A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO DAS FRÁGEIS CONEXÕES ÀS MÚLTIPLAS INTERAÇÕES: ESTRUTURAÇÃO E PERIODIZAÇÃO DA REDE URBANA DO NORDESTE PARAENSE WILLAME DE OLIVEIRA RIBEIRO1 Resumo: Fundamentado em levantamentos teóricos, documentos históricos, dados secundários e levantamentos de campo no nordeste paraense; este trabalho objetiva principalmente entender a particularidade da região nordeste do Pará no contexto amazônico a partir da estruturação e da periodização de sua rede urbana. Os resultados obtidos evidenciam quatro momentos na formação da rede urbana regional: 1) Período embrionário - remontando ao processo de colonização da região amazônica no século XVII; 2) Período da colonização da Região Bragantina e da Estrada de Ferro de Bragança, entre o final do século XIX e a década de I960; 3) Período de expansão das rodovias – da década de 1960 a década de 1990; 4) Período da complexificação da rede urbana diante dos vetores de metropolização do espaço – a partir dos anos 1990. Palavras-chave: rede urbana; periodização; interações espaciais. Abstract: Foundated of theoretical surveys, historical documents, secondary datas and field survey at northweast paraense; this work objective mainly to understand the particularity from northweast region of Pará into the amazon context since structuring and periodization of its urban network. The results achieved shows four moments at regional urban network formation: 1) embryonic period – including to the process of colonization from amazon region in XVII century; 2) colonization period from Brabangatina region and railroad of Bragança, between the end of XIX century and 60’s; 3) expansion period of roads – 60’s to 90’s; 4) complexity period of urban network in front of vector of metropolisation of space – since 90’s. Key-words: urban network; periodization; spacial interactions. 1 – Introdução A Região Nordeste do Estado do Pará, área de influência direta da metrópole de Belém, consiste em espaço dotado de grande particularidade no contexto da Amazônia brasileira, pois mesmo sendo de colonização antiga, tem pouca ou quase nenhuma relação profunda com o rio, tão pouco está atrelada à realidade dos grandes projetos minerais e energéticos, sendo, desse modo, mais um exemplar da urbanodiversidade amazônica (TRINDADE JR, 2010), um dos mais negligenciados. Fundamentado em levantamentos teóricos e conceituais e de textos e documentos históricos, em dados secundários, principalmente originários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, e em levantamentos de campo no nordeste paraense; este trabalho objetiva principalmente entender a particularidade 1 - Geógrafo, Professor Assistente II da Universidade do Estado do Pará – UEPA e Doutorando em Geografia pela Universidade Estadual Paulista – UNESP/Presidente Prudente. E-mail: [email protected] 5909 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO da região nordeste do Pará no contexto amazônico a partir da estruturação e da periodização de sua rede urbana. O texto que se segue está organizado em quatro partes, que coincidem com os momentos de estruturação da rede urbana regional: 1) Período embrionário; 2) Período da colonização da Região Bragantina e da Estrada de Ferro de Bragança; 3) Período de expansão das rodovias; 4) Período da complexificação da rede urbana diante dos vetores de metropolização do espaço. 2 – Desenvolvimento 2.1. Período embrionário da rede urbana do nordeste paraense As primeiras ações dos colonizadores no nordeste paraense foram relativas às necessidades de circulação entre Belém e São Luís, que se deram tanto pelo litoral, originando diversos núcleos de povoamento como suporte a essa navegação; quanto pelo continente, utilizando o rio Guamá no trecho entre Belém e Ourém e depois seguindo via terrestre por precários caminhos na floresta. Segundo Cruz (1973), a Casa Forte construída por Luís de Moura em 1727, dando origem a Ourém, “era o ponto de ancoragem das embarcações, saindo de Belém, percorriam o primeiro trajeto