Nível: Educação Básica - EJA

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Centro Educacional Brasil Central
Nível: Educação Básica
Modalidade: Educação de Jovens e Adultos a Distância
Etapa: Ensino Médio
APOSTILA DE FILOSOFIA
Índice
Módulo I
-Surgimento da Filosofia
-Principais pensadores pré-socratas
-Sofistas
-Sócrates
-Os Sistematizadores
-Filosofia Medieval
Módulo II
-Renascença
-Surgimento da Ciência
-Teoria do conhecimento
-Racionalismo
-Empirismo
-Idealismo
-Iluminismo
-Principais aspectos da filosofia política
Módulo III
-Aspectos da filosofia contemporânea
-Existencialismo
-Pragmatismo
-Utilitarismo
-Positivismo
-Ética
-Estética
INTRODUÇÃO
Na nossa vida cotidiana, ou mesmo
desde o início da humanidade há algo que nos
motiva a estar sempre buscando a compreensão
daquilo que ainda não conhecemos. Essa
motivação inicial que nos leva em busca da
origem ou da essência, até mesmo da busca de
um momento inicial, resumindo, somos levados
a perguntar o “porquê” das coisas.
Há algo que nos leva a um “espanto”
originado na dúvida. O tempo inteiro somos
movidos pelo questionamento sobre a origem
das coisas. Sejam externas como a origem do
pão, da casa, de uma planta ou do universo, ou
ainda coisas internas como a nossa origem, o
nosso fim, o motivo de estarmos passando por
esta ou por aquela situação, porque nos
mantemos unidos a uma sociedade, qual é o
valor do nosso trabalho.
Essas e outras perguntas permanecem.
O esforço para tentar respondê-las é válido.
Mesmo que sem sucesso. Tudo isto que parece
muitas vezes distante do nosso pensamento,
mas presente na nossa vida, no cotidiano já é
investigado pela filosofia.
Alguns pensadores gregos iniciaram
esses questionamentos, recebendo respostas
que coincidiam com a realidade da sua época.
Hoje as perguntas mudaram, as respostas
também, a sociedade está em constante
evolução, assim como as teorias científicas e
até mesmo as teorias religiosas.
Mas a vontade de questionar, a dúvida
motivadora do avanço e do conhecimento da
humanidade permanece. Desta forma, a
filosofia surgida na antiguidade grega é hoje
ainda forma de se alcançar o conhecimento. E
não só isso, alcançar, questionar e aprimorar
através de um processo racional e
compreensivo.
Este estudo que se inicia agora é a
primeira parte de um processo que já existe
dentro de nós. É a partir da nossa necessidade
de descobrir o mundo que nós inauguramos o
saber filosófico.
Como o pensamento filosófico evolui a
partir da história da humanidade, fazemos aqui
uma seleção dos mais importantes fatos e
pensadores da história da filosofia. Analisamos
também seus questionamentos.
É importante ter em mente que a
filosofia é o próprio questionamento, ou seja,
muitas teorias que são desenvolvidas de forma
alguma correspondem à verdade pronta e
acabada. Na verdade, são apenas pontos que
sugerem novos questionamentos e novas
descobertas.
Que o “espanto filosófico” apareça com
estas páginas, assim como a vontade de
compreender e ampliar o conhecimento surjam
nestas páginas.
Boa leitura!
Centro Educacional Brasil Central
Atribui-se ao poeta Homero a compilação da
cultura grega, dos mitos e da sociedade nas
obras Ilíada e Odisséia. Estes escritos são
considerados o fundamento da sociedade
grega.
Modalidade: Educação de Jovens e Adultos- a
Distância
Etapa: Ensino Médio
Disciplina: Filosofia
MÓDULO I – 1° ANO
SURGIMENTO DA FILOSOFIA
Para compreender o surgimento da
filosofia, primeiramente, é necessário entender
as condições para que este conhecimento
ocorra. Inicialmente podemos falar que a
filosofia surge na Grécia, aproximadamente no
século VII a. C. devido condições peculiares de
uma cidade-estado. O império grego possui
cidades-estado denominadas pólis que possuem
autonomia frente a outras cidades. Nestas
cidades os costumes, leis e regras morais são
próprios. Assim também como a economia, o
trabalho, a escravidão e o militarismo. A
filosofia surge em Athenas. Esta cidade é
considerada o berço da cultura e do
conhecimento, sendo diferente das demais
cidades-estado.
Suas características são:
• Economia crescente baseada no
ressurgimento
e
exploração
do
comércio;
• Divulgação das artes e da cultura grega;
• Desenvolvimento da Democracia, em
sentido um pouco diferente do atual,
onde a democracia é a atividade dos
cidadãos (habitantes da cidade)
incluindo aí apenas homens livres, com
mais de 45 anos, quites com o serviço
militar. Desta forma as mulheres,
crianças
e
escravos
não
são
considerados cidadãos e não possuem
voz.
• Confluência da cultura das demais
cidades gregas. A praça pública (ágora)
é o centro da cidade. Ocorrem lá desde
transações comerciais até a defesa do
direito e da cidadania.
A partir destas características diferentes das
demais cidades gregas, Athenas desponta para a
origem do pensamento filosófico por
possibilitar um questionamento sobre o
homem. Com a economia, o homem é capaz de
consumir e atribuir valor para isto. A arte e a
cultura são consideradas conhecimentos
divinos. Essa abre caminho para a música, o
teatro que é a própria vida do homem grego e
da ginástica como forma de manter a saúde e
condicionamento do corpo.
A democracia é um dos aspectos mais
importantes por dar expressão ao homem e daí,
portanto, o homem pode defender suas ideias,
defender seus direitos. A democracia abre
espaço para a compreensão da política do
direito e da força de uma argumentação
racional. A partir daí, a racionalização do
pensamento é capaz não só da análise da vida e
da política, mas também passa a ser critério
para analisar qualquer coisa.
LÓGOS
Uma característica especial deste
momento é o surgimento do lógos traduzido
inicialmente por palavra. Porém seu significa
vai além. O lógos é a própria racionalização do
pensamento, é a busca por um discurso de base
comprovável em contraposição a outros tipos
de conhecimento.
A tradição grega aponta para a
passagem do conhecimento de forma
tradicional, através da tradição oral (histórias
contadas pelos habitantes mais antigos,
considerados mais sábios). Através do
surgimento do discurso racional, esses
argumentos baseados na tradição são agora
refutados.
Toda a sociedade grega é baseada em
mitos de ordem religiosa. O papel da razão
filosófica é compreender o mundo de forma
mais abrangente e menos metafísica. Entendese por metafísica os conceitos que estão além
do mundo físico e não são compreendidos de
maneira palpável. Para sua compreensão são
necessários, muitas vezes, argumentos de
natureza esotérica ou mística, pois o
conhecimento metafísico extrapola a realidade.
O lógos por sua vez possui como
missão a compreensão da realidade através da
própria realidade, deixando de lado aspectos
místicos e religiosos.
O conceito de Deus é um conceito metafísico,
assim como liberdade e a verdade, uma vez
que, são conceitos diferentes de dureza ou
maciez, esses podem ser vistos ou tocados,
enquanto o conceito de Deus, liberdade e
verdade pura, só podem ser imaginados.
A metafísica também é uma área de
estudo da filosofia. Toda a base mitológica de
uma cultura é baseada na metafísica. O lógos,
portanto, assume a função de interpretar o
mundo de forma diferente do mito.
MITO
A religião grega é definida por ser
politeísta e nessa concepção os deuses têm
características humanas. Suas ações são bem
contextualizadas e difundidas através dos
mitos. Em outros termos, mito, é o relato de
uma história verdadeira, ocorrida nos tempos
dos princípios, quando com a interferência de
entes sobrenaturais, uma realidade passou a
existir, seja uma realidade total, o universo, ou
tão-somente um fragmento, um monte, uma
pedra, uma ilha, uma espécie animal ou
vegetal, um comportamento humano. Mito é,
pois, a narrativa de uma criação: conta-nos de
que modo algo, que não era, começou a ser. De
outro lado, o mito é sempre uma representação
coletiva, transmitida através de várias gerações
e que relata uma explicação do mundo. O termo
mito é originário do verbo grego contar.
