimento
e de rejeição do enxerto intestinal fetal, descrito por
Auber et al, 1998 26..................................................... 16
Quadro 2
Critérios para avaliação imunohistoquímica................. 19
xvii
38
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ADP
ALO
ANOVA
ATP
BSA
o
C
o
GL
cm
FK
g
HE
IR
ISO
Kg
mg
ml
mm
PAS/Alcian Blue
PBS
PCI
PCI-R
PCNA
pH
TX
μl
μm
Adenosina difosfato
Camundongos da linhagem Balb/C do grupo de transplante
alogênico
Análise de variância
Adenosina trifosfato
Albumina de soro bovino
Graus Celsius
Grau Gay-Lussac
Centímetro
Imunossupressor Tacrolimo - FK506
Grama
Coloração de hematoxilina-eosina
Isquemia-reperfusão
Camundongos da linhagem C57 BL/6 do grupo de transplante
isogênico
Quilograma
Miligrama
Mililitros
Milímetro
Ácido periódico de Schiff complementado pela coloração de
Alcian Blue
Tampão salina fosfato
Precondicionamento isquêmico
Precondicionamento isquêmico remoto
Antígeno nuclear de proliferação celular
Potencial hidrogênio-iônico
Transplante controle
Microlitro
Micrômetro
xviii
RESUMO
Efeito do precondicionamento isquêmico remoto no transplante de
intestino fetal em camundongos. Morello RJ, Koike MK, Montero EFS.
Objetivo: avaliar os efeitos de precondicionamento isquêmico remoto (PCI-R)
no modelo de transplante de intestino delgado fetal. Métodos: foram
constituídos dois grupos: transplante isogênico (Iso, camundongos C57BL/6,
n=24) e transplante alogênico (Alo, camundongos BALB/c, n=24). Em cada
grupo, distribuíram-se os animais com e sem PCI-R, que foi realizado por
oclusão da artéria femoral esquerda da fêmea prenhe durante 10 minutos,
seguida por tempo igual de reperfusão. O imunossupressor utilizado foi
Tacrolimo (Fk, 5 mg/kg/dia v.o.). Ao final obteve-se os seguintes subgrupos:
Alo-Tx, Alo-Pci, Alo-Fk, Alo-Pci-Fk, Iso-Tx, Iso-Pci, Iso-Fk e Iso-Pci-Fk. O
enxerto foi transplantado no espaço entre o músculo reto-abdominal e préperitoneal dos receptores a meio centímetro do apêndice xifóide, à esquerda da
linha mediana. Após o sétimo dia de seguimento, o enxerto foi removido, fixado
e embebido em parafina para avaliação histomorfológica (desenvolvimento e
rejeição) e análise imunohistoquímica (anti-PCNA e anti-caspase-3 clivada). Os
dados foram analisados usando ANOVA e testes complementares e foi
considerado significante quando p <0.05. Resultados: A avaliação do
desenvolvimento do enxerto no grupo de Iso mostrou que o PCI-R reduziu o
desenvolvimento comparado com Iso-Tx (5,2±0,4 vs 9,0±0,8), o Fk e sua
associação com PCI-R aumentaram o desenvolvimento do enxerto comparado
com PCI-R (11,2±0,7 e 10,2±0,8, respectivamente). No grupo Alo, o Fk e/ou
sua associação com PCI-R aumentaram o desenvolvimento comparado com
Alo-Tx e Alo com PCI-R (6,0±0,8, 9,0±1,2, 0,0±0,0, 0,5±0,3, respectivamente).
A expressão de PCNA foi maior no grupo ISO em animais tratados com Fk e
PCI-R comparados a outros grupos (12,2±0,8 vs Tx: 8,8±0,9, PCI-R: 8,0±0,4 e
Fk: 9,0±0,6). No grupo Alo, a expressão de PCNA não diferiu entre grupos. A
rejeição do enxerto foi menor nos grupos tratados com PCI-R (-18%), Fk (68%) ou ambos (-61%) comparados com Alo-Tx. A expressão de caspase-3
clivada foi menor no grupo Iso em animais tratados com associação de PCI-R e
Fk (6,2 ±0,9 vs Tx: 8,6±0,5; PCI-R: 5,8 ±0,9 e Fk: 6,0 ±0,3). Conclusão: O PCIR mostrou efeito benéfico sobre a lesão de isquemia e reperfusão do enxerto
intestinal fetal nos transplantes isogênico e alogênico, aumentando o número
de células caliciformes e a proliferação celular. No transplante alogênico,
aumentou o desenvolvimento do enxerto, diminuiu o grau de rejeição aguda na
ausência de imunossupressão, porém não apresentou efeito sinérgico com o
imunossupressor. No transplante isogênico houve diminuição do grau de
desenvolvimento do enxerto, porém foi efetivo na redução da apoptose.
xix
Morello, Ricardo José
EFEITO DO PRECONDICIONAMENTO ISQUÊMICO REMOTO NO TRANSPLANTE DE
INTESTINO FETAL EM CAMUNDONGOS. / Ricardo José Morello. --São Paulo, 2009.
xix. 61 f.
Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Paulo.
Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-Graduação em
Cirurgia e Experimentação.
Título em inglês: Effect of remote ischemic preconditioning on
the fetal small bowel transplant in mice.
1. Transplante de tecido fetal. 2. Intestino delgado. 3. Tacrolimo.
4. Precondicionamento isquêmico. 5. Camundongos.
1. INTRODUÇÃO
O transplante do intestino tem se tornado um tratamento definitivo para
casos de falência intestinal crônica que não pode ser mantido com nutrição
parenteral 1. Entretanto, a escassez de órgãos, como um dos fatores limitantes
a esta terapêutica, tem estimulado o desenvolvimento de novas estratégias
para a expansão do número de doadores 2.
A utilização de enxertos de doadores com parada cardíaca é realizada
com sucesso para rins e fígado 3.
Esta alternativa para a expansão de
doadores ainda não tem respaldo para o transplante de intestino, tendo em
vista que estudo experimental em porcos mostrou alterações morfológicas da
parede intestinal que repercutiram com perda da capacidade absortiva. Isto
pode estar relacionado à elevada sensibilidade da mucosa intestinal à lesão
isquêmica
2,4
. Desta forma, as condições de preservação do enxerto intestinal
têm implicações na ocorrência das complicações pós-transplante
2
e,
consequentemente, no processo de adaptação do intestino.
No sentido de melhorar a qualidade do enxerto, alguns fatores já estão
bem estabelecidos tais como hipotermia, tempo curto de isquemia e a solução
de UW - University of Wisconsin 5. Acrescente-se ainda que, estudo recente,
comparando esta solução com a solução de HTK - histidina - triptofano cetoglutarato, tenha mostrado eficácia semelhante na preservação do
intestino6. Outras formas de proteção do enxerto têm sido pesquisadas com o
intuito de minimizar a lesão de isquemia e reperfusão (IR) presente no
transplante de intestino. Dentre essas, destaca-se o precondicionamento
isquêmico (PCI), que consiste de um ou mais períodos curtos de isquemia com
reperfusão intermitente e protege contra a lesão gerada por uma isquemia
prolongada seguida de reperfusão 7.
O papel do PCI em reduzir lesão isquêmica tem sido amplamente
documentado em vários tecidos. Entretanto, o mecanismo envolvido no PCI
não está bem esclarecido. Comparado com o transplante de outros órgãos
sólidos, a transferência dos resultados, obtidos experimentalmente, no
transplante intestinal para a prática clínica tem sido um processo lento 8.
No caso do intestino delgado, vários estudos demonstraram que o PCI
reduz a lesão associada a IR normotérmica, prevenindo a expressão de
2
P-selectina, adesão leucocitária e reduzindo a liberação de desidrogenase
láctica na luz intestinal 7. Contribui também para a manutenção da integridade
da mucosa intestinal, anulando a lesão ileal pós-isquemia e prevenindo a
translocação bacteriana produzida pela IR, por um mecanismo que é iniciado
pela inibição da óxido nítrico sintase induzida 9. Há relato ainda de que o PCI
previne a diminuição da altura das vilosidades e melhora a hiperpermeabilidade
da mucosa intestinal por meio da diminuição das concentrações locais de
adenosina
10
. Adicionalmente, há diminuição dos níveis plasmáticos de lactato
e das alterações morfológicas na lesão de IR intestinal normotérmica
11
. O PCI
apresenta efeito tardio na microvasculatura intestinal, atenuando distúrbios
microvasculares, melhorando a perfusão e diminuindo a interação leucócitoendotelial, associada à lesão de IR
12
. Estudo comparando diferentes tempos
de PCI na lesão de IR intestinal mostrou que curtos períodos de PCI, de 10
minutos ou menos, promoveram proteção da mucosa intestinal. Entretanto, o
período de 15 minutos promoveu lesão semelhante ao grupo IR, corroborando
relato prévio 13,14.