do caminho que ligava o Pará ao Maranhão, através de Bragança” (p. 647). Como exposto no mapa 01, uma primeira frente de ocupação e de criação de pequenos núcleos de povoamento, mais tarde convertidos em cidades, se dá pelo litoral. Além dessa, existia a frente de ocupação subindo o rio Guamá a partir de Belém, responsável pela instalação de núcleos permanentes como São Miguel do Guamá e Ourém, que era o limite do trecho navegável do Guamá. De Ourém se acessava as cabeceiras do rio Caeté, mediante o qual se navegava até Bragança. Uma terceira frente estava entre o litoral e o rio Guamá, trecho de mata onde ficava a precária estrada que saía de Belém e chegava a Bragança. “No seu trajeto ela tocava em alguns incipientes nódulos de povoamento que lograram esboçar-se com o correr do tempo: Castanhal, Igarapé-Açu, Timboteua e Capanema” (ÉGLER, 1961, p. 76). 5910 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO MAPA 01: A embrionária rede urbana do nordeste do Pará em meados do séc. XIX FONTE: Elaboração própria com base nas informações de ÉGLER, Eugênia Gonçalves. A Zona o Bragantina no Estado do Pará. Revista Brasileira de Geografia. Ano XXIII, n 3, 1961. Essas três frentes de ocupação, com seus respectivos núcleos de povoamento e vias de circulação, formavam o embrião da rede urbana da atual região nordeste do Estado do Pará. De acordo com Corrêa (2006) a existência de uma rede urbana está ligada a presença de três fatores: 1) “[...] uma economia de mercado com uma produção que é negociada por outra não produzida local ou regionalmente” (p. 188), ou seja, um mínimo de divisão territorial do trabalho; 2) pontos fixos no território onde se desenvolvem os negócios; 3) um mínimo de articulação entre os núcleos. Essas condições estão apenas debilmente satisfeitas até o final do século XIX no nordeste paraense, quando tem início um processo de colonização mais intensa atrelado ao dinamismo econômico gerado pela economia da borracha na Amazônia, que já condiz com o segundo momento de estruturação da rede urbana da região em questão. 5911 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 2.2. Período da colonização da Região Bragantina e da Estrada de Ferro de Bragança No final do século XIX, a partir de necessidades geradas pela economia da borracha, o governo da Província do Pará dá início a uma política de colonização da chamada Região Bragantina, primeiramente a partir da inserção de europeus, e depois utilizando migrantes nordestinos; e consolida essa política com a construção da Estrada de Ferro de Bragança (LEANDRO e SILVA, 2012, p. 165). A ferrovia levou 25 anos para ser concluída, tendo início sua construção em 1883, mais precisamente, de acordo com Cruz (1973, p. 651) “no dia 24 de junho de 1883 foi assentado o primeiro trilho da Estrada de Ferro de Bragança”; e o término apenas em 1908. O funcionamento frequentemente deficitário da ferrovia somado ao advento da política nacional de expansão das rodovias, fez com que a EFB, com seus 220 km de extensão ligando Belém e Bragança, fosse extinta pelo governo federal em 1965 (SIQUEIRA, 2008). A política de colonização, especialmente a partir da migração nordestina, e a construção da Estrada de Ferro de Bragança tiveram fundamental importância na estruturação da rede urbana do nordeste paraense, refletindo no significativo aumento do preexistentes, número na de núcleos urbanos, expansão populacional, no fortalecimento na dinamização da de núcleos economia, principalmente da agricultura; e no fortalecimento das interações espaciais entre os centros urbanos, uma vez agora existindo uma rede de transportes eficiente para isso (ver mapa 02). Segundo Leandro e Silva (2012), se fossem incluídos os ramais, a EFB totalizava 46 pontos, entre estações, paradas e estribos. Esses pontos da ferrovia tiveram importância crucial no surgimento dos núcleos de povoamento, pois se tornaram à época as principais localidades da região e hoje coincidem, em grande medida, com boa parte das cidades do nordeste paraense. Este é o caso das atuais cidades de Castanhal, São Francisco do Pará, Igarapé-Açu, Nova Timboteua, PeixeBoi e Capanema (ver mapa 02). 