Plural Opinião A Filosofia e Sua Sombra Filosofia e sua sombra Autor: Nildo Viana Edições Germinal Goiânia, 2000 JACQUELINE SANTANA Lançado pela editora "Edições Germinal", na cidade de Goiânia em 2000, o livro "Filosofia e Sua Sombra", escrito por Nildo Viana, apresenta uma introdução crítica à filosofia e discute até que ponto os estudos filosóficos têm sentido na sociedade contemporânea. Viana é filósofo, cientista social por profissão e marxista por opção. Para o autor, a filosofia possui um lado sombrio e reflete friamente sobre a realidade em que se vive. Desta forma, ele deixa claro que existem dois lados da filosofia e da explicação que ela faz da realidade. O autor tem a preocupação de apresentá-los na obra. Além de uma definição precisa de filosofia, encontra-se uma reflexão sobre a origem e desenvolvimento do estudo filosófico. Alguns dos principais temas filosóficos também são apresentados sinteticamente e de forma introdutória: natureza humana, ética, conhecimento e história. O livro é enriquecido com alguns textos que tratam de temas atuais, importantes e de grande interesse para a compreensão dos debates contemporâneos: Reflexões Sobre Ética; Da Impossibilidade do Relativismo; Os Limites do "Marxismo" Fenomenológico de Karel Kosik; Mao Tse-Tung: Dialética ou Estratégia do PCC?; Práxis, Alienação e Consciência; Foucault: Filosofia ou Fetichismo? Todos, com exceção dos dois últimos, são inéditos. Nada contra discutir esse tema, mas o fim da filosofia já foi anunciado tantas vezes que a questão já pode ser considerada repetitiva. Além do mais, não deixa de ser curioso o fato do autor ter usado apenas argumentos dos pensadores políticos Marx e Marcuse. Richard Rorty, o filósofo norte-americano, em Filosofia e o Espelho da Natureza (1979) também tentou "matar" a filosofia. O que esses autores ainda não perceberam, é que os estudos filosóficos não são hipóteses específicas reunidas numa doutrina teórica, mas sim um modo argumentativo de pensar o mundo e as ações humanas. A filosofia caracteriza-se como uma postura crítica frente às coisas percebidas pelo indivíduo e anunciadas por outras teorias. Assim, ao pregarem o "fim da filosofia" esses outros divulgam um crime falso, porque eles mesmos a mantêm viva, ao defenderem suas idéias com discurso que visa o entendimento das pessoas. Apesar de contraditória, trata-se de uma obra que deve ser lida e se tornar objeto de reflexão para todos os que querem fugir do senso comum e adquirir conhecimentos mais completos a respeito de questões fundamentais. O autor tem coragem de ser crítico, engajado, ativo, libertário em dias de conservadorismo extremo e de "espírito de rebanho" (Nietzsche). Já diziam os antigos filósofos: "O homem de bem exige tudo de si próprio; o homem medíocre espera tudo dos outros".