SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA JULIANA CABRAL VENTURA DOS SANTOS ESTUDO COMPARATIVO EM REVISÃO DE LITERATURA DE ÍNDICES PROGNÓSTICOS DA PANCREATITE AGUDA BILIAR: APACHE 2 E RANSON Garanhuns 2014 1 JULIANA CABRAL VENTURA DOS SANTOS ESTUDO COMPARATIVO EM REVISÃO DE LITERATURA DE ÍNDICES PROGNÓSTICOS DA PANCREATITE AGUDA BILIAR: APACHE 2 E RANSON Artigo científico Sociedade apresentado Brasileira de à Terapia Intensiva para a obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva. Orientador: Prof. Elder Machado Garanhuns 2014 2 SANTOS, Juliana Cabral Ventura dos ESTUDO COMPARATIVO EM REVISÃO DE LITERATURA DE ÍNDICES PROGNÓSTICOS DA PANCREATITE AGUDA BILIAR: APACHE 2 E RANSON Artigo científico Sociedade apresentado Brasileira de à Terapia Intensiva para a obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva. Aprovado em: ___/___/______ BANCA EXAMINADORA Prof.____________________________________________________________ Instituição:_____________________________________Assinatura__________ Prof.____________________________________________________________ Instituição:_____________________________________Assinatura__________ Prof.____________________________________________________________ Instituição:_____________________________________Assinatura__________ Garanhuns 2014 3 RESUMO Vários autores vêm propondo diversos critérios para estratificação de gravidade e prognóstico para pancreatite aguda, com o objetivo de tentar facilitar e obter sua definição de uma forma mais precoce após realizado o diagnóstico da doença. O objetivo central desse estudo foi avaliar se o prognóstico da pancreatite aguda é mais fidedigno à admissão com o Apache II ou Ranson. Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva de coorte de abordagem quantitativa onde o levantamento bibliográfico foi feito através de artigos e revistas científicas acerca dos critérios de admissão na unidade de terapia intensiva nas seguintes bases de dados: Scientific Library Online (Scielo), Literatura Latino-Americana e do Caribe de informação em Ciências da Saúde (Lilacs), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline) e acesso ao portal de periódicos da Capes. A busca dos artigos ocorreu no período de novembro de 2013 a janeiro de 2014, sendo selecionados 27 artigos no período de 2004 a janeiro de 2014. Palavras chaves: pancreatite aguda, Ranson e Apache II. ABSTRACT Several authors have proposed various criterious for severity stratification and prognosis of acute pancreatitis, with the goal of trying to facilitate and get his definition of an earlier one conducted after the diagnosis. The central aim of this study was to evaluate the prognosis of acute pancreatitis is more reliable with the admission APACHE II or Ranson. This is a descriptive exploratory study cohort quantitative approach where the bibliographical survey was done through articles and journals on the criteria for admission to the intensive care unit in the following databases: Scientific Library Online (SCIELO), Latin Literature American and Caribbean Center on Health Sciences information (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) and access to the journal portal Capes. The search for articles was conducted between November 2013 and January 2014, 27 articles were selected from 2004 to January 2014. Key words: acute pancreatitis, Ranson and APACHE II. 4 SUMÁRIO 1.0 Introdução__________________________________________________06 2.0 Objetivo ___________________________________________________09 2.1 Objetivo geral 2.2 Objetivos específicos 3.0 Justificativa_________________________________________________09 4.0 Metodologia ________________________________________________10 4.1Tipo de pesquisa 4.2 Instrumento de coleta de dados 5.0 Fundamentação teórica _______________________________________11 6.0 Considerações finais_________________________________________12 Referências_________________________________________________15 5 1.0 INTRODUÇÃO A pancreatite aguda (PA) é a doença pancreática mais comum, sendo definida como uma condição inflamatória aguda do pâncreas, com acometimento variável das estruturas peripancreáticas e órgãos a distância, cuja gênese depende da autodigestão do seu parênquima pelas próprias enzimas pancreática (TOOULI, 2002). Representa uma das principais causas de internamento em unidades de cuidados intensivos de gastroenterologia (LONGO, 2011). Apesar de a sua incidência variar nos