5912 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO MAPA 02: Rede urbana do nordeste do Pará em meados do século XX FONTE: Elaboração própria com base nas informações de ÉGLER, Eugênia Gonçalves. A Zona o Bragantina no Estado do Pará. Revista Brasileira de Geografia. Ano XXIII, n 3, 1961. Essa rede urbana constituída a partir da EFB marca o segundo período da estruturação da rede urbana do nordeste paraense, do final do século XIX à década de 1960, quando a ferrovia é desinstalada. No final do século XIX, como demonstra Égler (1961), Castanhal e Igarapé-Açu se destacavam como dois centros regionais que polarizavam várias colônias. Mas, como relata Siqueira (2008), é com a construção da rodovia BelémBrasília que Castanhal se transforma no centro comercial mais importante do nordeste do Pará, ou da Zona Bragantina, como prefere o autor. Essa realidade já faz alusão ao próximo momento na estruturação da rede urbana do nordeste paraense, o terceiro período, dos anos 1960 à década de 1990, com a utilização das rodovias para a interligação entre as cidades da região e entre essas e o restante do Estado do Pará e do Brasil. 5913 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 2.3. Período de expansão das rodovias no nordeste do Pará Nesse terceiro período da rede urbana, a rodovia substitui a ferrovia como vetor de organização do espaço. O processo de integração nacional a partir das rodovias, que marca as políticas nacionais nas décadas de 1950, 1960 e 1970, atinge fortemente a Amazônia, que recebe várias dessas novas e importantes rodovias, símbolos da estratégia de integração, como é o caso da rodovia BelémBrasília, BR-010, que possui influência direta sobre a região nordeste do Pará, formando com a BR-316 (Pará – Maranhão) e a BR-308 (liga Capanema a Bragança e prossegue para o Maranhão) o principal eixo rodoviário do nordeste paraense. As rodovias passam a ser os principais meios de interações entre os centros, porém oferecendo possibilidades de interações não apenas regionais, diretamente com Belém, como ocorria na estrutura marcada pela Estrada de Ferro de Bragança, mas dando a oportunidade de interações de caráter mais amplo, colocando-se na escala regional mais ampla, a Amazônia, ou mesmo na escala nacional. Assim, as rodovias dão forma a uma rede urbana muito mais complexa no nordeste paraense, com múltiplos circuitos. Tanto Capanema quanto Castanhal aprofundam sua situação geográfica estratégica nesse novo padrão de organização da rede urbana do nordeste paraense, uma vez que se configuram como entroncamentos de importantes rodovias, o que foi decisivo a sua constituição enquanto centros comerciais e de prestação de serviços. O IBGE (1987), no estudo Regiões de Influência das Cidades - Regic, destaca Castanhal como o centro de maior nível hierárquico no nordeste do Estado do Pará, conferindo à cidade a classificação de Centro Sub-Regional, por possuir a maior centralidade regional (ver mapa 03). Na sequência, um nível abaixo na hierarquia, aparece Capanema, Bragança, São Miguel e Capitão Poço, classificados como Centros de Zona, sendo os dois últimos subordinados à Castanhal e os dois primeiros com vinculação direta à Belém, metrópole regional que ocupa o topo da hierarquia em parte significativa da região amazônica e na totalidade do nordeste paraense. 5914 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO MAPA 03: Rede urbana do nordeste do Pará na segunda metade do século XX FONTE: Elaboração própria com base IBGE. Regiões de Influência das Cidades. Rio de Janeiro: IBGE, DGC,1987. Esse terceiro período de formação da rede urbana da região nordeste do Estado do Pará apresenta como características principais o grande número de centros urbanos, com a presença de centros de níveis hierárquicos diferentes, considerando o nível de centralidade; e com interações espaciais cada vez mais facilitadas à medida que se expandem as rodovias e suas condições de tráfego são melhoradas. 