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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA
ESPECIALIZAÇÃO DE FISIOTERAPIA EM ONCOLOGIA
ARETHUZZA ALVES MOREIRA
A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO LINFEMA DE FACE APÓS
ESVAZIAMENTO CERVICAL – REVISÃO DE LITERATURA
Goiânia
2013
2
ARETHUZZA ALVES MOREIRA
A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO LINFEMA DE FACE APÓS
ESVAZIAMENTO CERVICAL – REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito
parcial para conclusão do curso de Especialização em Fisioterapia
em Oncologia do Centro de Estudos Avançados e Formação
Integrada, chancelado pela Pontifícia Universidade Católica de
Goiás.
Orientadora: Profa. Ms. Carolina Maciel Reis Gonzaga.
Goiânia
2013
3
A Importância da Intervenção Fisioterapêutica no Diagnóstico e Tratamento do
Linfedema de Face após Esvaziamentos Cervical – Revisão de Literatura
The Importance of Physical Therapy Intervention in the Diagnosis and Treatment of
Lymphedema Face after dissection Cervical - Literature Review
Arethuzza Alves Moreira1, Carolina Maciel Reis Gonzaga2
RESUMO
____________________________________________________________
Introdução: O objetivo do tratamento do câncer de cabeça e pescoço é a cura da doença com
mínimo de complicações possíveis, e oferecendo o máximo de qualidade de vida ao paciente.
Uma das técnicas utilizadas é o esvaziamento cervical, no entanto, contribui para formação
de linfedema. O linfedema pode provocar problemas significantes na vida do paciente,
resultar em diminuição da autoestima e da qualidade de vida dos pacientes. A intervenção da
fisioterapia para evitar ou tratar o linfedema facial torna-se importante para que o paciente
tenha uma melhor qualidade de vida considerando que essa complicação pode provocar
desconforto e prejuízos na estética do individuo. Objetivos: Este estudo teve por objetivo
realizar uma revisão na literatura sobre as principais complicações cirúrgicas após
esvaziamento cervical para tratamento de câncer de cabeça e pescoço, bem como sobre o
linfedema facial no pós-tratamento de câncer de cabeça e pescoço. Resultados e
conclusão:De todos os artigos analisados 19% relataram a existência de complicações, e
apenas 1 artigo não citou linfedema facial como parte das complicações. Para o tratamento
de linfedema a terapia com drenagem linfática manual, terapia compressiva e exercícios
miocinéticos foram comentados em 42,8% dos artigos analisados e 33,3% dos artigos
concluíram que ainda ha necessidade de mais estudos científicos a respeito do assunto e
dados que mostrem com mais clareza a existência de linfedema facial provocado por
esvaziamento cervical.
Descritores: linfedema, câncer, esvaziamento cervical, drenagem linfática manual,
fisioterapia, cirurgia.
___________________________________________________________________________
ABSTRACT
___________________________________________________________________________
Introduction: the objective of head and neck cancer treatment is the cure of the disease with
minimal complications possible, and offering the highest quality of life for the patient. One
technique used is Cervical lymph node dissection, however, contribute to the formation of
lymphedema. Lymphedema can cause significant problems in the patient's life, lead to
decreased self-esteem and quality of life of patients. The physical therapy interventions to
prevent or treat facial lymphedema becomes important for the patient to have a better quality
of life considering that this complication can cause discomfort and damage the aesthetics of
4
the individual. Objectives: This study aimed to conduct a review of the literature on major
surgical complications after neck dissection for the head and neck cancer treatment, as well
as the facial lymphoedema after treatment for cancer of the head and neck. Results and
conclusion: Of all the articles analyzed 19% reported the existence of complications, and
only 1 item not mentioned as part of facial lymphedema complications. For treatment of
lymphedema therapy with manual lymphatic drainage, compression therapy and exercise
miocinéticos been commented in 42.8% of the articles analyzed and 33.3% of the articles
concluded that there is still need for more scientific studies on the subject and data show
more clearly the existence of facial lymphedema caused by neck dissection.
