ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL MÓDULO 5 Índice 1. As teorias sobre a ética ............................................. 3 2. A classificação da ética .............................................. 4 2.1 Ética empírica .............................................................. 4 2.1.1 Ética anarquista (subjetiva) ...................................... 4 2.1.2 Ética utilitarista....................................................... 4 2.1.3 Ética ceticista ......................................................... 5 2.2 Ética dos bens.............................................................. 5 2.3 Ética formal ................................................................. 5 2.4 Ética valorativa ............................................................ 6 2 Ética Geral e Profissional - Módulo 5 1. AS TEORIAS SOBRE A ÉTICA A ética teoriza sobre as condutas morais; contudo não existe uma única teoria ética. Selecionamos Max Weber, pois foi esse autor que, no nosso entender, que mais desvelou a relação entre ética e profissão na sociedade capitalista. Segundo nos ensina Max Weber, há pelo menos duas teorias éticas: a ética da convicção, entendida como deontologia (estudos dos deveres) e a ética da responsabilidade, conhecida como teleologia (estudo dos fins humanos). Escreve Weber: ...toda atividade orientada pela ética pode subordinar-se a duas máximas totalmente diferentes e irredutivelmente opostas. Ela pode orientar-se pela ética da responsabilidade ou pela ética da convicção. Não que a ética de convicção seja idêntica à ausência de responsabilidade. E esta última sinta a ausência de convicção. Não se trata evidentemente disso. Todavia, há uma oposição abissal entre a atitude de quem age segundo as máximas da ética da convicção – em linguagem religiosa, diremos: “O cristão faz seu dever e no que diz respeito ao resultado da ação remete-se a Deus”- e a atitude de quem age segundo a ética da responsabilidade que diz: Devemos responder pelas consequências previsíveis de nossos dias (1959, p. 185). Apesar de termos objetivamente só os dois tipos de ética desenvolvidos por Weber, a tradição filosófica ainda difere os diversos tipos de ética dentro da mesma realidade social. Assim, faz-se comumente a seguinte divisão: A. Ética Normativa: é aquela que se baseia em princípios e regras morais fixas e que pouco muda com o tempo porque está essencialmente ligada ao seu objeto. Como exemplo pode-se citar a ética profissional e a ética religiosa. Nelas as regras devem ser obedecidas ou deixaremos de ser o profissional ou o religioso. O descumprimento de suas normas leva-nos a perder a essência do ser. B. Ética Teleológica: é aquela cujos valores norteadores são julgados por muitos, até imorais. Podemos dizer que é oposta à ética normativa, pois para tal ética “os fins justificam os meios”. Como exemplo pode-se citar a ética da economia neoliberal, em que os lucros advindos da lei do mercado são sempre “morais”, não importando o número de excluídos e de miséria que provocaram. C. Ética Situacional: é aquela que podemos considerar uma ética amoral, ou seja, seus agentes não têm os valores bem demarcados em sua consciência. Assim, mudam de acordo com as circunstâncias e seus interesses de momento. Tudo é relativo e temporal. Como exemplo pode-se citar a ética de alguns políticos e ‘artistas’, na sociedade pós-moderna. Para essas pessoas tudo é possível, pois para quem tem poder vale tudo. 3 Ética Geral e Profissional - Módulo 5 2. A CLASSIFICAÇÃO DA ÉTICA A ciência dos valores admite várias classificações, porque existem muitas escolas, ideologias ou correntes de pensamento. Quanto mais as sociedades se tornam complexas e as redes de comunicação permitem um contato entre as diversas culturas e visões de mundo, maior é o número de concepções sobre ética. Preferimos essa classificação, uma vez que desenvolve as quatro formas fundamentais de manifestação do pensamento ético na história ocidental. São elas: ética empírica, ética dos bens, ética formal e ética valorativa. Na realidade, os diferentes tipos interpenetram-se e se apresentam como formas ecléticas. O sentido de separação é apenas para facilitar o estudo da ética; portanto foi necessária uma abstração da realidade. 2.1 ÉTICA EMPÍRICA É aquela em que os princípios foram derivados da observação dos fatos. Mais do que isso, foi a experiência concreta na vida social que levou seus defensores a provar o fato de que sem os valores éticos a vida social é impossível. Seus defensores são chamados de “empiristas” e suas teorias da conduta baseiam-se no exame da vida moral. Segundo os empiristas, os preceitos disciplinadores do comportamento estão implícitos no próprio comportamento da maioria dos seres humanos. Para os teóricos da ética empírica, não se deve questionar o que o homem deve fazer, e sim examinar o que o homem normalmente faz, pois o homem deve ser como naturalmente é, e não se comportar como as normas queiram que ele seja. O drama ocidental foi que o empirismo nos levou ao relativism