Resumindo, o mito é a tentativa de explicação
da realidade através de histórias muitas vezes
fantasiosas e exageradas sobre forças
antagônicas e rivais.
MITO DE PANDORA
“Então ordenou que Hefesto, o Deus-ferreiro
do mundo subterrâneo, fizesse a mulher.
Hefesto fez uma mulher belíssima chamada
Pandora e a apresentou a Zeus antes de ela
descer à superfície da Terra. Zeus, admirado
com a obra de Hefesto, despachou Pandora
para a Terra, mas antes lhe deu uma grande e
belíssima caixa de marfim ornamentada
fechada e também lhe deu a chave, dizendolhe: “Quando você se casar, ofereça esta
caixa como dote ao seu marido, mas a caixa
só pode ser aberta após seu casamento”.
Porém Epimeteu viajava constantemente e,
certa vez, ficou muito tempo longe de casa.
Pandora sentia-se só e triste. Lembrou-se da
caixa e foi até o canto onde estava guardada.
Pandora pareceu ouvir pequenas vozes
gritando lá de dentro e dizendo: “Deixe-nos
sair!”. Deixe-nos sair...”. Pandora foi
correndo buscar a chave e imediatamente
abriu a tampa da caixa. Para sua grande
surpresa centenas de pequeninas e
monstruosas criaturas, parecendo terríveis
insetos, saíram voando lá de dentro, com um
zumbido assustador. Muitas dessas horríveis
criaturas a picaram na face e nas mãos e
saíram em enxame pela janela, fazendo um
barulho infernal. Logo a nuvem desses
insetos cobriu o sol, e o dia ficou escuro e
cinzento. Apavorada Pandora fechou a caixa
e sentou-se sobre a tampa. Mas a voz
prosseguiu de dentro da caixa:
O mito de Pandora ilustra a vivacidade
do homem e sua curiosidade, mas também
demonstra a origem do mal para os gregos.
Essa é a explicação mitológica, onde se percebe
claramente aspectos místicos e religiosos que
são a base dos mitos.
Os mitos ocorrem ainda hoje, com outras
funções e outros aspectos, utilizados muitas
vezes pela mídia ou pela ideologia
dominante.
As sociedades em geral, independentes
da sua organização, possuem explicações
mitológicas diretamente ligadas à cultura do
povo. Na mesopotâmia, por exemplo, o poema
de Gilgamesh e o Enuma elish, com mitos
consolidados durante o terceiro e o segundo
milênios antes da era cristã, baseados na
fertilidade dos deuses. Na história das
sociedades humanas a diversos exemplos de
mitos que possuem a função de explicar a
origem da humanidade.
As sociedades em geral, independentes
da sua organização, possuem explicações
mitológicas diretamente ligadas à cultura do
povo. Na mesopotâmia, por exemplo, o poema
de Gilgamesh e o Enuma elish, com mitos
consolidados durante o terceiro e o segundo
milênios antes da era cristã, baseados na
fertilidade dos deuses. Na história das
sociedades humanas a diversos exemplos de
mitos que possuem a função de explicar a
origem da humanidade.
MITO E FILOSOFIA
Os mitos são utilizados não apenas pela
cultura grega para a explicação de sentimentos,
objetos, anseios, vida, morte e etc. Porém, com
a implementação da sociedade democrática e o
desenvolvimento da razão as explicações
mitológicas
tornam-se
insuficientes.
É
instaurado no homem grego à vontade de
descobrir superando a explicação mitológica
que não é mais racionalmente aceita. A
filosofia surge para explicar o que inicialmente
é demonstrado pelos mitos, mas de forma
racional. Os primeiros pensadores são
denominados pré-socratas e buscam a
explicação racional.
ETIMOLOGIA - FILOSOFIA
Atribui-se o surgimento da filosofia
como atividade própria do sábio ou em direção
à sabedoria. Desta forma, a palavra filosofia é a
junção de outras duas palavras gregas: phylos
(filo) e sophia (sofia), que por sua vez
significam:
Filo - Amigo ou amante. Aquele que
deseja e se compromete afetuosamente e
incondicionalmente a outrem em atitude de
amor e lealdade.
Sofia - Sabedoria = A sabedoria para o
grego era algo divino, que era revelado aos
mortais pelos deuses. A sabedoria não era
adquirida por mérito, mas por dádiva dos
deuses. Partindo do conceito etimológico, a
ideia sobre o que possa vir a ser a Filosofia,
numa perspectiva de três faces conceituais.
Filosofia é razão - O Filósofo é a razão
em movimento na busca de si mesma. A
Filosofia surge na Grécia Arcaica na passagem
das explicações míticas-religiosas para as
explicações racionais-filosóficas sobre questões
inerentes ao ser e ao mundo. A ideia da
Filosofia como razão consolidou-se na
afirmação de Aristóteles: "O homem é um
animal racional".
Filosofia é Paixão - O Filósofo antes de
tudo é uma amante da sabedoria. Toda atitude
humana, inicialmente é passional. O que move
o mundo não é a razão, mas a paixão. "O
coração tem razões que a própria razão
desconhece". Pascal.
Filosofia é Mito - O Filósofo é um
mítico em busca da verdade velada. Só
pensamos naquilo que cremos, e só cremos
naquilo que queremos. O mito para a Filosofia
é vital, pois cria ícones possíveis do mundo das
ideias. "Há mais mistérios entre os céus e a
terra do que pressupõe a vossa vã Filosofia".
William Shakespeare.
O termo “verdade” deriva da palavra grega
aletheia, onde o prefixo a corresponde à
negação e letheia corresponde à véu, desta
forma aletheia seria retirar o véu ou revelar.
A Filosofia começa como atividade
simples e racional em busca da verdade. Este
tipo de pensamento é tomado como précientífico, pois, traz uma atitude próxima a
atitude científica. Os gregos ainda não fazem a
ciência como estabelecemos atualmente, mas já
demonstram indicações para o seu surgimento.
PRÉ-SOCRATAS
Os primeiros filósofos recebem a
denominação de pré-socratas, em outras
palavras, são aqueles homens que iniciam a
atividade reflexiva antes dos questionamentos
de Sócrates. Esta denominação tanto serve para
determinar o período filosófico como também
para marcar o tipo de pensamento encontrado
nesta época. São características deste momento:
• A compreensão da natureza, da origem
do mundo e de todas as coisas. A
tentativa de explicar o mundo através da
cosmologia;
• A negação do mito, ou seja, da
cosmogonia. O mito é traço marcante
da cultura e base de todo o
conhecimento. Abandonar o mito é
atividade questionável e penosa, pois,
colocava em jogo a racionalidade
humana frente à religiosidade humana;
• Explicação racional do mundo;
• Solução dos problemas entre realidade e
a aparência, ou seja, entre o mundo e
Deus.
Estas são características comuns do
pensamento pré-socrático, porém os pensadores
tinham visões diferentes do mundo e sempre
abordavam de pontos de vista diversos.
Cosmogonia - A palavra Cosmogonia vem do
grego κοσµογονία; κόσµος "universo" e γονία "nascimento". É o termo que abrange
todas as teorias das origens do universo,
sendo elas religiosas, científicas e
mitológicas.
Cosmologia - é a ciência que estuda a
estrutura e evolução do Universo. O uso do
método científico, baseado em um conjunto
de observações que resultam em um modelo
capaz de fazer previsões que podem ser
testadas experimentalmente.
Os principais representantes foram:
Tales de Mileto
(624-548 a.C.) "Água”.
Tales de Mileto, fenício de origem, é
considerado o fundador da escola jônica. É o
mais antigo filósofo grego. Tales não deixou
nada escrito, mas sabemos que ele ensinava ser
a água a substância única de todas as coisas. A
terra era concebida como um disco boiando
sobre a água, no oceano. Cultivou também as
matemáticas e a astronomia, predizendo, pela
primeira vez, entre os gregos, os eclipses do sol
e da lua. Segundo Tales, a água, ao se resfriar,
torna-se densa e dá origem a terra; ao se
aquecer transforma-se em vapor e ar, que
retornam como chuva quando novamente
esfriados. Desse ciclo de seu movimento
(vapor, chuva, rio, mar, terra) nascem as
diversas formas de vida, vegetal e animal.
Anaximandro de Mileto (611-547 a.C.)
