Notícias Científicas Stent com rapamicina previne reestenose coronária O s stents representam uma opção de valor comprovado para o tratamento da doença coronária. Essas próteses metálicas reduziram as taxas de reestenose coronária comparadas com a angioplastia coronária. A etiopatogenia da reestenose após implante de stents se traduz na proliferação neo-intimal intensificada após o implante dos mesmos. A redução dessa proliferação neo-intimal não é possível com a utilização de fármacos por via sistêmica, devido à baixa concentração alcançada por eles no local da injúria arterial. O uso da braquiterapia trouxe resultados satisfatórios no controle da reestenose intrastent. Entretanto, vários trabalhos recentemente apresentados demonstraram complicações indesejáveis que limitam a aplicação dessa técnica. Há cerca de 16 meses, trabalhou-se testando a hipótese da redução da hiperplasia intimal após o implante de stents revestidos com uma substância antiproliferativa. O fármaco utilizado para o revestimento do Stent Bx VelocityTM da Johnson & Johnson foi a rapamicina, um antibiótico macrolídeo, com propriedades antiproliferativas por impedir a progressão do ciclo celular. A Johnson & Johnson produziu esses stents em duas formulações de liberação: uma rápida, em que a maior parte do fármaco é liberado até uma semana após o implante, e outra lenta, com a liberação ocorrendo até quatro semanas após o implante. Para testar essa hipótese, comparou-se o volume tecidual crescido intra-stent em dois grupos de 15 pacientes tratados, respectivamente, com stent revestido com rapamicina com liberação rápida (primeiro grupo) e stent revestido com liberação lenta (segundo grupo). A análise da hiperplasia intimal, aos quatro meses e um ano, foi realizada por meio do ultra-som intracoronário e expressa em milímetros cúbicos. A perda tardia da luz arterial, também aos quatro meses e um ano, foi calculada por meio da angiografia coronária quantitativa e expressa em milímetros. Os eventos cardíacos tardios não ocor- Defesa de tese A tese “Padrão de fluxo e reserva da circulação arterial coronária direita em portadores de cardiomiopatia com disfunção do ventrículo esquerdo” foi apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP) para obtenção do título de doutor em medicina, área de concentração – programa de pós-graduação em cardiologia, por Pedro Graziosi. A tese, cujo orientador foi Jose A. F. Ramires, foi defendida e aprovada em 14 de março de 2001. Outro trabalho também defendido na FM/USP foi a tese de doutorado “Hipertrofia ventricular esquerda do atleta. Resposta adaptativa fisiológica do coração”, cujo orientador foi Michel Batlouni. A tese foi apresentada em 16 de maio. reram em ambos os grupos. A angiografia coronária quantitativa demonstrou que os pacientes tratados nos dois grupos tiveram resultados imediatos semelhantes. O diâmetro mínimo da luz médio pós-procedimento foi de 2,83 mm (desvio-padrão: 0,32). No grupo dos stents revestidos com liberação rápida, foi 2,95 mm (dp: 0,32) e, no grupo dos stents revestidos com liberação lenta, 2,82 mm (dp: 0,40). Aos quatro meses de evolução, a análise angiográfica mostrou, nos pacientes com stent revestido de liberação rápida, perda média de 0,11 mm (dp: 0,11) e, naqueles de liberação lenta, de 0,05 mm (dp: 0,10). A análise ultra-sonográfica, com cálculo do volume intra-stent, mostrou mínimo grau de hiperplasia intimal, com 2,04 mm3 (dp: 3,89) para os de liberação rápida e 0,23 mm3 (dp: 0,89) para os de liberação lenta. Não foram constatados efeitos nos bordos dos stents, bem como quaisquer tipos de remodelamento. Apenas um paciente apresentou oclusão do vaso tratado 14 meses após o implante do stent, devido à presença de placa ateromatosa instável e que não fora anteriormente tratada pela pequena obstrução (30%) que causava no fluxo. Os stents recobertos com rapamicina demonstraram efetividade no tratamento das lesões coronárias e, aguardam-se os resultados dos estudos randomizados multicêntricos em andamento. J. Eduardo Sousa Diretor do Instituto Dante Pazzanese Circulation 2001;103:192-5 Gente Porto Alegre homenageia Mário Rigatto Por iniciativa do vereador Cláudio Sebenello, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, RS, instituiu a Travessia Mario Rigatto, homenageando um dos pesquisadores brasileiros precursores da luta antitabaco. A travessia une as zonas Norte e Sul da cidade, sobre o Riacho Ipiranga. A oficialização da homenagem ocorreu em 31 de maio, Dia Mundial da Luta Antitabaco. Na ocasião, foi entregue à comunidade uma obra da artista Glória Corbetta, e foram inauguradas as placas indicativas com o nome da travessia. A iniciativa teve o apoio de Rubem Rodrigues, criador da Fundação Universitária de Cardiologia. Jornal SBC • Maio / Junho 2001 21