diferentes países e depender da etiologia, estima-se que nos Estados Unidos atinja 70 hospitalizações/100,000 pessoas por ano, resultando assim em mais de 200.000 novos casos de pancreatite aguda por ano (LONGO, 2011) Os índices de gravidade são definidos como "classificações numéricas relacionadas a determinadas características apresentadas pelos pacientes e que proporcionam meios para avaliar as probabilidades de mortalidade e morbidade resultantes de um quadro patológico" (NUNES, 2000). Os Sistemas de Classificação de Pacientes (SCP) que se pautam em medidas de diferentes variáveis têm sido implementados na prática, contribuindo tanto para a assistência quanto para o gerenciamento das unidades hospitalares, entre elas as Unidades de Terapia Intensiva (UTI); e ressalta: “No entanto, para que os sistemas de classificação sejam confiáveis, é imprescindível que os instrumentos de medida que lhes dão sustentação sejam de fácil aplicação, abrangentes, precisos e válidos, a fim de evitar vieses na aferição do fenômeno. Isso se justifica porque erros podem ocorrer quando, por exemplo, tais sistemas consideram os cuidados prestados ao invés dos requeridos pelos pacientes, quando a experiência dos profissionais é ignorada, quando aspectos indiretos dos cuidados não são considerados e quando diferentes dimensões da prática de enfermagem não são consideradas.” (TERZI, 2006, p.94). Em 1992, no Simpósio Internacional de Atlanta, foi proposto um sistema de classificação para definir pancreatite grave com base em critérios clínicos, patológicos e radiológicos (BOLLEN, 2008). De acordo com o sistema de classificação de Atlanta a definição de pancreatite grave é feita com base em 6 manifestações clínicas, presença de 3 ou mais critérios no score de Ranson, ou 8 ou mais pontos na escala de APACHE-II, bem como falência orgânica ou complicações locais como necrose, abcesso ou pseudocistos (PAPACHRISTOU, 2010). Ao longo dos anos os critérios originais de Atlanta foram postos em causa a diversos níveis, contudo ainda hoje continuam a ser usados na prática clínica (VEGE, 2012). Como a definição de pancreatite aguda grave prevê a presença de disfunção orgânica, escores utilizados na avaliação de falência orgânica também podem ser utilizados no acompanhamento do tratamento, tais como o Sequential Organ Failure Assesment Score (SOFA) e o Multiple Organ Disfunction Score (MODS). (FILHO, 2009) Os critérios de Ranson (Tab.1) foram o primeiro escore largamente utilizado na pancreatite aguda. Inicialmente desenvolvido para avaliação da pancreatite alcoólica, foi modificado posteriormente para o uso também nos casos de etiologia biliar. A presença de mais de dois critérios define o caso como grave com sensibilidade de 40% a 88%, especificidade de 43% a 90% e valor preditivo negativo em torno de 90% (STEINBERG, 1990). Como principais desvantagens, temos a necessidade de avaliação por 48 horas e a relativa baixa sensibilidade e especificidade. Seu principal valor é na exclusão da presença de pancreatite grave, graças ao seu alto valor preditivo negativo (FILHO, 2009). A escala de Apache II (Tab.2) é um escore clínico amplamente utilizado na avaliação de gravidade em pacientes críticos. Inclui uma extensa lista de parâmetros fisiológicos e laboratoriais, idade, status neurológico e presença de comorbidades. Valores acima de 8 são muito sugestivos de doença grave. A reavaliação do escore diariamente pode ser utilizada como parâmetro de resposta ao tratamento clínico (DOMÍNGUEZ-MUÑOZ,1993). A principal desvantagem do Apache II é sua complexidade e pouca praticidade (FILHO, 2009). 7 Tabela 1 – Pancreatite aguda grave estabelecida pelos Critérios de Ranson Ranson (causa alcoólica ou outra) Ranson (causa biliar) À admissão À admissão Idade>55 anos Idade>70 anos GB>16000/mm3 GB>18000/mm3 LDH>350U/I LDH>250U/I AST>250U/I AST>250U/I Glicemia>200U/I Glicemia>220U/I Às 48 horas Às 48 horas Queda do HT > 10% Queda do HT > 10% Aumento da BUN > 5mg/dl Aumento da BUN > 2mg/dl Cálcio < 8mg/dl Cálcio < 8mg/dl PO2 < 60mmHg PO2 < 60mmHg Déficit de bases > 4mEq/l Déficit de bases > 5mEq/l Perda de fluidos > 6L Perda de fluidos > 4L Cada item vale 1 ponto (0 a 11 pontos) Fonte: Adaptado de Ranson et al 1974 e 1982 Tabela 2 – Critério APACHE II Índice fisiológico Escala de Coma de Glasgow Temperatura retal Avaliação da abertura dos Índice da Idade e Condições Crônicas Idade em anos: Tensão arterial olhos <45 anos : 0 pontos