O PCI protege os enxertos intestinais da lesão de preservação, isquemia
fria, e a subseqüente lesão de reperfusão no modelo de transplante intestinal
em ratos. Este efeito protetor pode ser inibido pelo bloqueio da síntese do óxido
nítrico em ratos precondicionados, indicando que o óxido nítrico endógeno é
um dos mediadores inflamatórios que participam no PCI intestinal 8. Por outro
lado, no autotransplante após preservação hipotérmica, foi capaz de atenuar a
gravidade do estresse oxidativo e ativar a adaptação celular endógena no
tecido intestinal
15
. Ainda observou-se efeito protetor precoce sobre as células
epiteliais e a matriz extracelular do enxerto de intestino delgado 16.
Estudos experimentais quanto clínicos confirmaram que o PCI
desencadeia uma resposta protetora à lesão de IR em vários órgãos e tecidos,
com conseqüente aumento da tolerância do órgão à hipóxia. Esta resposta se
deve ao fato do PCI promover a manutenção da respiração celular, a
diminuição da produção de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio,
preservação da integridade e do funcionamento das membranas celulares.
Assim, há redução da morte celular (necrose e apoptose) decorrentes da
isquemia e do aumento do estresse oxidativo, que ocorre no início da
reperfusão 17,18.
3
Além do efeito direto no órgão isquêmico, observou-se também
repercussão sistêmica do PCI. Em modelos experimentais, o PCI realizado
pela oclusão breve das artérias renal e mesentérica resultou na redução da
área do infarto do miocárdio em ratos
19
. Este processo ficou conhecido como
precondicionamento isquêmico remoto (PCI-R) indicando que o PCI não está
limitado a um órgão ou sistema, mas que fatores neuro-humorais podem ser
responsáveis pela proteção conferida à distância 20,21.
Embora
os
mecanismos
de
proteção
à
distância
não
sejam
completamente conhecidos, o PCI-R, por oclusão da artéria mesentérica
superior, parece ocorrer via estímulo neuro-sensorial pela bradicinina sobre o
coração isquêmico, o que não se observa quando o PCI é realizado
diretamente no órgão
22
. Outro mecanismo proposto seria via supressão da
sinalização inflamatória, como observado em leucócitos circulantes humanos
após três ciclos de PCI em membro superior
23
. Experimentalmente, o PCI-R
com oclusão da artéria ilíaca mostrou reduzir a lesão no transplante autólogo
de ovários em ratas, promovendo neovascularização e aumento da capacidade
de proliferação celular 24.
Tendo em vista que o PCI protege o intestino na preservação
hipotérmica, melhorando a condição do enxerto pós-transplante
8
; que o
mecanismo do PCI-R envolve vias diferentes de ação em relação ao PCI; e
que, em estudo prévio em nosso laboratório, o PCI-R mostrou aumento da
proliferação celular e neovascularização do enxerto ovariano
24
; decidiu-se
verificar o papel do PCI-R no transplante intestinal e sua repercussão no
desenvolvimento intestinal e no processo de rejeição aguda alogênica.
4
1.1 Objetivos
Objetivo Geral
Avaliar o efeito do PCI-R na lesão de IR do enxerto intestinal do feto após
transplante.
Objetivos Específicos
Avaliar histologicamente o grau de desenvolvimento do enxerto intestinal e o
número de células caliciformes após o transplante isogênico e alogênico.
Avaliar o grau de rejeição aguda do enxerto intestinal após o transplante
alogênico.
Avaliar a proliferação celular por marcação imunohistoquímica após o
transplante isogênico e alogênico.
Avaliar a apoptose por marcação imunohistoquímica após o transplante
isogênico.
5
2. MÉTODOS
Este trabalho foi realizado de acordo com as normas estabelecidas pelo
Colégio Brasileiro de Experimentação e o protocolo experimental foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo sob
protocolo CEP 0864/08.
Animais de experimentação
Todos os camundongos utilizados neste estudo foram obtidos do Centro
de Desenvolvimento de Modelos Experimentais da Universidade Federal de
São Paulo. Foram selecionadas quatro fêmeas prenhes da linhagem C57BL/6,
com 18 a 20 dias de gestação, submetidas ou não ao PCI-R, que forneceram
os fetos doadores de intestino delgado, como receptores utilizou-se
camundongos machos, de oito semanas de idade, pesando entre 20 a 22
gramas, sendo da linhagem C57BL/6 (ISO) e da linhagem BALB/c (ALO), que
serviram como receptores do transplante de intestino fetal.
Os camundongos foram alojados separadamente em gaiolas, mantidos
em estante de chapa galvanizada e permaneceram por um período de sete
dias de adaptação da transferência para o biotério setorial. O biotério setorial
possui salas com temperatura controlada (20º - 22º C) e ciclo claro e escuro
com fotoperíodo igual a 12:12 horas. Durante as 12 horas que antecederam os
procedimentos operatórios os animais ficaram em jejum.
Os camundongos receptores foram submetidos ao transplante de
intestino fetal e distribuídos em grupos com seis animais em cada, distribuídos
primeiramente conforme a linhagem a que pertenciam e a presença ou não do
tratamento com o imunossupressor Tacrolimo (FK).
6
Foram constituídos os seguintes grupos, conforme ilustra a Figura 1:
- ISO-Tx - Transplante isogênico controle, sem tratamentos.
- ISO-PCI - Transplante isogênico com PCI-R prévio no doador.
- ISO-FK - Transplante isogênico com tratamento de Tacrolimo.
- ISO-PCI-FK - Transplante isogênico com PCI-R prévio no doador e
tratamento com Tacrolimo.
- ALO-Tx - Transplante alogênico controle, sem tratamentos.
- ALO-PCI - Transplante alogênico com PCI-R prévio no doador.
- ALO-FK - Transplante alogênico com tratamento de Tacrolimo.
- ALO-PCI-FK - Transplante alogênico com PCI-R prévio no doador e
tratamento com Tacrolimo.
7
A Figura 1, abaixo, ilustra a distribuição dos grupos:
Prenhe
C57BL/6
Prenhe
C57BL/6
PCI-R
ISO
ISO-Tx
ISO-FK
C57BL/6
ISO
ALO
ALO-Tx
ALO-FK
BALB/c
ISO-PCI
ISO-PCI-FK ALO-PCI
C57BL/6
ALO
ALO-PCI-FK
BALB/c
Figura 1 – Distribuição dos grupos estudados. ISO, transplante isogênico; ALO,
transplante alogênico; PCI-R, precondicionamento remoto; Tx, grupo controle do
transplante; FK, grupo tratado com Tacrolimo; PCI, grupo que recebeu enxerto
submetido ao PCI-R; PCI-FK, grupo que recebeu enxerto submetido ao PCI-R e
tratamento de Tacrolimo.
8
Procedimentos Operatórios
Anestesia
Após
a
pesagem,
os
animais
foram
anestesiados
mediante
administração de um composto anestésico de cloridrato de cetamina (80
mg.Kg-1, Fort Dodge®) e cloridrato de xilazina (10 mg.Kg-1, Bayer®) por via
intramuscular, na face lateral da pata traseira direita. O animal foi considerado
em plano anestésico na ausência do reflexo de retirada ao estímulo doloroso
por preensão da pata traseira contra-lateral.
Os animais foram submetidos à tricotomia e à anti-sepsia da parede
abdominal com álcool 70 ºGL. Em seguida foram fixados com fita adesiva em
decúbito dorsal à bancada cirúrgica, equipada com colchão térmico mantido em
37oC durante todo o experimento.
Para a manutenção do plano anestésico, quando necessário, foi utilizada
metade da dose inicial.
Todo procedimento operatório foi realizado com auxílio de microscópio
cirúrgico, no aumento de 16 vezes (Figura 2), e instrumental microcirúrgico
(Figura 3).
9
Figura 2 – Fotografia dos materiais utilizados no transplante de intestino
fetal: observar o microscópio cirúrgico e o colchão térmico (em verde).
Figura 3 – Fotografia destacando o instrumental microcirúrgico requerido
na técnica de transplante de intestino fetal.