"Ápeiron”.
Anaximandro de Mileto, geógrafo,
matemático, astrônomo e político, discípulo e
sucessor de Tales e autor de um tratado Da
Natureza, põe como princípio universal uma
substância indefinida, o ápeiron (ilimitado), isto
é, quantitativamente infinita e qualitativamente
indeterminada. Deste ápeiron (ilimitado)
primitivo, dotado de vida e imortalidade, por
um processo de separação ou "segregação"
derivam os diferentes corpos. Para ele, o
princípio da "physis" (natureza) é o ápeiron
(ilimitado). Atribui-se a Anaximandro a
confecção de um mapa do mundo habitado, a
introdução na Grécia do uso do gnômon
(relógio de sol) e a medição das distâncias entre
as estrelas e o cálculo de sua magnitude (é o
iniciador da astronomia grega).
Anaxímenes de Mileto (588-524 a.C.) "Ar"
Segundo
Anaxímenes,
a
arkhé
(princípio) que comanda o mundo é o ar, um
elemento não tão abstrato como o ápeiron, nem
palpável demais como a água. Tudo provém do
ar, através de seus movimentos: o ar é
respiração e é vida; o fogo é o ar rarefeito; a
água, a terra, a pedra são formas cada vez mais
condensadas do ar. As diversas coisas que
existem, mesmo apresentando qualidades
diferentes entre si, reduzem-se a variações
quantitativas (mais raro, mais denso) desse
único elemento. Anaxímenes julga que o
elemento primordial das coisas é o ar.
Pitágoras de Samos (571-70 a.C) “Números”
Fundador da escola pitagórica nasceu
em Samos pelos anos Segundo o pitagorismo, a
essência, o princípio essencial de que são
compostas todas as coisas, é o número, ou seja,
as relações matemáticas. Os pitagóricos, não
distinguindo ainda bem forma, lei e matéria,
substância das coisas, consideraram o número
como sendo a união de um e outro elemento.
Da racional concepção de que tudo é regulado
segundo relações numéricas, passa-se à visão
fantástica de que o número seja a essência das
coisas.
Zenão de Eléia (464/461 a.C) “Movimento”
A característica de Zenão é a dialética.
Ele é o mestre da Escola Eleática; nela seu puro
pensamento torna-se o movimento do conceito
em si mesmo, a alma pura da ciência - é o
iniciador da dialética. "Afirmai vossa
mudança: nela enquanto mudança é o nada
para ela, ou ela não é nada". Nisso consistia o
movimento determinado, pleno para aquela
mudança; Zenão falou e voltou-se contra o
movimento como tal ou puro movimento.
Entende-se por dialética o movimento dentro
da filosofia. A capacidade de mudança. Uma
semente que se torna planta é um exemplo de
dialética.
Demócrito “átomos”
Todas as coisas são inicialmente
formadas a partir do movimento. O movimento
pressupõe que haja espaço. Para compreender
do que são formadas todas as coisas seria
necessário subdividi-las em partes cada vez
menores, por exemplo, uma casa é composta
por telhados, paredes, piso, encanamentos e etc.
Ao subdividir uma parede encontraríamos
tijolo, areia, cimento e assim por diante. Cada
elemento
deste
subdividido
leva
necessariamente a um outro tipo de elemento
que o compõe, chega-se a um momento em que
encontramos algo extremamente pequeno e
comum a todos os elementos. Este pedaço seria
athomo onde a partícula a representa a negação
e thomos representa parte, chegamos, portanto
ao conceito de átomo que seria a menor parte
da matéria, indivisível e presente em todos os
corpos.
As diversas explicações desenvolvidas
pelos pensadores pré-socratas muitas vezes não
chegam a soluções definitivas, são aporias
(pensamento que não possui resposta) e levam
a confusão, pois devem ser analisadas dentro de
um contexto.
A partir do séc. V a.C. ocorre a
consolidação da democracia grega em Athenas
e com isso o eixo do pensamento não gira mais
em torno da natureza e sim do homem e suas
relações. A esse segundo momento da filosofia
clássica dá-se o nome de período sistemático.
A preocupação deste momento é organizar todo
o conhecimento desenvolvido até agora.
SOFISTAS
Após as grandes vitórias gregas,
atenienses, contra o império persa, houve um
triunfo político da democracia, como acontece
todas as vezes que o povo sente, de repente, a
sua força. E visto que o domínio pessoal, em tal
regime, depende da capacidade de conquistar o
povo pela persuasão, compreende-se a
importância que, devia ter a oratória e, por
conseguinte, os mestres de eloqüência. Os
sofistas, desejosos em conquistar fama e
riqueza no mundo, tornaram-se mestres de
eloqüência, de retórica, ensinando aos homens
ávidos de poder político a maneira de conseguilo.
Diversamente dos filósofos gregos em
geral, o ensinamento dos sofistas não era ideal,
desinteressado, mas muito bem retribuído. O
conteúdo desse ensino abraçava todo o saber, a
cultura, uma enciclopédia, não para si mesma,
mas como meio para fins práticos e empíricos
e, portanto, superficial.
A época de ouro da sofística foi - pode-se
dizer - a segunda metade do século V a.C. O
centro foi Atenas, a Atenas de Péricles, capital
democrática de um grande império marítimo e
cultural.
Retórica – Arte de manipular e convencer
alguém a praticar um ato ou até mesmo, de
concordar com determinada ideia. Muito útil
na esfera democrática para convencer os
demais.
Eloqüência – Arte de falar bem, utilizando
palavras que causam efeito e auxiliam na
retórica.
Os sofistas, portanto viajavam por diversas
cidades ensinando técnicas para os filhos dos
políticos que estavam interessados em se
perpetuar no poder. O grande problema deste
momento é a relativização da verdade. Não se
busca mais conhecer a realidade das coisas e
sim guiá-las de acordo com a vontade. A
verdade desta forma torna-se coisa relativa.
Deste momento os principais pensadores
são:
Protágoras de Abdera
Protágoras nasceu em Abdera - pátria de
Demócrito, cuja escola conheceu - pelo ano
480. Viajou por toda a Grécia, ensinando na
sua cidade natal, na Magna Grécia, e
especialmente em Atenas, onde teve grande
êxito, sobretudo entre os jovens, e foi honrado
e procurado por Péricles e Eurípedes. Inferiu
Protágoras a relatividade do conhecimento.
Essa doutrina enunciou-a com a célebre
fórmula: “o homem é a medida de todas as
coisas”. Esta máxima significava mais
exatamente
que
de
cada
homem
individualmente considerado dependem as
coisas, não na sua realidade física, mas na sua
forma conhecida.
Górgias de Leôncio
Górgias nasceu em Abdera, na Sicília, em
480-375 a.C - correlacionado com Empédocles
- representa a maior expressão prática da
sofística, mediante o ensinamento da retórica;
teoricamente, porém, foi um filósofo ocasional,
exagerador dos artifícios da dialética eleática.
Górgias declara que a sua arte produz a
persuasão que nos move a crer sem saber, e não
a persuasão que nos instrui sobre as razões
intrínsecas do objeto em questão.
Os sofistas serão duramente combatidos
por Sócrates que refaz a atividade filosófica,
sendo considerado o grande patrono da
filosofia.
SÓCRATES
Nascido em Athenas, filho de um
escultor e de uma parteira, busca o
conhecimento filosófico durante toda sua vida.
É conhecido por seu caráter reto e por seu valor
enquanto soldado, magistrado e senador. Mas,
em geral, conservou-se afastado da vida pública
e da política contemporânea, que contrastavam
com o seu temperamento crítico e com o seu
reto juízo.
Iniciou sua vida pública filosofando aos
70 anos de idade, questionando em praça
pública o conhecimento dos ditos “sábios”
(sofistas) buscando a compreensão sobre a
essência de todas as coisas. Morreu aos 71 anos
após o processo que culminou em sua execução
por “corromper a juventude” e “não cultuar os
deuses da cidade”. Tais acusações eram de
cunho político, porém, após a contagem dos
votos foi decretada sua derrota.
Destaca-se em Sócrates seu método de
fazer filosofia, sua notável busca espiritual e a
compreensão filosófica do homem. A filosofia
socrática é definida por Antropológica.
