1 Revisão/Atualização em Diálise: Alterações cardiovasculares em pacientes em hemodiálise regular Helena Cramer Veiga, Luiz Augusto Freitas Pinheiro, Jocemir Ronaldo Lugon Disciplina de Nefrologia e Disciplina de Cardiologia, Departamento de Medicina Clínica, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ Endereço para correspondência: Jocemir R. Lugon Hospital Universitário Antonio Pedro, Centro de Diálise Rua Marquês de Paraná 303, 2° andar CEP 24030-210 Niterói RJ Tel.: (021) Introdução Alterações cardiovasculares são freqüentes em portadores de insuficiência renal terminal que se submetem a tratamento dialítico 4,13,15,18,29,38,43 de pacientes. constituindo a causa de cerca de 50% dos óbitos neste grupo 4,6,14 Nos Estados Unidos, aproximadamente dois terços das doenças renais em fase terminal são causadas por Diabetes Mellitus ou Hipertensão Arterial Primária. associação a outros 6 Essas doenças, independentemente ou em fatores, são importantes determinantes do desenvolvimento da doença cardiovascular. Condições relacionadas com a insuficiência renal crônica como, por exemplo, sobrecarga de volume, anemia, a presença de toxinas urêmicas e mesmo a própria hemodiálise também predispõem a alterações cardiovasculares. Quando analisados por ecocardiograma, por exemplo, cerca de 70% a 80% dos pacientes em hemodiálise apresentam alguma alteração cardíaca. 6,13 ventricular esquerda ser a alteração mais comum, Apesar da hipertrofia 13,15,18,29,38 todas as estruturas cardíacas e o sistema vascular podem ser afetados em decorrência da insuficiência renal terminal. As complicações cardiovasculares podem ocorrer durante o procedimento de hemodiálise no período interdialítico e mesmo constituirem 1 2 alterações crônicas que são acompanhadas de modificações estruturais do sistema cardiovascular. Deve ser ressaltado que, de um modo geral, a incidência de complicações aumenta proporcionalmente com a idade e condições clínicas do paciente. Alterações Agudas Durante a hemodiálise Um grau moderado de hipotensão é tolerado durante a hemodiálise, mas a hipotensão grave constitui uma complicação aguda bastante prevalente, ocorrendo em torno de 22% dos procedimentos nos EUA 23 e em 16.4% no serviço de hemodiálise do Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense. 30 Sua patogênese envolve fatores que levam a diminuição do conteúdo, aumento do continente ou a uma combinação dessas duas formas. Os fatores envolvidos na patogênese da hipotensão são múltiplos destacando-se: a retirada exagerada de fluidos; a rápida alteração da osmolaridade plasmática; a concentração plasmática elevada de fator natriurético atrial; a ação vasodilatadora do tampão acetato; e ainda a ação de drogas hipotensoras. A remoção de fluidos exagerada durante a hemodiálise pode diminuir o volume circulante e levar à hipotensão, por diminuição do conteúdo. Entre os fatores que podem gerar hipotensão por aumento do continente, destacam-se a diminuição da reatividade vascular acompanhada de uma redução da resposta ao estímulo de receptores alfa-adrenérgicos e, ainda, o uso de terapia anti-hipertensiva, muito comum em pacientes com insuficiência renal terminal. Vários estudos 22,34,36 mostram que a rápida mudança da osmolaridade plasmática durante a hemodiálise exerce papel importante na patogênese da hipotensão. Sua diminuição gera um gradiente osmótico que favorece a passagem de fluido dos espaços vascular e intersticial para o espaço 2 3 intracelular diminuindo o conteúdo e possibilitando a redução da pressão arterial. A concentração de sódio no dialisado é um fator importante nas alterações de osmolaridade. 23 Baixas concentrações de sódio estão associadas a maior incidência de episódios hipotensivos. Concentrações maiores de sódio, entre 144 a 160 mEq/l., podem ser bem toleradas e reduzir episódios de síndrome hiposmolar. 