geral Por Danielle Michelazzo Martins e Alyne Martinez Aditivos, condimentos e corantes Subcategorias de ingredientes oferecem soluções tecnológicas responsáveis por agregar valor aos produtos cárneos A maioria das pessoas tem o hábito de comprar o alimento pela sua cor e, com os produtos cárneos, esse fator é decisivo na hora de decidir qual produto levar. Basta notar a postura dos consumidores que se posicionam em frente aos balcões refrigerados nos açougues e supermercados e ali ficam um bom tempo para escolher a carne que tem a cor mais avermelhada que, como se costuma dizer, é a “carne boa”, a “carne saudável”. Gerente comercial da Bremil Indústria de Produtos Alimentícios Ltda., Juliano Dallanora aponta que vivemos em um mundo em que a apresentação do produto, como um todo, capta a atenção do cliente. “Cada vez mais o apelo visual capta de forma positiva a atenção do consumidor, pois este é o primeiro contato. Esta apresentação vai desde o tipo de embalagem, layout de rótulo, cor, tamanho da peça e, por fim, a coloração do produto que está embalado. Se este último falhar, a venda não se consolida e, pior, o produto fica por semanas na gôndola com a apresentação cada vez mais inferior, gerando uma péssima imagem a marca”, analisa. Mas, apesar de aplicável na teoria, a cor da carne não quer dizer, necessariamente, que o produto é de qualidade. Isso porque a indústria conta com o auxílio de corantes que fazem com que a carne fique com um tom mais avermelhado, com um aspecto estético bonito e, consequentemente, adequado à opinião do público consumidor. Os corantes naturais de carmim de cochonilha, de beterraba e de urucum são os mais utilizados para este fim, sendo “largamente empregados na indústria cárnea nacional”, destaca Dallanora. Ele lembra que a novidade neste quesito está por conta da estabili- “Sabor, coloração e conservação são os três alicerces que devem estar bem fundamentados em um produto, para que tenha sucesso no mercado.” Juliano Dallanora, gerente comercial da Bremil 54 dade de coloração em produtos defumados por meio da aplicação de fumaças líquidas combinadas com defumação natural ou aplicação somente de fumaças líquidas. “Como resultados da aplicação desta tecnologia, temos a manutenção de coloração e o aumento do shelf life [tempo de vida útil de prateleira], aumento este gerado pela presença de agentes conservantes naturais da fumaça que são captados e concentrados no processo produtivo da fumaça líquida, sendo que de outra forma não estariam presentes em tal quantidade, somente com a defumação natural”, explica. Em outras palavras, os corantes, aditivos e condimentos são os grandes responsáveis por dar cor, aroma e textura aos alimentos – incluem-se nesta lista as carnes in natura e os produtos cárneos processados – que, de quebra, ganham melhoria no rendimento de sua propriedade pela alteração da estrutura física. Subcategorias de ingredientes Os aditivos, condimentos e corantes são subcategorias de ingredientes, termo que contempla todas as substâncias alimentícias que são adicionadas no processamento de um alimento. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em seu regulamento técni- geral co de atribuição de aditivos para produtos cárneos, os aditivos para o setor são classificados em acidulantes e reguladores de acidez, antioxidantes, aromatizantes/saborizantes e realçadores de sabor, corantes e estabilizantes de cor, conservantes e, por fim, os emulsionantes, espessantes e umectantes. Enquanto os acidulantes e reguladores de acidez auxiliam na conservação do produto, os antioxidantes ajudam na conservação e manutenção de cor, além de retardarem os processos de oxidação de gorduras. Já os aromatizantes/saborizantes e realçadores de sabor contribuem para proporcionar o sabor característico a cada classe de produto, ao passo que os corantes e estabilizantes de cor contribuem para a aparência visual do produto. Por sua vez, os conservantes, como o próprio nome já diz, contribuem para a conservação e cooperam fortemente para a formação de sabor da carne curada – neste caso específico a presença de nitratos e nitritos. E, finalmente, os emulsionantes, espessantes e umectantes atuam de diferentes formas na composição da textura. Ajustes de processos e uso correto de aditivos Tendo em vista a qualidade e visando as normas de aditivos disponibilizadas pelo Mapa para o setor, ou melhor, para cada alimento em específico produzido pela indústria alimentícia, os frigoríficos devem ajustar a aplicação dos conservantes e prezar pelo uso correto dos aditivos. No mais, é importante aliar esses fatores às boas práticas de fabricação. “A aplicação adequada destes na indústria cárnea traz ganhos de competitividade aos que dominam tecnologia de aplicação, pois com certeza a manutenção de qualidade e estabilidade do produto no ponto de venda é sentida por quem comercializa e por quem consome”, afirma Dallanora. Ainda segundo esclarece o executivo, ao contrário do que muitos consumidores pensam, os aditivos não são substâncias que reduzem a qualidade do produto ou que causam danos à saúde. Eles têm, sim, função primordial no que se refere à conservação e, como consequência, à segurança alimentar. “Existem categorias de alimentos em que se necessita uma demanda de tempo a ser cumprida desde sua fabricação, distribuição, chegada ao ponto de venda e, finalmente, seu consumo. Alguns alimentos processados só estão presentes no mercado com o atual modelo de distribuição devido às garantias fornecidas por determinados aditivos”, lembra. Condimentos Existem, no setor alimentício, temperos que auxiliam as indústrias visando aumentar o sabor dos produtos. No setor frigorífico, tal prática não é diferente. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os condimentos ou temperos são constituídos de uma ou diversas substâncias sápidas, de origem natural, com ou sem valor nutritivo empregado nos alimentos com a finalidade de modificar ou aumentar o seu sabor. Os condimentos podem ser preparados ou naturais, ao passo que o que distingue os dois é a forma pela qual são adquiridos. Os naturais (ou simples) são conseguidos através de especiarias frescas ou secas que, juntamente com o sal, são capazes de realçar o sabor. Já os condimentos preparados são produzidos pela indústria, a partir de especiarias desidratadas e higienizadas, óleos-resinas, óleos essenciais, extratos de carne e realçador de sabor, com o objetivo de padronizar os sabores dos produtos da indústria de alimentos. A vantagem do condimento preparado para o setor cárneo é que a linha de produção não depende de produtos sazonais e os alimentos não correm risco de contaminação. Ademais, o condimento preparado – juntamente com outros aditivos e ingredientes – melhora a aparência e o sabor dos produtos, estimulando o seu consumo. Conforme exemplifica o gerente da Bremil, cada embutido cárneo tem um sabor característico que, de uma forma geral, é composto por um conjunto de especiarias que compõem um condimento, o qual é responsável pelo ‘bouquet’. E não necessariamente este sabor é formado somente por especiarias naturais, uma vez que em muitas preparações são utilizados óleos-resinas, aromas naturais ou aromas idênticos aos naturais. “Dependendo do que se pretende atingir em sabor, as matérias-primas são combinadas visando criar a identidade de um determinado produto. Hoje o consumidor está buscando algo mais que o simples apelo ‘Picante’, ‘Alho’ e ‘Pimenta’. Ele quer algo que desperte novas Marcelo Machado, gerente de marketing da Divisão Food Ingredients da Ajinomoto do Brasil 55 geral Crédito: Bremil sensações, algo que o surpreenda”, conta Dallanora, antes de enfatizar que o sabor, a coloração e a conservação são os três alicerces que devem estar bem fundamentados em um produto, para que tenha sucesso no mercado. Redução de sódio De acordo com o gerente de marketing da Divisão Food Ingredients da Ajinomoto do Brasil, Marcelo Machado, oferecer soluções tecnológicas que agregam valor aos alimentos – postura adotada pela empresa na qual atua – contribui para o desenvolvimento de alimentos mais saborosos, saudáveis e acessíveis ao consumidor final. “Estas são fortes demandas que refletem o desejo da sociedade em consumir alimentos com qualidade sensorial, mas que se preocupem com a redução de sódio e não apresentem custo elevado”. Atualmente, pensando na redução da quantia de sódio utilizado como aditivo na formulação dos alimentos, já que de acordo com o Ministério da Saúde cerca de 22,7% dos Brasileiros são hipertensos – doença que faz com que haja aumento na contração das paredes das artérias para fazer o sangue circular pelo corpo, sendo o principal causador este componente – as empresas vêm investindo em fórmulas que contenham doses reduzidas de sódio. “Em relação ao sabor, itens como o AJI-NO-MOTO® (glutamato monossódico) e o AJITIDE® (inosinato e guanilato dissódicos) potencializam o gosto Umami e deixam os alimentos mais saborosos. Além de resultar em mais sabor, estes produtos auxiliam a redução de sódio, permitindo que a indústria ofereça ao consumidor alimentos mais saudáveis, porém, com um perfil de sabor próximo ao que ele já está habituado”, exemplifica Machado. Outra solução para a questão do sódio apresentada pelo profissional é o AJINOMOTO MAG, realçador 56 de sabor sem sódio recomendado para aplicações com restrição extrema ao sal. “Já em relação à textura, a linha ACTIVA® transglutaminase melhora a textura dos produtos cárneos, permitindo padronizar porções, criar produtos inovadores, com mais rendimento, menos sódio e menos custo para o produtor”, continua. Pioneira na categoria de condimentos preparados com o HARMONIX-F®, que até hoje possui grande aceitação na indústria cárnea em função do benefício sensorial do condimento, que realça o Umami e se destaca em relação aos similares de mercado, a Ajinomoto® está constantemente inserindo novos itens ao seu portfólio. E, no setor cárneo, este posicionamento não é diferente. A última novidade da empresa para sabor é o condimento preparado AJI-AROMA M-M100. O produto enriquece especificamente o aroma e o sabor de carne, sendo recomendado para todos os produtos cárneos – e até outros alimentos com sabor carne, como caldos, sopas, snacks, molhos e pratos prontos. Além de melhorar o sabor, reduz o sabor residual da proteína de soja e também contribui para reduzir sódio e o custo das formulações. “Já temos aprovações em vários clientes, o que reforça a qualidade e a relevância do produto para a indústria de alimentos”, comemora Machado. Além de trabalhar forte em saborização, a Bremil é outra empresa que vem seguindo a tendência mundial de produção com baixo teor de sódio. Como explica Juliano Dallanora, este objetivo não se alcança somente reduzindo o sal, pois se perde muito em sabor. Para tanto, a Bremil desenvolveu o Subsal, produto destinado à aplicação em substituição ao cloreto de sódio (sal), na proporção de até 50%. Elaborado através de um processo de reação combinando cloreto de potássio, açúcares, proteína de soja, extrato de levedura e aromas naturais, o Subsal é uma alternativa eficaz para a redução de sódio, sem que haja perda de qualidade. Conforme elucida o gerente da Bremil, o grande desafio de redução de sódio em produtos cárneos está na eliminação do sabor amargo e metálico comuns aos substitutos do sal. Outro desafio não menos importante é a manutenção de características físico-químicas que influenciam diretamente no processo de fabricação, como extração de proteínas, estabilidade de emulsão e manutenção da “atividade de água do produto”. “O Subsal, por atender características técnicas e sensoriais essenciais à fabricação de embutidos, pode ser aplicado em produtos cárneos como salsicha, mortadela, presunto, hambúrguer etc. O subsal é comprovadamente uma alternativa eficaz na redução de sódio com ganho de qualidade”, pontua.