Descriptors: lymphedema, cancer, neck dissection, manual lymphatic drainage therapy,
surgery.
Pesquisadoras:
Arethuzza Alves Moreira – [email protected]
[1] Graduada pela Pontíficia Universidade Católica de Goiás – PUC.
[2] Pós – Graduada em Fisioterapia em Oncologia pelo Centro de Estudos Avançados e
Formação Integrada – CEAFI.
[3] Voluntária do Serviço de Fisioterapia no Programa de Mastologia do HC/UFG.
[4] Professora no curso técnico de Estética do Instituto Federal Goiano– IFG.
Carolina Maciel Reis Gonzaga –[email protected]
[1] Graduada pelo Centro Universitário do Triângulo.
[2] Mestre em Ciência da Saúde/UFG.
[3] Coordenadora do Serviço de Fisioterapia do Programa de Mastologia HC/UFG
[4] Doutoranda em Ciências da Saúde/UFG.
5
INTRODUÇÃO
Cânceres de cabeça e pescoço são aqueles comumente classificados pela área em que
se originam, incluindo: cavidade oral, faringe, laringe, seios paranasais, cavidade nasal e
glândulas salivares. Os tipos de câncer que acometem cérebro, olho, esôfago e glândula da
tiróide, não são, geralmente, classificados como câncer de cabeça e pescoço1.
No Brasil, são esperados 14.170 casos novos de câncer de boca em 2013, sendo
9.990 homens e 4.180 mulheres2. O câncer bucal é considerado o tipo de câncer mais comum
em cabeça e pescoço3, com uma ocorrência aproximada de 40%4 e ode laringe é responsável
por 25% dos cânceres malignos de cabeça e pescoço sendo o segundo mais freqüente do trato
aerodigestivo e que causa grandes mudanças na vida diária dos pacientes5.
Nos Estados Unidos, ocorreu em 2010, cerca de 49.260 novos casos contando com
câncer de cavidade oral, faringe e laringe. Nesse mesmo periodo houve cerca de 11.480
mortes por este tipo de cancer6. Esses tipos de câncer originam-se do epitélio das vias
aerodigestivas superiores e parte são carcinomas espinocelulares, que representam 3% de
todos os cânceres em homens e 2% em mulheres7,8,9.
O objetivo do tratamento do câncer de cabeça e pescoço é a cura da doença com
mínimo de complicações possíveis, e oferecendo o máximo de qualidade de vida ao paciente.
Mas a escolha terapêutica também leva em consideração a idade do paciente, os hábitos de
vida e se ele trabalha com a voz10.
O câncer oral é tratado geralmente com cirurgia, radioterapia e quimioterapia de
forma combinada ou isoladamente isso vai depender de alguns fatores como a condição física
do paciente, diagnóstico histológico, localização, estadiamento do tumor, necessidade do
paciente e prognóstico. O tipo de tratamento realizado interfere diretamente na qualidade de
vida do paciente e também nas funções diárias5,7,11.
O estadiamento da doença oncológica tem um papel importante na decisão
terapêutica. No estadiamento I e II (T1, T2 – extensão local do tumor primário, N0 – ausência
de metástase em linfonodos regionais, M0 – ausência de metástase a distância) a localização
do tumor é importante para decidir se será realizada a cirurgia ou apenas a radioterapia,
avaliando a ocorrência de complicações como xerostomia e déficit funcional. No
estadiamento III a ressecção da lesão primária em caso de pescoço negativo (N0) pode ser
associada ao esvaziamento cervical radical modificado e em caso de pescoço positivo (N1-
6
comprometimento crescente dos linfonodos regionais) é indicado esvaziamento radical
modificado e a radioterapia complementar só em casos com pescoço NI com extravasamento
capsular. Podem-se fazer cirurgias combinadas com reconstrução e radioterapia em
estadiamento IV 8,12.
