- - - BETA-BLOQUEANTES E INSUFICIENCIA CARDIACA: 2OO7 TEXTO_Fátima Ceia Fátima Ceia Médica, especialista em Medicina Interna, professora associada convidada da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, (onde rege Terapêutica Geral), coordena a Unidade Funcional de Insuficiência Cardíaca do Hospital de S. Francisco Xavier, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, o secretariado do Grupo de Estudo de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Portuguesa de Cardiologia e o projecto EPICA (Epidemiology of Heart Failure in Portugal). Como investigadora principal ou co-investigadora, colabora actualmente, no Hospital de São Francisco Xavier, nos seguintes estudos multicêntricos internacionais de terapêutica em insuficiência cardíaca: PRIME II, ATLAS; CIBIS II, COMET, CHARM, PORTLAND, LEVICARD, EPHESUS, IPRESERVE, DILLIPO, EMPHASIS. Resumo do artigo Os beta-bloqueantes carvedilol, bisoprolol e nebivolol são actualmente reconhecidos como fármacos fundamentais no tratamento da insuficiência cardíaca (IC) por disfunção sistólica ventricular, nas classes I a IV da NYHA, permitindo importante aumento da sobrevida mesmo nos doentes já sob terapêutica com inibidores da enzima de conversão da angiotensina, antagonistas dos receptores da angiotensina II e espironolactona. Muitos doentes ainda não beneficiam desta terapêutica; há que implementar o seu uso, o que passa pela prescrição aquando de um internamento hospitalar, a qual deve ser depois mantida no ambulatório, bem como pelo treino do seu manejo e pela desmistificação das suas contra-indicações reais e efeitos adversos. No presente trabalho apontamos alguns dos problemas mais comuns que podem surgir durante a terapêutica beta-bloqueante na IC e qual a atitude a tomar perante eles. É importante que cada profissional forme a sua opinião e adquira treino com estes fármacos, que trazem realmente grande benefício aos nossos doentes. 20 Os beta-bloqueantes são fármacos reconhecidos como muito úteis no tratamento da hipertensão arterial e da isquemia do miocárdio desde há mais de cinquenta anos. O seus efeitos inotrópicos e cronotrópicos negativos permitem uma actuação com base fisiopatológica naquelas situações: redução do volume de ejecção, do débito cardíaco e do consumo de oxigénio. Os efeitos anti-arrítmicos não são também de desprezar. Após o propranolol, não selectivo e com curta vida média, obrigando a administração de 6 em 6 horas, foram surgindo variadíssimos beta-bloqueantes, com maior ou menor selectividade, com ou sem acção simpaticomimética intrínseca, com vida média mais ou menos longa. Durante muitos anos, acompanhando o conceito de insuficiência cardíaca como de falência do coração como bomba, admitimos que o efeito inotrópico negativo era nefasto naquela situação, e afirmámos que os beta-bloqueantes estavam contra-indicados na insuficiência cardíaca (IC). Entretanto, aconteceram três tipos de factos: • Waagstein e col.s, em 1976, relataram os primeiros resultados benéficos com o metoprolol na IC; desde então, foram referindo resultados em número cada vez maior de doentes com dilatação do coração e IC;1 • A IC deixou progressivamente de ser uma nebulosa em que a falência do coração produzia dispneia, cansaço e edemas, para se tornar numa síndrome com fisiopatologia complexa neuro-humoral, em que a disfunção sistólica é apenas uma das componentes e com etiologia 21 muito variada, sendo todavia muito mais prevalentes as formas resultantes da hipertensão arterial evoluída e da doença das artérias coronárias;2 • Grandes estudos multicêntricos mostraram que o carvedilol, o bisoprolol, o metoprolol de libertação prolongada e o