10
Ato operatório no doador
As fêmeas prenhes foram anestesiadas de acordo com o protocolo, em
seguida, fixadas em posição dorsal sobre o colchão térmico.
Após a anti-sepsia na região inguinal esquerda, realizava-se incisão
paralela à prega com exposição dos vasos femorais para a realização ou não
do PCI-R.
Protocolo de precondicionamento isquêmico remoto
O PCI-R foi obtido realizando-se isquemia da pata esquerda por 10
minutos, via clampeamento da artéria femoral com auxílio de um microclampe
vascular, seguido por 10 minutos de reperfusão. Este procedimento foi
realizado antes da laparotomia na prenhe.
Para controle dos procedimentos, a fêmea na qual não foi realizado o
PCI-R também foi realizada a dissecção da artéria femoral esquerda e
observada pelo mesmo período de tempo.
Obtenção do enxerto
Após o período do PCI-R ou de observação, sob técnica cirúrgica limpa,
foi realizada uma laparotomia para histerotomia e retirada do feto do interior da
cavidade uterina. A seguir, foi realizada a remoção cirúrgica do intestino
delgado do feto através de laparotomia transversa (Figura 4). O intestino
delgado foi imediatamente mantido em solução fisiológica 0,9% a 4
o
C.
Procedeu-se a retirada cirúrgica do mesentério e o intestino foi dividido em
segmentos de 1,0 cm de extensão (Figura 5). Cada feto foi abordado em
separado,
com
o
implante
dos
seguimentos
intestinais
realizados
imediatamente após a obtenção dos mesmos.
Após a obtenção dos seguimentos intestinais do último feto, a fêmea e
os fetos foram submetidos à eutanásia com dose letal do composto anestésico.
11
B
A
C
D
Figura 4 – Fotografias ilustrativas da obtenção do enxerto intestinal fetal. Em A laparotomia
mediana na prenhe; em B, corno uterino retirado do interior da cavidade abdominal,
contendo os fetos; em C, feto de camundongo retirado do corno uterino; e em D, intestino
exposto (seta branca) via laparotomia transversa, pronto para remoção cirúrgica do intestino.
12
A
C
B
D
Figura 5 – Fotografias do intestino fetal e seu transplante no receptor. Em A, intestino com
mesentério; em B, enxerto de intestino fetal desvascularizado e livre de mesentério; em C,
abertura do espaço entre a parede posterior do músculo reto abdominal e o peritônio
parietal, a seta mostra a cavidade pronta para o implante; e em D, o enxerto sendo
posicionado no espaço do receptor.
13
Ato operatório no receptor
Transplante do enxerto intestinal
Os camundongos receptores do enxerto de intestino fetal foram
anestesiados e submetidos a uma incisão transversa subcostal esquerda da
parede abdominal sem abertura do peritônio parietal, com cerca de 5 mm de
extensão. A seguir, por divulsão com pinça microcirúrgica curva foi obtido um
espaço entre a parede posterior do músculo reto abdominal e o peritônio
parietal para implantação do enxerto de forma avascular (Figura 5) sem
exteriorização das extremidades, conforme descrito por Kato et al
(25)
.
Procedeu-se a aproximação do músculo reto abdominal por meio de sutura
contínua com fio de prolene 8-0 e fechamento da pele por meio de sutura
contínua com fio de prolene 7-0.
Protocolo da imunossupressão
O Tacrolimo comercializado em cápsulas contendo 1 mg foi dissolvido
em solução aquosa a 1% de Carboximetil celulose. A dose diária utilizada para
o tratamento dos grupos foi de 5 mg.Kg-1, via oral, durante sete dias.
14
Avaliação histológica do enxerto transplantado
No sétimo dia pós-transplante, os camundongos foram novamente
anestesiados e submetidos à laparotomia para a localização e remoção dos
enxertos (Figura 6).
Os animais foram sacrificados por dose letal do composto anestésico.
A
B
Figura 6 – Fotomacrografias do enxerto fetal
transplantado. Em A, enxerto localizado no músculo reto
abdominal após sete dias e, em B, enxerto removido e
isolado.
15
As peças foram fixadas por 12 horas em formol tamponado a 10%,
desidratadas em álcool etílico e diafanizadas em xilol. Após a inclusão em
parafina, foram realizados cortes histológicos de 4 µm.
Os cortes foram corados com hematoxilina-eosina (HE) e ácido periódico
de Schiff complementado com coloração de Alcian Blue (PAS/Alcian Blue).
Para exame morfológico do processo de desenvolvimento e/ou de
rejeição do enxerto foi utilizado corte corado com HE, e avaliados sob
microscopia de luz segundo o escore de desenvolvimento e rejeição proposto
por Auber et al, em 1998 26 (Quadro 1).
Para a quantificação das células caliciformes foi utilizada coloração de
PAS/Alcian Blue e a histomorfometria foi realizada com auxílio de microscópio
de luz acoplado a um sistema computadorizado de obtenção de imagens e
programa de Image J obtido gratuitamente do site do The National Institutes of
Health.
16
Quadro 1 - Critérios de classificação do grau de desenvolvimento e de
rejeição do enxerto intestinal fetal, descrito por Auber et al, 1998 26.
Desenvolvimento do enxerto:
D1
Ausência ou presença de epitélio digestivo
(0 - 1)
D2
Importância da mucosecreção
(0 – 3)
D3
Desenvolvimento da camada muscular do intestino (0 – 3)
D4
Desenvolvimento das criptas
(0 – 3)
D5
Desenvolvimento das vilosidades
(0 – 3)
Total escore: D1 + D2 + D3 + D4 + D5
(0 – 13)
Rejeição do enxerto:
R1
Tipo do infiltrado
(0 – 3)
0 – Ausência do infiltrado; 1 – Infiltrado linfocitário; 2 – infiltrado misto; 3 –
Infiltrado polimorfonuclear.
R2
Importância do infiltrado peri e subcriptal
(0 – 3)
R3
Importância da camada muscular
(0 – 3)
R4
Lesão das criptas e vilosidades
(0 – 4)
0 – ausência de lesão; 1 - excesso de células em mitose, sem necrose;
2 – Excesso de células em necrose; 3 - atrofia das vilosidades; 4 – necrose total do
enxerto.
Total escore: (R1 X R2) + (R1 X R3) + R4
(0 – 22)
17
Imunohistoquímica do enxerto transplantado
Para a imunohistoquímica, cortes de 4 μm em lâminas tratadas com 3aminopropiltrietoxisilano foram utilizadas. Os cortes foram desparafinizados
em estufa a 60 oC por 12 horas, seguido de banho de xilol em temperatura
ambiente por 30 minutos.
As lâminas foram hidratadas em banhos de etanol em concentrações
decrescentes (etanol 95%, etanol 80%, etanol 70%), lavadas em água corrente
e mantidas em tampão salina fosfato (PBS: 1,5 miliMolar de fosfato dibásico de
potássio anidro, 8,5 miliMolar de fosfato monobásico de sódio anidro, 138
miliMolar de cloreto de sódio e 2,7 miliMolar de cloreto de potássio em água
deionizada, pH 7,2).
A recuperação antigênica foi realizada com uso de panela de Pascal, em
tampão 0,01 Molar de citrato de sódio, pH 6,0, por 5 minutos, seguida de
resfriamento à temperatura ambiente por mais 20 minutos.
O bloqueio da peroxidase endógena foi realizada com solução de
peróxido de hidrogênio, 10 volumes, por 4 ciclos de 5 minutos, seguida por
lavagem em água corrente e água destilada.
Para o bloqueio de sítios inespecíficos, os cortes foram incubados em
solução a 1% de albumina de soro bovino em PBS (BSA) por 15 minutos,
desprezando o excesso após este tempo.
O anticorpo primário foi diluído em solução de BSA na diluição de 1:100
para anticorpo monoclonal de camundongo anti-Caspase-3 Clivada humana
(Cell Signaling Technology) e de 1:5000 para anticorpo policlonal de
camundongo anti-antígeno de proliferação nuclear humano (PCNA, Cell
Signaling Technology), e incubados sobre os cortes em câmara úmida por 18
horas a 4°C.
Em seguida, os cortes foram lavados em PBS e incubados com
anticorpo secundário biotinilado do Kit Advance (Dako), seguido de incubação
com o complexo streptavidina-biotina-peroxidase do mesmo kit. As incubações
foram realizadas em câmara úmida à temperatura ambiente por 15 minutos,
seguido de lavagens em PBS.
