O SR. JOSUÉ BENGTSON (PMDB - PA) pronuncia o seguinte discurso: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, externo minha admiração pelo trabalho do Deputado Estadual Faisal Salmem, do Pará. Médico experiente, ele recentemente apresentou um projeto de lei criando o serviço de Fitoterapia para a rede pública de saúde. O Doutor Faisal Salmen sabe que a fitoterapia faz parte do cotidiano popular paraense. O respaldo da rede de saúde pública, além de oferecer à população medicamentos de baixo custo e de eficácia garantida, potencializa a economia do Pará, detentor de grande parte da biodiversidade mundial. O projeto em tela, além disso, tem como virtude reconhecer o valor da cultura popular, e não apenas camuflá-la sob o nome de medicamentos industrializados. Pois é sabido que grande parte dos princípios ativos 2 patenteados pelos laboratórios estrangeiros são provenientes da flora amazônica. Sob vários ângulos, faz sentido direcionar os gastos da rede pública de saúde para a compra desses medicamentos fitoterápicos. Um desses ângulos é o estímulo à economia regional e popular. Os brasileiros, organizados em cooperativas extrativistas ou agroflorestais, podem fornecer ao Governo a matéria-prima para os remédios fitoterápicos, poupando recursos do erário e simultaneamente os direcionando para dentro de nossas fronteiras, e não mais para o pagamento de royalties. Além disso, a chancela governamental serviria para reforçar e manter viva a cultura farmacêutica popular. A fitoterapia, cuja eficácia total ou parcial já foi cientificamente comprovada até mesmo para casos de câncer, não tem o caráter agressivo dos medicamentos 3 sintéticos, o que ajuda a reduzir ou mesmo eliminar os indesejados efeitos colaterais, especialmente se os medicamentos forem administrados com a intervenção de médicos e enfermeiras da rede pública. Esse projeto de lei merece o empenho com que está sendo analisado pela Comissão de Justiça da Assembléia paraense. Trata-se de uma idéia ao mesmo tempo simples e boa, Senhoras e Senhores, do tipo que o Ministério da Saúde deveria estudar o quanto antes, tendo em vista sua adoção em âmbito nacional. Afinal, já passa da hora de darmos a devida importância às principalmente, plantas às medicinais diversas culturas brasileiras, populares e, que coexistem no Brasil, indígenas ou não. Culturas que, apesar de discriminadas pela cultura dominante, são 4 indispensáveis para a construção de um país não só democrático, mas viável economicamente. Sr. Presidente, solicito que meu pronunciamento seja divulgado nos meios de comunicação da Casa e no programa Voz do Brasil. Obrigado. 2004_389_Josué Bengtson