O papel das proteínas dietéticas na progressão da doença renal

A
Artigo de Revisão
Cichacewski CLR & Leinig CE
O papel das proteínas dietéticas na progressão da doença renal crônica
de pacientes em estágio três e quatro
The role of dietary protein on the progression of chronic kidney disease patients in stage three and four
Camila Luisa Roda Cichacewski1
Cyntia Erthal Leinig2
Unitermos:
RESUMO
Insuficiência renal crônica. Nefropatias. Proteinas. Dieta. Introdução: A doença renal crônica é definida como a presença de lesão renal, asso-
ciada ou não à diminuição da filtração glomerular, por um período igual ou superior a
Key words:
Renal insufficiency, chronic. Kidney diseases. Proteins. Diet. três meses. Estudos sugerem a restrição dietética de proteína como forma de prevenir
a necessidade de terapia renal substitutiva. No entanto, não é claro o papel da proteína
na influência do quadro clínico do indivíduo, na morbi-mortalidade, composição corporal,
Endereço para correspondência
estado nutricional e na ingestão alimentar. Objetivo: Sendo assim, este artigo pretende
camila L. R. Cichacewski
Rua Martim Afonso, 1168, ap 106 – Bigorrilho – Curitiba, avaliar as quantidades atualmente recomendadas e sua relação com o estado nutricional,
PR, Brasil – CEP: 80430100
possíveis complicações e mortalidade de pacientes renais crônicos em estágio 3 e 4.
E-mail: [email protected]
Resultados: Muitas pesquisas relatam que uma dieta pobre em proteínas não altera
a progressão da DRC e ainda pode levar o paciente a complicações nutricionais. Por
Submissão
outro lado, outras pesquisas chegaram à conclusão de que a dieta hipoprotéica oferece
2 de abril de 2010
diversos benefícios aos pacientes, reduzindo a mortalidade e melhorando a sobrevida
renal, principalmente quando associada à suplementação de cetoácidos. Conclusão:
Aceito para publicação
O aconselhamento dietético deve ser uma parte integrante da terapia da DRC, apesar
112 de dezembro de 2010
de ainda não se chegar a um consenso da quantidade ideal de proteína a ser ingerida.
ABSTRACT
Introduction: Chronic kidney disease is defined as the presence of renal damage, with or
without decreased glomerular filtration rate for a period of not less than three months. Studies
suggest that dietary restriction of protein as a way to prevent the need for renal replacement
therapy. However, it is clear the protein’s role in influencing the clinical status of the individual,
the morbidity and mortality, body composition, nutritional status and food intake. Objective:
Therefore, this article aims to assess the amount currently recommended and its relation to
nutritional status, complications and mortality of chronic renal patients in stage 3 and 4. Results:
Many studies report that a low protein diet does not alter the progression of CKD and can still
take the patient’s nutritional complications. On the other hand others have concluded that the low
protein diet offers many benefits to patients by reducing mortality and improving renal survival
1. Nutricionista
especially when associated with supplementation of ketoacids. Conclusion: The dietary advice
2. Nutricionista, Mestre em Ciências da Saúde, orientadora
do artigo e professora do Curso de Nutrição da Pontifícia should be an integral part of therapy of CKD, although still not reached a consensus of the
optimum amount of protein to be ingested.
Universidade Católica do Paraná.
Rev Bras Nutr Clin 2011; 26 (3): 216-21
216
O papel das proteínas dietéticas na progressão da doença renal crônica de pacientes em estágio três e quatro
Introdução
A doença renal crônica (DRC) caracteriza-se pela perda
progressiva e irreversível das funções renais ou a incapacidade
destas retornarem ao normal após uma insuficiência renal aguda1,2.
De acordo com a teoria de Brenner³, com a redução da
quantidade de néfrons funcionantes, os glomérulos dos néfrons
remanescentes sofrem hipertrofia devido à hiperperfusão
(hiperfluxo sanguíneo). Esta hiperperfusão leva a hipertensão
glomerular e, consequentemente, hiperfiltração glomerular e
lesão das estruturas glomerulares, ocasionando diminuição da
permeabilidade e seletividade do gomérulo. Ao surgimento da
proteinúria, lesiva às estruturas tubulares, ocorre um estímulo à
proliferação mesangial e, ao mesmo tempo, as proteínas passam
a ser reabsorvidas pelo túbulo contorcido proximal.
A hipertensão glomerular quando associada à hipertensão
arterial sistêmica (HAS) é um dos principais fatores na
progressão da doença renal crônica. Outra causa importante é
o uso de medicamentos, como analgésicos e anti-inflamatórios
não esteroides, que, na maioria das vezes, são de uso crônico,
principalmente em idosos portadores de doenças crônicas de
origem óssea. O excesso de ingestão protéica também está
relacionado com a progressão da DRC, sendo demonstrado em
estudos experimentais e clínicos, hiperperfusão, hipertensão e
hiperfiltração glomerular com dietas hiperprotéicas3,4.