18
A revelação foi realizada com solução a 1% de 3,3’-diaminobenzidina
(Sigma) e peróxido de hidrogênio em PBS por 5 min a temperatura ambiente,
seguida de lavagem em água corrente.
A contracoloração foi realizada com hematoxilina de Harris por 1 minuto,
seguida de lavagem extensiva em água corrente. Após desidratação e
diafanização, as lâminas foram montadas com resina Entellan (Sigma).
A análise da reação imunohistoquímica foi realizada em todo enxerto de
intestino fetal considerando-se as vilosidades, criptas do epitélio intestinal e a
camada muscular. Empregou-se uma avaliação semiquantitativa, por escore
segundo critérios de localização de células marcadas positivamente para os
anticorpos utilizados (Quadro 2).
19
Quadro 2 - Critérios para avaliação imunohistoquímica.
Proliferação celular – Expressão de PCNA por Imunohistoquímica:
P1
Marcação em vilosidades
(0 - 4)
P2
Marcação em cripta
(0 – 4)
P3
Marcação em camada muscular do intestino
(0 – 3)
Total escore:
3xD1 + D2 + D3
(0 – 15)
Apoptose – Expressão de Caspase-3 clivada por Imunohistoquímica:
P1
Marcação em vilosidades
(0 - 4)
P2
Marcação em cripta
(0 – 4)
P3
Marcação em camada muscular do intestino
(0 – 3)
Total escore:
D1 + 3xD2 + D3
(0 – 15)
0 – Ausência de marcação; 1 – raras células marcadas;
2 – poucas células marcadas; 3 – muitas células marcadas;
4 – todas células marcadas
20
Análise estatística
Os dados estão expressos em média ± erro padrão. O tipo de
distribuição das variáveis e a hipótese de igualdade das variâncias foram
testadas em todos os casos.
O teste t de Student foi utilizado para a comparação dos dados entre os
grupos de transplante isogênico e alogênico tratados com Tacrolimo e
submetidos ou não ao PCI-R.
A análise de variância (ANOVA ou ANOVA on ranks), complementada
por teste de Student-Newman-Keuls ou de Dunn, foi utilizada para o restante
das
análises
estatísticas,
que
incluíram
os
dados
de
escore
de
desenvolvimento e de rejeição, contagem de células caliciformes, escore de
expressão de proliferação celular e apoptose.
O nível de rejeição da hipótese de nulidade foi estabelecido pelo valor
de P<0,05. Todas as análises foram realizadas pelo programa Sigma Stat
Statistical versão 3.1.
21
3. RESULTADOS
Desenvolvimento do enxerto de intestino fetal
Transplante isogênico
Avaliação do desenvolvimento do enxerto de intestino fetal no transplante
isogênico após sete dias de seguimento, realizada segundo critérios
26
estabelecidos por Auber et al.
, mostrou que o desenvolvimento foi
significantemente menor no grupo ISO-PCI quando comparado ao grupo ISOTx. O grupo ISO-FK e o grupo ISO-PCI-FK mostraram maior escore de
desenvolvimento do enxerto quando comparado ao grupo ISO-PCI (Figura 7 e
8).
Escore de desenvolvimento do enxerto
14
#
12
#
10
8
*
6
4
2
ISO-Tx
ISO-PCI
ISO-FK
ISO-PCI-FK
Figura 7 - Desenvolvimento do enxerto de intestino fetal no transplante isogênico (ISO)
após sete dias de seguimento, avaliados segundo os critérios de Auber et al. 26. ISO-Tx:
transplantado sem tratamento; PCI, transplantado submetido ao precondicionamento
isquêmico remoto prévio; FK, transplantado tratado com Tacrolimo. *, P<0,05 vs. ISOTx; #, P<0,05 vs ISO-PCI.
22
A
B
C
D
Figura 8 - Fotomicrografia de enxerto de intestino fetal no transplante isogênico após sete dias
de seguimento. Em A, enxerto do grupo ISO-Tx; em B, enxerto do grupo ISO-PCI; em C,
enxerto do grupo ISO-FK; e em D, enxerto do grupo ISO-PCI-FK. Podem-se observar
vilosidades e criptas desenvolvidas e células caliciformes na parede do intestino (setas
pretas). A camada muscular está indicada pelas setas brancas. HE.
23
Transplante alogênico
Avaliação do desenvolvimento do enxerto de intestino fetal no
transplante alogênico após sete dias de seguimento, realizada segundo
critérios estabelecidos por Auber et al.
significantemente
maior
nos
26
, mostrou que o desenvolvimento foi
grupos
tratados
com
Tacrolimo
quando
comparados ao grupo ALO-Tx ou ALO-PCI. O PCI-R não modificou de forma
significante o desenvolvimento do enxerto na comparação múltipla dos grupos.
Entretanto, na comparação entre os dois grupos independentes, ALO-FK e
ALO-PCI-FK, observou-se significância (p=0,035) para o efeito benéfico do
PCI-R em termos de escore de desenvolvimento (Figura 9 e 10).
Escore de desenvolvimento do enxerto
14
*#
12
10
*#
8
6
4
2
0
ALO-Tx
ALO-PCI
ALO-FK
ALO-PCI-FK
Figura 9 – Desenvolvimento do enxerto de intestino fetal no transplante alogênico (ALO)
após sete dias de seguimento, avaliados segundo os critérios de Auber et al. (26). ALOTx,
transplantado
sem
tratamento;
PCI,
transplantado
submetido
ao
precondicionamento isquêmico remoto prévio; FK, transplantado tratado com Tacrolimo.
*, P<0,05 vs. ALO-Tx; #, P<0,05 vs ALO-PCI.
24
A
B
C
D
Figura 10 - Fotomicrografia de enxerto intestinal fetal alogênico após sete dias de seguimento.
Em A, enxerto do grupo ALO-Tx com intenso infiltrado inflamatório; em B, enxerto do grupo
ALO-PCI; em C, enxerto do grupo ALO-FK; e em D, enxerto do grupo ALO-PCI-FK. Setas
amarelas indicam intenso infiltrado inflamatório; Nas setas brancas observamos a camada
muscular. A setas azuis mostram a presença de epitélio sem vilosidades em avançado estágio
de rejeição. HE.
25
Contagem de células caliciformes
A contagem de células caliciformes no epitélio intestinal foi realizada
como avaliação complementar do escore de desenvolvimento do enxerto de
intestino fetal. No transplante isogênico, a quantidade de células caliciformes
por extensão foi maior nos grupos que receberam o tratamento prévio de PCI-R
e/ou o tratamento com Tacrolimo (Figura 11 e 12).
Células caliciformes/100 μm
8
7
*
*
6
*
5
4
3
ISO-Tx
ISO-PCI
ISO-FK
ISO-PCI-FK
Figura 11 – Contagem de células caliciformes ao longo do epitélio do intestino após sete
dias de seguimento de transplante isogênico. ISO-Tx, grupo submetido ao transplante
isogênico; PCI, grupo com tratamento prévio de PCI-R; FK, grupo com tratamento de
Tacrolimo. *, P<0,05 vs ISO-Tx.
26
B
A
C
D
Figura 12 - Fotomicrografia representativa do enxerto de intestino fetal isogênico após sete
dias de seguimento. Em A, enxerto do grupo ISO-Tx; em B, enxerto do grupo ISO-PCI; em C,
enxerto do grupo ISO-FK; e em D, enxerto do grupo ISO-PCI-FK. Setas pretas mostram
células caliciformes na parede do intestino. PAS/Alcian Blue (100X).
27
No transplante alogênico, a quantidade de células caliciformes por
extensão foi mensurada apenas nos grupos tratados com Tacrolimo. Nestes, o
grupo ALO-PCI-FK mostrou maior quantidade de células caliciformes que o
grupo ALO-FK (Figura 13 e Figura 14).
Células caliciformes/100 μm
6
*
5
4
3
2
1
0
ALO-FK
ALO-PCI-FK
Figura 13 – Quantificação de células caliciformes ao longo do epitélio
intestinal em desenvolvimento no transplante alogênico (ALO). PCI,
tratamento prévio de PCI-R; FK, tratamento com Tacrolimo. *. P<0,05
vs ALO-FK.
28
A
B
Figura 14 - Fotomicrografia representativa do enxerto de intestino
fetal alogênico após sete dias de seguimento. Em A, enxerto do
grupo ALO-FK; em B, enxerto do grupo ALO-PCI-FK. Setas pretas
mostram células caliciformes na parede do intestino. PAS/Alcian Blue
(100X).