Frequência cardíaca Avaliação da resposta verbal 45-54: 2 pontos Frequência respiratória Avaliação da resposta motos 55-64: 3 pontos Oxigenação 65-74: 5 pontos pH >=75: 6 pontos Natremia Co-morbidades: Calemia -Sem história de condições Creatinemia crônicas: 0 pontos Hematócrito -Com história de condições Contagem de leucócitos crônicas, se o doente for admitido após cirurgia eletiva: 2 pontos _ Com história de condições crônicas, se o doente for admitido por cirurgia de urgência ou por outro motivo: 5 pontos 0 a 4 pontos por cada item, Subtrair a 15, a pontuação consoante valores atribuída Fonte: Adaptação de Kasper et al, 2004 8 2.0 OBJETIVO 2.1 Objetivo geral O objetivo central desse estudo foi avaliar se o prognóstico da pancreatite aguda é mais fidedigno à admissão com o Apache II ou Ranson. 2.2 Objetivos específicos Descrever sobre a utilização do escore do Apache II e Ranson assim como a sua funcionalidade, em termos de rapidez de aplicação, reprodutibilidade entre examinadores na práxis diária; Servir de subsídio para futuros estudos, afim de melhorias no atendimento a esses pacientes definindo o índice mais eficiente. 3.0 JUSTIFICATIVA Com o advento das UTIs e com o rápido desenvolvimento e aplicação de tecnologias avançadas que possibilitam investigações diagnósticas e terapêuticas complexas, a necessidade de classificar os pacientes nessas unidades tem sido objeto de estudo nas últimas décadas. Como parâmetro de interesse na classificação dos pacientes de UTI, a gravidade da doença tem sido um dos mais ressaltados. Assim, índices de gravidade foram elaborados tendo como objetivo básico a descrição quantitativa do grau de disfunção orgânica de pacientes seriamente enfermos, sendo a gravidade da doença traduzida em um valor numérico que, por meio de cálculos matemáticos, permite estimar a probabilidade de morte hospitalar, sendo, por isso, também conhecidos como índices prognósticos. Desse modo, a escolha desse tema se justifica considerando que sua importância é ancorada, sobretudo na expectativa de possibilitar avaliação de custos/benefícios e performance da UTI, além de auxiliar na determinação de critérios de admissão e alta dos pacientes com pancreatite aguda. Essa pesquisa propõe elucidar e esclarecer algumas dúvidas a respeito da temática e será de benefício para os profissionais médicos, tendo em vista que a mesma é uma ferramenta de trabalho de suma importância na práxis diária. 9 4. METODOLOGIA 4.1 Tipo de pesquisa O presente estudo trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva de coorte de abordagem quantitativa, onde conforme Gil (2002) a pesquisa exploratória tem por finalidade especialmente quando se trata de pesquisa bibliográfica, proporcionar maiores informações sobre determinado assunto; facilitar a delimitação de uma temática de estudo; definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou, ainda, descobrir um novo enfoque para o estudo que se pretende realizar, ou seja, o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições; é descritiva porque segundo o autor sup of cit procura observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os fatos ou fenômenos (variáveis), sem que o pesquisador interfira neles ou os manipule. Este tipo de pesquisa tem como objetivo fundamental a descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis, isto é, aquelas que visam estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental, e outros. 4.2 Instrumento de coleta de dados Para o levantamento bibliográfico buscou-se artigos e revistas científicas acerca dos critérios de admissão na unidade de terapia intensiva nas seguintes bases de dados: Scientific Library Online (Scielo), Literatura Latino-Americana e do Caribe de informação em Ciências da Saúde (Lilacs), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline) e acesso ao portal de periódicos da Capes. Além disso alguns livros foram consultados para conhecimentos gerais a respeito do assunto. Foram utilizadas as seguintes palavras chaves: Pancreatite aguda, Ranson e Apache 2. A busca dos artigos ocorreu no período de novembro de 2013 a janeiro de 2014, sendo selecionados 27 artigos no período de 2004 a janeiro de 2014. 10 5.