nebivolol, quando associados ao tratamento faramacológico convencional da IC, com diuréticos e inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA), melhoravam de forma muito significativa a sobrevida e diminuiam a morbilidade e o re-internamento dos doentes com IC por disfunção sistólica ventricular, qualquer que seja a sua etiologia.3-9 Assim, foram introduzidos desde 2001 nas recomendações internacionais para o tratamento desta forma de IC, em todos os doentes nas classes II a IV da NYHA (e também na classe I, se após enfarte do miocárdio).10-12 Apesar deste reconhecimento, a sua prescrição tem continuado a ser reduzida e muito variável. Num estudo recente que envolveu 23 Países Europeus, atingiu um pouco mais de 60% apenas na Alemanha, Hungria e Rússia e 80% (valor que se pensa poder ser o objectivo a atingir) apenas na Finlândia.13,14 Este facto deve-se provavelmente ao receio dos seus efeitos adversos e à aparente complexidade da sua titulação. É conhecido que a introdução dos beta-bloqueantes na terapêutica dos doentes com IC e disfunção sistólica do VE é mais facilmente feita durante o internamento hospitalar. Sabemos também que é possível iniciá-los bem mais cedo do que antes se pensava; vários autores têm relatado bons resultados com um início de prescrição pelo 4º dia do internamento após uma agudização.15,16 O prognóstico dos doentes melhora consideravelmente quando tal sucede e o beta-bloqueante é mantido no ambulatório.15-17 Há diversos factos a ter em conta na terapêutica da IC com beta-bloqueantes 1. Em que tipo de IC podem ser utilizados: Não existem recomendações para o tratamento da IC a não ser a por disfunção sistólica do VE.11,12 No caso da IC com função sistólica conservada, forma de elevada prevalência especialmente nos grupos mais idosos, e sobretudo causada por hipertensão arterial, diabetes mellitus e doença coronária, os beta-bloqueantes estão indicados, porque têm efeitos benéficos no tratamento daquelas afecções e porque a redução da frequência cardíaca é útil, melhorando o relaxamento e o enchimento ventricular. Esta mesma acção é também útil nos doentes com estenose valvular mitral, com ou sem fibrilhação auricular. Pelo contrário, não será aconselhável a utilização de beta-bloqueantes em doentes com estenose valvular aórtica, patologia muito frequente nos idosos. Mais uma vez se chama a atenção para a necessidade de caracterizar com ecocardiograma o tipo de disfunção cardíaca subjacente à IC, de acordo com as recomendações da Sociedade Europeia de Cardiologia.11 O efeito benéfico dos beta-bloqueantes pode obter-se mesmo com dose pequena do fármaco; é tanto mais evidente e importante quanto mais grave a classe funcional, e é também muito importante dos diabéticos. Acresce que os beta-bloqueantes não são eliminados pelo rim, podendo portanto ser utilizados com segurança nos doentes com insuficiência renal. 2. Que beta-bloqueantes devem ser utilizados no tratamento da IC por disfunção sistólica do VE: O carvedilol, o bisoprolol e o nebivolol (não existe metoprolol de libertação prolongada em Portugal).11 3. Como devem ser utilizados no tratamento dos doentes com disfunção sistólica do VE:19 Sucede com alguma frequência que o início da terapêutica com beta-bloqueantes se acompanha de um agravamento inicial da dispneia, do cansaço e dos edemas, que desaparece em uma a duas semanas. Assim, o médico deve estar esclarecido e convicto de que a terapêutica vai ser útil ao seu doente, deve estar treinado no manejo do(s) fármaco(s) e deve conhecer bem os seus efeitos adversos. Os beta-bloqueantes são iniciados em dose muito baixa (Quadro 1), sempre em doentes estabilizados com um mínimo de retenção hídrica, após ajuste da dose de diurético e de IECA (segundo as recomendações da SEC, Quadro 2).11 A subida progressiva da dose deve ser feita de duas em duas semanas, até à dose máxima que o doente tolerar (Quadro 1), limitada por hipotensão sintomática, bradicárdia ou agravamento não controlável da dispneia, cansaço ou edemas. 