29
Proliferação celular por expressão de PCNA
Transplante isogênico
A avaliação da proliferação celular realizada mostrou que a associação
entre o PCI-R e o tratamento de Tacrolimo promoveu intensa proliferação
quando comparada aos demais grupos (Figura 15, 16 e 17).
Escore de células marcadas (PCNA)
14
* #$
12
10
8
6
4
2
0
ISO-Tx
ISO-PCI
ISO-FK
ISO-PCI-FK
Figura 15 – Proliferação celular avaliada por marcação com anticorpo anti-PCNA em
enxerto de intestino fetal no transplante isogênico (ISO). ISO-Tx, grupo sem
tratamento; PCI, tratamento prévio de PCI-R; FK, tratamento com Tacrolimo. *,
p<0,05 vs ISO-Tx; #, p<0,05 vs ISO-PCI; $, p<0,05 vs ISO-FK.
30
A
B
C
D
Figura 16 - Fotomicrografia representativa do enxerto de intestino fetal isogênico após
sete dias de seguimento marcados por imunohistoquímica com anticorpo anti-PCNA. Em
A, grupo ISO-Tx; em B: grupo ISO-PCI; em C: grupo ISO-FK; e em D: grupo ISO-FKPCI. Podem-se observar inúmeras células criptais marcadas positivamente coradas em
marrom (100X).
31
A
B
C
D
Figura 17 - Fotomicrografia representativa do enxerto de intestino fetal isogênico após sete
dias de seguimento marcados por imunohistoquímica com anticorpo anti-PCNA. Em A, grupo
ISO-Tx; em B: grupo ISO-PCI; em C: grupo ISO-FK; e em D: grupo ISO-FK-PCI. Podem-se
observar inúmeras células criptais marcadas positivamente coradas em marrom (400X).
32
Transplante alogênico
Foi possível realizar a marcação da proliferação celular somente nos
grupos tratados com Tacrolimo e a avaliação da proliferação celular não
Escore de células marcadas (PCNA)
mostrou diferenças entre os grupos (Figura 18).
12
10
8
6
4
2
0
ALO-FK
ALO-PCI-FK
Figura 18 - Proliferação celular avaliada por marcação com anticorpo anti-PCNA
em enxerto de intestino fetal no transplante alogênico (ALO). PCI, tratamento
prévio de PCI-R; FK, tratamento com Tacrolimo.
33
Transplante isogênico vs. Transplante alogênico
A comparação entre os efeitos do PCI-R e/ou associação com tratamento
de Tacrolimo na proliferação celular via expressão tecidual de PCNA foi
realizada entre os grupos de transplante isogênico e alogênico.
O tratamento com Tacrolimo mostrou semelhante escore entre os grupos
ISO-FK e ALO-FK (P=0,58). A associação com o PCI-R e o Tacrolimo também
não mostrou diferenças entre os grupos ISO-PCI-FK e ALO-PCI-FK (P=0,28;
Figura 19).
14
Escore de células marcadas (PCNA)
12
10
8
6
4
2
0
ISO-FK
ALO-FK
ISO-PCI-FK
ALO-PCI-FK
Figura 19 - Comparação entre os grupos de transplante isogênico (ISO) e
alogênico (ALO) quanto aos efeitos do PCI-R (PCI) e/ou tratamento com Tacrolimo
(FK) na proliferação celular em cortes do enxerto marcados com anticorpo antiPCNA.
34
A
C
B
D
Figura 20 - Proliferação celular avaliada por marcação com anticorpo anti-PCNA em enxerto de
intestino fetal nos transplantes isogênicos (ISO) e alogênicos (ALO). PCI, tratamento prévio de
PCI-R; FK, tratamento com Tacrolimo. Em A, grupo ISO-FK; em B: grupo ALO-FK; em C: grupo
ISO-FK-PCI; e em D: grupo ALO-FK-PCI. Podem-se observar inúmeras células criptais
marcadas positivamente coradas em marrom. (100x)
35
Apoptose por expressão de Caspase-3 clivada
Transplante isogênico
A avaliação da apoptose realizada em cortes marcados com anticorpo
anti-Caspase-3 clivada indicou que o PCI-R e/ou o tratamento com Tacrolimo
foram efetivos na redução da apoptose quando comparados com o grupo ISOTx (Figura 21, 22 e 23).
Escore de células amrcadas (Caspase-3)
16
14
12
*
10
*
*
8
6
4
2
0
ISO-Tx
ISO-PCI
ISO-FK
ISO-PCI-FK
Figura 21 – Apoptose do enxerto avaliada por marcação com anticorpo anti-caspase3 clivada em enxerto de intestino fetal no transplante isogênico (ISO). ISO-Tx, grupo
sem tratamento; PCI, tratamento prévio de PCI-R; FK, tratamento com Tacrolimo. *,
p<0,05 vs ISO-Tx.
Na avaliação da apoptose do transplante alogênico houve falha técnica
de imunohistoquímica não sendo possível sua realização.
36
A
C
B
D
Figura 22 - Fotomicrografia representativa do enxerto de intestino fetal no transplante
isogênico (ISO) após sete dias de seguimento: em A, grupo ISO-Tx; em B, grupo tratado
com Tacrolimo, C: grupo submetido ao PCI-R e D: grupo com ambos tratamentos. Podemse observar inúmeras células da vilosidade marcadas positivamente para caspase-3
clivada. (100X).
37
A
C
B
D
Figura 23 - Fotomicrografia representativa do enxerto de intestino fetal no transplante
isogênico (ISO) após sete dias de seguimento marcadas por imunohistoquímica com
anticorpo anti-caspase-3 clivada: em A, grupo ISO-Tx; em B, grupo tratado com
Tacrolimo, C: grupo submetido ao PCI-R e D: grupo com ambos tratamentos. Podemse observar inúmeras células da vilosidade marcadas positivamente para caspase-3
clivada em marrom (400X).
38
Rejeição do enxerto de intestino fetal
Transplante isogênico
A avaliação da rejeição do enxerto de intestino fetal no transplante
isogênico mostrou que não houve rejeição.
Transplante alogênico
Avaliação da rejeição do enxerto de intestino fetal no transplante
alogênico após sete dias de seguimento, realizada segundo critérios
estabelecidos por Auber et al.
26
, mostrou que houve menor rejeição nos
enxertos submetidos aos tratamentos. O PCI-R reduziu a rejeição quando
comparado ao grupo ALO-Tx, porém o tratamento com Tacrolimo em
associação com o PCI-R ou não preveniu de maneira mais eficiente a rejeição
Escore de rejeição
25
20
15
10
*
*
#
*#
5
0
ALO-Tx
ALO-PCI
ALO-FK
quando comparados com o ALO-PCI (Figura 24).
ALO-PCI-FK
Figura 24 - Rejeição do enxerto de intestino fetal no transplante alogênico (ALO) após
sete dias de seguimento, avaliados segundo os critérios de Auber et al. 26. ALO-Tx,
transplantado sem tratamento; PCI, transplantado submetido ao PCI-R prévio; FK,
transplantado tratado com Tacrolimo. *, P<0,05 vs. ALO-Tx; #, P<0,05 vs ALO-PCI.
39
4. DISCUSSÃO
O presente trabalho mostrou que o PCI-R interfere nos processos de
desenvolvimento e de rejeição aguda do enxerto de intestino fetal. Nos
enxertos isogênicos mostrou efeito benéfico, promovendo aumento da
quantidade de células caliciformes e redução da ocorrência de apoptose.
Quando adicionado o tratamento de Tacrolimo, houve maior escore de
desenvolvimento do enxerto, evidenciado pelo aumento da proliferação celular,
aumento da quantidade de células caliciformes e redução importante de
apoptose. Do mesmo modo, nos enxertos alogênicos tratados com Tacrolimo,
o PCI-R promoveu aumento do desenvolvimento e redução importante da
rejeição.
A contribuição fundamental desta pesquisa foi o efeito benéfico do PCI-R
sobre o intestino transplantado, tanto de forma isogênica como alogênica.
Esses efeitos evidenciados no modelo de transplante de intestino são inéditos
e extremamente relevantes, uma vez que podem trazer contribuições efetivas
na compreensão da evolução do enxerto intestinal pós-transplante.