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A tentativa de classificar o paciente com pancreatite e o reconhecimento de sua potencial gravidade foi enfatizado por Ranson, em 1974 (CARNEIRO, 2004). Procurou-se encontrar um modelo de estratificação da gravidade para pancreatite, sendo o primeiro sistema multifatorial de prognóstico a ter aceitação generalizada, o desenvolvido por Ranson et al. no início da década de setenta, que se tornou assim um dos primeiros sistemas de prognóstico utilizados em medicina (MATOS, 1999). Rockenbach (2006), analisou 60 prontuários de pacientes internados com pancreatite aguda, dos quais, 61% eram do tipo biliar e evidenciou que não foi possível classificar a gravidade e prognóstico da pancreatite pelos critérios de Ranson; já que não havia registro nas evoluções médicas e de enfermagem. Fukuda (2013) realizou um estudo com 65 pacientes com diagnóstico de pancreatite aguda e o escore de Ranson devidamente mensurado. Dezesseis pacientes (24,6%) apresentaram quadro de pancreatite aguda grave estabelecida pelos critérios de Ranson. Amálio (2012) fez um estudo retrospectivo de 108 pacientes com diagnóstico de saída de pancreatite aguda grave, a pancreatite foi litiásica em 43,5% dos casos, o índice de Ranson foi calculado nas 48 horas da admissão na UTI o que não caracterizava 48 horas de evolução da doença. Neste contexto, este índice mostrou um poder discriminatório muito pobre. O índice de gravidade específico de pancreatite aguda mais amplamente usado em todo o mundo tem sido o proposto por Ranson et al. Apesar de ter sido desenvolvido numa era menos sofisticada da terapia intensiva e de não ter sido na altura submetido a uma validação estatística rigorosa, o índice de Ranson foi ganhando popularidade. Muitos clínicos continuam a usar esse índice para estratificar a necessidade de um doente ser admitido numa UTI, para prever a necessidade de nutrição enteral precoce, o uso de profilaxia ou terapêutica antibiótica preemptiva ou outras intervenções. Atualmente, devido aos desenvolvimentos em áreas como de ressuscitação cardiorrespiratória e de suporte à FMO, a mortalidade dos doentes com pancreatite tem vindo a diminuir (FLINT, 2004). Frequentemente, os doentes sobrevivem mesmo cumprindo seis ou mais critérios de Ranson (APPELROS, 2001). 11 Herbozo (2011) analisou 151 pacientes, destes 74,2% com pancreatite leve e 25,8% na forma grave; 94,04% de etiologia biliar. Na analise do APACHE II, 112 pacientes tinham menos do que ou igual a 7 (74,2%) de valor, 39 pacientes tinham pontuação maior do que ou igual a 8 (25,8%). Além disso, em relação ao sistema de Ranson, 93 pacientes apresentaram menores escores a 3 (61,6%), enquanto 58 pacientes tiveram pontuação maior ou igual a 3 (38,4%). Comparando-se a média do escore APACHE II entre os dois grupos, a média no grupo leve é 4, enquanto que a pontuação média no grupo de gravidade é 9. O valor da sensibilidade e especificidade de 76,92% e 91,96% respectivamente. O Ranson pontuação média no grupo de casos leves é 2 e a pontuação média no grupo de pacientes graves é de 3. A sensibilidade e especificidade de 58,97% e 68,75% respectivamente. 6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS Não existe ainda nenhum sistema perfeito para distinguir quais os doentes que irão desenvolver pancreatite grave. Na ausência de tal sistema, múltiplos índices de gravidade foram e virão a ser desenvolvidos. Alguns autores sugerem uma revisão dos critérios de Atlanta, sugerindo a adição do conceito de pancreatite aguda moderadamente grave, que identifica os pacientes atualmente classificados como pancreatite aguda grave devido à presença de complicações locais, mas sem falência de órgãos. (UOMO,2009) Outras revisões publicadas apontam novas definições para a classificação de severidade da pancreatite aguda, introduzindo os conceitos de pancreatite aguda leve caracterizada pela ausência de necrose pancreática e falência de órgãos, pancreatite aguda moderada caracterizada pela presença de necrose pancreática estéril e/ou falência de órgãos transitória, pancreatite aguda severa na presença de necrose pancreática infectada ou com falência persistente de órgãos e pancreatite aguda crítica quando presentes a necrose pancreática infectada e falência persistente de órgãos. (JUNIOR, 2012) Vários autores vêm propondo diversos critérios para estratificação de gravidade e prognóstico para pancreatite aguda, com o objetivo de tentar facilitar e obter sua definição de uma forma mais precoce após realizado o diagnóstico da doença. 