23, 35 Alguns pacientes portadores de insuficiência renal terminal, que apresentam maior incidência de hipotensão durante a hemodiálise, possuem altas concentrações plasmáticas de fator natriurético atrial (FNA) e baixos níveis de noradrenalina. 33 Há pacientes que apresentam hipotermia crônica e devido a temperatura padronizada do dializado ser mais elevada do que a temperatura corpórea no início da sessão pode promover vasodilatação e hipotensão. 23 O tampão acetato, atualmente pouco usado em procedimento hemodialítico, também é um fator causal de hipotensão devido ao seu efeito vasodilatador. Na maioria dos casos, as conseqüências da hipotensão são pouco relevantes e refletem aumento da atividade simpática em resposta a hipotensão. Isquemia miocárdica ou cerebral são raras mas podem ocorrer. A seqüela mais comum de hipotensão moderada é mal-estar pós-diálise que diminui a capacidade do paciente crônico em realizar suas atividades diárias. Algumas medidas que podem ser tomadas para atenuar essa complicação. A reavaliação do peso seco estimado, por exemplo, é útil à medida que indivíduos com peso abaixo do ideal apresentam maior freqüência de hipotensão. 22 Suspensão das drogas anti-hipertensivas no período de 4 a 6 horas antes da hemodiálise minimiza o efeito da droga durante o procedimento e também pode reduzir os casos de hipotensão. Classe de drogas anti-hipertensivas que estão associadas a menor incidência de alterações preferencialmente pressóricas utilizadas. durante A a substituição hemodiálise do tampão devem ser acetato por bicarbonato apresenta notável efeito benéfico para o sistema cardiovascular. 12, 41 3 4 O tratamento da hipotensão aguda é a infusão rápida de fluídos como solução salina, ou de colóides. Agentes vasopressores podem ser utilizados nos casos mais graves. Apesar da hipotensão ser o achado mais freqüente, não é raro que alguns pacientes apresentem picos hipertensivos, cuja origem ainda é indefinida. Acredita-se, entretanto, que esse achado represente uma resposta exarcerbada dos mecanismos contra-reguladores à retirada de fluídos. A hipoxemia é outra complicação freqüente, porém seus mecanismos ainda não foram bem estabelecidos. Acredita-se que a hipotensão induzida pela hemodiálise, levando a uma inadequada perfusão pulmonar, tenha papel importante no estabelecimento da hipóxia. Há também o papel de tampões, como o acetato, usado no banho de diálise, que podem levar a um desvio para a esquerda na curva de dissociação da hemoglobina, diminuindo a liberação de oxigênio para os tecidos. Além disso, o metabolismo do acetato consome gás carbônico (CO2) levando a diminuição da pressão arterial de gás carbônico (paCO2) e diminuindo o estímulo central de ventilação. 6, 22, 23 As membranas de cuprofano, usadas durante a diálise podem levar a ativação do complemento e acarretar seqüestro de leucócitos nos vasos pulmonares resultando em alterações de ventilação e perfusão pulmonar, e hipoxemia, especialmente na primeira hora de diálise. A hipóxia, portanto, pode ser reduzida consideravelmente através do emprego de tampão bicarbonato e membranas biocompatíveis. Rápidas alterações nos níveis séricos de eletrólitos durante a hemodiálise podem acarretar em desenvolvimento de arritmias cardíacas e depressão da contratilidade miocárdica. Pacientes com insuficiência renal crônica podem apresentar hipercalemia, cuja remoção rápida durante a hemodiálise pode levar a arritmias cardíacas, principalmente se o paciente apresentar doença arterial coronariana, hipertrofia ou disfunção de ventrículo esquerdo. A concentração de 3,5 mEq/l de potássio no dialisado geralmente previne as arritmias durante a hemodiálise. Concentrações maiores que esta requerem diminuição da ingesta dietética de potássio para prevenir hipercalemia. 