as representações sociais identitárias no rock brasileiro dos anos

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AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS IDENTITÁRIAS NO ROCK BRASILEIRO DOS
ANOS DE 1980 COMO DOCUMENTO PARA ESTUDAR HISTÓRIA EM SALA DE
AULA. UMA ANÁLISE DA MÚSICA “NUNCA FOMOS TÃO BRASILEIROS”, DA
BANDA PLEBE RUDE
Marília Luana Pinheiro de Paiva
(mestranda – Ciências Sociais Aplicadas - UEPG)
Introdução: Música
A música é um produto cultural presente no nosso dia-a-dia. Ela está em diferentes
lugares, tendo grande alcance e repercussão social, fato que levou a escolhê-la como um tema
privilegiado para compreendermos determinados aspectos sociais e políticos da história do
Brasil, assim utilizando como fonte para estudar a história no Brasil.
A música possibilita uma reflexão histórica à medida que traz elementos que as
constituem e permitem essa ação; são carregadas de signos e simbologias, que através da
linguagem expressam ideias, constroem representações e comportamentos (modos de sentir,
pensar e agir) de uma sociedade, transmitem-se ideologias, aspectos sociais, políticos e
culturais de uma determinada época.
[...] Como parte constitutiva de uma trama repleta de contradições e tensões
em que os sujeitos sociais, com suas relações e práticas coletivas e
individuais e por meio de sons, vão (re)construir partes da realidade social
e cultural. (MORAES, 1997, p. 212)
A música está inserida em um tempo histórico e social; as letras e a própria sonoridade
das canções expressam sentimentos e emoções. A música atinge o individual e o coletivo,
através da identificação que afeta o modo de produção da subjetividade. Assim, as letras das
canções em relação com o indivíduo proporciona um reconhecimento com a linguagem,
emoções e ideologias que estão presentes muitas vezes de forma implícita ou explicita na
canção.
Comunicar é atingir o indivíduo em si, é um processo que se firma através da
linguagem, a qual perpassa todas as camadas, invadindo todos os meios sociais. A linguagem
em si, focando necessariamente os versos das canções, está inserida em um tempo histórico,
1
social, e assim expressam de uma forma ou de outra reproduz o seu contexto cultural em que
a canção foi produzida e reproduzida.
O sentido no contexto de cada leitura é valorizado perante os outros objetos
do mundo com os quais o leitor [ou auditor] tem uma relação. O sentido fixase no plano do imaginário de cada um. Mas encontra, em virtude do caráter
forçosamente coletivo de sua formação, outros imaginários existentes, aquele
que divide com os outros membros de seu grupo ou de sua sociedade.
(JOUVE 2002 Apud THBRIEN, p. 22).
A música é composta, consumida e reproduzida, e desta forma conecta-se diretamente
com o meio e suas percepções desde a sua criação até o seu consumo e sua propagação, com
o social, o impar e coletivo configurando-se parte de toda uma sociedade de relações sociais
que deve se levar em conta o contexto social e a linguagem produzida, pois traz traços de um
subjetivo e de um meio social em que está situado o indivíduo; pois o indivíduo não está
sozinho, ele faz parte de uma rede de elementos que o formam e que moldam sua percepção e
sua fala, ou seja, os seus modos de sentir, pensar e agir. A psicologia social nos trás uma
visão sobre esse panorama analisado
A psicologia social mostra que o importante é o diálogo entre eu e o outro, a
relação entre psiquismo individual e ambiente social; põe em evidência a
ação que exercem sobre a formação das personalidades os quadros de
atividade mental propostos pelo grupo a todos os indivíduos que o compõem;
faz entrever menos confusamente como, em certos casos, são respostas
individuais que, por seu lado, modificam o meio cultural. (DUBY, 1999, p.
23).
Segundo Pinto, a música também é possuidora de uma identidade peculiar, e esta
quase sempre em conexão com outras culturas. Ela tem a função de comunicar, através da
sua linguagem, suas letras e seus códigos. O que faz das suas letras grandes propagadoras de
culturas, crenças e um conjunto de ideias presente no seu tempo, afirmando-se como produto
identitário de um grupo social, de uma classe, de um povo, expressando em suas letras
valores e fragmentos históricos da realidade vivida. Em outros termos, as músicas são fontes
de representações culturais do seu tempo, como também um meio de interação social e de
comunicação entre indivíduo e grupo (PINTO, 2001, p. 223). Por esse caráter identitário e
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social a música pode ser utilizada como uma fonte para se estudar história e a realidade
vivida em um determinado recorte temporal, pois ela traz traços de uma época.