o. Como a conduta humana varia de acordo com a cultura e o tempo histórico, a defesa que os empiristas fazem da existência de uma moral universal, natural e própria do ser humano mostra-se improvável nos dias atuais, tanto que o subjetivismo, próprio da visão da ética empírica, terminou por gerar visões de ética que são opostas ao conceito grego original - defesa da vida comunitária. É possível assim dividir as teorias éticas nascidas da ética empírica: 2.1.1 Ética anarquista (subjetiva) O anarquismo repudia toda norma, todo valor, direito, moral, convencionalismos sociais, religião. Para tal visão tudo constitui exigência arbitrária, nascida da ignorância, da maldade e do medo. Assim, não há legitimidade nas normas, sejam elas morais ou jurídicas. É uma doutrina egoísta, pois nela o que vale é a vontade humana num dado momento. E esta varia de indivíduo para indivíduo, não é possível uma direção para o agir social considerado modelo. 2.1.2 Ética utilitarista Toda ética busca o bem absoluto na vida social. Para a teoria utilitarista só é bom o que é útil: a conduta ética desejável é a conduta útil. A utilidade, porém, é mero atributo de um instrumento. A eficácia técnica dos meios não corresponde ao valor ético dos fins. Exemplo: a arma utilizada para abater animal a ser sacrificado em decorrência de portar 4 Ética Geral e Profissional - Módulo 5 enfermidade grave é tão útil como aquela de que se serve o assaltante para liquidar sua vítima. Não existe consistência no utilitarismo como aplicação para necessidade de uma conduta ética dos homens, salvo se referente a uma finalidade: a obtenção do supremo bem, a felicidade das pessoas. O utilitarismo tem sentido moral, se entendido como prudente emprego dos meios aptos à consecução de fins moralmente valiosos. 2.1.3 Ética ceticista É a ética do cético, a pessoa que põe em dúvida todas as crenças tidas como verdadeiras para as demais pessoas. Uma teoria de ética cética, portanto, é aquela em que o valor moral maior consiste justamente em colocar em dúvida todos os valores aceitos como essenciais para a maioria dos teóricos. O cético, duvidando de tudo, coloca o método filosófico como fim de compreensão da realidade. É dúvida sistemática. Aqui cabe, mesmo que sucintamente, distinguir entre dúvida metódica e dúvida sistemática. Dúvida metódica é a utilizada como método filosófico de busca da verdade última das coisas. Duvidar como instrumento metódico leva a um saber que se aproxima da ausência do erro. Por exemplo, a máxima de Sócrates, “só sei que nada sei”, sustenta que algo se sabe com certeza: sabe-se, ao menos, que nada se sabe. Esse é o primeiro passo no caminho do conhecimento. Sócrates compreendeu o valor da dúvida como método dialético (método de discussão). Já a dúvida sistemática, própria dos ceticistas, é aquela em que se põe em dúvida tudo e de forma permanente. Eles declaram não crer em coisa alguma e aqui, segundo alguns filósofos, está seu primeiro e mais profundo erro, pois se fossem realmente céticos, duvidariam até mesmo da sua afirmação de que em nada creem. 2.2 ÉTICA DOS BENS A ética dos bens preocupa-se com a relação estabelecida entre o proceder individual e o supremo fim da existência humana. A ética dos bens defende a existência de um valor fundamental denominado bem supremo, aquele que não pode ser meio de qualquer outro para se obter um fim. Desta forma, hierarquicamente, a vida pessoal e o prazer de viver são o principal bem supremo. As manifestações mais importantes da ética dos bens são o eudemonismo (confiança na felicidade como destino humano), idealismo ético (aspiração ao ideal) e o hedonismo. 2.3 ÉTICA FORMAL Para tal teoria, a significação moral do agir ético reside na pureza da vontade e na retidão dos propósitos do agente considerado. Tal retidão de propósito reside na boa vontade do agente ético comportar-se socialmente conforme o seu dever e por dever. Exemplificando: conservar a vida é um dever; portanto, se atentamos contra a vida em quaisquer circunstâncias, estaremos descumprimos o dever. Mas, se alguém perdeu todo o apego à vida e mesmo não temendo, ou até desejando, a morte, conserva a existência para não descumprir o dever de conservar a vida, sua conduta tanto externa como internamente está em acordo com a lei moral e possui valor moral pleno; por isso, seu agir é ético. 5 Ética Geral e Profissional - Módulo 5 2.4 ÉTICA VALORATIVA É a ética que pressupõe que os valores devam ser ensinados, pois seus teóricos defendem a ideia de que basta saber o que é a bondade para ser bom. O construtor dessa teoria foi Sócrates, segundo o qual basta conhecer a bondade para ser bom. Para nós, que vivemos no século XXI, tal ideia pode parecer ingenuidade, uma vez que já está profundamente gravado na nossa mente que só algum grau de coerção é capaz de evitar que o homem seja mau. Na sua época, era uma noção perfeitamente coerente com o pensamento, ainda que não com a prática da sociedade grega. Essa ideia é a base que orientará a ética ocidental. 6 Ética Geral e Profissional - Módulo 5