4 5 A função ventricular esquerda antes do início do tratamento dialítico é o fator determinante mais importante da performance cardíaca durante a diálise. Pacientes que têm função ventricular esquerda normal apresentam poucas alterações ou pequena queda da função cardíaca, enquanto que pacientes que tem disfunção ventricular diastólica apresentam piora da função cardíaca durante o procedimento devido a diminuição da pré-carga. Já o paciente que tem disfunção sistólica apresenta melhora da função por diminuição da pós-carga durante o procedimento. A presença de arritmias constitui um grande problema clínico da insuficiência renal crônica em fase terminal, devido a sua alta prevalência e complicações potencialmente sérias. A natureza episódica das arritmias, entretanto, pode dificultar sua caracterização. 4 Um estudo multicêntrico em pacientes em hemodiálise regular monitorados por Holter de 48 horas mostrou a presença de arritmias ventriculares em 76% dos pacientes, sendo que 39% apresentaram duas ou mais extrassístoles por hora e 69% de pacientes apresentaram arritmias supraventriculares predominantemente não sustentadas. 4, 14 As arritmias ventriculares mostraram ser mais freqüentes no período entre a segunda hora de hemodiálise e cinco horas após o procedimento. Os dois fatores de risco independentes encontrados foram idade superior a 55 anos e disfunção ventricular esquerda. Há outros fatores que contribuem para o desenvolvimento de arritmias, entre eles a hipoxemia, alterações eletrolíticas e, ainda, a condição cardiovascular de base destes pacientes. No Período Interdialítico No período interdialítico, a disfunção renal leva à retenção de fluídos e sal acarretando em sobrecarga de volume e, conseqüentemente, aumento do peso corporal. Na dependência de sua magnitude e duração, e também da condição cardíaca prévia, esta retenção pode contribuir para o desenvolvimento de insuficiência cardíaca congestiva. Um aumento súbito do volume plasmático pode aumentar a pressão diastólica final do ventrículo esquerdo causando insuficiência ventricular esquerda, que pode levar à edema pulmonar, mesmo em indivíduos com função sistólica preservada. 4, 23 A pressão capilar pulmonar em pacientes urêmicos é menor que a observada 5 6 em indivíduos normais em episódio de insuficiência ventrícular esquerda, o que sugere um aumento da permeabilidade capilar nesse grupo de pacientes. 23 Episódios de arritmias cardíacas por hiperpotassemia também são comuns no período interdialítico. 4 Alterações Crônicas O paciente em hemodiálise regular está sujeito a condições que afetam cronicamente a performance cardíaca. 15, 24 Desordens relacionadas com a insuficiência renal crônica como, por exemplo, sobrecarga de volume, anemia, hipertensão e a presença de toxinas urêmicas predispõem a alterações cardiovasculares. A hipertrofia ventricular esquerda é a alteração mais comum, 13,15,29,38 mas todas as estruturas cardíacas e o sistema vascular podem ser afetados levando, por fim, à insuficiência cardíaca congestiva. A hipotensão crônica está relacionada com risco de mortalidade cardiovascular. Com cada 10b mmHg a menos na pressão arterial média associa-se a um risco de mortalidade 1,4 vezes maior. 11 Há também outros fatores contribuintes para miocardiopatias, por exemplo: deficiências dietéticas de carnitina, tiamina e selênio; doenças de base como diabetes mellitus e amiloidose; e hiperparatireoidismo levando à calcificação miocárdica. 24 A hipertensão arterial, freqüente em pacientes renais terminais, contribui para a insuficiência cardíaca por aumentar a pós-carga e o trabalho cardíaco. O aumento da pós-carga em pacientes com insuficiência renal também se deve, muitas vezes, ao aumento da resistência vascular periférica por diminuição da complacência da aorta e de grandes vasos. 