Tendo em vista que a música é um produto cultural expressivo de uma identidade,
dotado muitas vezes de um discurso de cunho ideológico, ela se caracteriza como símbolo e
representação presentes na sociedade. É o caso das culturas nacionais. Segundo o crítico
cultural Stuart Hall,
As culturas nacionais são compostas não apenas por instituições culturais,
mas também de símbolos e representações. Uma cultura nacional é um
discurso, um modo de construir sentidos que influência e organiza tanto
nossas ações quanto a concepção que temos de nós mesmos. (HALL, 2011,
p. 50)
Revista
Considerando a música como um meio de representações sociais, procuramos bordar
nessa pesquisa as manifestações musicais do rock brasileiro durante o processo de
redemocratização no Brasil, período após 1985, debruçamos especificamente o período de
1987, buscando a música mais expressiva nesse período transição da redemocratização do
Brasil. Utilizando a música como ferramenta de estudo em sala de aula, pois a partir da suas
letras é possível uma análise política e histórica, a partir de suas letras mais incisivas e mais
diretas, pois se caracteriza como uma música política e idealizada após a censura, uma
parcela de um grupo especifico do rock nacional tem essa característica forte. O ano de 1987
que se caracteriza por estar entre o processo de redemocratização e que surgem músicas
problematizadoras em relação ao cenário e o aspecto político. Utilizamos como fonte a
Revista Bizz, revista essa que surgiu em 1985 e permanece ate meados de 2007 em atividade
no Brasil. O Período de 1985 até 1987 foram anos de intensas mudanças históricas, em meio a
um processo de transição política, de redemocratização. Após duas décadas de ditadura civilmilitar, entidades e movimentos sociais organizados reivindicavam a redemocratização da
sociedade e do Estado. O problema é o que de fato mudou? Quais e que formas assumem, nas
letras do brock dos anos 80, as representações dessas mudanças? Esse é o objetivo se de
abordar em sala de aula, fazendo com que os alunos reflitam sobre esse processo de
3
redemocratização e perceba através da música os retratos de convicções e insatisfações que
carregamos durante a história.
Nesse sentido procuramos abordar uma música que esteja em evidencia no Hit parede
no ano de 1987 (ano que antecede a constituição de 1988) que represente expressivamente as
características, e as representações do cenário histórico e social.
A revista Bizz, foi criada em agosto de 1985, com a direção de Carlos Arruda e
redação de José Eduardo Mendonça. O projeto inicial para a criação da revista foi pautado em
entrevistas feitas ao público do Primeiro Rock in Rioque aconteceu em janeiro de 1985 na
cidade do Rio de janeiro. A característica visual da revista foi inspirada em uma revista
inglesa chamada Smash Hits1
A revista é uma grande fonte para se estudar, pois a partir dela constatamos as
expressões, os aspectos sociais, especificidades do seu tempo. Cada geração trás consigo
marcas e concretudes do seu próprio tempo, que nos ajuda a estudar as suas mudanças e
rupturas na história na política e nas estruturas sociais. Ela nos torna uma fonte importante
nesse estudo devido ao seu tempo de permanência, assim como a sua aceitação nesse período,
sendo dentre as outras revistas no mercado a única que apesar dos abalos econômicos e de
público consegue se manter por mais tempo no mercado.2
Abrangiam na linha editorial questões ligada à música, cinema, moda, instrumentos
musicais, letras de canções com traduções, notícias do mundo artístico musical, vídeos e
tecnologia. A sua primeira edição vendeu aproximadamente por volta de 100 mil exemplares
e tendo uma estabilidade nos meses posteriores entre 60 e 70 mil exemplares. A sua
característica se mantinha na linha musical em um cenário propicio como afirma Alex
Antunes editor chefe da revista Bizz
O que determinou a importância da Bizz nos anos 80 foi a combinação entre
determinadas condições político-sociais e de mercado, que permitiram que a
revista apresentasse, por assim dizer, o Brasil urbano carente de uma
expressão musical condizente com a juventude da época a uma onda
emergente de rock (nacional e internacional) pós-punk.
1
2
(Disponível em <http://bizz.abril.com.br/> acessado em 12 de jan. de 2015, ás 13h28min).
Disponível em <http://bizz.abril.com.br/> acessado em 12 de jan. de 2015, 15h28min).