A recomendação de ingestão protéica em pacientes com
DRC depende da taxa de filtração glomerular (TFG), sendo
avaliado normalmente pela depuração de creatinina². Os estágios da DRC são classificados de acordo com a TFG, sendo
demonstrados no Quadro 1.
Segundo a National Kidney Foundation K/DOQI Clinical
Practice Guidelines para Nutrição na Insuficiência Renal
Crônica (2000) é recomendada dieta hipoprotéica para pacientes
em pré-diálise, como forma de retardar o aparecimento de
sintomas urêmicos e a necessidade de tratamento dialítico, como
também melhorando as complicações metabólicas da uremia,
como neuropatia periférica, resistência à insulina, peroxidação
da camada lipídica eritrocitária e osteodistrofia4.
Por outro lado, uma dieta pobre em proteínas poderia
prejudicar o estado nutricional. No entanto, vários estudos têm
demonstrado que uma dieta hipoprotéica está associada a valores
normais de albumina, manutenção do balanço nitrogenado e
do estado nutricional, em pacientes em pré-diálise, devido à
capacidade de adaptação do organismo a essa nova condição5.
Quadro 1 – Classificação dos estágios da DRC.
Estágio
TFG (ml/
min/1,73m²)
Descrição
1
> 90
Dano renal com a taxa de
filtração normal ou aumentada
2
60 - 89
Dano renal com leve
redução da TFG
3
30 - 59
Uma redução moderada
da TFG
4
15 - 29
Redução grave da TFG
5
< 15
Insuficiência renal terminal
Nas fases mais avançadas de insuficiência renal, quando a
TFG é menor que 25ml/min/1,73m², além da dieta hipoprotéica
convencional de 0,6g/kg/dia, pode-se optar por ofertar uma dieta
muito restrita em proteínas (0,3g/kg/dia) e suplementar com uma
mistura de aminoácidos essenciais e/ou cetoácidos6,7.
Um autor refere ser possível uma dieta hipoprotéica com 0,8g/
kg/dia para pacientes em pré-diálise, divergindo as recomendações do K/DOQI8.
A população de pacientes renais crônicos tem aumentado cada
vez mais, sendo um fato preocupante para os profissionais da saúde
em relação às complicações da doença, principalmente ao estado
nutricional e à ingestão protéica. Poucos estudos têm documentado
a relação entre a progressão da insuficiência renal e a ingestão de
proteína dietética e outros índices de desnutrição. Assim, é necessário buscar conhecimento sobre o efeito da proteína na influência
do quadro clínico do indivíduo, na morbi-mortalidade, na composição corporal, no estado nutricional e na ingestão alimentar.
Sendo assim, este artigo pretende abordar o papel das proteínas na progressão da doença renal crônica, avaliando as quantidades atualmente recomendadas e sua relação com o estado
nutricional, possíveis complicações e mortalidade de pacientes
renais crônicos em estágio 3 e 4.
MÉtodo
A pesquisa compreendeu uma revisão sistemática da literatura. Para tal, os artigos científicos utilizados foram selecionados
nas seguintes bases de dados: PUBMED, LILACS, SCIELO,
GOOGLE ACADÊMICO e BIREME. Os descritores utilizados
na busca de dados foram: “doença renal crônica, pré-diálise, insuficiência renal crônica, ingestão protéica, mortalidade, progressão
da doença renal”, nos idiomas: português, inglês e espanhol,
compreendendo as publicações de 2002 até 2009. Entretanto,
ressalta-se que publicações clássicas e de grande destaque sobre
o assunto foram utilizadas, independente do ano de publicação.
Desenvolvimento
A restrição dietética de proteína tem sido descrita em ensaios
clínicos e meta-análises como um fator de retardo da necessidade
de terapia renal substitutiva9. Segundo o K/DOQI10, para uma TFG
menor que 25ml/min/1,73m², é indicado 0,6g de proteínas/kg/dia,
porém para pacientes que apresentam dificuldade de adesão ao
tratamento, é preconizado 0,75g/kg/dia. Para os pacientes diabéticos descompensados, que se encontram em estado catabólico,
devido a estimulação da degradação protéica e supressão da
síntese protéica, as recomendações são de 0,7-0,8g/kg/dia, para
manter o balanço nitrogenado adequado10. O Quadro 2 resume
essas recomendações.
Quadro 2 – Recomendações protéicas de
acordo com o K/DOQI.
Pacientes
Recomendação
Protéica
TFG: 30 – 59ml/min (estágio 3)
0,6 – 0,8g/kg/dia
TFG < 25ml/min (estágio 4)
0,6 – 0,75g/kg/dia
Dificuldade de adesão ao tratamento
0,75g/kg/dia
Diabéticos descompensados
0,7 – 0,8g/kg/dia
Fonte: Silva & Mura2.
