DE QUE CONSISTE A COESÃO EM UM TEXTO

Propaganda
DE QUE CONSISTE A COESÃO EM UM TEXTO?
A coesão resulta da relação harmoniosa entre os pensamentos e as idéias apresentadas em
um texto sobre um determinado assunto, ou seja, refere-se à seqüência ordenada das opiniões ou
fatos expostos; está ligada à inteligibilidade do texto em uma situação de comunicação.
Para que o comentário crítico se realize como um texto predominantemente argumentativo,
ele deverá apresentar uma estrutura específica, em que exista uma relação entre argumentos e uma
dada conclusão. O exemplo que segue expõe tal característica.
“O Brasil é um país que necessita bastante de pessoas honestas no poder, para que possa
emergir como uma das grandes potências mundiais. Se forem resolvidos os problemas de ordem
político-social, as camadas mais pobres terão condições de usufruir tudo que essa nação tem para
lhes oferecer.”
É necessária, também, a presença de determinados tipos de frases, como os mais adequados
para a argumentação, tais como asserção ou a interrogação. Identificamos isso no exemplo que
segue. Vale destacar que nunca é usado o imperativo.
“Por vários anos, manteve-se o silêncio em relação à pedofilia no meio sacerdotal, tudo
isso era reprimido simbolicamente, com transferência para outra paróquia, tratamento psicológico
ou pagamento de indenização às vítimas. Tal negligência pode ter causado certo estímulo ao
agravamento do problema. Entre os direitos, um nos considerados mais importantes é o do voto. O
escândalo dos padres pedófilos fez tremer as bases do sistema em voga na Igreja Católica. O que
pode ter acontecido?”
Apontamos, ainda, que o gênero comentário crítico deverá ser escrito no dialeto padrão
(língua culta), atendendo às regras socialmente estabelecidas para o uso da língua materna. Sendo
assim, vale destacar que, dentre as competências necessárias à produção desse gênero, é
imprescindível ao aluno-produtor desenvolver sua competência lingüística.
A coesão é decorrente de relações de sentido que se operam entre elementos do texto. Às
vezes, a interpretação de um termo depende da interpretação de outro ao qual se faz referência, ou
seja, a significação de uma palavra vai pressupor a de outra.
Por exemplo, se nos deparássemos com a seguinte frase: Lá era possível adquiri-las a um
preço relativamente baixo. Certamente, perguntaríamos: lá onde? Adquirir o quê? O sentido dessas
palavras pressupõe a existência de outras às quais devem estar se referindo. Entretanto, se a frase
fosse “Naquela feira, havia muitas blusas vindas diretamente de Nova Iorque. Lá era possível
adquiri-las a um preço relativamente baixo”, com certeza não encontraríamos nenhum problema
para a compreensão das idéias. O sentido do advérbio lá e da forma pronominal –las fica claro, pois
eles guardam íntima relação com outros termos da frase (lá: naquela feira; -las: as blusas). Assim,
podemos dizer que essas palavras funcionam, na frase acima, como elementos de coesão.
Vários fatores podem acarretar a falta de coesão textual, como as regências incorretas,
concordância incorreta, ambigüidades, frases inacabadas, emprego incorreto de pronomes e muitas
outras situações.
Ex.: Ela é uma pessoa onde sempre procurou fazer o melhor para os outros. (que)
Fazem cinco anos que estamos casados, mas não se damos bem. (Faz; nos)
Houveram muitos problemas naquele jogo e eles precisavam o apoio do público. (houve;
do)
Marcos encontrou uma obra na biblioteca que estava mal conservada. (A frase é ambígua:
quem estava mal conservada? A obra ou a biblioteca?) Para tornar uma frase coesa, bastaria
escrevê-la assim: Marcos encontrou uma obra que estava mal conservada na biblioteca.
Para perceber a ausência de coesão num texto que produzimos, a melhor atitude é lê-lo
atentamente, sempre procurando estabelecer as relações entre as palavras que forma as orações, as
orações que formam os períodos e, finalmente, entre os vários períodos ou partes que formam o
texto.
Download