Um dos tratamentos de eleição para câncer de cabeça e pescoço é a radioterapia,
porém é inevitável o aparecimento de sequelas, mas o uso exclusivo da radioterapia em lesões
iniciais tem um resultado comparável com o da ressecção cirúrgica por ser um tratamento
efetivo para essas neoplasias. Já para lesões avançadas a radioterapia associada à
quimioterapia também tem efeito positivo por ter possibilidade de preservar o órgão
tratado13,14. O objetivo do tratamento cirúrgico dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço
é erradicar o tumor na tentativa de promover a cura, de maneira criteriosa tentando evitar
possíveis complicações e preservando a função e a estética do paciente15.
Oliveira et al16 cita em seu estudo que a técnica de esvaziamento cervical radical
vem sendo usada desde de 1906, e que novas formas cirúrgicas vem sendo mostradas e
discutidas para conservar estruturas funcionais impedindo aparecimento de complicações
decorrentes do ato cirúrgico.
Em termos de prognóstico, o esvaziamento cervical é um procedimento para o
controle de metástase regional do sistema linfático por carcinomas de células escamosas que
são os tipos mais comuns de câncer de cabeça e pescoço e a técnica vem acompanhada de
ressecção cirúrgica do tumor. Porém, o risco do paciente desenvolver complicações devido ao
esvaziamento cervical é maior do que se fosse submetido apenas à ressecção do tumor, pois, o
conjunto de técnicas prolonga o ato cirúrgico aumentando os riscos de complicações para os
pacientes17.
Para manter o rigor oncológico e diminuir os casos de morbidade e mortalidade
grandes mudanças foram empregadas na técnica para realizar o esvaziamento cervical, como
conservar estruturas não linfáticas de forma benéfica conservando, por exemplo, a veia
jugular interna evitando assim uma hipertensão intracraniana severa e ainda diminuindo um
edema facial18.
O esvaziamento cervical além de contribuir para formação de linfedema facial ainda
pode provocar cegueira, fístulas linfáticas, arritmias, sangramentos, hematomas, infecção,
seroma, lesão na carótida interna e pode acarretar lesões de raízes nervosas importantes,
causando injúrias como atrofia muscular, dor, fraqueza e diminuição da amplitude de
movimento do pescoço, do ombro e da cintura escapular19, 20.
7
A lesão do nervo espinhal e a atrofia do músculo trapézio também são complicações
possíveis de ocorrer com o esvaziamento cervical. Contudo, uma intervenção cirúrgica mais
conservadora, pode evitar a incapacidade funcional do ombro. Os procedimentos de
esvaziamento cervical modificado associado com o enxerto nervoso e a neurorrafia
acompanhada de fisioterapia no pós-operatório são condutas indicadas nestes casos16. Além
do esvaziamento cervical, outros procedimentos também podem afetar o nervo espinhal como
mostra um estudo realizado por Alonso, JL; Reis, RG21, onde explicam que a biopsia de
linfonodos cervicais e a extirpação de lipomas da região cervical são tipos de procedimentos
cirúrgicos que causam paralisia no nervo espinhal, sendo responsáveis pelas neuropatias
iatrogênicas21.
Com relação à radioterapia, sua indicação depende da localização do tumor e do
estádio da doença e, sua aplicação pode ser local ou regional e com altas doses pegando
campos extensos e apesar da vantagem de preservar a estrutura dos tecidos ela provoca muitas
complicações que podem resultar em alta morbidade e queda na qualidade de vida10,13,14, 22.
O objetivo do tratamento para câncer de cabeça e pescoço é controlar a doença,
preservando a função das áreas afetadas, tanto quanto possível e ajudar o retorno do paciente
às atividades normais. A reabilitação é fundamental neste processo, os objetivos da
reabilitação dependerão da extensão da doença e do tratamento recebido pelo paciente, por
meio de uma equipe multidisciplinar1. Sabe-se que a fisioterapia deve intervir em caráter
preventivo, antecipando as complicações23.