4
A circulação de informação era precária. Não havia internet; nem todos os
discos supostamente importantes eram lançados no país e a importação de
vinis era cara; não havia tecnologia de reprodução doméstica de discos sem
perda considerável de qualidade da cópia (fita K7, no caso); as próprias
bandas brasileiras emergentes precisavam de um interlocutor na imprensa –
os jornais mais antenados, como a Folha de São Paulo[...] o formato revista
era importante inclusive na divulgação da imagem das bandas. Ao mesmo
tempo, o impacto ainda recente do punk permitia uma discussão histórica
das conexões entre a sonoridade da época e as raízes do rock e, em termos
de Brasil, a relação entre as bandas de pop urbano e a música brasileira
(questão colocada pela Tropicália e muito carente de respostas nos anos
80). (entrevista ao site Canal Comum Apud GUERRA et. al 2001)
Em 1985, ano de criação da revista, e o governo de José Sarney e a sua política do
“Plano Cruzado” ministrado pelo ministro da fazenda Dilson Funaro tomaram medidas para
combater a inflação, medidas que se configura em ações econômicas: estacionamento de
preços de bens e de serviços, reforma monetária, com a intenção de freia a crise econômica,
extinção do cruzeiro e criação de uma nova moeda o cruzado, fim da correção monetária,
congelamento dos salários. Havia partidos que se colocaram contra o plano cruzado, como o
partido PT (Partido dos trabalhadores) e o PDT (Partido democrático trabalhista), pois
acreditavam que os trabalhadores foram prejudicados, pois os preços das mercadorias foram
congelados no seu pico, e os salários congelados na média dos últimos seis meses, assim
muitos empresários afirmavam que o congelamento era contra as leis de mercado e que a
principal cauda da inflação era os gastos abusivos do governo. (COTRIM, 2007, p. 570)
O Plano Cruzado tinha a função de combater os altos índices de inflação, herdada do
governo militar em conjunto com outras insatisfações como divida externa e dividas internas
superiores aquelas arrecadadas pelo governo gerando um déficit público, esse foi um dos
principais motivos que pulsionou o movimento das “diretas já” na qual aconteceu em 1884,
quando milhares de pessoas foram as ruas porque queriam o fim da ditadura, pois acreditavam
que o Brasil estava como tal por conta da má direção presidencial política atual, ou seja a
ditadura, e lutavam pelas eleições diretas no país.(KINZO, 2001, p.6)
Em meio ao cenário político, e as medidas adotadas para combater a inflação
contribuíram para o aumento do consumo no Brasil, e com isso também contribuiu para uma
melhor condição de venda e mercado para a indústria de entretenimento e da indústria
5
fonográfica no país. Devido ao sucesso e a repercussão a revista investe em edições especiais,
como: Top Hits conhecida também como letras traduzidas, Ídolos do Rock: na qual trazia
pôster de ídolos do rock nacional e internacional. 3
Identidade
Nesse momento do século XX o Brasil vivia o chamado “Rock Brasil” uma
grande onda de bandas jovens, e um aumento significativo de bandas no
circuito da história. Uma cultura sufocada por 20 anos de ditadura se
mostrava cada vez mais com vigor nesse período. 4
O rock em si constitui uma tribo, um grupo, voltado para a juventude, que fazia parte
desse cenário com bandas novas, um nova circuito e a formação de uma identidade, coletiva,
formada por especialmente jovens no contexto do rock nacional.
É comum firmar que as comunidades (as quais as identidades se referem como sendo
entidades que as definem). Como afirma Bauman (2005, p. 17) o pertencimento e a identidade
são voláteis e não tem uma solidez concreta, não são garantidos para toda a vida, são
negociáveis. E as decisões que o sujeito toma, e a direção que percorre, como age, são fatores
que fazem parte, fatores importantes para o “pertencimento” quanto para a “identidade”.
A identidade é complexa, seria um monte de problemas, e não se reduz a um único
sentido. É compartilhado por todos os sujeitos, homens, mulheres na era da “modernidade
liquida”. Bauman se refere à modernidade liquida, a pós-modernidade no qual as relações são
frágeis e liquidas, bem como flexíveis. Somos seres individuais, com relações instáveis
conectadas. Nas palavras de Bauman (2005, p.19) “As “identidades” flutuam no ar, algumas
de nossa, própria escolha, mas outras infladas e lançadas pelas pessoas em nossa volta, e é
preciso estar em alerta constante pra defender as primeiras em relação às últimas.”.
3
Disponível em <http://bizz.abril.com.br/> acessado em 18 de jan. de 2015, 17h 40min).
Disponível em <http://bizz.abril.com.br/> acessado em 18 de jan. de 2015, 17h28min)
4
6
Stuart Hall define as identidades coletivas, característica da juventude, as Identidades
culturais: aqueles aspectos de nossa identidades que surgem de nosso “pertencimento” em
relação, a religião, a culturas étnicas, locais, culturais, raciais (HALL, 2009, p.8).
É nesse sentido que a juventude, que formam as bandas e que também são a maioria
do público consumidor manifestam-se como uma identidade, um grupo de pertencimento a
um grupo social, a uma cultura social que os definem e influenciam as suas convicções e as
suas posições diante da sociedade e suas questões sócias e políticas. Essa identidade com
Bauman define são voláteis, mas são contruídas e fazem parte de um determinado grupo e
como Hall afirma que identidades coletivas são aquelas determinadas por características
sociais como culturais.
Assim compreendemos que a juventude dos anos 1980, que fazem e consumem um
gênero especifico de música: o rock nacional corresponde a uma tribo como Maffesoli ( 1998,
p. 1994) são compostos as tribos pelo sentimento de pertença que se moldam nas relações e as
comunicações humanas e assim define a constituição de microgrupos.