Fonte: Silva & Mura2.
Rev Bras Nutr Clin 2011; 26 (3): 216-21
217
Cichacewski CLR & Leinig CE
A seguir, discutem-se informações sobre as recomendações de
ingestão protéica, enfatizando-se dados do estudo Modificação de
Dieta em Doença Renal (Modification of Diet in Renal Disease
– MDRD), efeitos na progressão da doença, suplementação com
cetoácidos ou aminoácidos essenciais e efeitos sobre a mortalidade
de pacientes com doença renal crônica.
Ingestão Protéica e a Progressão da Doença Renal
A progressão da insuficiência renal é associada a uma diminuição espontânea na ingestão de proteína, especialmente com um
clearance de creatinina abaixo de 25 ml/min, em que a maioria
dos índices nutricionais em pacientes com DRC pode piorar11,12.
Em um estudo de seguimento realizado por Duenhas et al.13,
envolvendo 487 pacientes com DRC no estágio 3 e 4, divididos
conforme clearance de creatinina e avaliados segundo índice de
massa corporal, porcentagem de peso corporal ideal e circunferência muscular do braço, conclui-se que há redução espontânea
na ingestão de energia e proteínas, assim como se observa diminuição da progressão da doença nos pacientes, sem necessidade
de intervenção dietética.
Em pacientes não renais, o excesso de proteína na dieta causa
alterações adaptativas no tamanho e na função do rim. Outro autor
não associa a alta ingestão protéica com declínio da função renal em
mulheres com função renal normal. Mas, quando há insuficiência
renal, o declínio da TFG pode aumentar rapidamente14.
Em estágios mais avançados da insuficiência renal, o nível de
ureia e creatinina elevados fazem o paciente reduzir naturalmente
a ingestão de proteína dietética. Muitas vezes, o paciente já chega
aos profissionais da saúde em um estado muito avançado da doença,
desta forma, uma restrição protéica deve ser realizada, a fim de
melhorar os sintomas urêmicos e o seu estado nutricional2.
Os benefícios ou danos causados por dietas de baixa proteína
para pacientes com doença renal crônica têm gerado discussões
ao longo das décadas. A Tabela 1 sintetiza os resultados de alguns
estudos sobre o assunto.
Ainda existem várias controvérsias em relação ao fato de
uma dieta baixa em proteína retardar a progressão da doença
renal. Vários estudos afirmam que uma dieta hipoprotéica oferece
diversos benefícios aos pacientes, como melhora dos níveis de
creatinina, ureia sérica e o estado nutricional e atrasa o início da
diálise. Por outro lado, muitas outras pesquisas relatam que este
tipo de dieta não altera a progressão da DRC e ainda pode levar o
paciente a complicações como desnutrição.
Proteína da Soja
Alguns estudos experimentais sugerem que a progressão
da DRC é mais lenta em dietas à base de proteínas de origem
vegetal, como a soja, do que a de origem animal23,24. O estudo
que testou esta teoria comparou proteína de soja com proteína
animal (cada uma contendo 0,75 g de proteínas e 32 kcal por
quilograma de peso corporal), em 15 pacientes em estágio 3
e 4, durante 6 meses. Os resultados demonstraram não haver
diferenças no estado nutricional e nível de albumina sérica nas
duas dietas, porém observou-se diminuição da ureia sérica,
ureia urinária, creatinina e fosfato nos pacientes que utilizaram
a dieta a base de soja em comparação com a proteína de origem
animal24.
Fair et al.24 realizaram um estudo comparando a caseína com a
proteína da soja na progressão da doença renal, em ratos, durante 1
a 3 semanas. Os rins foram avaliados para a fibrose, o crescimento
do cisto, composição de ácidos graxos e prostaglandina E2. A
alimentação com a proteína de soja reduziu significativamente a
fibrose renal em 22% (P=0,0347) e 38% (P=0,0102) após 1 a 3
semanas de dieta, e o crescimento de cisto foi 34% menor após 3
semanas (P<0,0001). Estes dados demonstram que a proteína de
soja na dieta em comparação com a caseína atrasa a progressão da
doença numa fase precoce de doenças renais crônicas.
A dieta com proteína da soja é bem tolerada pela maioria
das pessoas, podendo ser uma substituta da proteína animal em
pacientes com DRC sem oferecer riscos ao mesmo
Tabela 1 – Síntese dos Resultados Obtidos dos Estudos Sobre Dieta Hipoprotéica e a Progressão da Doença Renal.