O escore de desenvolvimento do enxerto, descrito por Auber et al
26
,
considera a presença de epitélio digestivo, vilosidades, criptas, camada
muscular e importância da secreção mucosa. O prejuízo observado no escore
de desenvolvimento promovido pelo PCI-R em enxertos isogênicos pode ser
devido à dilatação cística do enxerto, consequente ao expressivo acúmulo de
muco no interior da luz do intestino. Este acúmulo pode ser decorrente
principalmente de dois fatores: aumento de células caliciformes, promovendo
maior quantidade de secreção, e ausência de estoma neste modelo de
transplante, comprometendo o aspecto das vilosidades na mucosa, resultando
em menor escore de desenvolvimento. Assim, em condições de dilatação
cística, como ocorreu neste grupo, a avaliação por escore pode ser
subestimada empregando os critérios estabelecidos por Auber et al
26
. Isto
indica que ao se realizar estudos com avaliação mais prolongada a confecção
de estomias faz-se necessária.
Experimentalmente, o emprego do camundongo como modelo de
transplante de intestino delgado para estudos imunológicos aumentou desde a
40
década de 90
27
por oferecer vários recursos e vantagens experimentais como
a disponibilidade de linhagens (congênicas, isogênicas, transgênicas e
knockouts) com características imunológicas únicas, além das tecnologias
disponíveis (anticorpos monoclonais e sondas para a biologia molecular) e o
custo do animal e de sua manutenção
27,28
. Algumas limitações estão
relacionadas a esse modelo animal, tais como desenvolvimento das
habilidades microcirúrgicas, diâmetro vascular diminuto, intensidade de rejeição
do camundongo menor (fígado, rins) do que no rato, podendo subestimar o
processo de rejeição, apresentando uma sobrevida do enxerto mais variável.
O transplante intestinal fetal apresenta boa reprodutibilidade e facilidade
técnica de ser realizado, em ratos e camundongos, de forma avascular
29
.
Apesar da imaturidade do sistema imune e o baixo poder imunogênico do
tecido fetal
30
, o modelo de transplante de intestino fetal é aplicável para
estudos referentes à modulação da resposta imunológica alogênica
25,26,31
.
A ausência de mesentério, que faz parte desta técnica de transplante
com um enxerto intestinal livre e um número diminuído de células T na placa de
Peyer do intestino fetal do camundongo implica numa menor quantidade de
células imunocompetentes, que pode ser agravado com a destruição
decorrente da isquemia
25,26,32,33,34
. Entretanto, a resposta de rejeição aguda
alogênica mostrou-se semelhante àquela induzida pelo tecido adulto em
camundongos
26,31
, apesar de uma reação alogênica mais amena ter sido
observada em ratos
32
. Além disso, este modelo é válido para estudo dos
fenômenos imunológicos induzidos pelo aloenxerto, ou seja, não ocorre
diminuição da imunogenicidade do enxerto, com desenvolvimento normal dos
enxertos em 85% dos casos transplantados de maneira isogênica e 100% de
rejeição quando transplantados de maneira alogênica
corrobora o relato de Auber et al.
26
26
. O presente estudo
, uma vez que houve perda completa do
enxerto na ausência de imunossupressão no transplante alogênico e ausência
de rejeição do enxerto isogênico.
Rezende et al.
33
mostraram um desenvolvimento progressivo dos
enxertos até o 5° PO, ainda que em níveis inferiores para o alogênico. Em
seguida, observava-se o processo de rejeição aguda mais importante do que o
processo de desenvolvimento. O transplante do tecido intestinal fetal alogênico
é um excelente modelo para estudos do processo de rejeição aguda, pois esta
41
rejeição desencadeada pode ser controlada pelo Tacrolimo, permitindo o
desenvolvimento normal do enxerto intestinal 35.
O modelo de transplante de intestino fetal em camundongos tem-se
mostrado um bom modelo para avaliação da imunogenicidade do enxerto,
assim como da sua modulação
26,31
. Outro modelo de transplante intestinal
avascular foi descrito por Ogasa et al
36
em ratos recém-nascidos, que foi
usado para avaliação da preservação hipotérmica do intestino comparando
duas soluções de preservação. Em estudos prévios em nosso laboratório, o
modelo de transplante de intestino fetal foi utilizado para avaliação do processo
de desenvolvimento e rejeição do enxerto em condições isogênica e alogênica
33,37,38,39
e para avaliação da imunomodulação pelo gangliosídeo no processo
da rejeição
37,38
. Por outro lado, em nosso laboratório, também, vem sendo
estudado o PCI, como forma de modulação da lesão de IR, e o PCI-R, em
órgãos como fígado
40
, intestino
11,13
e, mais recentemente, no transplante
avascular de ovário 24,41.
Além da rejeição sabe-se que as consequências da isquemia em
diferentes tecidos dependem da duração e que muitas das lesões são
desenvolvidas durante o estágio de reoxigenação decorrente da reperfusão
tecidual
21,42
. As mitocôndrias são alvos importantes dos danos provocados
pelos processos de IR como diminuição das atividades da nicotinamida
adenina dinucleotídeo ligada com hidrogênio desidrogenase, do carreador de
adenosina difosfato/adenosina trifosfato (ADP/ATP) e da ATP sintetase, além
do aumento na atividade da fosfolipase A2 43.
Ocorre ainda, acentuado acúmulo de cálcio e aumento da geração de
radicais livres pelas mitocôndrias. A associação destes eventos pode ser
responsável pelas lesões e morte celular, decorrente da reperfusão,
possivelmente por um fenômeno de transição de permeabilidade da membrana
mitocondrial 44.
Em 1984 pesquisadores utilizando miocárdio de coelhos, mostraram que
um período curto de isquemia, prévio à isquemia cardíaca sustentada, produzia
um efeito protetor contra a lesão cardíaca de IR
introduzido na literatura por Murry et al.
46
45
, porém, o termo PCI foi
e significa indução de um curto
período de isquemia seguido por curto período de reperfusão antes de um
período mais longo de isquemia. Os autores descreveram o efeito benéfico
42
deste procedimento sobre o tamanho da área de infarto causado por isquemia
sem PCI, resultados semelhantes foram descritos por outros autores 47.
O mecanismo de manutenção da respiração celular, a diminuição da
produção de espécies reativas e a preservação da integridade e do
funcionamento das membranas celulares, por meio de diversos mediadores
estão sendo estudados como prováveis mecanismos de ação do PCI
17,18
. O
PCI confere proteção tecidual possivelmente por melhorar a resistência celular
à hipóxia reduzindo as necroses e as apoptoses decorrentes da isquemia e do
intenso estresse oxidativo que decorre da reperfusão. Também reduz o
consumo das reservas celulares de ATP, a concentração de catabólitos
durante a isquemia sustentada, além da expressão de fatores desencadeantes
de apoptose (como fator de necrose tumoral alfa, interleucina-1 beta e espécies
reativas de oxigênio) e reduz o metabolismo das mitocôndrias 48,49.
O PCI promove na reperfusão uma menor conversão da xantina
desidrogenase para xantina oxidase em diversos tecidos, diminuindo a
produção de ânion superóxido, protegendo os tecidos da lesão durante a fase
da reperfusão 50 e suas conseqüências como a redução da peroxidação lipídica
em tecido pulmonar medida através de seu produto malondialdeído 51. Também
tem sido descrito induzir um menor consumo de ATP e inibição da glicólise,
levando a um menor acúmulo de lactato e íon hidrogênio 11,52,53. O PCI também
melhora o equilíbrio iônico e ácido-base, reduzindo o acúmulo intracelular de
íons sódio e a acidose 54.
A manutenção dos níveis de ATP e fosfato de creatina, em conjunto com
a redução da taxa de demanda energética pela célula tem-se mostrado como
uma hipótese central no mecanismo de ação do PCI no que se refere à
respiração celular
46,52,55,56,57,58
. Parece haver, durante os períodos de isquemia
do PCI, uma diminuição dos depósitos de glicogênio, sendo a glicólise
diminuída no período isquêmico sustentado 18.
Por induzir menor condutância ao íon potássio na membrana, leva a
uma situação denominada de repouso de membrana, com uma inibição
metabólica que permite a célula ser mais tolerante a hipóxia
59
. Parece ainda
induzir uma redução na demanda energética durante a isquemia. No coração
verificou-se que o PCI ativa canais de potássio sensíveis ao ATP na
43
mitocôndria, regulando os níveis de ATP e cálcio
60
. A mitocôndria tem papel
fundamental na geração de espécies reativas de oxigênio, homeostasia do
cálcio e liberação de fator indutor de apoptose. Assim, o PCI é capaz de reduzir
a morte celular 61.
