LAERCIO APARECIDO SANCHES COESÃO FACULDADE DE ENSINO SÃO LUÍS NÚCLEO DE APOIO: TATUAPÉ JABOTICABAL -SP 2009 LAERCIO APARECIDO SANCHES COESÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Educação São Luís, como exigência parcial para a Conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Língua Portuguesa, Compreensão e Produção de Textos. Orientador: Prof. Dr. Luiz Roberto Wagner FACULDADE DE ENSINO SÃO LUÍS NÚCLEO DE APOIO: TATUAPÉ JABOTICABAL - SP 2009 DEDICATÓRIA A minha família , professores e colegas de trabalho , pela compreensão, solidariedade e incentivo aos estudos . AGRADECIMENTOS Aos professores e tutores, pela dedicação e disponibilidade nos momentos de orientação e esclarecimentos de dúvidas. Ao Prof. Dr. Luiz Roberto Wagner, por sua compreensão e orientação. Aos colegas de curso pela saudável convivência. Ao Tribunal Regional Federal da Terceira Região pelo incentivo a especialização. “O DESENVOLVIMENTO HUMANO EM TODAS AS ÁREAS ESTÃO CERTAMENTE BASEADAS EM COMUNICAR-SE CORRETAMENTE” Laercio Aparecido Sanches 6 RESUMO O presente trabalho apresenta as ferramentas fundamentais para a formação de um texto harmonioso e primordialmente voltado para o sentido , e compreensão do conteúdo. São apresentadas as formas de coesão e suas variações, bem como exemplos e citações de autores para melhor apoio e legitimidade do presente trabalho em suas considerações. A estrutura está baseada no organograma apresentado para melhor compreensão e apoio. Finalmente consideramos e explanamos os dois itens principais que são a coesão gramatical e lexical seguindo pelas variações a que cada item contém. No decorrer do presente trabalho, veremos a importância do título coesão para a formação de frases e textos corretamente e com sentido. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO..........................................................................................08 1 COESÃO.........................................................................................09 2 COESÃO GRAMATICAL..................................................................13 3 COESÃO LEXICAL..........................................................................15 4 COESÃO REFERENCIAL.................................................................16 5 COESÃO SEQUENCIAL...................................................................17 6 COESÃO POR SUBSTITUIÇÃO........................................................18 7 COESÃO POR ELIPSE.....................................................................19 8 COESÃO POR CONJUNÇÃO............................................................20 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................21 REFERÊNCIAS ................................................................................22 8 INTRODUÇÃO Um eficaz desempenho linguístico é o mais significativo indicador para que o ato de ler e produzir textos sejam realizados com competência. A boa leitura implica ser capaz de aprender os significados inscritos no interior de um texto e de correlacionar tais significados com o conhecimento de mundo que circula no meio social em que o texto é produzido. Todos nós somos portadores de uma quantidade expressiva de informações sobre quase todos os domínios de conhecimento, mas é imprescindível saber ordenar esses conhecimentos, estabelecer relações entre eles, utilizando-os corretamente como recursos argumentativos na sustentação de seus pontos de vista. Para que realmente se entenda a coesão é necessário ter um domínio da leitura , saber entender o texto e seus elementos que interagem dentro dele. 9 1 COESÃO Segundo Jamille M. Silva, conforme a estrutura do parágrafo, todo texto escrito pressupõe uma organização diferente do texto falado. Já sabemos que a sua forma e estruturação são essenciais para a clareza da comunicação da mensagem, entretanto, outros elementos também contribuem para que esse discurso seja bem sucedido. Coesão: “princípio que concerne aos modos como os componentes da superfície textual se conectam mutuamente, de sorte que todas as funções que podem ser usadas para sinalizar relações entre os elementos da superfície se incluem na noção de coesão. [...] não é decisiva por si mesma [...] uma comunicação eficiente depende da interação entre este e os outros fatores de textualidade”. (COSTA VAL, 2000, p. 38). - Coesão refere-se à estrutura de um texto formado pelos elementos interligados corretamente, resultando em lógica e compreensão final. Um texto coeso tem sentido e facilidade de leitura. O objetivo fundamental é a conectividade de todos os substantivos, pronomes, etc. para resultar em uma frase coerente com o sentido. Necessariamente deve-se explanar sobre coerência e coesão, pois ambas formam as ferramentas para a formação de um texto completo. - Coerência: refere-se à estrutura física dos elementos, ou seja a ligação para formar um texto composto por frases coesas ou somente palavras (verbos) sem ligação mas o titulo do texto seria a coerência para tornar todas as palavras interligadas e assim resultar em um texto coeso. - Coesão : é a