Em suma, as manifestações desse processo são bastante banais. Basta observar as
frequências de certos cafés, a especificidades de certos bairros, ou mesmo a
clientela de tal ou qual escola, de tal lugar de espetáculos ou de tal espaço público,
para nos darmos conta do caráter marcante dessa estrutura. No interior desses
diversos lugares podemos notar outros agrupamentos igualmente exclusivos que só
que só apoiam na consciência sutil mas enraizada, do sentimento de pertença e / ou
sentimento de diferença.(MAFFESOLI, 1998, p.198)
Assim como um grupo característico de jovens que formavam esse rock nacional e o
consumiam na esfera dos anos de 1980, marcaram essa fase devido ao seu contexto histórico
e suas letras representativas interligadas com o cenário político e social, com maior liberdade
de expressão. São aspectos que começam a fazer desse grupo característico, porém nem toda
essa geração, de rock nacional tinha essa preocupação, mas havia um grupo que se constituiu
nesse período. E desse grupo que percebemos as suas inquietações e insatisfações com o país,
diante de problemas crônicos bem como a falta de democracia que permaneceu por mais de
21 anos.
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O público jovem em especial do rock, sempre teve a classificação como rebelde, e a
partir dessas letras, havia identificação e assim repercussão. A sua identidade constitui a partir
de padrões estabelecidos pela ideia de pertencimento, criando a realidade a partir semelhança
da ideia de um grupo, de uma geração (BAUMAN, 2005, p. 26)
Como Castells (199, p. 17) a nossa identidade e a nossa vida tem sido moldada pelas
tendências da globalização, uma nova forma de sociedade se constitui a sociedade em rede,
organizadas por aspectos tecnológicos e a transformação do capitalismo, e culturas são
expressadas através das identidades coletivas.
A construção da identidade é formada por atributos culturais, e ainda atributos interrelacionados.
Na história do rock brasileiro há muito de subjetividade representada, o que faz do
rock também uma representação coletiva à medida que é aceito pelos jovens. Suas canções
expressam os anseios de uma coletividade, constituem símbolos e representações de uma
identidade coletiva da época, de modo que o sujeito sofre alterações do meio e exprime as
suas representações sociais. Portanto, música é um produto cultural que vincula críticas e
ideologias. O que nos faz pensar o rock brasileiro não apenas como música, como aponta
Napolitano, mas como música de cunho ideológico e reflexivo, propagador de críticas sociais.
(NAPOLITANO, 2002 p.6).
Nesse sentido, os grupos e segmentos da juventude, e especialmente das classes
médias urbanas, contesta nas letras das músicas discursos referentes aos seus anseios,
inquietações caladas devido aos anos de censura e repressão. Nessa perspectiva, este artigo
busca problematizar, contrapondo com o contexto histórico de redemocratização do Brasil. A
questão de partida é? Quais as representações identitárias presente na canção “Nunca Somos
tão brasileiros” da banda Plebe Rude.
Em 1987 a música “Nunca fomos tão brasileiros” da banda de punk rock nacional
Plebe Rude chamou atenção pela sua expressividade política e histórica, encontrada no hit
parede da revista Bizz. A música demonstra a partir de suas letras uma entonação política e
uma referência a identidade brasileira, retratando as
mudanças sociais que afetaram e
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modificaram o cenário brasileiro nesse período, a música permite que façamos uma análise
crítica sobre ela.
“Nunca Somos tão brasileiros”
Sou brasileiro, vocês dizem que sim
Mas importações não deixam ser assim
Pra que tudo isso na região tupiniquim?
Nasci aqui, mas não só eu
Você está neste barco também (também)
Pensam que é um paraíso
Parece que eles vivem aqui
Nunca fomos tão brasileiros
Do que adianta vocês viverem assim?
Ser prisioneiros dentro do seu próprio jardim
Pra que tudo isso na região tupiniquim?
Nasci aqui, mas não só eu
Você está neste barco também (também)
Não temos identidade própria
Copiamos tudo em nossa volta
Nunca fomos tão brasileiros
Pra que tudo isso na região tupiniquim?
Eu não sei, eu não sei5.
A música da banda Plebe Rude, “Nunca fomos tão brasileiros” faz uma crítica a
identidade brasileira, questionando a identidade e o consumo, criando uma representação
social, a partir da posição que coloca o brasileiro, questionando sobre o sistema econômico
em que vive, sobre a ironia que a letra coloca. Questiona as importações, a qual teve seu
início no governo do Presidente Juscelino Kubitschek (1956- 1961), no qual investiu numa
política econômica, com o programa de metas, e o Slogan “50 anos e 5” baseada numa
política principalmente voltada para a industrialização: automobilística, aérea, estrada de
ferro e eletricidade e no incentivo de importações para o Brasil, mantendo uma grande
facilidade para investimento de capitais estrangeiros. Segundo Delgado (2009) Francisco de
Oliveira, afirma que o governo de desenvolvimento de Juscelino Kubitschek, com a sua
política voltada a industrialização favorecia o consumo de bens duráveis a uma camada
5
SEABRA, Phillipe. Nunca Somos tão brasileiros. In: BILAPHRA, Jander. Nunca Fomos Tão Brasileiros.
Brasília: EMI, 1987. CD. Faixa 7.