2.4. Período da complexificação da rede urbana diante dos vetores de metropolização do espaço A delimitação temporal desse quarto período dos anos 1990 aos dias atuais não está vinculada, como no período anterior, à reestruturação dos meios de transporte entre os centros, as rodovias continuam a ser o meio predominante. 5915 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Entretanto, o aprofundamento das interligações rodoviárias, vivenciado nesse novo momento, reflete um novo processo, a metropolização do espaço associada à dispersão metropolitana de Belém. Segundo IBGE (2008), na região nordeste do Estado do Pará, o centro de mais elevada hierarquia é a cidade de Castanhal, classificada como Centro SubRegional A, seguida pelas cidades de Bragança e Capanema, que aparecem na condição de Centros Sub-Regionais B. Os três centros, assim como a totalidade do Estado do Pará e algumas áreas do Maranhão e do Amapá, subordinados à metrópole Belém. A existência de 3 Centros Sub-Regionais em uma área restrita, em termos de espaço físico, denota um caráter particular à rede urbana do nordeste paraense, pois essa densidade de centros importantes é pouco comum no espaço amazônico. Na condição de Centro Sub-Regional A, Castanhal possui a maior rede de influência do nordeste paraense e, portanto, é a cidade com maior centralidade. Estão sob influência direta de Castanhal 12 cidades (ver mapa 04), que estão principalmente a norte/nordeste e a sul/sudeste de sua sede municipal. As cidades a oeste, como Santa Isabel e Santo Antônio do Tauá, que fazem fronteira com Castanhal, mesmo tendo razoável interligação com este centro, possuem maior relação diretamente com Belém e, portanto, não estão inclusas na área de influência de Castanhal. Dessa forma, apesar da intensidade das interações de Castanhal ser maior com as cidades que compõem a região metropolitana, as cidades que compõem sua área de influência estão fora desse conjunto, o que demonstra o caráter complexo dos papéis desempenhados pela cidade. A área de influência direta de Castanhal mede 9.885,63 Km2, com uma população de 435.758 habitantes. Uma densidade de ocupação bem maior que a registrada na área de influência de Capanema e Bragança, que possuem, respectivamente, 7.336,21 e 9.032,82 Km2 de área total sob influência direta e 189.832 e 237.895 habitantes nessa área. Classificada como Centro Sub-Regional B, Capanema possui 9 cidades sob sua influência direta, o que é bastante considerável diante do porte do centro, que possuía apenas 63.639 habitantes em 2010. Já Bragança, apesar de polarizar apenas 3 outros centros, tem centralidade estabelecida sob uma extensa área, já que se tratam de municípios com amplos territórios. 5916 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO MAPA 04: Região Nordeste do Pará na atualidade – hierarquia urbana e redes de influência FONTE: IBGE (2008). Mas o elemento que define esse quarto momento na formação da rede urbana do nordeste paraense não é a hierarquia entre seus centros, mas a complexidade resultante da somatória entre as lógicas de interações de caráter regional, expressas na hierarquia urbana apresentada, e as lógicas de interações inerentes à dispersão metropolitana de Belém, que acaba acelerando o processo de metropolização do espaço da região nordeste do Pará. A Região Nordeste do Pará, por sua proximidade com a Região Metropolitana de Belém - RMB, passa a ser um espaço prioritário para a dispersão metropolitana de Belém, entretanto, esse processo se materializa envolvido por grande complexidade e a partir de determinados vetores, isto é, de forma parcial e incompleta. A cidade de Castanhal, por sua importância regional e pela proximidade com Belém, é a cidade mais atingida pela dispersão metropolitana, no contexto do 5917 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO nordeste paraense, entretanto, as marcas desse processo também podem ser verificadas nos demais centros de destaque da região, como