Autores
N
Restrição Protéica
Resultados
Meta-análise
112
0,6g/kg 0,3g/kg
+ cetoácidos
Reduz a morbidade, preserva a função renal, alivia os sintomas
urêmicos, melhora o estado nutricional
122
0,6g/kg
Adia o início da diálise por seis meses
169
0,6g/kg
Reduz a obesidade e IMC em pacientes com nefropatia diabética
456
Revisão
0,6g/kg
Não existem dados suficientes para garantir a segurança ou
comprovar que retarda a progressão da DRC
1585
0,58g/kg
Não provou significativamente retardar a progressão da doença
renal crônica
Meta-análise
0,6g/kg
A restrição de proteína diminuiu a taxa de declínio da TFG estimada
em apenas 0,53ml/min/ano, sendo considerado declínio de baixa
magnitude
Lim et al.6
Revisão
< 0,8g/kg 50%
PAVB
Risco de desnutrição e seu aumento associado na mortalidade
Wingen et al. 21;
Kist-van Holthe
Tot Echten et al. 22
191 56
0,8 – 1,1g/kg em
crianças
Não afeta a diminuição da função renal
Pedrini et al.14;
Brunori et al.15
Eyre et al.16
Meloni et al.
17
Locatelli et al.18;
Mandayam & Mitch19
Klahr et al.20
Kasiske et al.7
Rev Bras Nutr Clin 2011; 26 (3): 216-21
218
O papel das proteínas dietéticas na progressão da doença renal crônica de pacientes em estágio três e quatro
.O Estudo MDRD
O estudo multicêntrico Modificação de Dieta em Doença
Renal5 (Modification of Diet in Renal Disease – MDRD) avaliou
840 pacientes com DRC. Os pacientes foram separados em dois
grupos. No primeiro, foram avaliados 585 pacientes com DRC
com TFG entre 25-55ml/min/1,73m², que foram randomizados
para dietas com diferentes quotas protéicas: 1,3g/kg e 0,58g/kg
com 65% de PAVB. Os grupos também foram separados quanto
aos níveis de pressão arterial, normal ou baixa. A ingestão de
proteínas e aminoácidos foi medida a cada 2 meses, a partir da taxa
de excreção de nitrogênio e ureia em coletas de urina de 24 horas.
Após três anos de estudo, não foi observada diferença significativa
na taxa de declínio da TFG entre os grupos, entretanto, o grupo que
deveria receber 1,3g/kg ingeriu em média 1,13g/kg de proteína e
o outro grupo de 0,58g/kg por dia ingeriu 0,8g/kg, sendo uma das
limitações do estudo.
O segundo grupo do MDRD analisou 255 pacientes com DRC
com TFG entre 13-24ml/min/1,73m². Os pacientes foram randomizados a receber dieta com 0,58g/kg/dia e 0,3g/kg/dia adicionada
com aminoácidos essenciais e cetoácidos. Os grupos também foram
separados quanto aos níveis de pressão arterial normal ou baixa
e a ingestão de proteínas também foi mensurada através da ureia
urinária. Novamente não houve diferenças na taxa de declínio da
TFG entre os grupos de dieta e pressão arterial. Também, não foi
cumprida a proposta inicial da dieta do estudo, sendo observada
uma ingestão média de 0,73g/kg no grupo de 0,58g/kg e de 0,66g/
kg/dia no grupo de dieta muito restrita em proteínas suplementada
com aminoácidos essenciais e cetoácidos.
Segundo Kopple26, as dietas de baixa proteína utilizadas pelo
estudo MDRD são seguras por períodos de dois a três anos. Porém,
o consumo de proteínas e energia diminuiu e, apesar desta diminuição ser pequena, foi significativa em vários índices do estado
nutricional. Estas quedas são preocupantes, devido aos efeitos
adversos da desnutrição calórico-protéica em pacientes em estágio
final da doença renal crônica.
O estudo MDRD foi o maior estudo clínico randomizado para
testar a hipótese de que a restrição de proteínas retarda a progressão
da doença renal crônica. No entanto, os resultados preliminares
publicados em 1994 não foram conclusivos quanto à eficácia desta
intervenção. Desde então, várias análises secundárias ao MDRD
foram realizadas para esclarecer o efeito da restrição protéica sobre
a taxa de declínio da taxa de filtração glomerular, da excreção de
proteína na urina, e início da fase final da doença renal.
Devido ao fato dos pacientes do estudo MDRD não terem
seguido as orientações de quantidade de proteínas a serem ingeridas, seus resultados foram inconclusivos, necessitando assim de
outras pesquisas para obter resultados sobre a restrição protéica e
a progressão da DRC.
Suplementação com Cetoácidos ou Aminoácidos Essenciais
Em uma dieta muito restrita em proteínas, pode haver deficiência de aminoácidos essenciais e, assim, deteriorar o estado nutricional do paciente. Os cetoanálogos ou cetoácidos compreendem
a mesma cadeia carbônica de um aminoácido essencial, mas sem
o grupamento amino. Para que este cetoácido possa ser utilizado
como um aminoácido, ele recebe o grupamento amino do fígado.