Sócrates adotava sempre o diálogo, que revestia
uma dúplice forma, conforme se tratava de um
adversário a enfretar ou de um discípulo a
instruir.
No
primeiro
caso,
assumia
humildemente a atitude de quem aprende e ia
multiplicando as perguntas até colher o
adversário presunçoso em evidente contradição
e constrangê-lo à confissão humilhante de sua
ignorância.
A esse processo pedagógico, em
memória da profissão materna, denominava-se
maiêutica ou engenhosa obstetrícia do espírito,
que facilitava o nascimento das ideias. A
introspecção é o característico da filosofia de
Sócrates. E exprime-se no famoso lema
conhece-te a ti mesmo - isto é, torna-te
consciente de tua ignorância - como sendo o
ápice da sabedoria, que é o desejo da ciência
mediante a virtude. E alcançava em Sócrates
intensidade e profundidade tais, que se
concretizava, se personificava na voz interior
divina do gênio ou demônio.
Como é sabido, Sócrates não deixou
nada escrito. Todo conhecimento a seu respeito
é derivado dos seus discípulos. "Conhece-te a
ti mesmo" - o lema em que Sócrates cifra toda
a sua vida de sábio. O perfeito conhecimento
do homem é o objetivo de todas as suas
especulações e a moral, o centro para o qual
convergem todas as partes da filosofia. Moral.
É a parte culminante da sua filosofia. Sócrates
ensina a bem pensar para bem viver. O meio
único de alcançar a felicidade ou semelhança
com Deus, fim supremo do homem, é a prática
da virtude. A virtude adquiri-se com a
sabedoria ou, antes, com ela se identifica.
O interesse filosófico de Sócrates volta-se
para o mundo humano, espiritual, com
finalidades práticas, morais. Sócrates é o
fundador da ciência em geral, mediante a
doutrina do conceito, assim é o fundador, em
particular da ciência moral, mediante a doutrina
de que eticidade significa racionalidade, ação
racional. Virtude é inteligência, razão, ciência,
não sentimento, rotina, costume, tradição, lei
positiva, opinião comum. Tudo isso tem que ser
criticado, superado, subindo até à razão, não
descendo até à animalidade - como ensinavam
os sofistas.
Após a morte de Sócrates a filosofia tornase objeto de estudo de algumas poucas escolas.
As principais serão o Liceu e a Academia.
PLATÃO
Aos vinte anos, Platão travou relação
com Sócrates - mais velho do que ele quarenta
anos - e gozou por oito anos do ensinamento e
da amizade do mestre. Platão, ao contrário de
Sócrates, interessou-se vivamente pela política
e pela filosofia política. Voltando para Atenas,
Platão dedicou-se inteiramente à especulação
metafísica, ao ensino filosófico e à redação de
suas obras, atividade que não foi interrompida a
não ser pela morte.
Como já em Sócrates, assim em Platão a
filosofia tem um fim prático, moral: é a grande
ciência que resolve o problema da vida. Platão
estende tal indagação ao campo metafísico e
cosmológico, isto é, a toda a realidade. Deve,
logo, existir, além do fenômeno, um outro
mundo de realidades, objetivamente dotadas
dos mesmos atributos dos conceitos subjetivos
que as representam. Essas realidades chamamse Ideias.
As ideias não são, pois, no sentido
platônico, representações intelectuais, formas
abstratas do pensamento, são realidades
objetivas, modelos e arquétipos eternos de que
as coisas visíveis são cópias imperfeitas e
fugazes. Assim a ideia de homem é o homem
abstrato perfeito e universal de que os
indivíduos humanos são imitações transitórias e
defeituosas.
O sistema metafísico de Platão
centraliza-se e culmina no mundo divino das
ideias; e essas se contrapõem a matéria obscura
e incriada. Entre as ideias e a matéria estão o
Demiurgo e as almas, através de que desce das
ideias à matéria aquilo de racionalidade que
nesta matéria aparece. Desta forma pretende a
distinção entre um sistema filosófico dialético
no qual as ideias representam a realidade das
coisas e estão presentes no mundo das ideias,
enquanto, a realidade é a aparência ou mera
cópia da realidade conhecida primeiramente no
mundo das ideias, de onde provinham todas as
almas.
Em filosofia política, na sua obra
“República”, Platão desenvolve a ideia do reifilósofo, ou seja, o domínio político da cidade
exercido pelo filósofo que é o que possui mais
conhecimento e melhor discernimento. Ainda é
encontrada nessa obra a célebre alegoria da
caverna que remete a prisioneiros de uma
caverna que não conseguem enxergar a
realidade ao redor, uma comparação aos
domínios políticos e ideológicos que cerceiam
a verdade.
ARISTÓTELES
Segundo Aristóteles, a filosofia é
essencialmente teorética: deve decifrar o
enigma do universo, em face do qual a atitude
inicial do espírito é o assombro do mistério. O
seu problema fundamental é o problema do ser,
não o problema da vida.
O objeto próprio da filosofia, em que
está a solução do seu problema, são as
essências imutáveis e a razão última das coisas,
isto é, o universal e o necessário, as formas e
suas relações. Entretanto, as formas são
imanentes na experiência, nos indivíduos, de
que constituem a essência.
A filosofia aristotélica é, portanto,
conceptual como a de Platão, mas parte da
experiência; é dedutiva, mas o ponto de partida
da dedução é tirado - mediante o intelecto da
experiência. A filosofia, pois, segundo
Aristóteles, dividir-se-ia em teorética, prática e
poética, abrangendo, destarte, todo o saber
humano, racional.
Aristóteles é o criador da lógica, como
ciência especial, sobre a base socráticoplatônica; é denominada por ele analítica e
representa a metodologia científica. Partindo
como Platão do mesmo problema acerca do
valor objetivo dos conceitos, mas abandonando
a solução do mestre, Aristóteles constrói um
sistema inteiramente original. Os caracteres
desta grande síntese são:
1. Observação fiel da natureza - Platão,
idealista, rejeitara a experiência como fonte de
conhecimento certo. Aristóteles, mais positivo,
toma sempre o fato como ponto de partida de
suas teorias, buscando na realidade um apoio
sólido às suas mais elevadas especulações
metafísicas.
2. Rigor no método - Depois de estudar as
leis do pensamento, o processo dedutivo e
indutivo, aplica-os, com rara habilidade, em
todas as suas obras, substituindo à linguagem
imaginosa e figurada de Platão, em estilo
lapidar e conciso e criando uma terminologia
filosófica de precisão admirável. Pode
considerar-se como o autor da metodologia e
tecnologia científicas. Geralmente, no estudo
de uma questão, Aristóteles procede por partes:
a) começa a definir-lhe o objeto; b) passa a
enumerar-lhes as soluções históricas; c) propõe
depois as dúvidas; d) indica, em seguida, a
própria solução; e) refuta, por último, as
sentenças contrárias.
3. Unidade do conjunto - Sua vasta obra
filosófica constitui um verdadeiro sistema, uma
verdadeira síntese. Todas as partes se
compõem, se correspondem, se confirmam.
FILOSOFIA GRECO-ROMANA
A filosofia desenvolvida pelos dois
maiores pensadores da antiguidade é
considerada um sistema, pois, abrangem todo o
conhecimento desenvolvido na época em
diversas áreas. O restante da filosofia
desenvolvida na antiguidade é denominada
filosofia greco-romana. Não há neste período
grandes pensadores de destaque. Este período
culmina no fim do império grego e no auge do
império romano. Os romanos não se
preocuparam em desenvolver novos sistemas.
Dentro da filosofia o maior destaque cabe a
Cícero. Neste período a filosofia torna-se
cosmopolita e volta-se para as cidades e a vida
nestas, desenvolvendo sistemas, códigos de
ética, análises morais, etc.
Os principais destaques são:
Ceticismo - O termo cético vem da
palavra grega skepsis, que significa "exame".
Atualmente, dizemos que uma pessoa cética é
alguém que não acredita em nada, mas não é
bem assim. Um filósofo cético é aquele que
coloca suas crenças e as dos outros sob exame,
a fim de verificar se elas são realmente dignas
de crédito ou não. Pirro de Elis é considerado o
fundador do ceticismo. Segundo ele, não
podemos ter posições definitivas sobre
determinado assunto, pois mesmo pessoas
muito sábias podem ter posições absolutamente
opostas sobre um mesmo tema e ótimos
argumentos para fundamentar suas posições.