12 Apesar dos crescentes conhecimentos acerca desta patologia, a mortalidade a ela associada não tem sofrido grandes alterações nos últimos anos. Os maiores desenvolvimentos da área têm sido no campo das técnicas diagnósticas e na estratificação do risco, com o aparecimento de novos marcadores de prognóstico. Apesar da revisão esclarecer alguns aspectos, muita investigação precisa ainda de ser realizada para a obtenção de recomendações consensuais e com bom grau de evidência. O índice mais utilizado para a estratificação de risco precoce é a Fisiologia Aguda e Crônica Exame de Saúde ( APACHE ) II. Embora iterações mais recentes deste sistema de pontuação têm sido desenvolvidos, as vantagens do APACHE II são a sua familiaridade, natureza objetiva e capacidade a ser calculado , a qualquer momento durante a permanência do paciente no hospital. Este sistema de pontuação tem sido amplamente validado na predição de óbito na pancreatite aguda. A maioria das diretrizes de prática recomendar uma nota de corte de mais de oito pontos na admissão para a previsão de doença grave, apesar de vários estudos observacionais prospectivos têm demonstrado que a especificidade pode ser aumentada pelo aumento do limiar de 10 pontos ou mais no momento da internação ( 66% de especificidade - 81 %) . Utilização do APACHE II na prática clínica tem várias limitações importantes, tais como a exigência de múltiplos parâmetros e a necessidade de uma calculadora online (versões de que estão amplamente disponíveis na Internet). Como resultado, vários sistemas de pontuação adicionais têm sido desenvolvidos para a aplicação de cabeceira. A sua maior vantagem é poder ser calculado nas primeiras 24h após a admissão e a partir daí diariamente, possibilitando assim monitorizar também a resposta à terapêutica e avaliar a progressão da doença. Algumas limitações do APACHE II é a sua complexidade e é difícil de usar rotineiramente fora de uma UCI, não faz distinção entre pancreatite intersticial e necrotizante, e não faz distinção entre a necrose estéril e infetada. Com relação aos critérios de Ranson hoje em dia, é o mais usado na prática clínica, ainda que tenha algumas e conhecidas desvantagens, uma das quais é o fato de não poder ser calculado antes das 48h após a admissão, a 13 relativa baixa sensibilidade e especificidade. Seu principal valor é na exclusão da presença de pancreatite grave, graças ao seu alto valor preditivo negativo. A pontuação do sistema Apache II provou ser um bom preditor de gravidade no nosso meio, com maiores que os obtidos com os números do sistema de Ranson. Embora versões mais recentes do sistema Apache e outros scores de prognóstico tenham sido desenvolvidos, o Apache II continua a ser o método mais amplamente aceito para a estratificação do risco da PA e é a referência no prognóstico. No entanto, o Apache II foi originalmente desenvolvido como um instrumento com aplicação na UTI e requer um grande número de parâmetros, alguns dos quais sem relevância para o prognóstico, sendo essa a sua maior limitação. Foi demonstrada a superioridade deste score na avaliação da gravidade da PA em relação ao score de Ranson e Glasgow, no entanto existem estudos que contestam estes dados. Tendo em conta este valor de analise, o score de Apache II como fator preditor de gravidade dos casos de PA apresenta uma sensibilidade entre 70-83,3% e especificidade entre 78-83% no momento da admissão, às 48h apresenta valores de sensibilidade e especificidade de 83,3% e 91%, respectivamente. Alguns estudos revelam que existe uma relação entre valores mais elevados de score de Apache II com a mortalidade, no entanto estes dados não são consensuais. Em conclusão, vários estudos sugerem que o score de Balthazar é o melhor sistema na avaliação da gravidade e complicações locais da PA, enquanto na previsão de falência orgânica e complicações sistêmicas os scores de prognóstico, Apache II e Ranson, mostram ser superiores. Desta forma, o maior objetivo no que respeita ao prognóstico da PA num futuro próximo é encontrar um novo método capaz de combinar todas estas vantagens. 14 REFERÊNCIAS 1. AMALIO, Sofia Margarida Ribeiro et al. Avaliação da mortalidade na pancreatite aguda grave: estudo comparativo entre índices de gravidade específicos e gerais. Rev. bras. ter. intensiva vol.24 no.3 São Paulo July/Sept. 2012. 2. APPELROS S, Petersson U, Toh S, Johnson C, Bergström A. Activation peptide of carboxypeptidase B and anionic trypsinogen as early predictors of severity of acute pancreatitis. Br J Surg. 2001;88(2):216-21. 3. 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