9
restrita da população, ou seja gerava uma desigualdade social, que assim resultou numa
expressão aguda no governo de Goulart (DELGADO, 2009, p.131)
Juscelino Kubitschek pregava a industrialização como fonte para garantir o
desenvolvimento econômico no Brasil. Em controvérsia, era caracterizado pelo governo do
nacionalismo, o que se pode ser questionado com o nome da música mesmo incita “Nunca
fomos tão brasileiros” o nome da música pode ser interpretado também a cerca dessa
representação irônica que encontramos na primeira estrofe, sobre as importações que em 1956
se alastrou pelo país, somos brasileiros, mas estamos cercados pelas importações, o que se
questiona a identidade brasileira, e coloca a tona a especificidade do Brasil, assim como a sua
própria fragilidade, sendo caracterizado e criado uma representação de um país sem
identidade e sem personalidade, refém do mercado estrangeiro, dos países de primeiro mundo,
o qual são grandes referências e copiamos tudo o que produzem, somos escravos do próprio
sistema e do consumismo. (FAUSTO, 1995, p. 427).
Estamos cercados de produtos importados, “americanizados” até a história
contemporânea, vivemos em um mundo de marcas e consumismo de produtos estrangeiros,
copiamos e utilizamos palavras, roupas, carros importados. A concepção de alteridade, do
outro e da melhor qualidade, vem embutida ao produto importado, o que lhe dá mais ênfase e
sucesso. Mas diante de tantas importações, copias e produtos, a música em discussão chama
atenção para o seguinte verso “Ser prisioneiros dentro do seu próprio jardim”, é como não
tivéssemos escolha e se tornássemos refém do próprio sistema marcado pela industrialização.
Caracterizado nos anos 1970, ano do governo de Emílio Garrastazu Médici ficou no
governo de 1969 a 1974, o período do seu governo segundo Codato foi um período de
consolidação do regime ditatorial-militar (CODATO, 2005, p. 88). Nesse período governado
por Médici, foi marcado pelo grande crescimento econômico chamado de “milagre
econômico” que consistia em baixas taxas de inflação, com o PIB chegando de 11% e em
1973 em 13%. E a inflação não ultrapassou os 18%. O momento era favorável, o que
contribuiu para que os ajustes econômicos acontecessem, assim como a disponibilidade dos
recursos ajudou no processo. O Brasil aumentou suas taxas anuais, aumentando sua produção
industrial, mas em contraponto sua divida externa aumentou. (FAUSTO, 1995, p. 482)
10
Aumentou as importações, o investimento de capital estrangeiro, principalmente na
indústria automobilística, aumentando as possibilidades de créditos dos consumidores e
revisão de normas de produção, atraindo investimentos da General Motors, da Ford e da
Chrysler. (FAUSTO, 1995, p. 482).
Esse período marcado pelo crescimento econômico contribuiu para um aumento
significativo de consumismo e status, que o milagre econômico poderia proporcionar, frente
aos produtos industrializados da época, um dos grandes sucessos era o carro do ano, o
Corsel/73, que era considerado o bem mais desejado da época. Os bens de consumo cultural
também aumentaram o seu consumo, o crescimento massivo, marcada pelos consumos das
revistas, jornais, telenovelas. (NAPOLITANO, 2008, p. 84)
Também aumentou o fluxo de importações, e também de exportações brasileiras.
Metodologia
A teoria das representações sociais segundo Guareschi (1995) se articulam tanto na
vida coletiva de uma sociedade como faz parte da construção simbólica, nos quais os sujeitos
criam e recriam, pra que assim consigam assimilar o mundo e encontrar o seu lugar social
nele, criando uma identidade social. (GUARESCHI, 1995, p. 65) A música contribui para
nessa construção simbólica, sendo a música um símbolo de representações do seu tempo, trás
indagações e questionamentos sociais, como reflete a “Nunca fomos tão brasileiros” da banda
Plebe Rudes que discute sobre elementos identitários e sociais em torno da industrialização e
das importações que perdura até a história contemporânea. A música em análise traz
elementos de representações de um banda questionando a identidade brasileira, através da
linguagem, e da esfera pública as representações se encadeiam, tanto unem como separam:
Ao mesmo tempo, a vida pública fornece as condições necessárias para a
permanência e a história, já que ela não pertence apenas a uma geração e não se
restringe aos que vivem. [...] Se as pessoas estivessem isoladas dentro dos espaços
privados no mundo nem a história, nem a vida política seriam possíveis. É a arena
de encontros da vida pública que garante as condições para descobrir as
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preocupações comuns do presente, projetar o futuro e identificar aquilo que o
presente e o futuro devem ao passado. (GUARESCHI, 1995, p. 68).
A correspondênciapara a criação e essa articulação das representações na esfera
pública que está diretamente relacionada com a esfera individual, esta fomentado no diálogo e
símbolos que são criados e estruturados na relação pública. (GUARESCHI, 1995, p. 68)
Toda a discussão em torno das explicações da teoria das representações e relações que
define seja um reflexo do mundo externo na mente, ou um traço da mente que se reproduz no
mundo externo.