as cidades de Bragança e Capanema. A densidade e a complexidade da rede urbana se evidenciam nas interações espaciais, definidas por Corrêa (1997, p. 279), como “[...] um amplo e complexo conjunto de deslocamentos de pessoas, mercadorias, capital e informação sobre o espaço geográfico”. Para Camagni (2005), as interações espaciais possuem grande relevância na estruturação do próprio espaço, ou do sistema territorial, como prefere o autor, ao considerar essas interações não como processos que se dão no espaço mas como inerentes ao espaço, componentes de sua totalidade. QUADRO 01: Deslocamentos por motivo de trabalho para os municípios de Castanhal, Capanema e Bragança (2010) DESLOCAMENTOS PARA CASTANHAL ORDEM 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ORIGEM O DESLOCAMENTOS PARA CAPANEMA O DESLOCAMENTOS PARA BRAGANÇA O N 946 ORIGEM Peixe-Boi N 134 ORIGEM Belém N 194 Ananindeua 610 Castanhal 122 Tracuateua 163 Inhangapi 347 Belém 86 Ananindeua 137 São Francisco do Pará Santa Isabel do Pará Igarapé-Açu 305 Primavera 73 Augusto Corrêa 136 269 46 Castanhal 107 213 São João de Pirabas Nova Timboteua 35 Capanema 98 Terra Alta 168 Bragança 32 28 São Miguel do Guamá Curuçá 127 Ananindeua 32 Santa Luzia do Pará Viseu 93 Salinópolis 31 20 Santa Maria do Pará 85 Tracuateua 29 Santa Maria do Pará Curuçá Belém 26 19 OUTROS 1.039 369 238 TOTAL 4.202 989 1166 FONTE: IBGE (2010). O quadro 01, que trata dos deslocamentos para Castanhal, Capanema e Bragança por motivo de trabalho, ilustra bem essa realidade das interações 5918 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO espaciais, pois, de um lado, se observa a importância dos deslocamentos originários das cidades que compõem a área de influência direta desses centros; e, de outro lado, se constata a crescente participação da região metropolitana (Belém e Ananindeua) nesses fluxos, o que demonstra a diversidade de circuitos dinamizadores da rede urbana do nordeste paraense. 3 – Conclusão A rede urbana do nordeste paraense cumpre uma trajetória de crescente adensamento e complexificação, desde as políticas coloniais até o atual momento. E é esse processo fortemente responsável pela diferenciação desse subespaço no contexto amazônico. Na atualidade, os vetores de metropolização do espaço mobilizados a partir de Belém e cada vez mais presentes na Região Nordeste do Pará, especialmente em Castanhal, evidenciam a complexidade das interações espaciais e da própria rede urbana regional, que não se caracteriza por uma única lógica, mas por circuitos e lógicas variadas. Nessa multiplicidade de circuitos, duas lógicas de interação entre os centros urbanos ganham notoriedade: a) As interações espaciais internas ao recorte aqui denominado Região Nordeste do Pará; b) Das cidades dessa região com a Região Metropolitana de Belém. A sobreposição dessas lógicas fica mais evidente em Castanhal, que, por sua situação geográfica, desenvolve um papel de intermediação entre a região nordeste do Pará e a região metropolitana de Belém. Fica claro que a estruturação da rede urbana é importante elemento conferidor de particularidade à região nordeste do Pará, caracterizada principalmente por uma gênese da rede e dos centros urbanos bastante rara na Amazônia; por uma densidade populacional, de núcleos urbanos, apresentando inclusive três centros subregionais, Castanhal, Capanema e Bragança (IBGE, 2008); e de interligações rodoviárias, com destaque às rodovias federais BR-316 e BR-010; muito pouco comum para os padrões amazônicos. 5919 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Referências CAMAGNI, Roberto. Economía urbana. Barcelona: Antonio Bosch, 2005. CORRÊA, Roberto Lobato. Interações espaciais. In: CASTRO, Iná Elias de; CORRÊA, Roberto Lobato; GOMES, Paulo César da Costa. Explorações geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. ______. Estudos sobre a rede urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. CRUZ, Ernesto. História do Pará. Volume 2. 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