Devido à ocorrência de complicações pós-operatórias, em cirurgia de esvaziamento
cervical para tratamento de câncer de cabeça e pescoço, que resulta em sequelas deformantes
e em desordens funcionais, existe a necessidade de uma intervenção fisioterapêutica no pósoperatório imediato, para que não se instale uma limitação funcional definitiva9.
Uma das complicações do tratamento para câncer de cabeça e pescoço é o linfedema.
Panobianco et al24 define linfedema como aumento dos tecidos moles, rico em proteínas,
decorrente de uma deficiência na circulação do fluxo linfático associado com uma
insuficiência de proteólise extralinfática de proteínas plasmáticas que pode gerar uma fibrose
do tecido e podendo se tornar permanente e resistente ao tratamento. Andrade, MFC25
considera que o linfedema tem suas características próprias com repercussão tecidual,
mostrando que a presença crônica de proteínas no interstício e o acúmulo de ácido hialurônico
podem provocar processo inflamatório e fibrose no local afetado.
O linfedema pode provocar problemas significantes na vida do paciente, em um
estudo com mulheres com linfedema decorrentes do tratamento do câncer de mama, há relatos
8
que o linfedema provoca desconforto físico, dor, dificuldade funcional, dormência,
deformidade estética, episódio de angústia, formigamento, erisipela e problemas psicossociais
e psicológicos. E o linfedema mais grave pode resultar em consequências funcionais para
respiração, comunicação, deambulação, visão e alimentação. Sua descoberta precoce pode
provocar um retardo na implementação do tratamento26-28.
Nas diretrizes da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV),
criadas por Guedes Neto et al29, afirma-se a que o linfedema leva a incapacidade funcional e
piora a qualidade de vida. Ainda a diretriz tenta conscientizar que o linfedema pode ser
prevenido, diagnosticado e tratado para minimizar as complicações derivadas da cronicidade
echama atenção para os fatores que podem provocar o linfedema como, por exemplo, cirurgia
de ressecção linfonodal, radioterapia, invasões por metástases e etc.
Em 2012 Becky LF30, corroborou com o estudo de Guedes Neto et all29 quando
mencionou em seu estudo que o linfedema pode evoluir para infecção local provocando uma
perda da capacidade funcional, e pode prejudicar a qualidade de vida do paciente se não for
tratado, pois a alta concentração de proteína linfática no interstício gera uma resposta
inflamatória produzindo uma fibrose no tecido e um hipertrofia do tecido adiposo. Com isso
pode haver um crescimento de bactéria no meio.
O linfedema pode provocar grandes prejuízos ao paciente, principalmente alterações
na fala e deglutição, além de deformidades do tipo assimetria de cabeça e pescoço, edema de
língua e edema labial. Essas complicações podem resultar em diminuição da autoestima e da
qualidade de vida dos pacientes. A cirurgia poderá apresentar alterações estéticas, e ainda
problemas na cicatrização do local operado devido o acometimento dos vasos sanguíneos e
linfáticos. Com estas complicações, fica evidente a necessidade da intervenção da fisioterapia
no tratamento dessas comorbidades15.
Nas complicações advindas do tratamento do câncer de cabeça e pescoço o
linfedema não pode ser visto como uma intercorrência de imediato atendimento em uma
emergência, mas o acesso ao tratamento especializado pode ter ser de grande beneficio
considerando a qualidade de vida do paciente31.
A técnica de drenagem linfática manual teve seu destaque em 1936 quando foi
publicada em Paris após ser criada por Emil Vodder e sua esposa. Com o passar dos anos essa
prática foi ficando mais forte, principalmente após ser incorporada como parte do tratamento
de linfedema, sendo realizada por fisioterapeuta e por profissionais como terapeutas
ocupacionais e enfermeiros32.
9
A drenagem linfática manual é indicada para redução de edemas linfáticos e para
edemas pós-operatórios por ser um método de mobilização da linfa, que resulta em melhora
local da oxigenação e circulação nos tecidos e retira o acúmulo de liquido no interstício33.