26 Doença Arterial Coronariana e Aterogênese Dislipidemias relacionam-se com maior risco de mortalidade cardiovascular. Colesterol acima de 350 mg/dl aumenta 1,3 vezes esse risco nos hemodialisados. 11 Distúrbios do metabolismo lipídico ocorrem precocemente na doença renal crônica e acompanham toda a evolução da doença, incluindo a fase de 6 7 hemodiálise crônica. Pacientes em hemodiálise podem apresentar níveis de colesterol total elevados ou normais, mas apresentam níveis de HDL baixos e níveis elevados de triglicerídeos, LDL,VLDL e HDL (11). Pessoas da raça branca apresentam níveis de HDL mais baixos do que pessoas da raça negra, o que justifica a maior incidência de doença coronariana no primeiro grupo. 2, 16, 43 Em pacientes em hemodiálise crônica, baixos níveis séricos de colesterol total também encontram-se associados a maior risco relativo de mortalidade cardiovascular (em pacientes com colesterol menor que 100 mg/dl, o risco de mortalidade aumenta 4,2 vezes). 22, 23 A lipoproteína de baixa densidade (LDL) oxidada exerce papel fundamental na aterogênese, pois tem ação citotóxica na célula endotelial. Células endoteliais ativadas atraem monócitos que fagocitam a LDL oxidada formando células espumosas, que constituem a lesão inicial do processo ateroesclerose. A LDL estimula a secreção de fator de crescimento derivado da plaqueta (PDGF) que estimula a mitose de célula muscular lisa vascular. O dano endotelial resulta em proliferação de célula muscular lisa e fibroblastos expandindo a lesão ateroesclerótica. Pacientes em hemodiálise regular apresentam níveis de LDL oxidada maiores do que a população em geral, o que resulta em um processo de aterogênese mais acelerado. Estudos recentes sugerem que a Lipoproteína A e a Apolipoproteína A representam fatores de risco independentes para doença vascular ateroesclerótica. 2, 4, 8 Há ainda outros fatores determinantes de doença coronariana em pacientes em hemodiálise crônica que são os seguintes: diminuição da atividade de lipase lipoprotéica; doença de base (Diabetes Mellitus, Síndrome Nefrótica); níveis elevados de homocistina; o stress da terapêutica hemodialítica; 24 depressão de óxido nítrico; e os níveis circulantes de endotelina nestes pacientes (por facilitar a lesão endotelial). 4 Além disso, distúrbios do metabolismo de cálcio e fósforo facilitam a calcificação de lesões ateroscleróticas. 4 A mortalidade cardiovascular em paciente renal terminal ainda é muito alta em ambos os sexos. Mulheres nesta condição desenvolvem doença 7 8 arterial coronariana na mesma proporção que os homens. Acredita-se que isto se deva à menopausa precoce e às alterações no eixo hipotálamohipofisário neste grupo de pacientes. 24 Pacientes com pielonefrite crônica e doença renal intersticial, por razões ainda desconhecidas, parecem desenvolver doença arterial coronariana com mais freqüência do que em outras formas de doença renal crônica. 4 Pacientes com insuficiência renal crônica têm maior incidência de isquemia miocárdica sem dor. Este fato se deve, provavelmente, à maior prevalência de Diabetes Mellitus nesta população. 21,24 Padrões eletrocardiográficos isquêmicos (inversão de onda T e infra desnível de segmento ST) podem ser encontrados em pacientes sem insuficiência coronariana durante e após a hemodiálise, fato este que diminui a especificidade do método para diagnóstico. A investigação para doença coronariana e a conduta terapêutica nestes pacientes é igual a da população em geral. É relevante ressaltar que, além das alterações eletrocardiográficas, o paciente em hemodiálise crônica pode apresentar níveis séricos de desidrogenase lática e creatinofosforoquinase total elevados. Esta última às custas das frações cerebrais e musculo-esqueléticas, o que coloca a monitoração da fração cardíaca (CK-MB) de fundamental importância no diagnóstico de necrose miocárdia nesses pacientes. 