Nesse caso, Pirro nos aconselha a suspensão do
juízo e a mantermos nossa mente tranqüila
(ataraxia).
Cinismo - O Cinismo surgiu em Atenas
por volta dos séculos III e IV a.C. e deve-se a
Antístenes, um filósofo grego, o crédito de
iniciador de tal filosofia. Os cínicos sempre
repudiaram a visão materialista presente na
sociedade. Eles pregavam justamente o oposto,
que a infelicidade do homem provinha dessa
tara por bens materiais, e que para alcançar a
felicidade não era preciso esbanjar posses,
apenas o necessário bastaria para se viver bem
e que para ser feliz era preciso viver de acordo
com a natureza e sempre próximo a ela.
Antístenes atribuía ao poder e à riqueza o papel
de corruptores do caráter humano, e dizia ainda
que os verdadeiros homens não deveriam viver
conforme as leis, mas sim conforme sua
natureza.
Estoicismo – Diziam dos filósofos que
permaneciam próximo a estoa (portais) das
cidades gregas e desta forma ficaram
conhecidos como estóicos. Estes pensadores
também buscavam a ataraxia através de uma
vida em consenso com a razão e com a
natureza. Viver conforme os ditames da razão.
A morte é certa e inevitável e para estes autores
a única fonte de preocupação. Porém não há
nada o que se fazer em relação à morte, daí,
portanto o melhor é eliminar as preocupações
tolas do corpo, eliminando as paixões e
buscando a razão.
Epicurismo – Filosofia iniciada por
Epicuro ou também conhecida por Jardins,
uma vez que seus adeptos permaneciam nos
jardins da cidade. Esta filosofia é marcada pela
busca do prazer. Um corpo que tem prazer
necessariamente não possui mal algum que o
aflija, ou perturbação na alma. A busca pelo
prazer leva a ataraxia. Os prazeres defendidos
são sempre aqueles que trazem bem-estar ao
corpo e nunca após a sua consolidação algum
tipo de insatisfação ou preocupação. Há
prazeres do tipo necessários que são os
prazeres que o corpo precisa, como a
alimentação. Há prazeres contingentes que
podem ser saciados algumas vezes, como boas
bebidas e roupas caras. E finalmente prazeres
vaidosos que são adquiridos na política ao
impor vontades ou impor a execução de ordens.
Esses prazeres nunca podem ser saciados, pois,
despertam o que há de pior na alma humana.
Após esse período, com o fim dos grandes
impérios antigos, a religiosidade ganha
expressão e passa também a influenciar a
filosofia desenvolvida no período.
FILOSOFIA MEDIEVAL
Esse
período
é
marcado
pelo
desenvolvimento do cristianismo que ultrapassa
a condição de seita judaica, pelos ideais de
caridade e pelo apoio fornecido às pessoas da
época. O cristianismo vai ganhando destaque.
Passa a ser implementada no final do império
romano como religião oficial.
Desta forma, durante um grande período da
história da humanidade, denominado Idade
Média a religião é considerada a grande fonte
ideológica. Todas as formas de conhecimento
estavam ou ligadas à Igreja Católica ou
determinadas por esta. Nesse período, a
filosofia perde um pouco de suas características
reflexivas e inovadoras e passa a ser auxiliar da
teologia.
Entende-se por teologia o estudo das
manifestações religiosas dentro de uma
cultura.
A filosofia não poderia contradizer o que
era determinado pela teologia e pela religião de
maneira geral.
Dois períodos dentro da filosofia medieval
se destacam, são eles a patrística e a
escolástica.
Patrística – período compreendido entre os
séculos II e VIII da era Cristã. Este período da
cultura cristã é designado com o nome de
Patrística e representa o pensamento dos Padres
da Igreja, que são os construtores da teologia
católica, guias, mestres da doutrina Cristã. O
pensamento grego é muito diferente do
pensamento cristão herdado da cultura judaica,
desta forma, seria necessário uma adaptação
dos principais conceitos e ideias, de forma que
os gregos pudessem compreender as bases do
pensamento cristão. Elementos como criação,
bem, mal, pecado, inferno entre outros, eram
desconhecidos dos gregos, uma vez que estes
eram politeístas e possuíam outros princípios.
Dentre os pensadores desse período destaca-se
Santo Agostinho. Ele desenvolve os conceitos
de salvação, mal, pecado, livre-arbítrio.
Escolástica – A Escolástica representa o
último período do pensamento cristão, que vai
do começo do século IX até o fim do século
XVI, isto é, da constituição do sacro romano
império bárbaro, ao fim da Idade Média, que se
assinala geralmente com a descoberta da
América (1492). Este período do pensamento
cristão se designa com o nome de escolástica,
porque era a filosofia ensinada nas escolas da
época, pelos mestres, chamados, por isso,
escolásticos. As matérias ensinadas nas escolas
medievais eram representadas pelas chamadas
artes liberais, divididas em trívio - gramática,
retórica, dialética - e quadrívio - aritmética,
geometria, astronomia, música. A escolástica
surge,
historicamente,
do
especial
desenvolvimento da dialética. Santo Tomás de
Aquino é o pensador de mais destaque da
dialética. Para Tomás de Aquino, porém,
converge diretamente o pensamento helênico,
na sistematização imponente de Aristóteles. O
pensamento de Aristóteles chega a Tomás de
Aquino enriquecido com os comentários
pormenorizados, especialmente de pensadores
árabes.
A metafísica tomista pode-se dividir em
geral e especial. A metafísica geral - ou
ontologia - tem como objeto o ser em geral e as
atribuições e leis relativas. A metafísica
especial estuda o ser em suas grandes
especificações: Deus, o espírito, o mundo. Daí
temos a teologia racional - assim chamada,
para distingui-la da teologia revelada; a
psicologia racional (racional, porquanto é
filosofia e se deve distinguir da moderna
psicologia
empírica,
que
é
ciência
experimental); a cosmologia ou filosofia da
natureza (que estuda a natureza em suas causas
primeiras, ao passo que a ciência experimental
estuda a natureza em suas causas segundas).
Centro Educacional Brasil Central
Modalidade: Educação de Jovens e Adultosa Distância
Etapa: Ensino Médio
Disciplina: Filosofia
MÓDULO II – 2° ANO
RENASCIMENTO
Durante os séculos XV e XVI
intensificou-se, na Europa, a produção artística
e científica. Esse período ficou conhecido como
Renascimento ou Renascença. O Renascimento
foi uma nova visão de mundo estimulada pela
burguesia em ascensão. Suas principais
características eram o racionalismo (em
oposição à fé), o antropocentrismo (em
oposição ao teocentrismo) e o individualismo
(em oposição ao coletivismo cristão). São
características também desse momento o
ressurgimento do comércio, o antropocentrismo
(a valorização do homem), o surgimento da
ciência, e o capitalismo financeiro.
O
Renascimento
permite
o
desenvolvimento de novas teorias filosóficas,
de novos movimentos de compreensão do
mundo sem o crivo dominador da religião. Esse
processo alcança todo o mundo conhecido e
desconhecido,
promovendo
descobertas,
navegações e novas relações entre os países. A
principal característica deste momento é a
liberdade criadora do intelecto humano.
questionar, proporcionando sempre novos
conhecimentos.
A ciência inicialmente confronta os
conhecimentos fornecidos pelo senso comum,
ou seja, pelos conhecimentos desenvolvidos
pela tradição sem comprovação ou mesmo sem
questionamento. Há no senso comum aspectos
do misticismo, desejos e sentimentos, e ao
contrário o senso científico baseia-se apenas na
razão. As teorias podem ser, e geralmente são,
concebidas antes de serem feitas as
observações necessárias para testá-las. A
"ciência" é à busca de ordem através de
paradigmas que possibilite conhecer como o
mundo se comporta em busca de soluções, por
meio da razão.
Paradigma – princípios formadores de uma
teoria. A partir destes princípios todos os
outros aspectos são aceitos. Atualmente
aceita-se a teoria do big bang como a teoria
formadora do universo, este é o paradigma
para compreender o surgimento da Terra e
suas alterações.