Apesar do linfedema de face ser uma das complicações advindas do tratamento do
câncer de cabeça e pescoço, há necessidade de mais pesquisas em relação ao tipo de
intervenção para com estes pacientes e mostrar que a fisioterapia pode estar atuando também
no tratamento de linfedema facial.
Este estudo teve por objetivo realizar uma revisão na literatura sobre as principais
complicações após esvaziamento cervical para tratamento de câncer de cabeça e pescoço, bem
como sobre o linfedema facial no pós-tratamento de câncer de cabeça e pescoço e atuação da
fisioterapia nesta morbidade.
10
MÉTODOS
Este é um artigo de revisão de literatura que foi realizado partir da base de dados
Bireme (Medline, Scielo, Biblioteca Cochrane e Lilacs), Portal Capes e Pubmed. Pesquisa
realizada durante os meses de agosto a novembro de 2012 e de janeiro a abril de 2013. Foram
incluídos artigos de 2000 a 2013. Para conseguir estudos relevantes foram utilizados os
seguintes descritores em português: câncer de cabeça e pescoço, esvaziamento cervical,
linfedema,
drenagem
linfática
manual
e
fisioterapia.
E
descritores
em
inglês:
headandneckcancer, neckdissection, lymphedema, facial edema. A busca realizada foi
limitada aos artigos publicados em inglês e português. A revisão foi ampliada através de
artigos e livros entre outras fontes como referências citadas nos artigos obtidos, revisões,
metanálises, pesquisas e referência sobre o tema. Foram analisados 47 artigos sendo que
apenas 44 continham assuntos relevantes ao tema do trabalho e 2 foram utilizados na
incidência. Foram incluídos somente os artigos que continham assuntos sobre câncer de
cabeça e pescoço, linfedema secundário ao tratamento de câncer, esvaziamento cervical,
complicações advindas do tratamento do câncer de cabeça e pescoço, intervenções
fisioterapêuticas utilizadas no tratamento de pacientes oncológicos e drenagem linfática
manual. Assim, o número final de artigos utilizados nesta revisão totalizou 47.
11
RESULTADOS
ANALISADOS
NUMEROS ASSUNTOS
DE ARTIGOS
47
Complicações
Gerais
Linfedema facial
Tratamento para
Linfedema
Eficácia da
Drenagem
Linfática Manual
CONCLUSÃO
Incidência, câncer de
cabeça e pescoço,
esvaziamento
cervical, fisioterapia
e drenagem linfática
manual.
8 (19%) de 42 Complicações do
artigos
relataram tratamento do Câncer
complicações
7 dos 8 artigos de
complicações
citaram
edema
facial
18 (42,8%) dos 42
artigos analisados
2 artigos
Complicações
esvaziamento
33 artigos totalizaram a
introdução e 14 artigos
concluíram a discussão. Sendo
que
destes
6
estudos
concluíram que necessita de
mais evidência cientifica.
Dos 47 artigos 2 foram
utilizados para informar a
incidência do câncer de cabeça
e pescoço.
do Porém
entre
todas
as
complicações o edema facial é
citado em incidência menor.
Drenagem linfática
manual,
terapia
compressiva
e
cinesioterapia.
Estudo prospectivo
Nem todos os artigos são
estudo prospectivo e alguns
citam o tratamento para
linfedema de face e linfedema
de membros superiores.
Concluíram que tiveram bons
resultados porém a perimetria
foi imprecisa nos dois.
Dos 47 artigos utilizados neste estudo 2 artigos foram de incidência e restaram 42 artigos para
serem analisados diversos assuntos relevante a esta pesquisa, sobre as complicações 8 artigos (19%), relataram
a existência de várias complicações advindas do tratamento oncológico, destes apenas 1 não citou o linfedema
facial como parte destas complicações. Sobre o linfedema pós-tratamento de câncer 18 (42,8%) artigos
comentaram a respeito da melhor terapia, entre elas citaram cirurgia, drenagem linfática manual, terapia
compressiva, exercícios miocinéticos e medicamentos. No entanto 6 dos 18 artigos de linfedema (33,3%) eram
estudos prospectivos e 12 de revisão. Desses 18,7 (38,9%) artigos de revisão falaram sobre a importância da
terapia combinada de drenagem linfática manual com a terapia compressiva. No entanto, segundo 6 (33,3%)
artigos concluíram que fazem-se necessários mais estudos com evidência científica sobre as complicações e
protocolo de tratamento de linfedema facial no pós tratamento de câncer de cabeça e pescoço.