4. Contra-indicações absolutas dos beta-bloqueantes: • Asma brônquica, • Infecção respiratória com bronco-reactividade aumentada; • Bloqueio sino-auricular ou auriculo-ventricular de grau avançado; • Hipotensão arterial sintomática; • Bradicardia sintomática; • Hipersensibilidade. Quadro I Beta-bloqueantes na terapêutica da IC com disfunção sistólica ventricular: doses de início e doses máximas. Dose de início (mg) Velocidade diastólica máxima (m/s) Carvedilol 3,125 bid 25 bid Bisoprolol 1,25 qid 10 qid Nebivolol 1,25 qid 10 qid Fármaco/dose 5. Doentes em que os beta-bloqueantes podem ser utilizados, com precaução e vigilância rigorosa: • Doentes com doença pulmonar crónica obstructiva (DPOC); Cerca de 20% dos doentes com IC por disfunção sistólica ventricular têm DPOC; existe evidência de que o carvedilol pode ser utilizado nestes doentes com benefício claro, desde que não exista bronco-reactividade aumentada e fora do contexto de infecção respiratória;20 • Doentes com insuficiência arterial periférica (claudicação intermitentes, antecedentes de doença cerebro-vascular): existe evidência de que é possível e benéfica a utilização do carvedilol nos doentes com IC por disfunção sistólica do VE com estas co-morbilidades;20 • Doentes com diabetes mellitus: os beta-bloqueantes produzem benefício acentuado no tratamento da IC por disfunção sistólica do VE nestes casos. O doente e os familiares devem estar educados no controlo rigoroso da diabetes e terem conhecimento da ausência dos sinais habituais de alerta da hipoglicemia.11,18,20 6. Problemas comuns durante a terapêutica com beta-bloqueantes e sua resolução: 6.1. Hipotensão arterial sintomática Quadro II Fármacos no tratamento da insuficiência cardíaca crónica por disfunção sistólica ventricular. Para sobrevida/morbilidade Para os sintomas Antes de reduzir ou parar o beta-bloqueante, verificar se há qualquer outra causa de hipotensão que possa ser manejada: aumentar a ingestão de líquidos, reduzir o diurético, reduzir o IECA, retirar nitratos, retirar moduladores dos canais do cálcio. Beta-bloqueante em dose mínima é melhor do que beta-bloqueante nenhum. 6.2. Bradicardia sintomática Verificar se existem fármacos bradicardizantes em terapêutica concomitante que possam ser suspensos ou sujeitos a redução de dose: amiodarona, reduzir digoxina. Pode ser necessário enviar à consulta de IC, para avaliação da necessidade de implantação de pacemaker ou de ressincronização. 6.3. Agravamento dos edemas: Aumentar o diurético, antes de reduzir ou parar o beta-bloqueante. 6.4. Agravamento da dispneia, com sinais de congestão: Tentar o aumento do diurético, antes de reduzir o beta-bloqueante. 6.5. Agravamento da dispneia ou do cansaço, sem sinais de congestão: 22 NYHA I Reduzir/parar diurético IECA (ou ARA II, se tosse com IECA) antagonista aldosterona, se pós EAM associar BB se pós-EM NYHA II +/- diurético dependendo da retenção hídrica IECA como 1ª linha (ou ARA II, se tosse com IECA) antagonista aldosterona, se pós EAM associar BB NYHA III + diurético + digitálico, se ainda sintomático IECA + ARA II (ou ARA II, se tosse com IECA) BB Acrescentar espironolactona NYHA IV Diurético + digitálico. Considerar suporte intrópico temporário Continuar IECA + ARA II ou ARA II BB espironolactona Recomendações da Sociedade Europeia de