A ciência se caracteriza pelo método
utilizado para o seu desenvolvimento. Galileu
Galilei e René Descartes são os principais
pensadores responsáveis pelo desenvolvimento
do método científico que pode ser rapidamente
compreendido por:
SURGIMENTO DA CIÊNCIA
Não é o objetivo tratar das condições
que foram à causa do surgimento da ciência,
mas é importante salientar que desde os gregos
a humanidade busca um caminho mais racional
e claro em relação ao desenvolvimento do
conhecimento. O que faz com que um
conhecimento seja considerado científico é a
própria questão do método. Nesse momento a
razão é a principal ferramenta, exclui-se a
emoção, convicção religiosa e o misticismo,
para daí aplicar um método que seja decisivo e
conduza o pensamento para conhecer e
TEORIA DO CONHECIMENTO
A teoria do conhecimento se interessa
pela investigação da natureza, fontes e validade
do conhecimento. Entre as questões principais
que ela tenta responder estão as seguintes: O
que é o conhecimento? Como nós o
alcançamos? Podemos conseguir meios para
defendê-lo contra o desafio cético? Essas
questões são, implicitamente, tão velhas quanto
a própria filosofia. Mas, primordialmente na
era moderna, a partir do século XVII em diante
- como resultado do trabalho de Descartes e
Locke em associação com a emergência da
ciência moderna – é que ela tem ocupado um
plano central na filosofia.
Basicamente é conceituada como o
estudo de assuntos que outras ciências não
conseguem responder e se divide em quatro
partes, sendo que três delas possuem correntes
que tentam explicá-las: I - O conhecimento
como problema, II - Origem do Conhecimento
e III - Essência do Conhecimento e IV –
Possibilidade do Conhecimento.
Dentre as explicações da teoria do
conhecimento surgem correntes que buscam a
compreensão da questão do conhecimento.
Veremos as principais e seus representantes.
RACIONALISMO
Teoria do conhecimento que defende
que o conhecimento deve ser buscado por
todos, porém para ser alcançado exige que se
dispensem completamente os sentidos, pois de
acordo com Descartes, os sentidos podem ser
enganados e toda a forma de conhecimento
deve priorizar o raciocínio e deixar de lado os
sentidos, só no intelecto é que o conhecimento
pode ser alcançado.
A fonte do conhecimento verdadeiro é a
razão operando por si mesma, sem o auxílio da
experiência sensível e controlando a própria
experiência sensível. Alguns autores que
defendem esta teoria são: Descartes, Espinosa,
Leibniz e Pascal.
EMPIRISMO
O empirismo é uma teoria filosófica que
defende o conhecimento da razão, da verdade e
das ideias racionais através da experiência. Os
sentidos funcionam como coletores da
realidade e transferem essas impressões para
que o cérebro as analise. Através da vivência o
conhecimento vai se acumulando e sendo
organizado.
CRITICISMO KANTIANO
Em sentido estrito, o termo criticismo é
empregado para denominar a filosofia kantiana.
Esta se propõe investigar as categorias ou
formas a priori do entendimento. Sua meta
consiste em chegar a determinar o que o
entendimento e a razão podem conhecer,
encontrando-se livres de toda experiência, bem
como os limites impostos a este conhecimento.
Procura aliar o conhecimento desenvolvido
tanto pelo intelecto racionalista quanto pelo
sentidos empíricos.
Principais pensadores da Teoria do
conhecimento:
René Descartes – Nascido num
pequeno povoado da França, desenvolve muito
cedo estudos em matemática e filosofia.
Defensor do racionalismo. Dedica-se a viajar e
conhecer o mundo. Forma-se médico e
matemático. Descartes quer estabelecer um
método universal, inspirado no rigor
matemático e em suas "longas cadeias de
razão". Seu método consiste na evidência,
análise, síntese e amplitude. Parte da dúvida
questiona todas as possibilidades do
conhecimento. Esta dúvida tem caráter
metódico. Desenvolve a partir da dúvida o
cogito, ou seja, através da possibilidade da
dúvida chega na evidência da existência em
“Penso, logo existo”. A partir do controle da
natureza, através da ciência o homem torna-se
“senhor da natureza”.
Francis Bacon - O iniciador do
empirismo é Francis Bacon. Desenvolve
experiência e o método dedutivo. Entretanto, o
que interessa mais a Bacon não é esta ciência
dos princípios comuns, e sim a ciência da
natureza, e, portanto, o Novum organum, que
deveria conter precisamente as regras para a
construção da ciência da natureza. O empirismo
é a fonte do conhecimento segundo Bacon,
porém o pensamento deve evitar cometer
alguns erros. Na sua linguagem imaginosa
Bacon chama as causas destes erros comuns,
fantasmas - idola - e os divide em quatro
grupos fundamentais.
1) Idola tribus (ídolos da tribo), a saber, os
erros da raça humana "fundamentados em sua
natureza como tal";
2) Idola specus (ídolos da caverna - por alusão
à caverna de Platão) determinados pelas
disposições subjetivas de cada um;
3) Idola fori, (ídolos do fórum) erros da praça,
provenientes do comércio social ou da
linguagem imperfeita;
4) Idola theatri, (ídolos do teatro) isto é, os
erros provenientes das escolas filosóficas, que
substituem o mundo real por um mundo
fantástico, por um jogo cênico.
John Locke – Grande entusiasta do
empirismo, desenvolve uma teoria do
conhecimento, mesmo aceitando a metafísica
tradicional, e do senso comum pelo que
concerne a Deus, à alma, à moral e à religião.
No entanto, a experiência é dúplice: externa e
interna. A primeira realiza-se através da
sensação, e nos proporciona a representação
dos objetos (chamados) externos: cores, sons,
odores, sabores, extensão, forma, movimento,
etc. A segunda realiza-se através da reflexão,
que nos proporciona a representação das
próprias operações exercidas pelo espírito sobre
os objetos da sensação, como: conhecer, crer,
lembrar, duvidar, querer, etc. Nas ideias
proporcionadas pela sensibilidade externa,
Locke distingue as qualidades primárias,
absolutamente objetivas, e as qualidades
secundárias, subjetivas (objetivas apenas em
sua causa). Locke exclui absolutamente as
ideias e os princípios que deles se formam,
derivam da experiência; antes da experiência o
espírito é como uma folha em branco, uma
tabula rasa. A partir daí a nossa vivência vai
completando esta „folha em branco‟ e
definindo novas conclusões a partir da
experiência.
Immanuel Kant - Kant distingue o
conhecimento sensível (que abrange as
instituições sensíveis) e o conhecimento
inteligível (que trata das ideias metafísicas). O
método de Immanuel Kant é a "crítica", isto é,
a análise reflexiva. Consiste em remontar do
conhecimento às condições que o tornam
eventualmente
legítimo.
Os
juízos
rigorosamente verdadeiros, isto é, necessários e
universais, são a priori, isto é independentes
dos azares da experiência, sempre particular e
contingente. Possui grandes questionamentos
em relação à religiosidade, moral e ética, além
da própria teoria do conhecimento.
ILUMINISMO
Este movimento surgiu na França do
século XVII e defendia o domínio da razão
sobre a visão teocêntrica que dominava a
Europa desde a Idade Média. Segundo os
filósofos iluministas, essa forma de pensamento
tinha o propósito de iluminar as trevas em que
se encontrava a sociedade. Os pensadores que
defendiam estes ideais acreditavam que o
pensamento racional deveria ser levado adiante
substituindo as crenças religiosas e o
misticismo, que, segundo eles, bloqueavam a
evolução do homem. O homem deveria ser o
centro e passar a buscar respostas para as
questões que, até então, eram justificadas
somente pela fé. O Iluminismo foi mais intenso
na França, onde influenciou a Revolução
Francesa através de seu lema: Liberdade,
igualdade e fraternidade. Também teve
influência em outros movimentos sociais como
na independência das colônias inglesas na
América do Norte e na Inconfidência Mineira,
ocorrida no Brasil.
Principais representantes do iluminismo
francês:
Condillac: filósofo mais notável do
iluminismo francês é Estevão Bannot de
Condillac. Ele imagina o homem como uma
estátua, privada de toda sensação (tabula rasa)
e que, em dado momento, começa a ter uma
sensação de olfato. A sensação odorosa (de
uma rosa) torna-se memória, quando, afastada a
primeira sensação e sobrevindo outra, a
primeira permanece com uma intensidade
atenuada.