DISCUSSÃO
12
Existem vários fatores que contribuem para que o paciente em tratamento de tumor
de cabeça e pescoço evolua para diversas complicações. A radioterapia e o esvaziamento
cervical são apontados como terapêuticas que podem provocar complicações como fibrose
local intensa, espessamento e edema da pele e do tecido subcutâneo e entre outras34.
Em um estudo retrospectivo de 138 prontuários de pacientes com câncer de cabeça e
pescoço que foram submetidos a esvaziamento cervical, mostrou que 36,2% dos pacientes
evoluíram para complicações pós-operatórias, e dessas complicações 8% era de edema facial
sendo a segunda maior das complicações20.
Magrin J; Kowalski LP11 listaram o linfedema como uma das complicações
cirúrgicas de câncer de cabeça e pescoço com repercussão fisiológica quando ocorre
interferência no suprimento da drenagem linfática e sanguínea que provocam sequelas
inevitáveis do tratamento. Dentro desta categoria estão incluídos edemas de língua, faringe e
face principalmente após esvaziamento cervical bilateral.
No estudo de Costa et al19 incluindo 643 atendimentos feitos no ambulatório de
fisioterapia do INCA25 (2,7%) pacientes foram diagnosticado com linfedema de cabeça e
pescoço, sendo com uma das repercussões funcionais apresentadas pelos pacientes que
submeteram ao tratamento de câncer de cabeça e pescoço. Uma porcentagem menor que o
estudo feito por Menezes et al20, porém é uma complicação que não deixou de aparecer nas
avaliações e que merecem atenção dos profissionais da saúde principalmente da fisioterapia.
Na pesquisa de Curioni et a110 sobre laringectomia parcial, mostra-se que a taxa de
complicações é mínima com uma porcentagem de 10%, e que a estenose glótica, a aspiração
traqueobrônquica, granulomas e má qualidade vocal
são as complicações mais comuns
encontradas nesse estudo não mencionando edema facial como uma das complicações.
Em uma revisão de prontuários no hospital Erasto Gaertner dos pacientes submetidos
à reconstrução de mandíbula em tratamento de câncer de cabeça e pescoço foram avaliados o
índice de complicações, na qual a experiência do serviço mostrou taxas significativas de
complicações que devem ser consideradas na avaliação pré-operatória. Dentre as
complicações citadas 30,8% delas ocorreram de forma precoce como a broncopneumonia,
infecção da ferida operatória, fistula, perda do retalho por trombose e hematoma. Os autores
não mencionam o edema facial como complicação precoce e nem tardia35.
Leduc, A; Leduc,O36 cita em seu estudo que a ação da drenagem linfática manual
foi verificada a partir de experimentos realizados com animais e com inúmeros estudos na
clínica humana e que as técnicas possuem uma ação clara sobre as proteínas. Ainda indica a
13
contenção elástica sob medida para a manutenção dos resultados obtidos com a drenagem
linfática manual.
No livro de Herpertz, U37 a terapia ideal para tratar linfedema é a fisioterapia do
edema segundo Asdonk 1973 que define como fisioterapia complexa descongestiva na qual a
indicação é conforme a extensão e gravidade do edema.