Cardiologia 2005. Adapt. Cândida Fonseca, Fátima Ceia IECA: inibidores da enzima de conversão da angiotensina; ARA II: antagonistas dos receptores da angiotensina II; EAM: enfarte agudo do miocárdio; EM: enfarte do miocárdio; BB: beta-bloqueantes. Verificar a existência de co-morbilidades comuns (anemia, infecção respiratória, doença tiroideia); frequentemente significa progressão da doença cardíaca, o que obriga ao envio à consulta de IC. Em caso de dúvida sobre a forma de manejar o beta-bloqueante devemos recorrer à opinião da consulta de IC, em vez de pura e simplesmente parar o fármaco. A terapêutica com beta-bloqueante não pode ser suspensa de forma abrupta, dado o risco de efeito rebound, particularmente arritmias 23 e/ou isquemia. Existe evidência clara de que o esforço de manter após a alta um beta-bloqueante que foi prescrito durante o internamento hospitalar por IC é altamente benéfico para o doente, reduzindo o risco de morte e re-internamento. Resposta a algumas dúvidas comuns sobre a terapêutica beta-bloqueante na IC: 1. O meu doente teve um enfarte do miocárdio e está medicado com metoprolol. Entretanto, vem à consulta com dispneia de esforço e edemas dos membros inferiores, e o ecocardiograma mostra dilatação do VE com disfunção sistólica. Posso manter o metoprolol ou é melhor mudar de beta-bloqueante? Terminou há poucos anos um grande estudo multicêntrico prolongado que comparou o carvedilol com o metoprolol, adicionados à terapêutica convencional da IC por disfunção sistólica do VE (estudo COMET). Este estudo mostrou que o carvedilol é mais eficaz do que o metoprolol na redução da mortalidade total e de causa cardiovascular, bem como na redução do risco de morte súbita, de acidente cerebro-vascular e de enfarte do miocárdio. Sub-estudos entretanto publicados mostraram que se pode passar do tratamento com metoprolol directamente para o carvedilol em dose equivalente, o que é muito cómodo nos doentes que entretanto desenvolvem IC clínica.21-23 2. Os meus doentes com IC têm quase todos mais de 70 anos. Posso usar com segurança beta-bloqueantes no seu tratamento? Vários estudos demonstraram a eficácia e a segurança do carvedilol23-25 e do nebivolol (estudo SENIORS)9 no tratamento da IC. No caso do nebivolol, foi possível também demonstrar bons resultados no tratamento de idosos com IC e função sistólica conservada. 3. Posso usar beta-bloqueantes no tratamento de doentes com IC e disfunção sistólica do VE em associação com digoxina? Se o doente está medicado com diuréticos e IECA, o beta-bloqueante vai trazer mais tempo de vida ao seu doente e reduzir a necessidade de hospitalização. Permite-lhe controlar a frequência cardíaca, quer esteja em ritmo sinusal quer em fibrilhação auricular, não sendo necessário adicionar digoxina ou amiodarona com esse objectivo; reduz ainda a arritmia ventricular. Se o seu doente já está medicado com digoxina, lembre-se de que: • Se retirar a digoxina, o doente pode sofrer agravamento clínico e/ou redução do tempo de vida;26 • Deve usar uma dose baixa de digoxina (0,125 mg qid ou 6 ou 5 dias na semana). Estas doses pequenas continuam a ser benéficas, com redução do risco de bradi-disritmia, que é maior quando se associa digoxina e beta-bloqueante. Atenção: verifique a função renal do seu doente! 4. A amiodarona é indispensável no tratamento dos doentes com IC por disfunção sistólica com taquicardia ou disritmia supraventricular com resposta ventricular rápida? Não se esqueça de que os fármacos que prolongam a vida do seu doente são os IECA, os antagonistas dos receptores da angiotensina II e os beta-bloqueantes. Estes últimos, em dose adequada, reduzem a frequência cardíaca e as disritmias ventriculares; para quê adicionar fármacos que têm efeitos adversos, quer isoladamente, quer em associação (amiodarona, digoxina e beta-bloqueante)? Tente subir a dose do beta-bloqueante! 