Contudo essa análise da letra, através da linguagem, histórico e ideológico é possível
através da análise de discurso, metodologia que aponta um caminho, segundo Maziére (2007)
o discurso leva em conta o anunciado atestado, e que pode tomar sentido por meio de uma
discursividade datada especifica. A Análise de discurso não se atém as coordenações e regras
gramaticais, mas se atém ao sentido, que visa permitir uma interpretação (MAZIÉRE, 2007,
p. 13).
A Análise de discurso em Saussure opõe língua e fala, ele coloca uma maneira
contratualidade em sociedade, coletiva, e a língua de uma forma individualizada, mas o
discurso não é individual, ele é uma manifestação de uma carga de toda a fala individual.
(MAZIÉRE, 2007, p. 13). É através da análise discursiva que a música nos permite diante de
sua linguagem a reflexão sobre o tempo e o social, como na música analisada o discurso como
um todo, remete-nos a uma interpretação diante de contestação e indignação, pois a partir do
momento que o discurso é coletivo, ele intervém no social, causando identificação e uma
representação social no escopo da sociedade. A análise acontece nocorpus como um todo, a
análise de discurso não trabalha com frases isoladas, mas como ela se corpora. Assim a
análise é constituída de organizações dos fragmentos mais ou menos enunciados, mais ou
menos longos e mais ou menos homogêneos, para poder submete-los a análise. Discurso e
enunciados são termos, confundidos na análise de discurso, sendo que o primeiro requer
investigação e que permite estabelecer um corpus. (MAZIÉRE, 2007, p. 14)
A ideologia é outro ponto importante na análise do discurso, pois esta intrinsecamente
relacionada com o mundo e sua compreensão são vista como imaginário que permeia a
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relação do sujeito eas suas condições de existência. A ideologia se constrói no parâmetro do
mundo com a linguagem. Quanto ao social, são as formações imaginárias que constituem nas
relações pessoais que se articulam no discurso: a imagem que se faz de um pai, um operário
perpassa a relação do imaginário. No campo ideológico não significa ir em busca de
conteúdos ideológicos, mas sim relações de discurso e linguagem que se formam a produzir
sentido. (ORLANDI, 1994, p. 56)
A relação do homem com a linguagem é formada pela difusão com a interpretação,
diante de qualquer objeto simbólico, no campo em que a ideologia é a interpretação de
sentidos determinado pela correlação com a linguagem e a história e seus mecanismos
imaginários. O discurso, não é isolado, ele está condicionado pela sua exterioridade, pois todo
discurso remete a outro discurso. Atendo- me a essa pontuação assimilo a linguagem
discursiva nos versos das canções, um discurso que carrega uma ideologia que esta marcado
pela sua historicidade e relacionado ao simbólico, assim como atrelado a uma interpretação. A
música “Nunca fomos tão brasileiros, nos remete a concepção de análise critica diante do
rumo do Brasi lno cenário político econômico e ao meio a identidade brasileira. Quem somos
nós? Quais os nossos produtos? Nossa identidade? A ideia que tudo é copiado e somos
escravos de um sistema e da exterioridade, desperta uma indignação e uma crítica diante de
nossa identidade.
Nesse sentido a análise de discurso, permite trabalhar a questão ideológica do
discurso, associado à música, como forma de contestação e rebeldia. Quando aparece na
estrofe 4 e 5 “Do que adianta vocês viverem assim? Ser prisioneiros dentro do seu próprio
jardim, Pra que tudo isso na região tupiniquim? Nasci aqui, mas não só eu/Você está neste
barco também (também)” Aparece a posição de coletividade no qual o discurso é como um
todo, inclui todos os ouvintes, todos os brasileiros nesse discurso que se remete a uma
ideologia de identificação e identidade, assim a ideologia que se constrói em torno da
representação de uma época e de uma política, produz um imaginário e uma representação
social desse momento histórico, que está em transição política, em fase de redemocratização.
Se analisarmos as músicas, elas nos revelam muito de anseios, insatisfações e questões sociais
do momento em que ela é produzida, assim a música “ Nunca fomos tão brasileiros” apresenta
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essa expressividade em torno dessa representação diante a analise linguística da representação
social que esta inserida.
Rock e educação: aplicação do rock brasileiro em sala de aula
A nova História construída a partir da escola dos annales: uma corrente historiográfica
que surge no século XX, fundada por Lucien Febvre, Marc Bloch, formada por várias fases,
trás novas concepções para a História, contra a posição da História tradicional, positivista, e
sequencial de datas e acontecimentos. A nova História permitia uma melhor compreensão das
civilizações, assim como uma abordagem voltada para a assimilação da estrutura e que o
tempo histórico configura-se a partir de ritmos diferentes para cada acontecimento. Assim
como explica (REIS, 2000, p.14):
As representações do tempo histórico revelam as mudanças da sociedade e
da eficácia depende e sua capacidade para acompanhar os desdobramentos
dessa sociedade. Toda renovação em história, toda “escola histórica”
realiza uma mudança profunda na apresentação do tempo histórico,
apoiadas em mudanças ocorridas na história efetiva. É esta reconstrução
que permite a renovação teórico-metodológica da história, pois é a partir
dela que se distinguem novos objetos que se formulam novos problemas e
reformulam-se os antigos, que se constroem novas abordagens. Esta
reconstrução oferece também uma nova visão do futuro, uma orientação da
ação e dos seus valores, isto é oferece uma utopia.