Assim, é possível obter um aminoácido completo e também utilizar
o excesso de nitrogênio circulante no organismo, reduzindo assim
a toxicidade urêmica².
A Tabela 2 demonstra os resultados das pesquisas que utilizaram a suplementação de cetoácidos junto à dieta hipoprotéica.
Atualmente, no Brasil, o suplemento mais conhecido e recomendado pelos profissionais da saúde é o Ketosteril®, da Fresenius
Kabi, composto por aminoácidos essenciais e cetoácidos. O custo
de uma caixa com 100 tabletes é de 360,06 reais, sendo recomendado o uso de 4 a 8 tabletes ao dia.
Apesar dos efeitos benéficos, a utilização de cetoácidos não é
frequentemente empregada na prática clínica, devido ao alto custo
e à baixa adesão dos pacientes à restrição dietética.
Restrição Protéica e sua Influência no Estado Nutricional
A restrição dietética de proteína levanta algumas preocupações
em relação à manutenção do estado nutricional. Apesar de mais
de 100 anos de experiências com dietas de baixa proteína para
evitar as complicações da DRC, essa estratégia é muitas vezes
negligenciada. As razões dadas para evitar a manipulação dietética
incluem a possibilidade de que os pacientes irão perder peso e
massa muscular33.
A desnutrição se refere às anomalias causadas por uma
dieta insuficiente ou desequilibrada e, portanto, deve ser curada
Tabela 2 – Síntese de Resultados Obtidos de Estudos Sobre a Utilização de dieta Hipoprotéica Associada à Suplementação
de Cetoácidos.
N
Restrição Protéica
Resultados
Chang et al.10;
Prakash et al.27;
Teplan et al.28;
Molnár et al.29;
Zakar30;
Chauveau et al.31
Autores
20
34
38
51
223
13
0,3g/kg +
cetoácidos
Impede a desnutrição protéica, preserva o estado nutricional, melhora os
parâmetros nutricionais e auxilia na prevenção da progressão da DRC
Feiten et al.32;
Mircescu et al.33
24
53
0,3g/kg + cetoácidos
Melhora a retenção de nitrogênio, distúrbios do metabolismo de cálcio
e fósforo, adia o início de diálise
Walser et al.34
16
0,3g/kg + aminoácidos essenciais em pacientes com
síndrome nefrótica
A proteinúria diminuiu, a albumina sérica média aumentou, o colesterol sérico médio diminuiu
Ikizler et al.12
90
0,3g/kg sem suplementação
Previne a deterioração da função renal e mantém a função renal
Rev Bras Nutr Clin 2011; 26 (3): 216-21
219
Cichacewski CLR & Leinig CE
simplesmente aumentando a proteína e outros nutrientes da
alimentação. Os problemas metabólicos atribuídos à desnutrição
em pacientes com DRC são, de fato, causadas por complicações
da DRC, e não por uma dieta inadequada. A hipoalbuminemia e
a atrofia muscular são frequentemente encontradas em pacientes
com DRC. Os valores baixos de albumina sérica estão relacionados
com a presença de inflamação. A atrofia muscular é decorrente
do estado catabólico caracterizado pela diminuição da gordura
corporal e anormalidades no metabolismo de proteínas levando a
uma perda progressiva da massa magra1,2 .
Um estudo realizado por Chauveau et al.31 analisou o curso do
estado nutricional e composição corporal, a longo prazo (2 anos)
em pacientes em estágio 4, recebendo 0,3 g/kg de proteína/dia
suplementadas com aminoácidos e cetoácidos. A TFG, albumina,
e níveis de pré-albumina permaneceram estáveis. Nenhuma alteração significativa foi observada para a massa total de gordura ou
porcentagem de gordura corporal. Após uma queda inicial, massa
magra estabilizou em 6 meses e, em seguida, aumentou significativamente de 6 a 24 meses, o aumento médio neste período foi de
2 kg, ou seja, 4,6%.
Uma pesquisa que avaliou uma dieta pobre em proteínas
(0,6g/kg/dia) e uma dieta muito pobre em proteínas (0,3g/kg/dia)
suplementada com cetoácidos, em 28 pacientes não diabéticos em
estágio 4, chegou à conclusão que não houve diferença entre as duas
dietas em relação a massa muscular, bem como a antropometria
e dados de bioimpedância. A utilização de um regime alimentar
adequado, incluindo a rígida restrição da ingestão de proteína,
pode preservar a massa corporal magra e do estado nutricional
de pacientes com DRC avançada. Ainda afirma que atividade
física regular e uma monitorização clínica e dietética devem ser
recomendadas para o tratamento de pacientes em pré-diálise33.