Em 2003 Moser, VF et al39, realizaram uma revisão para as principais deficiências e
limitações de atividades em pacientes portadores de câncer e os métodos de tratamentos
utilizados. Dentre as complicações, o linfedema secundário a cirurgia e/ ou a radioterapia de
cabeça e pescoço teve o seu destaque já que ele causa deformidades de face e pescoço. A
drenagem linfática manual e o uso de roupa de compressão foram a terapêutica indicada no
tratamento desta complicação. O edema facial também foi citado no estudo de Dedivitis et
al38,onde foram observados 6 pacientes com tal complicação, de 88 casos de pacientes
submetidos ao esvaziamento radical bilateral como tratamento de câncer de cabeça e pescoço.
Arieiro et al15 analisou e concluiu a importância de sugerir a técnica de drenagem
linfática no período de internação para reduzir o linfedema facial após tratamento de câncer
de cabeça e pescoço.
Mozzini, CB; Schuster, RC; Mozzini, AR9, mostraram em sua pesquisa que a
fisioterapia é dotada de recursos que vão proporcionar melhora na qualidade de vida dos
pacientes que tiveram complicações após tratamentos de câncer de cabeça e pescoço e
concluíram que ainda são raros os estudos documentados da atuação da fisioterapia nessa
área.
Atualmente a linfoterapia é um método mais utilizado para tratar linfedema, pois visa
em mobilizar o edema para não deixar acumular linfa no interstício através da pressão
empregada no tecido e em conjunto com outras ações fisioterápicas reduz volume do
linfedema, e isso consiste não somente na drenagem linfática manual, mas também em
exercícios, orientações, automassagem e terapia compressiva24.
A terapia física complexa, drenagem linfática manual, enfaixamento inelástico e
elástico, exercícios miolinfocinéticos, compressão pneumática intermitente e contenção
elástica são mencionados nas diretrizes da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia
Vascular (SBACV) como recursos para tratar o linfedema. Guedes Netoet all29 corroborando
com o trabalho de Godoy, JMP; Godoy, MFG40 e com o de Rezende, LF;Brandino, HE;Ciaco
EFS27, onde cita o protocolo fisioterapêutico que incluem drenagem linfática manual,
enfaixamento compressivo funcional, exercícios e orientações para o tratamento de linfedema.
14
Bergmann, A; Mattos, IE;Koifman, RJ41, Consideraram linfedema como crônico
apenas depois de seis meses de instalação de um edema por tratamento de um paciente
oncológico, assim quando ultrapassa esse tempo o linfedema se instala e se torna uma
patologia crônica e progressiva, sendo necessárias intervenções fisioterapêuticas permanentes,
para o controle do volume do tecido e para evitar alterações físicas que interferem na
qualidade de vida destes pacientes.
Marcucci, FCI23 pontuou a fisioterapia como um papel importante na reabilitação de
complicações linfáticas advindas de tratamento oncológico na prevenção e no tratamento. E
ainda este estudo referiu os tipos de intervenções terapêuticas que a fisioterapia pode estar
aplicando para tratar linfedema, concordando com os outros estudos citados nesta pesquisa,
como drenagem linfática manual, bandagens compressivas e cinesioterapia.
Andrade, MFC25 colocou como pré-requisito em seu trabalho a presença do
fisioterapeuta na equipe multidisciplinar que for realizar atendimentos ao paciente portador de
linfedema. E que este profissional seja apto e treinado nas técnicas especificas para tratar
paciente com esta patologia. E ainda citou a drenagem linfática manual, exercícios
miolinfocinéticos e terapia física complexa como parte do tratamento do linfedema.
Nesse estudo fica claro que a abordagem para tratar um linfedema é com drenagem
linfática, bandagens, exercícios miolinfocinéticos além de orientações de atividades da vida
diária e cuidados com o local afetado32.
Em 2003, Guedes Neto, HJ42 considerou a terapia física complexa com um dos
melhores tratamentos fisioterápico para linfedema. Porém concluiu que o diagnóstico precoce,
a prevenção e as orientações evita complicações e controla a maioria dos casos.