associação dos elementos gramaticais com o objetivo de sentido e lógica de uma frase formadora do texto; Exemplos de coerência e coesão: 10 1-Suzana faz piano ( coesão textual) 2- Paulo trabalha em uma construtora ( coesão textual) 3- "Os alunos cujos pais colaboram são os esquecidos..." coesão textual Em 1 e 2, temos frases com sentido, mas sem interligação; no entanto, a frase 3 unifica as anteriores e forma um texto com coerência e sentido. A coesão textual pode-se conseguir mediante quatro procedimentos gramaticais elementares; 1- Substituição 2- Reiteração, 3- Conjunção, 4- Concordância, Halliday e Hasan (1976) (1) propõem cinco procedimentos: 1- Referencial 2- Substituição 3- Elipse 4- Conjunção 5- Léxico Marcushi ( 1983) (2) propõe quatro procedimentos: 1- Repetidores 11 2- Substituidores 3- Sequenciadores 4- Moduladores Fávero (1995) (3) propõe três procedimentos: 1- Referencial 2- Recorrencial 3- Sequencial A coerência, segundo Ingedore G.V.Koch (2008) (4), depende de três formadores que são: 1- elementos linguísticos ( conhecimento e uso) 2- conhecimento do mundo ( largamente explorado pela semântica cognitiva ou processual) 3- fatores pragmáticos e interacionais São variadas as maneiras como os diversos autores descrevem e classificam os mecanismos de coesão. Consideramos que é necessário perceber como esses mecanismos estão presentes no texto (quando estão) e de que maneira contribuem para sua tecitura, sua organização. Para Mira Mateus (1983), "todos os processos de sequencialização que asseguram (ou tornam recuperável) uma ligação linguística significativa entre os 12 elementos que ocorrem na superfície textual podem ser encarados como instrumentos de coesão." Esses instrumentos se organizam da seguinte forma: Para melhor condução e entendimento do presente trabalho, seguiremos o fluxograma abaixo. 13 2 COESÃO GRAMATICAL Para a formação do sentido textual utilizando as ferramentas gramaticais, devemos citar os mecanismos de coesão. Apresentamos os tipos e suas variações de coesão para formação de texto. Tipos de coesão gramatical. 1- Coesão Frásica: este tipo de coesão estabelece uma ligação significativa entre os componentes da frase, com base na concordância entre o nome e seus determinantes, entre o sujeito e o verbo, entre o sujeito e seus predicadores, na ordem dos vocábulos na oração, na regência nominal e verbal. 2- Coesão Interfrásica: designa os variados tipos de interdependência semântica existente entre as frases na superfície textual. Essas relações são expressas pelos conectores ou operadores discursivos. É necessário, portanto, usar o conector adequado à relação que queremos expressar. Ainda dentro da coesão interfrásica, existe o processo de justaposição, em que a coesão se dá em junção da sequência do texto, da ordem em que as informações, as proposições, os argumentos vão sendo apresentados. Quando isto acontece, ainda que os operadores não tenham sido explicitados, eles são depreendidos da relação que está implícita entre as partes da frase. 3- Coesão Temporal: uma sequência só se apresenta coesa e coerente quando a ordem dos enunciados estiver de acordo com aquilo que sabemos ser 14 possível de ocorrer no universo a que o texto se refere, ou no qual o texto se insere. Se essa ordenação temporal não satisfizer essas condições, o texto apresentará problemas no seu sentido. A coesão temporal é assegurada pelo emprego adequado dos tempos verbais, obedecendo a uma sequência plausível, ao uso de advérbios que ajudam a situar o leitor no tempo (são, de certa forma, os conectores temporais). 4- Coesão Referencial: este tipo de coesão, um componente da superfície textual referencia a outro componente já ocorrido no texto, podendo ser anafórica e catafórica. - anafórica: na mesma frase referencia o mesmo indivíduo. - catafórica: na mesma frase referencia o mesmo assunto e não um indivíduo. 15 3 COESÃO LEXICAL Nesse tipo, usamos termos que retomam vocábulos ou expressões que já ocorreram, porque existem entre eles traços semânticos, até mesmo opostos. Dentro da coesão lexical, podemos distinguir a reiteração e a substituição. 1- Reiteração: ocorre a repetição de expressões linguísticas; neste caso, existe identidade de traços semânticos. 2- Substituição: ocorre quando um item é colocado no lugar do outro elemento dentro de um texto ou de uma oração completa.Na substituição o item a ser colocado ou substituído terá uma especificação nova ou a ser acrescentada. Podemos usar a sinonímia, antonímia, hiperonímia e hiponímia. - sinonímia: uso de sinônimos para evitar repetição no texto; exemplo, carro e automóvel. - antônimo: o inverso; exemplo, alto – baixo, aberto-fechado. - hiperonímia: palavra que abrange o significado por um todo do qual se originam ramificações, por exemplo, da palavra religião se ramificam várias religiões católicas, budistas, etc., no entanto a palavra religião abrange todas de uma vez. - hiponímia: palavra que define cada parte de um todo, por exemplo , religião Católica, pássaro Bem-te-vi que é espécie de pássaro da família das aves. 16 4 COESÃO REFERENCIAL A coesão referencial é um processo lingüístico que remete a interpretação de um elemento expresso no texto a outro que já foi utilizado para construir esse texto. Diz-se que um item faz referencia a outro quando não se pode ser interpretado por si mesmo, mas em relação a esse outro, quando a significação de um está associado a significação do outro. A retomada das referências, por meio da coesão referencial. “instrui” o leitor no seu processo de leitura. O cuidado com o emprego de palavras e expressões com valor coesivo é relevante na construção de um texto objetivo e claro. Exemplo: Onde: substituição de outra palavra indicando o lugar ou, no caso, a cidade. São Paulo é a cidade onde temos o maior problema em transportes. 