Eyre et al.16 chegaram à conclusão de que o tratamento com uma
dieta pobre em proteínas não afeta negativamente a composição
corporal. No entanto, a dieta hipoprotéica não deve ser introduzida
em pacientes com complicações, por exemplo, acidose, septicemia,
e ao tratamento cirúrgico, também não deve ser continuada em
doentes que são incapazes de aderir a uma prescrição de dieta. Além
disso, deve ser introduzida com muita cautela em pacientes com
um tempo de espera para diálise de menos de 4 meses, devido a
uma redução inicial de peso corporal e / ou massa livre de gordura.
A redução de massa muscular encontrada em pacientes em prédiálise está relacionada ao catabolismo da DRC e não à restrição
de proteína dietética. Os estudos que analisaram essas informações
concluíram que uma dieta hipoprotéica pode acarretar algumas
alterações leves na massa muscular, porém que se estabilizam com
o tempo e o estado nutricional é mantido.
Mortalidade e Complicações versus Dieta Hipoprotéica
na DRC
Muitos pacientes em pré-diálise acabam morrendo antes
mesmo de iniciar a diálise, devido aos sintomas urêmicos (anorexia,
náuseas, vômitos), desnutrição, depressão e demora a procurar
auxílio médico, desta forma, a prevenção com terapia nutricional
adequada é importante para melhorar a sobrevida destes pacientes34.
Em um estudo de meta-análise com oito ensaios clínicos,
envolvendo 1524 pacientes no total com DRC, comparou-se o teor
protéico das dietas, sendo 763 pacientes com dieta hipoprotéica
e 761 com dieta hiperprotéica, seguidos por pelo menos um ano.
Observou-se que, nos pacientes com dieta hipoprotéica, houve
redução na ocorrência de morte em até 31% em comparação
aos pacientes com dieta hiperprotéica. Porém, o nível adequado
de ingestão protéica não pode ser confirmado pelos estudos
analisados35.
Hansen et al.36 observaram, em um estudo realizado por
quatro anos, com pacientes diabéticos, que dos que receberam a
dieta normoprotéica, 27% foram a óbito ou desenvolveram DRC
terminal em comparação a 10% dos com a dieta pobre em proteínas
(0,6g/kg/dia), demonstrando assim que uma restrição moderada
de proteínas melhora o prognóstico de diabéticos do tipo 1 com
nefropatia diabética progressiva.
Um estudo experimental controlado, duplo cego, analisou 38
cachorros com insuficiência renal crônica, durante dois anos. Os
cães foram randomizados para receber dietas com quantidades
protéicas diferentes, uma normoprotéica (ração com 25% de
proteína) e outra hipoprotéica (ração com 14% de proteína), sendo
notado que a dieta hipoprotéica retardou os sintomas urêmicos e
a mortalidade, além de diminuir o declínio da TFG e a progressão
da doença37.
Menon et al.4 verificaram o efeito de uma dieta baixa e muito
baixa em proteínas no desenvolvimento de insuficiência renal e
morte durante o seguimento do estudo MDRD (1989 – 1993) em
pacientes com TFG de 13 a 24ml/min/1,73m². Foi verificado que,
no grupo de baixa proteína, 117 (90,7%) participantes apresentaram progressão da doença e 30 (23,3%) morreram. No grupo de
muito baixa proteína, 110 (87,3%) participantes progrediram e 49
(38,9%) morreram. Não houve diferença entre os grupos de dieta
no risco de morte antes de insuficiência renal, no entanto, a dieta
de muito baixa proteína foi associada com duas vezes mais risco de
morte subsequente à insuficiência renal. Desta forma, a atribuição
de uma dieta muito pobre em proteínas não retarda a progressão
para insuficiência renal, mas parece aumentar o risco de morte.
A restrição de proteínas na dieta pode melhorar o prognóstico
dos pacientes, reduzindo a mortalidade e melhorando a sobrevida
renal, porém ainda não se pode confirmar o nível ótimo de ingestão
protéica.
Conclusão
Este estudo analisou diversas pesquisas sobre a relação de
uma dieta baixa em proteína e seu efeito na progressão da doença
renal. Muitas pesquisas relatam que este tipo de dieta não altera a
progressão da DRC e ainda pode levar o paciente a complicações
nutricionais. Por outro lado, outras chegaram à conclusão de que
a dieta hipoprotéica oferece diversos benefícios aos pacientes,
reduzindo a mortalidade e melhorando a sobrevida renal, principalmente quando associado à suplementação de cetoácidos. A dieta
com proteína da soja também pode ser sugerida aos pacientes como
substituta da proteína animal. São necessários estudos mais qualificados (duplo-cego, multicêntrico, randomizados) para chegar a
uma conclusão e poder afirmar que uma dieta hipoprotéica pode
ou não retardar a progressão da doença renal.
Recomendações terapêuticas para pacientes com doença
renal tornaram-se cada vez mais importantes porque é projetado
o aumento no futuro do número de pacientes com DRC. O aconselhamento dietético deve ser uma parte integrante da terapia da
DRC, apesar de ainda não se chegar a um consenso da quantidade
ideal de proteína a ser ingerida.