O conceito do PCI tem sido estendido a diferentes órgãos e tecidos
surgindo como estratégia de proteção entre órgãos contra os efeitos deletérios
da IR aguda
21
. A repercussão sistêmica do PCI pode também atenuar a lesão
à distância causada pela IR, este processo é chamado de PCI-R ou PCI à
distância e não é limitado a um órgão ou sistema. Este mecanismo possui duas
fases de proteção contra a lesão endotelial, uma precoce (curta, de até 4
horas) e outra tardia (mais prolongada, de 24 a 48 horas de duração), sendo
ambas mediadas por ativação do sistema nervoso autônomo 55,62.
Em 1993, Przyklenk et al.63 descreveram um mecanismo de proteção
cardíaco com uso de breves períodos de isquemia em território distante da
área de infarto. Posteriormente, Liaw et al.64 observaram que a isquemia de um
grupo muscular protegeu o membro contralateral.
Estudos subseqüentes mostraram que existia também uma proteção
interórgãos, além do intra-órgão já descrita. Gho et al.65 mostraram que a
isquemia transitória do músculo esquelético conferia proteção ao miocárdio.
Embora os mecanismos de proteção à distância não sejam completamente
conhecidos, sugere-se o envolvimento de um amplo espectro de supressão da
sinalização inflamatória, que inclui também modificação da expressão gênica.
Kimura et al .66 mostraram que na prática clínica o PCI-R promove
aumento da vascularização endotelial, podendo ser uma técnica simples,
segura e viável para proteção endotelial de vasos periféricos, já sendo
considerado de uso seguro e útil em cirurgias eletivas de coração, fígado e
pulmão 21,67.
O PCI atenua a lesão de IR no fígado e no intestino, estendendo esta
proteção aos pulmões
40,68
, quanto ao seu efeito sobre a vascularização, o PCI
promoveu angiogênese com subseqüente melhora da função do miocárdio
após oclusão coronária, evidenciado pelo aumento da densidade capilar/
arteriolar 69.
Embora
os
mecanismos
de
proteção
à
distância
não
sejam
completamente conhecidos, os efeitos do PCI-R, por oclusão da artéria
44
mesentérica superior, parecem ocorrer via estímulo neuro-sensorial pela
bradicinina, o que não se observa quando o PCI é realizado diretamente no
órgão
22
. Outro mecanismo proposto seria via supressão da sinalização
inflamatória, como observado em leucócitos circulantes humanos após três
ciclos de PCI em membro superior 23.
O método usado para avaliar a proliferação celular, a imunohistoquímica
para o PCNA, está baseado na expressão deste antígeno na fase G1 tardia e
durante a fase S do ciclo celular. A escolha do anticorpo monoclonal anti-PCNA
deveu-se à facilidade de se poder trabalhar com tecido fixado em parafina, ser
resistente a fixação em formol, apresentar uma meia vida longa de
aproximadamente vinte horas, indicando que o núcleo pode permanecer
positivo mesmo após o estímulo 70.
Em nosso estudo observou-se que o PCI-R no enxerto isogênico
promoveu aumento de células caliciformes e redução da morte celular por
apoptose. Por outro lado, na presença de Tacrolimo, o PCI-R estimulou a
proliferação celular no enxerto isogênico e o desenvolvimento dos enxertos
isogênico e alogênico.
Mais recentemente, estudos avaliando os mecanismos intracelulares
pelo qual o PCI protege os tecidos da lesão de IR tem sido conduzidos e
apresentam resultados controversos. Tanto na isquemia quanto na reperfusão
promovem aumento de ocorrência de apoptose nos diferentes tecidos
estudados. No coração, a ativação do NF kappa B se relaciona à ocorrência de
apoptose
71
. Na mucosa intestinal, a IR promove disfunção da respiração
mitocondrial via formação de espécies reativas de oxigênio, em conseqüência,
há intensa oxidação da glutationa mitocondrial, aumento da peroxidação
lipídica mitocondrial, redução do potencial membrana mitocondrial e aumento
da liberação do citocromo c da mitocôndria que culmina na ativação da
caspase-9 e caspase-6 72.
No coração e no intestino, o PCI não interfere na expressão de NF
kappa B, mas eleva a expressão de Bcl-2, um gene antioxidante, com
propriedade antiapoptótica, e este aumento se correlaciona inversamente com
a ocorrência de apoptose e protege o tecido da peroxidação lipídica
PCI também previne do acúmulo de xantina/hipoxantina
73
71
.O
, reduz o
45
processo inflamatório e a expressão de caspase- 3
74,75
.
Desta
maneira, a redução da apoptose promovida pelo PCI no presente
estudo pode indicar a preservação da vitalidade das estruturas
intestinais no transplante de intestino fetal, e ser capaz de reduzir
os riscos da síndrome de disfunção de múltiplos órgãos em outros
tipos de transplante.
As células caliciformes residentes no epitélio do intestino delgado e
grosso são responsáveis pela produção e manutenção do muco protetor,
secretando glicoproteínas de alto peso molecular, as mucinas
76,77
. É atribuída
às células caliciformes intestinais o papel de manutenção da barreira intestinal,
seja pela produção de mucinas, seja pela expressão de proteínas de adesão
(ocludina e claudina-3) 78. Isto pode ser comprovado pela cinética de reparação
do epitélio após a lesão de IR
77
. Em estudo experimental, Ikeda et al.
77
mostraram que, imediatamente após a lesão de IR, pode ser observado intenso
descolamento dos enterócitos. Após cerca de 20 minutos, o epitélio começa a
ser recoberto por células caliciformes e após 75 minutos, observa-se restituição
completa do epitélio, sugerindo que as células caliciformes tem papel
fundamental na reparação e na manutenção do epitélio intestinal após
processo de IR.
Os resultados obtidos neste estudo mostram uma proteção do enxerto
intestinal fetal pelo PCI-R, aumentando o desenvolvimento e o número de
células caliciformes, além de diminuir a apoptose e atenuar o processo de
rejeição. Ainda observou-se indução da proliferação celular no enxerto, o que
permitiu o processo de manutenção do reparo celular após a lesão de IR.
46
5- Conclusões
O PCI-R mostrou efeito benéfico sobre a lesão de isquemia e reperfusão do
enxerto intestinal fetal;
O PCI-R mostrou efeito benéfico no transplante alogênico, aumentando o
desenvolvimento do enxerto intestinal fetal, contrário ao que ocorreu no
transplante isogênico em que houve diminuição do grau de desenvolvimento do
enxerto;
O PCI-R mostrou efeito benéfico nos transplantes isogênico e alogênico,
aumentando o número de células caliciformes;
O PCI-R mostrou efeito benéfico no transplante alogênico, diminuindo o grau
de rejeição aguda do enxerto intestinal na ausência de imunossupressão,
porém não apresentou efeito sinérgico com o imunossupressor;
O PCI-R mostrou efeito benéfico nos transplantes isogênico e alogênico,
aumentando a proliferação celular do enxerto intestinal fetal;
O PCI-R no transplante isogênico foi efetivo na redução da apoptose.
47
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54
ABSTRACT
Effect of remote ischemic preconditioning in the fetal small bowel
transplant in mice. Morello RJ, Koike MK, Montero EFS
Purpose: to evaluate the effect of remote ischemic preconditioning (R-IPC) in
the fetal small bowel transplantation model. Methods: two groups were
constituted: the Isogenic transplant (Iso, C57BL/6 mice, n=24) and the
allogeneic transplant (Alo, BALB/c mice, n=24). In each group, the animals were
distributed with and without R-IPC, that was accomplished by occlusion of the
left femoral artery of the pregnant female during 10 minutes, followed for similar
time of reperfusion. The imunossupressor used was Tacrolimo (Fk, 5 mg/kg/day
v.o.) It was obtained the following subgrups: Alo-Tx, Alo-IPC, Alo-Fk, Alo- IPC Fk, Iso-Tx, Iso- IPC, Iso-Fk and Iso- IPC-Fk. The graft was transplanted in the
space between the straight-abdominal muscle and preperitoneal of the
receivers to half centimeter of the xiphoid appendix, left of the medium line.