17 5 COESÃO SEQUENCIAL Sequenciar relações lógicas com preposições e conjunções o assunto do texto. Os principais são: - Consequência ou conclusão: por isso, logo, portanto, pois, de modo que, por conseguinte, em vista disso. - Causa: porque, pois, visto que, já que, dado que, como, uma vez que, porquanto, por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a, por motivo de, por razões de. - Oposição: mas, entretanto, porém, no entanto, todavia, contudo. - Condição: se, caso, desde que, contanto que. - Finalidade: para que, a fim de que, com o objetivo de, com o intuito de. 18 6 COESÃO POR SUBSTITUIÇÃO Substituímos um item por outro que lhe é semanticamente equivalente. A substituição pode ser de três tipos: - Nominal: se o termo que é substituído, ou seja, o termo que é pressuposto com a ocorrência do outro termo, for um nome, como por exemplo, na frase Eles pediram peixe assado e eu indeciso, acabei por pedir o mesmo, em que o mesmo substitui o peixe assado. - Verbal: seguindo a mesma lógica anterior em que a forma verbal da primeira frase é pressuposta na segunda frase como, por exemplo, Devido ao frio da região Alex foi embora. Para não ficar sozinho Luiz fez o mesmo depois. - Oracional: a substituição refere-se à oração inteira. No exemplo seguinte, a oração subordinada adverbial causal, porque ganhou em prêmio, é substituída na frase seguinte: O João ficou feliz, porque ganhou um prêmio. Mas isso só aconteceu porque muitos concorrentes desistiram. 19 7 COESÃO POR ELIPSE Muito semelhante à substituição. Quando se dá uma elipse, há na estrutura uma pressuposição de que algo será disponibilizado ou tornado compreensível. Um item é elíptico se a sua estrutura não expressar todas as características que contribuíram para a sua constituição, todas as escolhas determinantes que nele estão subjacentes. Tipos de elipse: - Nominal: acontece dentro do grupo nominal. - Verbal: acontece dentro do grupo verbal. - Oracional: acontece dentro do grupo da oração, por exemplo, O João trabalha na escola, e o Carlos, ( trabalha) em casa. 20 8 COESÃO POR CONJUNÇÃO É o estabelecimento de relação entre partes do texto,além de ligar palavras ou orações, dá uma direção argumentativa ao texto e estabelece uma relação semântica entre as orações. As principais coesão por conjunção são: adição, adversidade, causa, tempo e continuação. - Continuação: A música estava muito alta. Ora com música tão alta não se podia dormir. - Adição: Paulo comeu peixe e carne. - Adversidade: Ele economizou, economizou o dinheiro embaixo do colchão e não tinha nada, porque o dinheiro perdeu todo o valor. - Tempo: Indicador de tempo Alexandre estudava e comia ao mesmo tempo. 21 CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer do presente trabalho, constatamos a importância da correta utilização dos instrumentos e ferramentas para a construção de frases e consequentemente textos coesos e coerentes, resultando em compreensão e sentido . Ao produzir um texto, não damos apenas informações, mas orientamos também sobre como essas informações devem ser organizadas no mundo textual que o interlocutor recria na sua compreensão . Ao escrever, devemos ter claro o que pretendíamos dizer e, uma vez escrito o enunciado , devemos avaliar se o que foi escrito corresponde aquilo que queríamos dizer. Também consideramos primordial a coerência e coesão dos textos para uniformizar dentro de normas a linguagem escrita na nossa língua portuguesa, devido às variações atuais utilizadas por diversos segmentos distorcendo a correta compreensão de nossa língua. Finalmente a correta comunicação é a principal via para o desenvolvimento humano em todas as suas áreas. 22 REFERÊNCIAS COSTA VAL, M. da G. Redação e Textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1991. Repensando a Textualidade. In: AZEREDO, J. C. de. Língua Portuguesa em Debate. Petrópolis: Vozes, 2000. FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 2009. KOCH, I. V. A Coesão Textual. São Paulo: Contexto, 2008. SOARES, Magda. Que professor de português queremos formar? Boletim da ABRALIN, Fortaleza, v. 25. BASTOS, Lúcia Kopschitz. Coesão e coerência em narrativas escolares. São Paulo: Martins Fontes, 1998. Site Universidade Federal de Curitiba – 20/05/2009 Site Universidade Federal do Rio de Janeiro – coesão lexical. 20/05/2009 Site HTTP//acd.ufrj.br/~pead/tema9/mecanismosdecoesao.html .20/05/2009