5. Num doente com IC e disfunção sistólica do VE, posso prescrever furosemida, IECA, beta-bloqueante e espironolactona? Se não houver contra-indicação para a espironolactona (creatinemia > 2,5 mg/dl) e/ou caliemia ≥5,5 mmol/l) e doente esteve em classe III ou IV da NYHA, deve associar a espironolactona: aumenta o tempo de vida, “RECORDAR QUE UM IECA, MESMO EM DOSE BAIXA, É MELHOR QUE IECA NENHUM” (...) “NA PRÁTICA CLÍNICA, QUASE TODOS OS DOENTES COM IC TÊM INDICAÇÃO PARA IECA” diminui a re-hospitalização e combate a espoliação de potássio causada pelo furosemido. Não há evidência de qualquer efeito deletério desta associação e, por outro lado, continuam a verificar-se efeitos benéficos.27 6. Há desvantagem na associação de IECA, beta-bloqueante, ARA II e espironolactona no tratamento da IC por disfunção sistólica ventricular? Alguns autores admitiram que a inibição simultânea dos principais eixos neuro-humorais activados na IC poderia ser maléfica. Todavia, estudos recentes têm vindo a contrariar esta tese. A adição dos quatro fármacos parece trazer benefícios adicionais, pelo menos nos doentes graves (crónicos em classes III e IV). Evidentemente, estes doentes são os que têm geralmente função renal comprometida, e o manejo dos IECA, ARA II e espironolactona requere monitorização laboratorial frequente.27 7. O meu doente com IC e disfunção sistólica ventricular tem taquicardia mantida e extrassistolia ventricular. É obrigatório iniciar a terapêutica pelo IECA, ou posso titular primeiro o beta-bloqueante e só depois iniciar o IECA? Por razões históricas, os IECA ocuparam o seu lugar primordial no tratamento da IC por disfunção sistólica do VE e nas recomendações internacionais quando ainda pensávamos que os beta-bloqueantes estavam proibidos no tratamento desta síndrome. Embora os IECA pareçam ter uma acção preventiva da ocorrência de fibrilhação auricular, e alguns autores lhes atribuam efeito anti-arrítmico, a verdade é que não têm efeito directo sobre a frequência cardíaca ou sobre a disritmia ventricular, como é o caso dos beta-bloqueantes. Entretanto, o estudo CIBIS III veio trazer uma interessante ajuda neste campo, ao mostrar que se colhem efeitos idênticos sobre a mortalidade no tratamento daqueles doentes, quer iniciando o enalapril quer iniciando o bisoprolol, adicionando depois o IECA. É um tema que está em aceso debate; haverá quase com certeza doentes que beneficiam de iniciar o tratamento com o beta-bloqueante, outros com o IECA. As recomendações poderão vir a ser modificadas também quanto a este ponto. Fátima Ceia 24 Bibliografia 1. Waagstein F, Hjalmarson A, Varnauskas E, Wallentin I. Effect of chronic beta-adrenergic receptor blockade in congestive cardiomyopathy. Br Heart J 1975 ;37 :1022-36. 8. The RESOLVD Investigators. Effects of metoprolol CR in patients with ischemic and dilated cardiomyopathy. Circulation 2000; 101: 378-384. 2. Ceia F, Fonseca C, Mota T, Morais H, Matias F, de Sousa A, Gouveia-Oliveira A, on behalf of the EPICA Investigators. Prevalence of chronic heart failure in Southwestern Europe: the EPICA study. Eur J Heart Fail 2002; 4: 531-539. 9. Flather MD, Shibata MC, Coats, AJ e cols. Randomised trial to determine the effect of nebivolol on mortality and cardiovascular hospital admission in elderly patients with heart failure (SENIORS). Eur Heart J 2005; 26: 215-225. 3. Packer M, Bristow MR, Cohn JN, e cols. 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