1 Tal afirmação foi recentemente questionada. ( ) Pericardiopatias Desde 1836, a pericardite tem sido descrita como complicação freqüente da uremia crônica. 5 Antes do advento do tratamento dialítico, a pericardite urêmica era detectada em cerca de 50% de pacientes renais terminais não tratados e, hoje em dia, é detectada em menos de 20% de pacientes que necessitam de hemodiálise. 4 Essa forma de pericardite, que ocorre antes do início da hemodiálise, está claramente relacionada a um alto grau de azotemia. Já a pericardite que acomete o paciente em hemodiálise tem sido associada a diversos fatores como: inadequado controle da uremia; 23 tendência a hemorragias devido ao uso de heparina ou disfunção plaquetária; sobrecarga de volume; presença 8 9 de toxinas urêmicas; hiperparatireoidismo secundário; mecanismos imunes; e predisposição à infecção. 24 Pacientes urêmicos, que desenvolvem pericardite sintomática antes do início do tratamento hemodialítico, respondem bem a hemodiálise. Já a pericardite que ocorre durante a hemodiálise pode ser tratada com aumento da intensidade da hemodiálise e heparinização regional, ou ainda terapêutica com indometacina (491) e abordagem cirúrgica. 4 As complicações decorrentes da pericardite são o tamponamento cardíaco, pericardite constritiva e pericardite adesiva. 5 A realização de ecocardiograma é importante para diagnóstico e acompanhamento da pericardiopatia. Alterações Miocárdicas A hipertrofia ventricular esquerda constitui a alteração cardíaca mais prevalente em pacientes em hemodiálise regular; a hipertrofia septal assimétrica também é comum. 4 Pacientes com hipertrofia ventricular esquerda, também apresentam disfunção diastólica com freqüência. Além da hipertrofia, o miocárdio pode apresentar alterações diversas como: calcificação, devido ao hiperparatireoidismo secundário e a distúrbios do metabolismo de cálcio e fósforo; isquemia subendocárdica e subepicárdica por doença arterial; remodelamento após isquemia e dilatação miocárdica em um momento mais avançado da doença cardíaca. Alterações Do Sistema Orovalvar O paciente em estágio final da doença renal apresenta, não raramente, alterações orovalvares devido a alterações no metabolismo do cálcio e fósforo. A alteração mais freqüente é a calcificação distrófica de válvulas cardíacas que, por outro lado, pode predispor a endocardites infecciosas. A calcificação distrófica acomete com maior freqüência as válvulas mitral e aórtica podendo levar a estenose e insuficiência valvular. A presença de sopros cardíacos é freqüente e pode estar associada a outras causas diferentes de doença orovalvar, tais como: anemia, tônus hiperadrenérgico, 9 10 sobrecarga de volume e hipertensão. A abordagem terapêutica é igual à recomendada em pacientes sem doença renal. Em resumo, alterações no sistema cardiovascular são freqüentes em pacientes em hemodiálise, podendo levar a alterações agudas e crônicas e acometer todas as estruturas cardíacas. É relevante salientar que as principais medidas preventivas envolvam : hemodiálise adequada; controle das dislipidemias; e tratamento da hipertensão arterial e dos distúrbios do metabolismo de cálcio e fósforo. Também merece menção a importância de avaliação cardiovascular sistematizada através do ecocardiograma, a fim de detectar e acompanhar evolutivamente as possíveis complicações. Referências 1. Adams JE et cols. Biochemical markers of myocardial injury Circulation. 1993; 88:750 2. Atman PO, Alaupovic P. Lipid and apolipoprotein profiles of uremic dyslipoproteinemia : Relation to renal function and dialysis. Nephron. 1991; 57: 401 3. Blakemaqn BM, Pifarre R, Montoya A. Cardiac surgery for chronic renal dialysis patients. 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