De 170 estudos, apenas 10 foram incluidos no trabalho de Huang T. et all26. Dos dez
trabalhos analisados, os autores chegaram à conclusão que o método de drenagem linfatica
manual, terapia compressiva e exercícios para tratamento de linfedema não produz uma
redução tão significativa do membro afetado. O resultado deste estudo não desmerece a
atuação na fisioterapia na intervenção de paciente com linfedema, pois foi uma amostra de
estudo pequena e considerando que a qualidade dos estudos analisados era pobre de
informações.
Huit Martine31 concluiu em seu trabalho que apesar do tratamento para linfedema ter
um efeito benéfico para o paciente, porém ainda não tem uma pesquisa baseada em evidência
para a escolha de melhores práticas para tratar um paciente com linfedema de cabeça e
pescoço, mas sabe-se que paciente em tratamento de doença oncológica de cabeça epescoço
15
tem inchaço no inicio da manha e que usando roupas compressivas durante a noite esse
inchaço é mais controlado.
No estudo piloto prospectivo com 18 pacientes, foi realizado drenagem linfática
manual e o uso de mascara facial compressiva personalizada como tratamento para linfedema
e edema facial após cirurgia de cabeça e pescoço em pacientes oncológicos. Os autores
concluíram que o edema teve uma redução importante após o a realização do método
empregado. E não houve reações adversas pelo o uso a roupa compressiva43.
Smith, BB; Lewin, JS28 forneceram dados baseados em evidências de avaliação e
tratamento de linfedema facial em pacientes oncológicos, e mostrou que o objetivo da
terapeutica é descogestionar promovendo o alivio do edema através de drenagem linfática
manual e exercícios combinados com roupa comprissivas. Mas concluiu que mais estudos
prospectivos devem ser realizados para verificar a eficácia do tratamento e ainda deve haver
mais investigações para melhor estabelecer dados epidemiológicos.
Um estudo realizado entre 1996 a 2001 com 48 pacientes com linfedema persistente
e secundário ao tratamento de câncer, sendo que destes 36 eram pacientes de linfedema de
cabeça e pescoço e o restante eram pacientes de câncer de mama com linfedema em membros
superiores. O estudo consistiu em avaliar o efeito do selênio administrado em pacientes com
linfedema, no qual os resultados foram satisfatórios e forneceu melhora na qualidade de vida
dos pacientes do estudo. Porém ainda há necessidade de continuar com as investigações para
obter mais informações sobre os mecanismos celulares, os caminhos farmacológicos e o
impacto clínico no organismo que recebeu a medicação. O tratamento fisioterapêutico com
drenagem linfática manual e prescrição de roupa compressiva para estes pacientes teve efeito
positivo, porém a indicação do selênio foi para os casos mais persistentes44.
CONCLUSÃO
16
Este estudo considerou o esvaziamento cervical como um dos principais recursos para
o controle do câncer de cabeça e pescoço, no entanto, esta técnica contribui para formação de
linfedema facial.
Apesar de o linfedema facial ser pouco estudado, estava presente na maioria dos
estudos como uma das complicações decorrentes do tratamento. Atualmente a reabilitação
desta complicação é realizada pelo fisioterapeuta, por meio de drenagem linfática manual,
terapia compressiva e exercícios miocinéticospara melhorar a qualidade de vida do paciente.
Verificou-se que a quantidade de estudos conclusivos a respeito da intervenção da
fisioterapia, não é o suficiente para afirmar o resultado do tratamento, sendo necessárias mais
pesquisas sobre o tratamento correto para tratar linfedema facial.
REFERÊNCIAS
17
1. NCI – NationalCancerInstitute. [homepage na Internet]. [Acessado em 16 Jan de 2013].
Disponível em: http://www.cancer.gov/.
2. INCA. Ministério da Saúde 2011. Estimativa 2012: incidência de câncer no Brasil. Instituto
Nacional
de
Câncer
José
Alencar
Gomes
da
Silva,
Rio
de
Janeiro.
http://www.inca.gov.br/estimativa/2012/estimativa20122111.pdf. Acessado em 16 de janeiro
de 2013.
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