Montesquieu:
A
política
de
Montesquieu, exposta no Espírito das Leis
(1748),
surge
como
essencialmente
racionalista. Ela se caracteriza pela busca de
um justo equilíbrio entre a autoridade do poder
e a liberdade do cidadão. Para que ninguém
possa abusar da autoridade, "é preciso que, pela
disposição das coisas, o poder detenha o
poder". Daí a separação entre poder legislativo,
poder
executivo
e
poder
judiciário.
Montesquieu, porém, possui, sobretudo
concepção racionalista das leis que não
resultam dos caprichos arbitrários do soberano,
mas são "relações necessárias que derivam da
natureza das coisas".
Voltaire: Voltaire, inimigo encarniçado
do cristianismo, é um deísta convicto: a
organização do mundo, sua finalidade interna,
só se explicam pela existência de um Criador
inteligente. mantém o princípio de um Deus
justiceiro. É certo que esse Deus policial é,
sobretudo requisitado para manter a ordem
social e as vantagens econômicas aproveitadas
por Voltaire e os outros grandes burgueses.
FILOSOFIA POLÍTICA
A filosofia enquanto pensamento
reflexivo permeia por diversas áreas. Uma
delas que se destaca a partir da idade moderna é
a filosofia política. A filosofia política tem por
objetivo analisar as relações entre os ideais para
gerenciar a administração pública, a vida
prática e as relações entre política e sociedade.
Definindo política como toda relação social. A
partir da consolidação dos estados nacionais na
Europa, desenvolve-se a necessidade de
compreensão dos movimentos políticos e seus
significados. A origem da análise política
inicia-se na modernidade e chega aos dias
atuais com cada vez mais força.
Os principais pensadores são:
Nicolau Maquiavel - No inicio da
modernidade, o pensamento político sofre uma
profunda revolução com o pensamento de
Maquiavel. Ele rejeita toda a filosofia política
anterior que estava direcionada ao modo de
governar. Em sua obra O príncipe, Maquiavel
procurou mostrar a verdade efetiva dos fatos,
bem como se da de fato a conquista e a
manutenção do poder. Para Maquiavel o poder
esta distante da ética, ao menos no sentido da
teoria política grega.
Maquiavel pode ser considerado o
precursor da ciência política, tendo em vista
vários aspectos, porém o mais relevante talvez
seja o fato do mesmo ser o solo da ação dos
governantes. Foi Maquiavel quem primeiro
empregou o termo Estado no pensamento
político. Sua ética é definida pela expressão:
“os fins justificam os meios” e, daí, o poder
deve ser conquistado e mantido com a força
necessária.
Thomas Hobbes - É partindo dos
fundamentos racionalistas, Hobbes elabora sua
justificação para o despotismo. Para ele, o
direito, em todos os casos, reduz-se à força;
mas distingue dois momentos na história da
humanidade: o estado natural e o estado
político. No estado natural, o poder de cada um
é medido por seu poder real; cada um tem
exatamente tanto de direito quanto de força e
todos só pensam na própria conservação e nos
interesses pessoais. Isto leva a um momento de
violência, onde permanece a luta de todos
contra todos. Na expressão “o homem é o lobo
do homem” chega à definição de que o homem
possui a natureza má, ou seja, o homem
naturalmente é levado ao mal, pela cobiça,
inveja e etc. Para superar este estado violento, o
homem submete-se ao poder do soberano.
Renega o seu direito à liberdade para que o
soberano instaure a paz.
Jean Jacques Rousseau – A partir dos
ideais deste pensador consolida-se a revolução
francesa. Inicialmente este pensador parte do
princípio contrário ao de Hobbes, compreende
que o homem inicialmente é bom, ou seja, vive
em equilíbrio com a natureza e com outros
homens. Esta corresponde à teoria do bom
selvagem, como por exemplo, a vida indígena.
Porém, em algum momento, que não fica claro,
os homens desenvolvem a propriedade privada.
A sociedade a partir daí muda. Não há na
sociedade chances e oportunidades para todos.
O ato de possuir altera a concepção pacífica do
homem, que a partir daí caí no estado de
violência, de todos contra todos. O primeiro
pensamento socialista é atribuído a Rousseau.
Neste momento a sociedade estabelece um
contrato social no qual os indivíduos se
comprometem a cumprir um determinado
papel, enquanto o soberano garante segurança e
bem-estar a todos.
John Locke - Locke não admite,
naturalmente, ideias e princípios inatos nem
sequer no campo da moral. A sua moral,
todavia, é muito mais intelectualista do que
empirista, pois ele lhe reconhece o caráter de
verdadeira ciência, universal e necessária.
Quanto à política, Locke deriva a lei civil da lei
natural, racional, moral, em virtude da qual
todos os homens - como seres racionais - são
livres e iguais, têm direito à vida e à
propriedade; e, entretanto na vida política, não
podem renunciar a estes direitos, sem renunciar
à própria dignidade, à natureza humana. Locke
admite um originário estado de natureza antes
do estado civilizado. Não, porém, no sentido
brutal e egoísta de inimizade universal, como
dizia Hobbes; mas em um sentido moral, em
virtude do qual cada um sente o dever racional
de respeitar nos outros a mesma personalidade
que nele se encontra. Locke admite também a
passagem do estado de natureza ao estado
civilizado, porquanto, no primeiro, falta à
certeza e a regularidade da defesa e da punição,
que existe no segundo, graças à autoridade do
superior. Entretanto, estipulando este contrato
social, os indivíduos não renunciam a todos os
direitos, porquanto os direitos que constituem a
natureza humana (vida, liberdade, bens), são
inalienáveis.
John Rawls – Pensador contemporâneo
que a analisa as relações sociais frente ao poder
público. Busca a compreensão de teorias muito
necessárias atualmente como a justiça, a
igualdade, as questões étnicas, etc. Segundo
John Rawls, a correção das injustiças sociais,
só pode advir da prática de uma política que
vise à equidade. A partir da verificação dos
setores sociais mais desfavorecidos (em razão
da raça, sexo, cultura ou religião), devem-se
criar mecanismos para que todos, não obstante
as discrepâncias que haverão de existir, possam
ser capazes de ter suas diferenças supridas e
possam comungar de uma máxima efetivação
da justiça social. Essas correções provirão a
partir de um arcabouço inicial equânime, onde
todos aduzem suas opiniões, delimitam os
verdadeiros princípios de justiça e terminam
numa concordância acerca daqueles que
deverão configurar o estado inicial e as
instituições que devem determinar a
maximização dos direitos e deveres dos
homens e a perpetuação do bem-estar social.
A análise da política vai além da própria
manifestação
do
pensamento
político
independente de ideologias ou posições
políticas. Para a política é necessário também
analisar as relações sociais, as implicações de
determinadas ações na vida do povo. As
questões
democráticas
também
serão
conferidas pela filosofia de forma geral.
A crítica sobre o papel político dos
governantes, quanto dos próprios eleitores
também é objeto de reflexões filosóficas.
Segue um poema para levar a uma breve
crítica.
O Analfabeto Político
Bertolt Brecht
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele
não ouve, não fala, nem participa dos
acontecimentos políticos. Ele não sabe o
custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da
farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se
orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a
política. Não sabe o imbecil que, da sua
ignorância política, nasce a prostituta, o
menor abandonado, e o pior de todos os
bandidos, que é o político vigarista, pilantra,
corrupto e lacaio das empresas nacionais e
multinacionais.
Centro Educacional Brasil Central
Modalidade: Educação de Jovens
Adultos- a Distância
Etapa: Ensino Médio
Disciplina: Filosofia
e
MÓDULO III – 3° ANO
ASPECTOS DA FILOSOFIA
CONTEMPORÂNEA
As Filosofias do século XX trouxeram
uma série de desenvolvimentos teóricos
contrários em relação ao que se refere a
validade do conhecimento através de
conceitos e abstrações absolutas. As certezas
decorrentes do pensamento clássico foram
derrubadas, embora permaneçam como
problemas sociais, econômicos e científicos,
juntamente com formas novas de conflito e
reivindicações concernentes à organização
geopolítica
e
do
sistema-mundo
contemporâneo. O que é a lógica e o que é a
ética? São perguntas que surgem após o
século XX. As formas e caminhos para estes
empreendimentos são diversos e distintos.