Rev Bras Nutr Clin 2011; 26 (3): 216-21
220
O papel das proteínas dietéticas na progressão da doença renal crônica de pacientes em estágio três e quatro
REFERÊNCIAS
1. Escott-Stump S. Nutrição relacionada ao diagnóstico e tratamento. São
Paulo:Manole;2007.
2. Silva SMCS, Mura JDP. Tratado de alimentação, nutrição & dietoterapia.
São Paulo:Roca;2007.
3. Brenner BM, Meyer TW, Hostetter TH. Dietary protein intake and the
progressive nature of kidney disease: the role of hemodynamically mediated glomerular injury in the pathogenesis of progressive glomerular
sclerosis in aging, renal ablation, and intrinsic renal disease. N Engl J
Med. 1982;307(11):652-9.
4. Menon V, Kopple JD, Wang X, Beck GJ, Collins AJ, Kusek JW, et al.
Effect of a very low-protein diet on outcomes: long-term follow-up of
the Modification of Diet in Renal Disease (MDRD) Study. Am J Kidney
Dis. 2009;53(2):208-17.
5. The Modification of Diets in Renal Disease Study: design, methods, and
results from the feasibility study. Am J Kidney Dis. 1992;20(1):18-33.
6. Lim VS, Flanigan MJ. Protein intake in patients with renal failure:
comments on the current NKF-DOQI guidelines for nutrition in chronic
renal failure. Semin Dial. 2001;14(3):150-2.
7. Kasiske BL, Lakatua JD, Ma JZ, Louis TA. A meta-analysis of the effects
of dietary protein restriction on the rate of decline in renal function. Am
J Kidney Dis. 1998;31(6):954-61.
8. National Kidney Foundation. K/DOQI. Practice guidelines for nutrition
in chronic renal failure. Am J Kidney Dis. 2000;35(6)Suppl 2.
9. Ideura T, Shimazui M, Morita H, Yoshimura A. Protein intake of more
than 0,5 g/kg BW/day is not effective in suppressing the progression of
chronic renal failure. Contrib Nephrol. 2007;155:40-9.
10. Chang JH, Kim DK, Park JT, Kang EW, Yoo TH, Kim BS, et al. Influence
of ketoanalogs supplementation on the progression in chronic kidney
disease patients who had training on low-protein diet. Nephrology
(Carlton). 2009;14(8):750-7.
11. Aparicio M, Chauveau P, De Précigout V, Bouchet JL, Lasseur C, Combe
C. Nutrition and outcome on renal replacement therapy of patients with
chronic renal failure treated by a supplemented very low protein diet. J
Am Soc Nephrol. 2000;11(4):708-16.
12. Ikizler TA, Greene JH, Wingard RL, Parker RA, Hakim RM. Spontaneous dietary protein intake during progression of chronic renal failure.
J Am Soc Nephrol. 1995;6(5):1386-91.
13. Duenhas MR, Draibe SA, Avesani CM, Sesso R, Cuppari L. Influence of
renal function on spontaneous dietary intake and on nutritional status of
chronic renal insufficiency patients. Eur J Clin Nutr. 2003;57(11):1473-8.
14. Pedrini MT, Levey AS, Lau J, Chalmers TC, Wang PH. The effect of
dietary protein restriction on the progression of diabetic and nondiabetic
renal diseases: a meta-analysis. Ann Intern Med. 1996;124(7):627-32.
15. Brunori G, Viola BF, Parrinello G, De Biase V, Como G, Franco V, et al.
Efficacy and safety of a very-low protein diet when postponing dialysis
in the elderly: a prospective randomized multicenter controlled study.
Am J Kidney Dis. 2007;49(5):569-80.
16. Eyre S, Attman PO, Haraldsson B. Positive effects of protein restriction
in patients with chronic kidney disease. J Ren Nutr. 2008;18(3):269-80.
17. Meloni C, Tatangelo P, Cipriani S, Rossi V, Suraci C, Tozzo C, et al.
Adequate protein dietary restriction in diabetic and nondiabetic patients
with chronic renal failure. J Ren Nutr. 2004;14(4):208-13.
18. Locatelli F, Alberti D, Graziani G, Buccianti G, Redaelli B, Giangrande
A. Prospective, randomised, multicentre trial of effect of protein restriction on progression of chronic renal insufficiency. Northern Italian
Cooperative Study Group. Lancet. 1991;337(8753):1299-304.
19. Mandayam S, Mitch WE. Dietary protein restriction benefits patients
with chronic kidney disease. Nephrology (Carlton). 2006;11(1):53-7.