Rompia-se com a história tradicional do século XIX e inicio do século XX e
desenvolvia-se uma nova história a partir de um novo olhar sob as influencias das ciências
sociais e a mudança nova representação do tempo. A ampliação de novas formas de se
construir a história novos documentos, e a interdisciplinaridade são marcas da que a escola
dos annales contribuiu. Criaram-se novas condições subjetivas para a construção do
conhecimento histórico. Fernand Braudel, também teve grande importância na elaboração
dos annales e apontou a concepção de diferentes processos de longas durações assim
permitindo conhecer as concepções de “mentalidades” (REIS, 2000, p.20).
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Nesse sentido pensando o ensino de história no Brasil e o papel do professor no século
XXI e as novas exigências á educação frente as novas tecnologias e as novas formas de se
trabalhar o ensino hoje de forma interdisciplinar e produtiva, os novos documentos para o
ensino de história como a música, o cinema, a arte, história em quadrinhos, imagens, pinturas,
esculturas nos possibilita a utiliza-los como fontes históricas para a compreensão da História
no Brasil. (CIAMPI, 2011, p. 52)
É necessário incitar no aluno a reflexão crítica diante dos dilemas históricos,
problematizando as questões históricas e levando o professor a uma nova prática e abordagem
pedagógica diante de novas possibilidades como a música.
A música como Napolitano aponta que a música não é só um instrumento para se
ouvir, mas também para se pensar, nessa perspectiva a música se torna-se um elemento para
se construir e refletir a história. Tendo como objeto de pesquisa a música engajada, propondo
o rock brasileiro pelo seu caráter expressivo, ideológico e crítico, como fonte para se estudar a
música no Brasil. Levando-se em conta que nem toda música de rock tem a preocupação de
ser engajada e politizada, nos remete ao professor selecionar as músicas de rock brasileiro que
tem a função de trazer essas discussão política e incisiva na construção do conhecimento
histórico.
Percebemos também que essas canções críticas do rock brasileiro que permeiam
principalmente os anos de 1980, devido a sua expressividade mais escancarada em
consequência da abertura política que se inicia no final dos anos 1970 e ínicio dos anos de
1980, são músicas com questões políticas e históricas com caráter mais direto objetivo e não
mais utilizando metáforas e signos entre linhas para criticar o governo e a ditatura instaurada
no século XX.
Como aponta Napolitano (2002, p. 5)
[...] a música tem sido, ao menos em boa parte do século XX, a tradutora
dos nossos dilemas nacionais e veículo de nossas utopias sociais. Para
completar, ela conseguiu ao menos nos últimos quarenta anos, atingir um
grau de reconhecimento cultural que encontra poucos paralelos no mundo
ocidental. Portanto, arrisco dizer que o Brasil, sem dúvida uma das grandes
usinas sonoras do planeta, é um lugar privilegiado não apenas para ouvir
musica, mas também para pensar a música.
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Assim compreendemos que a música também é filha do seu tempo e está inserida a um
espaço social, cultural e histórico, e a partir disso está interligada com diversas instancias da
sociedade que nos remete a períodos e momentos da história vivida. Nem toda música é
engajada como ressalto, mas certas músicas tem uma postura política e tem uma posição.
Além das canções de rock ser trilhas sonoras de amores e desilusões elas também cantavam os
problemas sociais do país. Em cada época a música se caracteriza conforme as questões
sociais, pois a música é um produto do seu tempo, produzida por um sujeito que também é
filho do seu tempo.
Então por que se arraigou a ideia de que há algo de peculiarmente
inexprimível na música?
A explicação pode não estar na música, mas em nós mesmos. A partir de
meados do século XIX, as plateias se acostumaram a adotar a música como
uma espécie de religião secular ou política espiritual, investindo-a com
mensagens tão urgentes quantas vagas. As sinfonias de Beethoven prometem
liberdade política e pessoal; as óperas de Wagner inflamam a imaginação
de poetas e demagogos; os balés de Stravinsky liberam energias primais; os
Beatles incitam uma revolta contra antigos costumes sociais. Em qualquer
momento da história, existem alguns compositores e músicos criativos que
parecem deter os segredos da época. (ROSS, 2011, p 12)
Como Fiuza (2003, p.68) a canção pode ser utilizada em sala de aula entendo sua
expressão musical, sendo a canção o próprio objeto de estudo, ou seja, sendo o documento
analisado, estudado, sendo um objeto histórico e ideológico.
Foi no final dos anos 1970 e no final dos anos de 1980 que grandes adventos sociais,
manifestações e ações estudantis e de militantes acabam ganhando cada vez mais força, após a
abertura política em 1978 por Ernesto Geisel que o AI-5 é extinguido, começa de forma lenta
a gradual uma caminhada com o rumo a democracia brasileira.