Contudo, suponhamos que seja essencial uma
unidade de sentido, diríamos que essas
filosofias contestam princípios da ciência
moderna (aproximadamente do séc. XVI ao
séc. XX), novos estudos na filosofia da
ciência, filosofia da matemática e a
Epistemologia acrescentaram aparentemente
tendências antagônicas na contabilidade da
consciência e seus objetos. Os avanços na
relatividade, na quântica, na física nuclear e,
nas ciências generativas, como a ciência
cognitiva, cibernética, genética e na rica
produção literária, artística, como no Cinema
e na Música, foram uma forma enriquecedora
de propagar pensamentos filosóficos.
EXISTENCIALISMO
Existencialismo é uma corrente
filosófica surgida entre os séculos XIX e XX,
a qual tem por base a afirmação dos ideais de
liberdade, responsabilidade e subjetividade do
ser humano. Esse, segundo o pensamento
filosófico, tem livre arbítrio e deve utilizar a
razão para fazer as melhores escolhas. Essa
corrente procura analisar o homem como
indivíduo, e é ele quem faz sua própria
existência. Percebe-se assim, a preocupação
em explicar o sentido das vidas humanas de
uma forma subjetiva, ao invés de se preocupar
com verdades científicas relativas ao
universo, que fora o centro de outras correntes
filosóficas.
Jean Paul Sartre – O objetivo de
Sartre consiste em desacreditar a ideia de uma
necessidade, exterior a nós, que derivaria de
uma estabilidade das coisas ou de uma ordem
moral objetiva. Os indivíduos já não são
tributários de um caráter determinado ou de
uma essência definida, donde resultariam
todas as suas propriedades e todos os seus
atos, nem dos constrangimentos que lhes vêm
de fora, isto é, da sociedade ou de Deus. O
princípio primeiro da existência concreta dos
indivíduos tem que se situar numa opção
profunda, absolutamente gratuita, pela qual
eles se escolhem absolutamente. A negação
ou a não necessidade de Deus permite a
liberdade do indivíduo, pois não há nada
determinado e desta forma o homem é o único
responsável por suas atitudes. Desenvolve a
máxima: “o homem é condenado a ser livre”.
A partir daí desenvolve a importância da
política e da escolha. A escolha é a fonte de
liberdade humana.
PRAGMATISMO
O pragmatismo é, antes de tudo, um
método, do qual decorre uma teoria da
verdade. Apesar de constituir um movimento
aberto e antidogmático, e ainda que seus
teóricos não tenham elaborado um sistema
completo, há traços gerais comuns entre seus
defensores. Para os pragmáticos, o
conhecimento
é
concebido
como
essencialmente modificador da realidade,
portanto, a construção da verdade deve
corresponder à construção da própria
realidade. Conhecimento e ação se convertem
em termos equivalentes. O eixo central da
teoria pragmática é a ênfase na utilidade
“prática” da filosofia. O pragmatismo foi
entendido como uma perspectiva em torno do
conceito de verdade que, em seu processo de
expansão, atingiu os setores representados
pela ética e a religião. A teoria pragmática da
verdade sustenta que o critério de verdade
está nos efeitos e conseqüências de uma ideia,
em sua eficácia, em seu êxito, no que
depende, portanto, da concretização dos
resultados que espera obter.
UTILITARISMO
Em teoria moral, o utilitarismo
determina que o número de benefícios ou
malefícios, que é originado em cada ação,
determina diretamente o prazer e a dor para o
maior número de indivíduos, como o prazer é
identificado ao bem e a dor é identificada ao
mal, o utilitarismo sustenta que o fazer bem
produz a felicidade e que o fazer mal produz a
infelicidade para o maior número de
indivíduos. Embora não seja um princípio do
Direito, o princípio da utilidade vai ser usado
para justificar a punição de uma ação sempre
que ela determina o equilíbrio entre a
felicidade e a infelicidade, quando a punição é
comparada a esta ação.
POSITIVISMO
O positivismo admite, como fonte
única de conhecimento e critério de verdade, a
experiência, os fatos positivos, os dados
sensíveis. Nenhuma metafísica, portanto,
como interpretação, justificação transcendente
ou imanente, da experiência. A filosofia é
reduzida à metodologia e à sistematização das
ciências. A lei única e suprema, que domina o
mundo concebido positivisticamente, é a
evolução necessária de uma indefectível
energia naturalista, como resulta das ciências
naturais.
Dessas
premissas
teoréticas
decorrem necessariamente as concepções
morais hedonistas e utilitárias, que florescem
no seio do positivismo.
ÉTICA
Etimologicamente falando, ética vem
do grego "ethos", e tem seu correlato no latim
"morale", com o mesmo significado:
Conduta, ou relativo aos costumes. Podemos
concluir que etimologicamente ética e moral
são palavras sinônimas. Vários pensadores em
diferentes épocas abordaram especificamente
assuntos sobre a ÉTICA: Os pré-socráticos,
Aristóteles, os Estóicos, os pensadores
Cristãos
(Patrísticos,
escolásticos
e
nominalistas), Kant, Espinoza, Nietzsche,
Paul Tillich etc. A ética, portanto consiste na
análise da ação segundo a moral. Tem
variados significados de acordo com a época
em que se vive. Relaciona-se ética também a
vida profissional. A uma espécie de tipo de
conduta que deve ser realizado por um
profissional.
Principais tipos de ética:
Ética normativa – Baseia-se em
princípios e regras morais fixas. Ética
profissional e religiosa na qual impõe
obrigação das regras desenvolvidas.
Ética Teleológica – Compreende-se
por teleologia o alcance de um resultado.
Baseia-se em ética imoral (não obedece aos
princípios morais) e baseia-se também na
ética de que os fins justificam os meios.
Ética Situacional – Baseia-se em
ética amoral (amoral diferencia-se de imoral,
pois amoral representa uma cultura que não
possui moral). Baseia-se nas circunstâncias.
Tudo é relativo e temporal, tudo é possível,
tudo vale.
ESTÉTICA
A estética, como conceito e disciplina
filosófica, ou melhor, como um dos objetos de
estudos da filosofia, surgiu no final do século
XVIII com Alexander Baumgarten, que a
definiu como: "a ciência do conhecimento
sensitivo". Essa ciência se propõe a
investigar as capacidades naturais do
conhecimento,
suas
potências
e
desenvolvimento,
através
de
práticas
perceptivas. Logo, podemos afirmar que além
de ser a ciência da arte e do belo, a Estética
trata de estilos de vida, no modo singular de
ser, ver e de estar no mundo, segundo a arte e
seu desenvolvimento. Portanto, analisar a arte
é pensar a existência Estética do artista,
valendo-se de um modo de vida ou de uma
maneira de viver, já que o artista tem um
domínio afetivo da arte e a exterioriza através
de sua liberdade e do seu processo de
percepção.
FENOMENOLOGIA
Compreende-se a fenomenologia
como a visão contemporânea da teoria do
conhecimento. Tem por objetivo a análise do
conhecimento e dos objetos. Um bom começo
no estudo da Fenomenologia é a definição da
palavra fenômeno. Do grego phainomenon,
particípio presente de phainesthai, parecer.
Fenomenologia é, de fato, uma investigação
que busca a essência inerente da aparência. A
Fenomenologia nasceu, grosso modo, como
um questionamento no modo científico de
pensar: uma crítica à metafísica (postura
epistemológica que fundamenta a técnica
moderna de conhecimento). Ao discutir a
questão do sentido do ser, Heidegger
demonstra que a Fenomenologia compreende
a verdade com um caráter de provisoriedade,
mutabilidade e relatividade, radicalmente
diferente do entendimento da metafísica que
pressupõe a verdade una, estável e absoluta.
Essa é uma das razões por que dizemos que a
Fenomenologia é uma postura ou atitude (um
modo de compreender o mundo) e não uma
teoria (modo de explicar). A Fenomenologia
orienta o seu olhar para o fenômeno, ou seja,
na relação sujeito-objeto (ser-no-mundo).
Isso, em última análise, representa o
rompimento
do
clássico
conceito
sujeito/objeto.
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