After seven days follow-up, the graft of small bowel was removed and
embedded in paraffin to histomorphological evaluation (the graft development
and rejection) and immunohistochemical analysis (anti-PCNA and anti-caspase3 cleaved). Data were analyzed using ANOVA and post-hoc tests, and it was
considered significant when p<0.05. Results: The graft development evaluation
in Iso group showed that R-IPC reduced the development compared with Iso-Tx
(5.2±0.4 vs 9.0±0.8) and Fk and its association with R-IPC increased the graft
development compared with R-IPC (11.2±0.7 and 10.2±0.8, respectively). In Alo
group, Fk and its association with R-IPC increased the development compared
with Alo-Tx and Alo with R-IPC (6.0±0.8, 9.0±1.2, 0.0±0.0, 0.5±0.3,
respectively). The PCNA expression was increased in Iso group only in animals
treated with Fk and R-IPC compared to other groups (12.2±0.8 vs Tx: 8.8±0.9,
R-IPC: 8.0±0.4 and FK: 9.0±0.6). In Alo group, PCNA expression did not differ
among groups. The graft rejection was lower in groups treated with R-IPC (18%), Fk (-68%) or both (-61%) compared with Alo-Tx. The caspase-3 cleaved
expression was lower in Iso group in animals treated with association of R-IPC
and/or Fk (Tx: 8.6±0.5 vs R-IPC: 5.8 ±0.9; Fk: 6.0 ±0.3; R-IPC-Fk: 6.2 ±0.9).
Conclusion: R-IPC showed benefic effect on the ischemy and reperfusion
lesion of the fetal intestinal graft in the Isogenic and Allogeneic transplants,
increasing the number of goblet cells and the cellular proliferation. In the
Allogeneic transplant, it increased the development of the graft, it reduced the
degree of acute rejection without Immunosuppression, however it didn't present
synergic effect with the imunossupressor. In the Isogenic transplant there was
decrease of the degree of development of the graft, however it was effective in
the apoptosis reduction.
55
APÊNDICES
Apêndice 1 -Valores individuais da avaliação do desenvolvimento do enxerto
intestinal fetal isogênico, obedecendo aos critérios de Auber et al., 1998. 26
Camundongos
Tx
PCI
FK
PCI-FK
1
8
5
10
13
2
10
4
12
11
3
7
6
12
8
4
10
4
13
11
5
7
6
9
10
6
12
6
11
8
Média
9,0±0,8
5,2±0,4
11,2 *±0,7
10,2 *±0,8
Tx, grupo transplante controle isogênico; FK, tratamento com Tacrolimo; PCI, submetido ao
PCI-R; *, p<0,05 vs PCI.
Apêndice 2 -Valores individuais da avaliação do grau de desenvolvimento do
enxerto intestinal fetal alogênico, obedecendo aos critérios de Auber et al.,
1998.26
Camundongos
Tx
PCI
FK
PCI-FK
1
0
1
5
5
2
0
0
10
9
3
0
0
6
10
4
0
0
5
12
5
0
2
5
12
6
0
0
5
6
Média
0,0±0,0
0,5 ±0,3
6,0 ±0,8
9,0 ±1,2
Tx, grupo transplante controle alogênico; FK, tratamento com Tacrolimo; PCI, submetido ao
PCI-R.
Apêndice 3 -Valores individuais da contagem de células caliciformes ao longo
do epitélio intestinal fetal.
Camundongos
Tx
PCI
FK
PCI-FK
1
4,3
4,9
5,6
5,3
2
4,2
6,1
5,1
5,3
3
4,2
3,3
4,6
5,7
4
4,9
3,6
5,9
6,7
5
4,5
7,4
5,4
6,3
6
4,4
5,9
Média
4,4±0,1
5,1±0,8
5,3 ±0,2
5,9 ± 0,2
Tx, grupo transplante controle isogênico; FK, tratamento com Tacrolimo; PCI, submetido ao
PCI-R; *, p<0,05 vs PCI.
56
Apêndice 4 -Valores individuais da contagem de células caliciformes ao longo
do epitélio intestinal fetal no transplante alogênico.
Camundongos
FK
PCI-FK
1
2,6
3,9
2
2,8
4,2
3
3,0
3,5
4
4,3
4,4
5
3,5
5,1
6
2,6
5,3
Média
3,1 ±0,4
4,4 ± 0,3
PCI, tratamento prévio de PCI-R; FK, tratamento com Tacrolimo. *. P<0,05 vs ALO-FK.
Apêndice 5 -Valores individuais da avaliação da positividade para marcação de
PCNA em células da vilosidade, criptais e da camada muscular do intestino
fetal transplantado.
Camundongos
Tx
PCI
FK
PCI + FK
1
9
6
8
10
2
5
5
6
11
3
7
8
5
12
4
5
5
7
8
5
7
9
6
10
7
7
Média
7,1±0,7
6,0 ±0,7
7,0 ±0,7
10,3 ±0,9
Tx, grupo transplante controle isogênico; FK, grupo isogênico tratado com Tacrolimo; PCIR,
grupo; p<0,05 vs ISO; p<0,05 vs PCIR e, p<0,05 vs FK.
Apêndice 6 -Valores individuais da avaliação da positividade para marcação de
PCNA em células da vilosidade, criptais e da camada muscular do intestino
fetal no transplante alogênico.
Camundongos
FK
PCI + FK
1
11
5
2
7
12
3
6
9
4
0
10
5
12
5
6
7
Média
7,2 ±0,9
8,2 ±1,4
PCI, tratamento prévio de PCI-R; FK, tratamento com Tacrolimo.
57
Apêndice 7 - Valores da avaliação da positividade para marcação de PCNA na
comparação entre os grupos de transplante isogênico (ISO) e alogênico (ALO)
tratados com Tacrolimo (FK).
Camundongos ISO-FK
ALO-FK
ISO- PCI-FK
ALO- PCI-FK
1
9
11
12
5
2
7
7
13
12
3
5
6
15
10
4
8
0
9
9
5
11
12
5
5
6
7
Média
8,0±1,7
7,2 ±2,3
10,8 ±1,7
8,2 ±1,4
FK, grupo tratado com Tacrolimo; PCI, tratamento prévio de PCI-R.
Apêndice 8 -Valores individuais da avaliação da apoptose celular no intestino
fetal transplantado.
Camundongos
Tx
PCI
FK
PCIR - FK
1
7
9
7
7
2
8
4
5
9
3
9
6
6
6
4
7
4
6
5
5
9
6
6
4
6
9
7
11
Média
8,6±0,5
5,8 ±0,9
6,0 ±0,3
6,2 ±0,9
Tx, grupo transplante controle isogênico; PCI, tratamento prévio de PCI-R; FK, tratamento com
Tacrolimo. *, p<0,05 vs ISO-Tx.
Apêndice 9 -Valores individuais da avaliação da rejeição do intestino fetal
transplantado.
Camundongos Tx
PCI
FK
PCI - FK
1
0
0
0
0
2
0
4
0
0
3
0
0
0
0
4
0
0
0
0
5
0
0
0
0
6
0
0
4
0
7
0
Média
0,0±0,0
0,7 ±0,7
0,7 ±0,7
0,0 ±0,0
Tx, grupo transplante controle isogênico; FK, grupo isogênico tratado com Tacrolimo; PCI,
tratamento prévio de PCI-R.
58
Apêndice 10 -Valores individuais da avaliação do grau de rejeição do enxerto
intestinal fetal, obedecendo aos critérios de Auber et al., 1998.
Camundongos
ALO-Tx
PCIR
FK
PCIR + FK
1
16
14
4
5
2
16
16
5
10
3
22
14
5
7
4
16
16
8
5
5
16
12
7
7
6
22
16
6
8
Média
18,0±1,3
14,7 ±0,7
5,8 ±0,6
7,0 ±0,8
ALO-Tx, transplantado sem tratamento; PCI, transplantado submetido ao PCI-R prévio; FK,
transplantado tratado com Tacrolimo. *, P<0,05 vs. ALO-Tx; #, P<0,05 vs ALO-PCI.
59
ANEXOS
60
61
NORMAS ADOTADAS
INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS. Uniform
requirements for manuscripts submitted to biomedical journals. Philadelphia:
Ann Intern Med 1997; 126:36-47.
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIRURGIA E EXPERIMENTAÇÃO – UNIFESP-EPM.
Fagundes DJ. Normas para elaboração de relatório de pesquisa [edição
eletrônica –disquete]. 2001 São Paulo (SP): UNIFESP-EPM-TOCE.
Como elaborar sua tese: estrutura e referências, 2a ed. São Paulo: BC
Gráfica e Editora Ltda; 2005.
DeCS- Descritores em Ciências da Saúde. [serial online] 2001. Disponível
em: URL:http://www.bireme.br
COLÉGIO BRASILEIRO DE EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL (COBEA). Manual
para técnicos em bioterismo. São Paulo (SP): Yellow Grafth; 1996.
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