O movimento estudantil, sindical, junto a militância partidária e comunitária
contribuiu com a luta a favor do fim da ditadura militar no Brasil. Movimentos sociais,
paralisações e passeatas assim como greves, marcaram o cenário dos anos 70 e 80. Resultando
no na campanha das “diretas já” na qual mudou o cenário político brasileiro. (ASSUNÇÃO,
2004, p. 14).
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Mas foi o período de 1980 que marca uma nova geração com músicas incisivas nesse
período. Muitos críticos acreditam ser uma época perdida, devido a ausência por apresentar
característica diferente da época do momento militar, porém é uma época característica
conforme o seu tempo e trás concepções e desdobramentos de uma época que viveram, são
então os filhos da revolução, criados na ditadura que agora, estão livres da censura e da
repressão para poder expressar-se de maneira objetiva através de suas canções. São bandas de
rock que reivindicam soluções para o sistema político, assim como questões sociais.
Durante a década de 1980 a música popular aumentou o debate de temas
como política, economia e justiça social. Na verdade, artistas e promotores
de shows escolheram ligar estas causas a grandes eventos de forma a
divulgar questões políticas [...] (FRIEDLANDER, 2003 p. 373).
Com a abertura política e o fim do AI-5 a liberdade de expressão e a expressão de
opiniões estavam os poucos se tornando livres, no processo de redemocratização. As letras de
rock estão mais críticas e politizadas, porém a postura do professor de história ao utiliza-la
como fonte em sala de aula, requer cuidado, para não perder a historicidade dessa produção e
o seu engajamento com o tempo histórico, bem como é importante ressaltar que o professor
precisa criar um diálogo entre a fonte, lançando questões sobre ela, e relacionando com o
tempo. Pois é necessário compreender que a fonte não fala por si, só é preciso problematiza-la
e relaciona-la. (DUARTE; GONZALEZ, 2006 p. 47)
O passado não é único e imutável é preciso ressaltar as suas modificações e interpretar
as fontes com flexibilidade, tendo a clareza que ela pode suscitar várias interpretações, pois
cada interpretação está ligada com o lugar social e político que o sujeito está inserido. Ao
utilizar o rock nacional em sala de aula, possibilita o professor de história discutir a época de
sua maior efervescência como cultura, os anos de 1980 e complementando com período pós
ditadura, assim como permite questionar o aluno a pensar uma época através de seus
documentos, fazendo uma reflexão sobre essa nova República que estava sendo instituída.
Entendida como algo historicamente dinâmico, a cultura também se
movimenta e se recria para sobreviver ao presente. Ela é gestada no âmbito
das necessidades e realizações humanas. Os homens, munidos de uma
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linguagem, instrumentos e formas próprias de época para época, produzem
objetos (materiais ou não), imprimindo neles significados, esses elementos
surgirão mais tarde como fonte para o trabalho do historiador, o que
tornara possível trazer á tona a própria luta de classes vivida no momento
de sua produção.
Dessa maneira, quando analisamos um pedaço de vaso ou flecha indígena,
um depoimento oral ou mesmo uma música devemos entender que estamos
lidando com algo que expressa aspectos do processo dinâmico da ação
transformadora humana, e que, portanto, possui ao seu modo uma
historicidade que não pode ser fossilizada ou reduzida a mero apêndice de
outros documentos, como uma fonte escrita, por exemplo. Nesse caso, deixa
de se constituir em simples curiosidade ou complemente para se tornar
também central no diálogo e portador de historicidade. (DUARTE;
GONZALEZ, 2006 p. 46-47)
Nessa perspectiva, cabe ao professor de História apontar a importância da cultura, e
que a cultura produzida por homens no tempo, exprime muito de sua realidade vivida, suas
convicções, insatisfações políticas e seu comportamento. Destacando a juventude sendo ela
um grande elemento de difusão desses setores culturais. Nesse sentido Léon & Abramo
(2005) convergem nesse mesmo sentido classificando os jovens como grupo coletivo sociais
em período de mudanças, considerando a juventude uma construção sociohistórica, cultural
ligada diretamente com a sociedade contemporânea. Trata-se de uma fase que está em
desenvolvimento uma etapa de configuração do raciocínio social, sendo característica
participante do processo identitário individuais, coletivos e sociais (ABRAMO; LÉON, 2005,
p.11).
Então eis uma tarefa o professor pensar sobre a sua prática em sala de aula e construir
o conhecimento ao seu aluno, assimilando e estabelecendo meios para que essa construção do
conhecimento seja possível, seja a partir de novos métodos e novas tecnologias. Como aponta
Paulo Freire (2009, p. 47) “[...] Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. E assumir a postura que
como professor tenho que estar aberto a dúvidas e indagações e ter claro que ensinar não é
transferir conhecimento. E que o professor é um profissional em eterna construção, o
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professor pesquisador é uma profissão que exige do seu profissional uma dedicação e a
concepção de sua profissão continuada.
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