20. Klahr S, Levey AS, Beck GJ, Caggiula AW, Hunsicker L, Kusek JW, et
al. The effects of dietary protein restriction and blood-pressure control on
the progression of chronic renal disease. Modification of Diet in Renal
Disease Study Group. N Engl J Med. 1994;330(13):877-84.
21. Wingen AM, Fabian-Bach C, Schaefer F, Mehls O. Randomised multicentre study of a low-protein diet on the progression of chronic renal
failure in children. European Study Group of Nutritional Treatment of
Chronic Renal Failure in Childhood. Lancet. 1997;349(9059):1117-23.
22. Kist-van Holthe tot Echten JE, Nauta J, Hop WC, de Jong MC, ReitsmaBierens WC, Ploos van Amstel SL, et al. Protein restriction in chronic
renal failure. Arch Dis Child. 1993;68(3):371-5.
23. Soroka N, Silverberg DS, Greemland M, Birk Y, Blum M, Peer G,
et al. Comparison of a vegetable-based (soya) and an animal-based
low-protein diet in predialysis chronic renal failure patients. Nephron.
1998;79(2):173-80.
24. Fair DE, Ogborn MR, Weiler HA, Bankovic-Calic N, Nitschmann EP,
Fitzpatrick-Wong SC, et al. Dietary soy protein attenuates renal disease
progression after 1 and 3 weeks in Han:SPRD-cy weanling rats. J Nutr.
2004;134(6):1504-7.
25. Levey AS, Greene T, Beck GJ, Caggiula AW, Kusek JW, Hunsicker
LG, et al. Dietary protein restriction and the progression of chronic
renal disease: what have all the results of the MDRD study shown?
Modification of Diet in Renal Disease Study Group. J Am Soc Nephrol.
1999;10(11):2426-39.
26. Kopple JD, Levey AS, Greene T, Chumlea WC, Gassman JJ, Hollinger DL, et al. Effect of dietary protein restriction on nutritional status
in the Modification of Diet in Renal Disease Study. Kidney Int.
1997;52(3):778-91.
27. Prakash S, Pande DP, Sharma S, Sharma D, Bal CS, Kulkarni H. Randomized, double-blind, placebo-controlled trial to evaluate efficacy of
ketodiet in predialytic chronic renal failure. J Ren Nutr. 2004;14(2):89-96.
28. Teplan V, Schück O, Votruba M, Poledne R, Kazdová L, Skibová J,
et al. Metabolic effects of keto acid--amino acid supplementation in
patients with chronic renal insufficiency receiving a low-protein diet
and recombinant human erythropoietin--a randomized controlled trial.
Wien Klin Wochenschr. 2001;113(17-18):661-9.
29. Molnár M, Szekeresné Izsák M, Nagy J, Figler M. The effect of lowprotein diet supplemented with ketoacids in patients with chronic renal
failure]. Orv Hetil. 2009;150(5):217-24.
30. Zakar G; Hungarian Ketosteril Cohort Study. The effect of a keto
acid supplement on the course of chronic renal failure and nutritional
parameters in predialysis patients and patients on regular hemodialysis therapy: the Hungarian Ketosteril Cohort Study. Wien Klin
Wochenschr. 2001;113(17-18):688-94.
31.Chauveau P, Vendrely B, El Haggan W, Barthe N, Rigalleau
V, Combe C, et al. Body composition of patients on a very
low-protein diet: a two-year survey with DEXA. J Ren Nutr.
2003;13(4):282-7.
32. Feiten SF, Draibe SA, Watanabe R, Duenhas MR, Baxmann AC, Nerbass
FB, et al. Short-term effects of a very-low-protein diet supplemented
with ketoacids in nondialyzed chronic kidney disease patients. Eur J
Clin Nutr. 2005;59(1):129-36.
33. Mircescu G, Gârneaţă L, Stancu SH, Căpuşă C. Effects of a supplemented hypoproteic diet in chronic kidney disease. J Ren Nutr.
2007;17(3):179-88.
34. Walser M, Hill S, Tomalis EA. Treatment of nephrotic adults with a supplemented, very low-protein diet. Am J Kidney Dis. 1996;28(3):354-64.
35. Fouque D, Laville M, Boissel JP. Low protein diets for chronic
kidney disease in non diabetic adults. Cochrane Database Syst Rev.
2006;(2):CD001892.
36. Hansen HP, Tauber-Lassen E, Jensen BR, Parving HH. Effects of dietary
protein restriction on prognosis in patients with diabetic nephropathy.
Kidney Int. 2002;62(1):220-8.
37. Jacob F, Polzin DJ, Osborne CA, Allen TA, Kirk CA, Neaton JD,
et al. Clinical evaluation of dietary modification for treatment of
spontaneous chronic renal failure in dogs. J Am Vet Med Assoc.
2002;220(8):1163-70.
Local de realização do trabalho: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.
Rev Bras Nutr Clin 2011; 26 (3): 216-21
221